Vitor acordou um pouco mais tarde do que de costume, isso pelo fato de ter ficado um bom tempo acordado mesmo depois de ter se deitado. Acabou perdendo o sono por ter ficado horas pensando no que havia acontecido naquela noite. Chegou a se sentir culpado pelo que tinha e podia ter acontecido com Amanda.

Lembrou-se do choro da moça a raiva voltava a domina-lo. Se algo tivesse acontecido com ela ele jamais se perdoaria.

Não fazia ideia de que horas eram. Pulou da cama, procurou o celular para ligar para Amanda. Queria falar com ela, saber como ela estava.

Pegou o aparelho e realizou a chamada um pouco hesitante. Porém, sem sucesso, a ligação foi direto para a caixa postal. No fim das contas achou melhor assim.

Jogou o telefone em cima da cama e se perdeu em seus pensamentos novamente. Não podia mentir para si mesmo, e por mais que odiasse admitir, o que realmente tinha lhe tirado o sono à noite fora o beijo que tinha acontecido entre eles.

Parou por um minuto e resolveu ir tomar um banho para esfriar a cabeça.

...

O celular já havia parado de tocar. Não teve pressa de sair da cama, ainda tinha recordações de tudo oque acontecera na noite passada.

Sentiu a cabeça pesada e o corpo castigado pelo cansaço devido à uma noite mal dormida. Rolou na cama e parou olhando para o teto por alguns segundos. Levou mão a boca, tocando os lábios com a ponta dos dedos. E a mesma cena lhe vinha à mente, a mesma que tinha lhe tirado o sono durante a madrugada. Fechou os olhos na tentativa de esquecer, mas ainda podia sentir o perfume dele, que parecia estar impregnado em sua pele.

Achou melhor se levantar e tomar um longo banho.

Antes de entrar no banheiro, pegou o celular para ver horas eram e quem tinha ligado. Viu a chamada perdida piscando com o nome de Vitor no visor do aparelho. Ignorou a ligação e foi para o banheiro.

Não só não queria falar com ele, como não queria falar com ninguém. Nem mesmo com sua tia. Iria passar o dia todo em seu quarto.

...

Deixou a água cair sobre a cabeça por um bom tempo, como se quisesse que a água levasse os pensamentos que estavam tumultuando sua mente. Não conseguia tirar a cena do beijo deles da cabeça.

Não parava de se criticar por ter deixado aquele beijo acontecer. Não devia ter deixado que acontecesse. Ou será que o teria provocado?

Estava em dúvida. A culpa seria sua? Não sabia de quem tinha partido a iniciativa, tudo aconteceu tão rápido.

Não conseguia chegar a lugar nenhum. Continuar a pensar no assunto realmente não estava ajudando em nada.

Terminou o banho e foi se trocar, mas mesmo assim aquele assunto ainda lhe atormentava tanto quanto lhe confundia. Talvez a responsabilidade fosse sua, talvez coubesse a si resolver esse mal entendido.

Mas porque tudo aquilo estava lhe incomodando tanto? Eram muitas perguntas sem respostas. Foi o que pensou olhando-se no espelho.

Mas, talvez elas não precisassem de respostas, talvez nem tivessem uma resposta, e talvez não houvesse nada para explicar.

Talvez fosse nisso que queria acreditar.

-Chega!... – se sentiu andando em círculo, e assim não chegaria a lugar nenhum.

Talvez estivesse dando muita importância ao fato, afinal, não sentiu nada com aquele beijo, ou, será que sentiu?...

Essa pergunta lhe veio à cabeça enquanto olhava pela janela de seu quarto.

O dia estava cinza, nublado. Estava chovendo lá fora, uma chuva fina e fria.

Sim, aquilo só estava em sua cabeça. Foi oque pensou se decidindo de vez.

Não tinha sentido achar que teria alguma coisa a mais por trás daquele beijo. Então, porque? Porque estava ainda se fazendo a mesma pergunta desde que se levantou?

Pensou bastante e, por fim, achou que não deveria tirar conclusões precipitadas.

E depois de tanto pensar, um decidiu que não tocaria no assunto com o outro.