“Confie no destino, ele se encarrega de fazer o melhor, a até surpreender!”

            Está era a frase de Nicolas, um garoto comum, mas com um talento que até ele desconhece. Ele sofre muito por causa da profissão que deseja seguir. Quer ser estilista, fazer moda. Sua segunda frase de vida é:

            “Create your fashion, make your style be unique.”

            Que significa: “Crie sua moda, faça seu estilo ser único.”

            E ele fazia mesmo. Muitas de suas roupas eram de criação própria. Seu estilo Gótico, não exagerado, lhe dava esse ar de único, pois poucas pessoas usam este estilo. Ser diferente, isso é o que importa.

Criar era sua paixão, desenhar era o que o movia. A moda era tudo para ele. Só que ele achava que seus pais iriam entender, porém só suas amigas Fernanda e Lauren o entendiam. Quando foi contar para seus pais a reação dos dois o chocou:

-Isso é coisa de mulher!- Esbravejou Ronaldo, pai de Nicolas. -Não é!- Retrucou Nick (apelido carinhoso que suas amigas o impuseram), e respirando fundo, com olhar fixo no do seu pai prosseguiu- E eu vou provar. Vou ser famoso, e vocês verão que o que eu digo é verdade- dando outra respirada, desta vez abaixa a cabeça e lentamente a levanta, com lagrimas saindo dos olhos vai mais além- E minhas escolhas quem faz sou eu. Tudo o que diz a respeito da minha vida eu tomo as decisões. -Não toma não- fitando com muita raiva Ronaldo corta Nicolas por baixo- eu sou seu pai e você vai me obedecer- e complementando diz-, você está aqui para eu tomar conta de você. -Sim, mas me aconselhando e não tomando decisões sobre minha vida por mim, como se soubesse o que se passa comigo- e dando a cartada final-, aliás, você nunca se importou mesmo- e sai chorando para o quarto-.

Realmente era muito triste para Nicolas, não ter o apoio da família para realizar os seus sonhos deixa qualquer um para baixo. Só que ele não desistia, por mais que brigasse com seu pai, ou sofresse bulling na escola, tudo valia à pena quando ela conseguia se exprimir através da arte.

Sua paixão pela arte não era somente a arte de desenhar e fazer moda. A música, o teatro, o cinema e todo o resto também lhe enchiam os olhos. A arte estava no seu sangue. Seu avô era ator, e por isso seu pai não gosta muito disso, ter um filho no mundo da arte, ele sabia muito bem como seria se Nicolas fosse famoso. Entretanto, não adiantaria nada do que ele fizesse, Nicolas estava disposto a enfrentar tudo para seguir seu sonho e ser famoso.

[...]

Nicolas acorda para ir para a escola, se arruma todo feliz, porém quando desce seu pai acaba com seu dia.

-O que é isso?- Segurando um papel na mão com um vestido lindo, que Nicolas havia criado. Vendo que Nicolas não respondia tornou a perguntar-. O que é isto? Pode me explicar? -Sim- e segurando as lágrimas continuou-. É o vestido que fiz para o aniversário de dezesseis anos da Fernanda. A festa...

Antes que pudesse continuar seu pai o interrompeu, levantou a mão aberta em sinal de pare, e encarando sério Nicolas falou com raiva, só que baixo para não gritar, o que era sua vontade.

-O que? Aniversário? Dezesseis anos? Vestido? Fernanda? Acho bom você tirar isso da sua vida e começar a trabalhar em uma coisa de verdade como: em um escritório, em um restaurante como garçom, ou até como ajudante de pedreiro. Num sei- e para esclarecer as coisas de uma vez por todas-. Só que esqueça a vida de estilista, cantor, ator, ou qualquer outra coisa que não seja digno de honrar nossa família, entendeu?

Em meio a prantos, Nicolas busca palavras para poder retrucar o que o pai disse. Meio que gaguejando diz:

-Assim como o vovô, não é? Você tem vergonha de ser filho dele, né?- o debochou. -Sim- gritou Ronaldo-. E você não vai seguir os passos daquele homem asqueroso. Ele me enoja. -E você também me enoja!- e Nicolas recebe uma tapa na cara. Você perdeu o juízo pra falar assim com o seu pai? -E você perdeu o seu também?- e recebe outra. -Presta atenção em como fala comigo. -Só estou fazendo o que você faz- debochou do pai e rindo no meio da cara dele-. Você não tem moral comigo, porquê eu sou você, eu apenas faço o que você faz.

Ronaldo pegou Nicolas pelo braço e o levou arrastando para o quarto, lá bateu tanto em Nicolas, que o pobre coitado foi parar no hospital.

 [...]

Após o diagnóstico o médico detectou uma costela quebrada, que se rompeu quando Ronaldo arremessou Nicolas na cama e ele então bateu com as costelas na quina. Foi horrível a situação estava complicada. Ele deveria então ficar uma semana de repouso para poder colocar a costela do lugar.

Foram todos para casa colocar Nicolas na cama. Seu pai não gostou nada disso:

-Ele vai ficar deitado sem fazer nada?- disse Ronaldo furioso. -Vai sim!- esbravejou Jasminy, mãe de Nicolas. -Eu não acredito- debochou Ronaldo-. É por isso que ele está rebelde respondendo. -Não é nada!- retrucou Nicolas. -É sim, e vê se cala a boca- ordenou Ronaldo em tom de raiva. -Você me deixa neste estado e ainda não quer que eu fale?! -É sim- afirmou com frieza-. -Deixa o Nicolas descansar- pediu Jasminy, já cansada-. -Ele é fica me respondendo e você ainda o encobre? -Não é isso é que...

A campainha tocou e Ronaldo para fugir da conversa e do sermão foi logo atender. Era Fernanda, que para seu próprio azar estava na linha de tiro de Ronaldo.

-Quem é você?- perguntou Ronaldo com frieza. -Sou Fernanda, a amiga do seu filho-respondeu meio confusa com a situação-. -Espera aí, você que é a Fernanda que meu filho está fazendo uns vestidos? -Sim, é para o meu aniversário daqui à três semanas. -Escuta uma coisa- ele fez um sinal para que ela se aproximasse dele-. Eu quero que você suma da vida do meu filho, entendeu? -Claro!- ela falou em tom de deboche-. Será que eu poderia falar com ele antes de eu ir embora?- enfrentou-o-. -Mas é claro!- falou com entusiasmo. E quando ela ia passar ele lhe enfiou a mão na reta, impedindo com que ela passasse e completou-. --Que não. -O que?- hesitou ela. -O que está acontecendo?- perguntou Jasminy-. Olá Fernanda, tudo bom? -Olá Senhora Hintelberg!- cumprimentou-a Jasminy-. -Ora! Já lhe disse para me chamar de Jasminy- brincou carinhosamente ela-. -Mas é claro, me desculpe!- disse gentilmente Fernanda-. -Será que só eu não conhecia e “desvirtuadora” de filhos?- implicou ele- -Olha bem como você fala com a amiga do nosso filho!- reclamou Jasminy-. -Falo como eu quiser- respondeu Ronaldo-. -Desculpe-me Fernanda. -Que nada Senhora Hintelberg, digo Jasminy. -Que nada digo eu meu doce.

O clima tenso e por um instante ninguém se pronunciou. Até que Nicolas aparece na escada e termina de acabar com seu dia.

-O que está acontecendo?- perguntou ele na mais pura inocência-. -Você está fora da cama?- gritou Ronaldo. Mantem-se um curto silêncio-. Quer que eu te leve ou ira sozinho? -Poderia ao menos falar com minha amiga antes?- questionou com esperança-. -Já para sua cama!- gritou Ronaldo-. -Force-me!- desafiou Nicolas-. -Sem problema!- debochou Ronaldo. E imediatamente foi pegar Nicolas pelo braço-.

Ronaldo arrastou-o até o quarto e jogou-o na cama de novo. Jasminy interveio falando sobre quebrar novamente as costelas do filho. Fernanda ficou no quarto com Nicolas conversando.

-Você está bem?- perguntou Fernanda em lamento-. -Sim, eu já estou acostumado- tentou se confortar Nicolas-.

Ao longe eles ouviram um grito: “Não! Pare, por favor!”. Fernanda foi correndo para ver o que estava acontecendo. Ronaldo havia se trancado com Jasminy no quarto e ele estava batendo nela para que ela desistisse do filho e daquela história de deixar o filho estudar moda. Ronaldo mantinha um pensamento ultrapassado por não concordar com seu pai. Ele achava que todo homem deveria manter os costumes, que todos os homens deveriam agir conforme sempre foi. Sem mudança, sem progresso, sem desobedecer aos pais mesmo quando errados, e tudo o que Nicolas pensasse. Ser estilista fugia de tudo o que Ronaldo achava ser homem.

Nicolas se pôs a chorar. Não aceitava sua mãe ainda continuar com seu pai. Foi então que viu que deveria fazer alguma coisa. Pediu para Fernanda filmar seu pai batendo em sua mãe. Fernanda o fez. Nicolas pegou o celular deu nas mãos de Fernanda e pediu para que ela levasse até a polícia e denunciasse seu pai, já que sua mãe não tinha coragem, aliás, seu medo era maior do que sua coragem, o que à impedia de fazer tal coisa.

[...]

Passados uma hora a polícia chegou. Seu pai ficou furioso e lhe deu uns tapas em frente a própria polícia que o levou por ser pego em flagrante. A paz estava agora na casa, contudo ninguém estava pensando nela. Estava tudo muito tenso. Mesmo com o alívio que os dois estavam sentindo, aquilo não havia lhes dado paz.