The Princess And The Pirate escrita por MsMimiMarquez


Capítulo 2
Draw your sword


Notas iniciais do capítulo

Mais uma one-shot!
O prompt dessa vez foi "Hook ensinando Emma a lutar com uma espada para se preparar para a batalha final"
Espero que vocês curtam!



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Ela assistia o entardecer sentada a beira do lago, suas pernas sentiam o cansaço que só é possível sentir após ter andado ou corrido por horas a fio. Seu coração ainda palpitava apressado devido aos eventos que haviam ocorrido há poucas horas e ela sentia o sangue fugir de suas mãos. A preocupação tomava conta de suas feições, mas ela sabia que não poderia fazer nada a não ser esperar, porém a angústia da espera nunca havia doído tanto.

Perdida em sua própria tempestade emocional, ela não percebeu quando ele aproximou-se por trás e pousou a mão em seu ombro. Sobressaltada, ela se pôs de pé num salto, puxando rapidamente a adaga da bainha da calça e apontando-a para o recém chegado.

Hook apenas esboçou um sorriso sardônico no canto dos lábios, antes de dizer: - Você nunca vai cansar desse jogo, não é mesmo, querida?

Ela apenas levantou a sobrancelha desdenhosa, mas, em seu interior satisfeita por ser ele que estava ali e não alguém que pretendia matá-la e entregar seu coração numa bandeja de ouro nas mãos de Cora.

– Você... - Ele sorriu calmamente para ela. - O que você faz aqui, Hook? Ele aproximou-se dela, ficando a alguns passos apenas de distância. Ela o olhava confusa, mas esperando uma resposta.

– Eu achei que fosse óbvio. - Ele respondeu simplesmente, antes de puxar uma segunda espada da sua própria bainha e estender para a mulher a sua frente. - Estou aqui pra te proteger.

– E por que diabos você acha que eu preciso da proteção de alguém? - Ela retorquiu. - Me deixe refazer a pergunta, por que você acha que eu preciso da sua proteção dentre todas as pessoas?

Ela julgou que ele fosse fazer um comentário maldoso ou pelo menos obsceno após o que ela disse. De certa forma, ela se arrependia das palavras que acabara de proferir no fogo do momento. Ele - de fato - a ajudara algumas vezes, ela deveria dá-lo ao menos o benefício da dúvida, mas a bagunça que estava acontecendo em sua vida e na cidade como um todo haviam nublado seu julgamento.

– Hook, eu... - Ela sussurrou. - Me desculpe, eu não quis falar desse jeito.

Um sorriso sincero pintou-se no rosto dele. Um sorriso parecido com o que ela tinha visto no dia em que o deixara acorrentado no topo do pé de feijão, um sorriso que prometia um mundo. Um mundo cujo peso ela não sabia se conseguiria suportar.

– Eu sei, Emma. - Ele pôs as mãos sobre os ombros dela transmitindo-lhe uma corrente elétrica com esse simples toque. - Seu pai pediu que eu te seguisse. Ele sabia que você estaria machucada e cansada, porém segura e ele fez um rascunho de um mapa indicando uma cabana, que se meu instinto está correto fica não muito longe daqui, mas nós temos que chegar lá antes que anoiteça. Leroy me deu pó de diamante o suficiente para utilizar num feitiço de invisibilidade. Se conseguirmos chegar lá, você estará salva.

Emma apenas assentiu com a cabeça e após pegar um pouco de água do lago em seu cantil, começou a segui-lo. Ela divertia-se ao observá-lo com o cenho franzido, empenhado em analisar o mapa que estava em suas mãos da maneira correta.

Ela olhou firmemente para a espada que ele a havia entregado. A arma era claramente feita de um metal precioso e seu cabo era encravado com safiras e rubis. Só então ela percebeu que no cabo havia um cisne de asas abertas. Imediatamente ela soube que a espada havia sido feita exclusivamente para ela.

– Quem fez a espada? - Ela o questionou.

- Eu fiz. - Ele respondeu sério. - Embora as pedras tenham sido recolhidas e esculpidas por Leroy, eu forjei o aço, afiei as lâminas e encravei as pedras. Fique segura, milady, essa garota é uma das espadas mais mortíferas que eu já fiz. Ela só não é tão potente como a minha, você sabe.

– O trocadilho da espada, de novo, Hook? - Ela o encarou descontraída. - Está saindo de moda já.

– Sim, de fato, a minha espada é muito potente, mas dessa vez eu estava me referindo a outra coisa minha.

Ela vacilou alguns segundos antes de perguntar:

– O quê?

– A garota. - Ele disse solenemente.

Ela pensou em responder dizendo que ela não era uma posse ou algo assim, mas ela não tinha mais disposição para discutir e precisava chegar o quanto antes a maldita cabana.

– Aqui estamos, Princesa. - Ele sorriu apontando a cabana rústica. - Eu devo te carregar no colo como manda a etiqueta?

– Meus pés estão cansados, mas aguentam mais alguns passos, mas meus punhos estão completamente dispostos a encontrar o seu rosto.

O Pirata fez uma expressão ofendida que seria cômica se Emma não estivesse mais interessada em entrar de uma vez e repousar pelo menos alguns minutos.

– E essa é a maneira que você trata o seu protetor, Swan? - Ele brincou seguindo-a para o interior da cabana. - Eu devo dizer a sua belíssima mãe que ela deveria te dar uma melhor educação?

– Cala a boca. - Ela respondeu exasperada, repousando as costas na parede de madeira atrás de si. - Tudo o que eu menos preciso agora é de um Pirata que não é competente pra ser classificado como Vilão me dando lição de moral. Esse é um dia ruim, Hook. Não, melhor, esse é um ano ruim.

Ele suspirou, encostando-se ao lado dela.

– Eu sei, Swan. - Ele encarou os pés. - Discutir não vai mudar a nossa situação. Você ainda tem duas bruxas más pra deter, mas por enquanto temos que guardar a sua energia para um confronto maior que ocorrerá em breve.

Diante do tom profético dele, Emma não pode conter uma risada fraca.

– Confronto final, uh? - Ela provocou, cutucando-o com seu cotovelo. - Como você sabe disso, Capitão?

– Resumindo, capitães estão habituados a saber quando uma tempestade se aproxima. - Ele a fitou intensamente. - E eu vejo essa se aproximando a cada dia, princesa. Mas não precisa se preocupar, você tem uma âncora agora.

Ela julgou que se o encarasse por mais tempo se perderia no infinito cor de oceano dos olhos dele. Desde que o conhecera havia algo nos olhos dele que desmentiam certas atitudes que ele tomava ao longo da estrada. Ela estava segura disso e por isso mesmo era difícil entregar-lhe sua confiança. Assim como o mar, seus olhos escondiam demônios, sorvedouros, tempestades. Mas o oceano também possuía tesouros incalculáveis, pérolas, cardumes, maravilhas que só aqueles que mergulhassem fundo encontrariam.

Tanto o oceano, quanto Killian exigiam que os viajantes mergulhassem fundo para descobrir seus mistérios e segredos. Emma sempre sentiu-se encantada pelo mar e por suas histórias. Quando pequena, em uma das muitas casas pelas quais passou, ela foi ao mar algumas vezes. Ela costumava sentar-se na praia rasa e pensar que a milhas dali sua família a esperava para o chá. Ela sentia conforto na infinitude do oceano. Era um sinal de que ela não estava sozinha.

Emma se encontrou por alguns instantes querendo desvendar o que havia por trás da cortina de ironias e orgulho de Hook, ela tinha medo, entretanto, de ser tragada por águas caudalosas tornando-se prisioneira daqueles olhos. Tentando afastar os pensamentos impróprios da cabeça, ela piscou algumas vezes.

Ele ainda estava lá. Ele era real, afinal de contas. Ele não fugiria.

– Você acha que eu tenho chances de vencer essa "batalha final"? - Ela enfatizou, fazendo aspas com os dedos.

– Você está brincando? - Ele sorriu amplamente. - Você é a moça mais durona que eu já conheci e isso vindo de mim é um grande elogio, eu já perdi a conta de quantas moças eu já conheci.

Ela revirou os olhos, pelo menos o Hook que ela conhecia e gostava havia retornado. Gostava?

– Eu queria ter a confiança dos meus pais ou mesmo do Henry de que tudo vai dar certo no final e que o bem sempre vence ou algo assim, mas essa simplesmente não sou eu. - Ela resmungou.

– Seus pais estão certos e seu garoto é um dos mais sagazes que eu já  vi em todos os reinos. - Ele percebeu a expressão dela se suavizar ao citar Henry. – Fique tranquila, Swan, seu filho está seguro. Bealfire e o Crocodilo asseguraram a sua família que Cora não encostará em um fio de cabelo dele enquanto o rapazinho estiver sob a tutela deles.

– Então agora você se alia com Rumpelstilstikin? Isso é digno de nota. - Ela provocou.

– Não estou do lado dele. - Ele afirmou seguro. - Estou do seu lado, Emma.

– Eu não quis... - Ela começou a falar.

– .... dizer isso. - Ele completou. - Eu sei. Mas eu estou do seu lado, amor. Você não precisa de ajuda, você não precisa de alguém que te diga o que fazer, você se basta sendo o que é, uma mulher inacreditável. Mas eu estou aqui por você e ninguém vai feri-la enquanto eu puder lutar ao seu lado. Eu não quero uma resposta, porque eu sei que você entenderá quando estiver pronta, Emma.

Ela corou violentamente. O sangue de sua corrente fluindo rapidamente, deixando-a com as mãos molhadas de suor. Ele a encarava com força, a preocupação e o afeto evidentes em sua feição.

Ela não conseguia mais negar que sentia algo por ele. Algo que ela se negava a admitir em voz alta. Ignorando o olhar dele queimando sua pele, ela resolveu mudar de assunto.

– S-Se uma batalha é iminente, eu tenho que aprender a lutar. - Emma sabia que armas de fogo não funcionavam com Cora.

–Sim, por isso eu fiz a espada, eu pretendo te ensinar. - Ele sorriu sincero. - Mas você fez um bom trabalho me deixando inconsciente na beira do lago Nastos.

Ela não podia acreditar que ele havia trazido aquele assunto à tona de novo.

– Sejamos honestos, você me deixou vencer. - Ela cruzou os braços. Ele sorriu, imitando o gesto dela.

– Sério? Então, milady, o que te leva a pensar isso?

– Por favor, você é um Pirata que luta com uma espada há séculos. - Ela engasgou. - Literalmente, no seu caso.

– Eu te disse. - Ele assentiu. - Eu gosto de uma luta justa. Você não sabia manejar uma espada, eu poderia te matar em segundos, mas isso não seria um duelo justo. Ele aproximou-se perigosamente dela, abaixando a cabeça o suficiente para sussurrar em seu ouvido. - E eu jamais te machucaria.

Um arrepio passou pela sua espinha. Ela não sabia se devido a proximidade dele ou por suas palavras. "É um misto dos dois" Suspeitou.

Ele tomou uma certa distância novamente, ainda sorrindo pra si mesmo. "O bastardo deve perceber o efeito que causa, desgraçado!"

– Meu conceito de luta justa, Emma, foi uma que eu tive com o Príncipe enquanto você estava fora com o Crocodilo. - Ela disse esperando a reação dela.

– Príncipe? - Ela se deu conta por fim. - Você duelou com meu pai?

– Sim, mas nada demais aconteceu. Eu só queria o meu gancho, na verdade, amor. - Ele respondeu cinicamente.

– Você poderia tê-lo matado! - Ela argumentou exasperada.

– Eu não o mataria. - Ele falou ofendido. - E Leroy e a garota lobo nos separaram de qualquer maneira. Seu pai tem um giro de esquerda perfeito.

Emma deu de ombros, deixando-se sorrir um pouco.

– Qual foi a parte que eu perdi? Você e Leroy viraram camaradas desde quando? - Ela riu irônica.

– Aquele Anão! - Hook meneou a cabeça. - Ele veio ao meu navio pra saber mais sobre navegação. Aparentemente, ele quer voltar pra casa. Nós tomamos algumas garrafas de rum, Tiny se juntou um pouco depois. Você ficaria surpresa em quando álcool o sangue de um Anão suporta.

Ela riu descontraída, mas não suficiente para esquecer que ainda estava em uma posição de perigo. Cora e Regina ainda estava em seu encalço, a última ainda desejava tirar Henry dela e Emma sabia em seu íntimo que ela iria as últimas consequências se isso fosse necessário. Ela estava falando de uma mulher que lançou uma maldição em todo um reino apenas por guardar ressentimento por uma criança afinal de contas.

Emma sentia falta de Mary, David e Henry. Emma sentia profundamente falta de sua família. Mas Hook assegurara que eles estavam bem e que o Mr Gold e a Fada Azul estavam protegendo-os, mas Emma deveria se esconder, uma vez que a magia de Cora era capaz de reconhecer a magia de Emma onde ela estivesse, ao menos que ela estivesse em um lugar invisível e magicamente "inexistente". A Xerife sabia que precisaria lutar pra voltar pra sua família.

– Então, Princesa. - Ele apresentou a espada para ela. - Espadas em riste. Aproveite a chance de aprender com o melhor.

Apesar do cansaço Emma pegou o aço frio em suas mãos e posicionou a espada na posição que Hook estava indicando. Ele deu duas investidas, antes de puxá-la pelo braço, virando-a e apontando a espada contra seu pescoço. Seu corpo perigosamente próximo as costas dela.

– Mais atenção no duelo, Senhorita Swan. - Ele sussurrou, os lábios roçando no lóbulo da orelha dela. - Qualquer distração pode ser fatal. Ele a girou novamente, a espada esticada em linha reta, a ponta em seu peito. Ela já arfava. Aproveitando a desvantagem, ele deu um passou pra trás, o suficiente para Emma revidar o golpe e encostar a ponta fria de sua espada no maxilar do Pirata.

– Ahoy, Capitão. - Ela falou erguendo uma sobrancelha. - Provando do seu próprio veneno. Você sabe, distrações são perigosas e podem nos levar a perder o foco do que é mais importante... - Ela encostou o corpo melindrosamente ao dele e desceu a mão direita por seu peito, barriga, até atingir a região baixa onde ela encontrou o que desejava, a adaga dele. Hook lançou um olhar descrente pra ela, que segurava orgulhosa sua espada em uma mão e a adaga do Capitão na outra.

– Garota má. - Ele protestou com um sorriso que desmentia suas palavras. Ele passou a usar sua espada novamente, cada golpe levando-a mais para perto da parede. Ela bateu as costas de leve na madeira e ele pegou as armas dela em um movimento rápido.

– Como caíram os poderosos, amor. - Ele zombou. - É assim que se faz.

Ele retornou a espada para ela. E ensinou-lhe alguns truques muito utéis. Ela tinha um dom para duelos, era talento nato. Havia puxado o pai, ele pensava. Com um pouco mais de prática, ela seria impecável. Ele não se enganara quando dissera que ela daria uma ótima pirata.

– Para manejar bem uma espada você deve conhecer bem o adversário e prever seu movimentos. - Ele a encarou fixamente, revezando o olhar entre os lábios rosados da mulher e seus olhos. - Preveja meu próximo movimento, Emma.

Ela ía desferir um golpe contra espada dele, mas foi tomada de surpresa por lábios vorazes atacando os dela. Ela retribuiu o beijo, as espadas caindo no chão causando um som estridente.

– Nunca confie num Pirata. - Ela sussurrou entre dentes, sentindo ele morder seu lábio inferior e ouvindo uma risada abafada dele contra a pele do seu pescoço.

Os lábios dele tinham gosto de rum e sal e ainda assim eram a melhor coisa que ela já havia provado. Hook aprofundou o beijo enquanto retirava seu pesado sobretudo e jogava ao chão, girando-a em direção a onde ele havia depositado o casaco, ele deitou-a com estranha delicadeza, tomando cuidado para não deixar seu peso sobre ela.

Ele perdi-a se no sabor da língua dela movimentando-se como fogo com a dele e em sua pele macia sob seu toque e não percebeu quando a loira inverteu as posições, beijando- o com mais fogo que antes, seu corpo todo pressionado perfeitamente ao dele. Cada centímetro da pele macia dela pedindo para ser explorada com beijos e toques.

Ele aproveitou-se da nova posição para mordiscar e chupar com força um ponto sensível no ponto entre a clavícula e o pescoço de Emma. Ele só se deu conta do que ocorrera, após sentir a lâmina de sua própria espada rente a sua jugular.

Emma exibia um sorriso vitorioso diante do escrutínio dele, ela também sentia a ereção dele pressionando a parte inferior de sua barriga, mas preferiu ignorar esse último detalhe.

– Nunca confie numa Princesa. - Ele riu sarcástico, devolvendo a ironia dela. Ela apenas rolou os quadris sobre ele, satisfeita ao ouvir um grunhido de excitação e soltando a espada voltou a beijá-lo.

Horas após o interlúdio, espadas e adagas misturavam-se as roupas de ambos que retiradas às pressas jaziam espalhadas pelo chão, inúteis. Emma encostava a cabeça no peito de Killian. Palavras não eram necessárias. Ele cuidava do sono dela, admirando seus cílios piscando levemente sobre sua pele de mármore, sua respiração leve e sua mão delicada pousada sobre peito.

Era inacreditável como sob uma aparência delicada se escondia uma mulher ardente, passional, corajosa e audaz como Emma.

Ele a amava, como não esperava amar alguém depois de Milah. Ele amava por tudo nela que era semelhante ao seu primeiro amor e por tudo aquilo que era diferente também.

Ele estava apaixonado por Emma Swan, a mulher com a cabeça sobre seu peito, a mulher com pequenas sardas nas maçãs do rosto. A mulher que falava palavrões e que o havia superado inúmeras vezes.

A mulher que também o amava, mas, ele sabia, ainda não estava preparada para admitir isso. Sorrindo pra si mesmo, ele ajeitou um fio dourado teimoso dos cachos dela que caia sobre seus olhos e beijou-lhe a testa.

Ele a havia escolhido e nunca em toda sua vida sentira tão certo em relação a uma escolha.



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Notas finais do capítulo

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