Por um momento, Annabeth não conseguia se mexer. Talvez fosse uma brincadeira? Mas ao olhar para os olhos de Piper... tinha muito ódio lá. Ela nunca vira a filha de Afrodite daquele jeito.

Quanto a ela, Piper, ela não raciocinava. Amava Jason, e esse amor destruíra sua relação com Leo. Agora, ela descobrira que o maldito engravidara outra, Annabeth! Ela perdeu o controle, não pensou. Apenas queria matar a pessoa que tirara Jason dela.

Avançou em direção a filha de Atena. Esta gritou. Gritou pedindo ajuda. Piper jogou-se em cima dela, numa velocidade alucinante. Annabeth gritou, e caiu no chão, sem poder fazer nada. A situação simplesmente não lhe permitia se mexer. Só teve meio segundo para pensar: Eu te amo, Jason. Piper ergueu a faca, e Annabeth ficou certa de que ia morrer.

Mas graças aos deuses que não existem mais, Leo decidira seguir a filha de Atena. Quando Piper já estava prestes a fazer uma grande loucura, ele surgiu do nada, e segurou seu pulso.

– Você está louca?! - ele perguntou. - O que Hades vai fazer com essa faca?!

Suas palavras trouxeram a filha de Afrodite de volta para a realidade. Ela olhou incrédula para a mão que segurava a faca. Depois para Annabeth. Para sua expressão assustada. Então Piper soltou a faca, como se tivesse alguma maldição, e deu um grito estridente. Por que tinha feito aquilo? Suas mãos tremeram, os joelhos bambearam, e sua visão escureceu. Ela teria caído, se Leo não a tivesse segurado, e a apertou protetoramente em seus braços.

– Está tudo bem, Pipes... - ele murmurou, mesmo sabendo que ela não ouviria. - Está tudo bem.

Ele virou-se para Annabeth, que ainda estava no chão, paralisada, enquanto os olhava assustada.

– Annie, poderia me ajudar a levá-la para um centro de tratamento? - perguntou, casualmente.

Ela piscou, como se despertasse de um transe.

– Certo... tudo bem.

Ela o ajudou a levar Piper para um centro de tratamento. Foram recebidos com um pouco de espanto, e para sua infelicidade, o episódio teve de ser relatado para Percy e Reyna. Bom, a Reyna, já que Percy havia saído com um dos grupos de "Caça ao Bestante", uma espécie de jogo para os veteranos. Era mais uma tarefa do que um jogo, para caçar os bestantes da Capital.

A Caça ao Bestante durava três dias. As equipes eram divididas, e saiam para caçar os bestantes. Naturalmente, Percy deveria liderar a Alfa, mas era um dos únicos que sabia operar em certos sistemas de segurança de alta importância. Além de que, Leo pedira uma folga para cuidar de Piper, então Percy teve de cuidar de algumas coisas que Leo fazia diariamente. Coisas normais, como cuidar dos alarmes, os radares, e coisas assim, mas que não deixavam de ser importantes.

Reyna decidira lhe dar uma folga também. Ela pedira para ele cuidar dessas atividades, mas seu noivo voltara ao estado catatônico de cansaço. Estava constantemente mal-humorado. As vezes, passava noites em claro, cuidando do sistema. Precisava se divertir, e Reyna finalmente enxergara isso.

Mal sabia ela que teria uma grande surpresa.

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Silêncio mortal. O único ruído era o do vento batendo nas folhas das árvores. A alguns metros, o zumbido de uma colmeia de teleguiadas. E mais, bem a frente, um ninho de gaios tagarelas.

Claro, que eles estavam camuflados como podiam. Porém, o grupo de Percy, o Alfa, era um dos mais experientes, sabiam como caçar esses pequenos e perigosos pássaros.

Percy assobiou uma melodia de quatro notas, que Reyna tinha lhe ensinado. Um dos gaios tagarelas repetiu o canto, pois ele fora solto dos lábios de um humano, e ele deveria imitá-lo. Os outros pássaros repetiram. Percy sorriu, e pensou: Achei vocês.

Rápida como um raio, a equipe Alfa ergueu seus arcos, e disparou. Cada vez mais, os pássaros brancos caiam no chão, com flechas atravessando-lhe os corpos. Ao modificar os animais, a Capital havia permitido que o bronze celestial os ferisse, o que, é claro, Snow não sabia.

Estavam acertando todos, até que houve um momento em que Austin, filho de Apolo, errou, mas por pouco. Percy viu, abismado, quando a flecha de Austin passou ao lado de um dos gaios tagarelas. Ele, com seu longo bico, a pegou, e a atirou de volta. Tudo aconteceu em um segundo. Mas Percy viu, e ficou impressionado.

Em pouco tempo, já haviam se livrado dos pássaros. Ainda se podia ouvir um zumbido, agora mais alto, enquanto o grupo Beta exterminava o ninho de teleguiadas. O Alfa comemorou, por mais um dia bem-sucedido. A Caça ao Bestante havia acabado, apenas dali a uma semana. Rindo, eles voltaram para o Distrito 13.

Ao chegar lá, Percy fez o caminho oposto da maioria dos outros garotos. Foi em direção às forjas de Herfesto. No caminho, encontrou-se com uma pessoa.

– Boa tarde, Ellen - ele cumprimentou.

– Olá, Percy! - Lou Ellen respondeu, sorrindo. - Como foi a caça?

– Ótima - ele respondeu. - Diga-me, Ellen, onde está o seu marido?

– Jake? Ah, está nas forjas, como sempre. Por quê?

– Nada. Apenas preciso de um favor dele.

Eles se despediram, e Percy chegou as forjas. Encontrou quem queria, Jake Mason, trabalhando, claro. Os filhos de Herfesto tinha paixão em construir e forjar coisas. Era exatamente isso o que Percy precisava.

– Jake? - ele chamou.

– Hum? - Jake levantou os olhos de seu trabalho, e sorriu. - Percy! O que posso fazer por você?

– Poderia forjar uma coisa para mim?

– Claro! O quê?

– Hum... que tal um broche de ouro?