Ponto de Narração: Viper

Quando Brendan caiu no chão eu congelei. Ele não morreu instantaneamente, seus olhos me fitaram.

- Brandan! – disse eu, correndo até ele – Eu te amo, não me abandone!

Mas seus olhos já estavam vidrados. Olhei para o humano que o esfaqueara. Era uma mulher, cabelos castanhos escuros e olhos igualmente castanhos.

- Morgana! – exclamou um dos humanos – Por que fez isso?!

- Ele quase matou o Jack!- disse a mulher

A raiva me inundou. Senti-me ficando mais forte e a olhei. Em seus olhos pude ver meu reflexo, havia uma espécie de cabeça de lobo sobre a minha humana, como um gorro. Meus olhos emitiam uma luz dourada e minha pele voltava ao seu tom moreno. A Neve a nossa volta derreteu. A humana recuou um passo, lenta demais. Peguei minha espada e fui em sua direção.

- Você o matou! – exclamei

Não a deixei falar, quando ia atacá-la ouvi a voz de Brendan.

- Viper, pare...

Olhei em volta, ele ainda estava no chão, aos meus pés.

-O que...

A humana me atacou, porém Arthur me defendeu. Caí sentada no chão, com os olhos marejados. Me levantei e a ataquei, introduzindo a espada em sua barriga, rapidamente.

O corpo caiu com um baque no chão. Me afastei e cai perto de outro corpo, Brendan. Abracei-o e deixei as lágrimas rolarem, enquanto a batalha prosseguia.

[...]

No fim de tudo saímos vitoriosos. Homens da alcatéia levavam os corpos enquanto o restante caminhava. Eu estava na frente, caminhando sem olhar para trás, quando senti uma mão tocar meu ombro.

- Viper... – era Alíria – Sei como o humano era importante para você...

Respirei fundo.

- Não quero tentar ser forte, Alíria – disse eu

- Você não precisa ser forte – disse Alíria

Eu a abracei. Alíria nunca fez o seu papel de mãe para mim, mas agora...

[...]

Quando chegamos na cachoeira velamos os corpos. Tomamos a forma de lobos e colocamos os corpos em água corrente. Ainda em minha forma humana beijei Brendan e coloquei em seu pescoço um amuleto com um diamante.

- Eu te amo – sussurrei

Seu corpo foi posto na água e foi embora com a correnteza.

[...]

Fim do inverno e inicio de primavera, as flores brotavam lindamente nos campos, e o humano me fazia cada vez mais falta. Eu estava sentada na beira do rio, um pouco afastada dos demais, quando Arthur se sentou ao meu lado.

- Como você está hoje? – perguntei

- Com saudade... – murmurei

Arthur sorriu.

- Não se preocupe, meu amor, ele ficará feliz com você feliz.

Ele me beijou.

- Venha, temos que nos casar...

Me levantei e fui para uma das cabanas, as moças da alcatéia me arrumaram e saíram comigo. Foi uma cerimônia de casamento humana, a pedido meu.

Saímos da cerimônia e fomos para o lago. Olhei para a água e vi Brendan, ao meu lado, sorrindo como um humano sorriria, me olhando como ele olharia... Me amando como só ele saberia.