Ice And Fire - Os Jogos Vão Começar escrita por Carol Weasley Everdeen Jackson


Capítulo 2
Que a sorte esteja a seu favor




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A Colheita é um dia aterrador, principalmente para as crianças do 8. Tudo graças à nossa mentora: Caroline Archer, a Garota de Gelo.

Estivemos juntos na escola antes de ela vencer os Jogos, que não foi bom para ela. Contraiu uma doença psicológica que também entra no corpo.

Os médicos chamam-lhe Síndrome do Gelo, que lhe foi transferida quando deitou, sem querer, água feita com os flocos de veneno e flocos normais da Arena, há quatro anos.

Pelos vistos, essa doença transmite uma sensação de ser feita de aço puro ou, neste caso, de gelo.

Era uma garota já naturalmente fria, triste e melancólica, sem qualquer amigo, antes dos Jogos. Contudo, isso não ia com a sua aparência: O seu cabelo era ruivo. Nas séries antigas, as ruivas são as amigas das líderes de torcida loiras,as morenas inteligentes e as garotas de cabelo preto são deprimentes.

Mas aquela garota... Ela vivia com um livro debaixo do braço e coxeava levemente. Dizem que, aos 8 anos, no dia em que a revolução falhou, ela foi espancada por um Pacificador e tiveram de lhe tirar uma bala da perna. Mas isso não a impedia de ir sempre à frente durante as corridas de Ed. Física. Ou nos exames. Ou em tudo.

E então, ela voltou dos Jogos. Seus olhos castanhos eram cubos de gelo, sua pele tornou-se mais fria e começou a dizer coisas esquisitas no mercado, quando ninguém estava a olhar.

Lembro-me de um episódio em especial, que foi a última vez em que riu.

Meus pais tinham medo que eu fosse para os Jogos, e muito mais que eu regressasse. 

O Distrito 8 só tinha 1 vencedora, a primeira a voltar com vida após 6 anos, agora 7. Agora, todos a adoravam, apesar de ser estranha. Muito estranha, mesmo.

Ela era tinha enlouquecido, todos sabiam. Até tinha vindo uma equipa de psicólogos do Capitólio para a ajudar durante os seus ataques, memórias dos Jogos.

Foi num sábado quando ela entrou na loja do meu pai, os cabelos atados numa trança firme que brilhava com algo na ponta: um cristal de gelo falso, feito de vidro. O meu coração falhou uma batida quando ela piscou os olhos, habituando-se à escuridão da loja.

- A Garota de Gelo. - Cumprimentou o meu pai, com um sorriso. 

Ela apenas acenou com a cabeça distraidamente, começando a pegar em pacotes de manteiga e natas minúsculos. Que foi? É um Distrito, é pobre.

Eu estava a olhar para ela, no balcão, observando o seu formato estranhamente parecido com um fuso enquanto andava por ali, parecendo mais dançar do que andar.

- Então... - Falei eu, com um sorriso. - Seu nome é mesmo Flecha?

Ela me olhou, primeiro com desprezo e depois os olhos desfocaram. Agarrou-se a uma prateleira, deitando pelo chão toda a comida. A sua respiração estava ofegante, a mão a raspar o cimento da parede e lágrimas a escorrer pelas bochechas.

- Você... - Apontou para mim, a voz tremendo. - Você tem olhos castanhos, como ele.

E caiu no meio do chão, rindo como uma doida e abraçando os joelhos.  E ria. Ria muito, como se tivesse ouvido uma óptima piada. Estava louca, desvairada... Uma vítima da Arena.

- Como o Lorence. - Riu ela, os olhos loucos e febris, gelados. - Ele morreu, sabia? E a Ginny também. Pás, pás. Morreram.

Todos sabiam da morte dos aliados de Carol: Lorence Teermehod, do nosso Distrito, e Ginny Malarva, do Distrito 3. Foram os aliados de Carol ( sim, vou chamar isso à rainha do gelo ), mas morreram quando ela foi buscar comida.

- Está tudo... - Assim que lhe peguei na mão, ela pareceu sofrer um choque térmico. Deu um salto, soltou a mão e me pontapeou, saindo dali sem as compras.

Observei-a a correr por entre a rua e virar para a fábrica, onde eu sabia haver muitos lugares onde se podia enlouquecer sem ninguém notar. O cristal de vidro brilhou uma última vez e ela desapareceu.

E foi assim a última vez que a Garota de Cristal riu.

Agora, a Garota de Cristal também não ri. Os seus olhos, redondos e de um castanho com estranhas manchas nas orlas da íris, olham para todas as crianças do 8, sabendo que dois de nós vão ser os sétimos e oitavos tributos a perder.

Dizem que o último tributo, Conell MacTymy, escreveu uma carta aos pais a dizer que a sua mentora era tão fria que ele preferia morrer a ter de voltar a ouvir uma garota tão bonita ser tão rude.

Ajeitei a minha camisa social e olhei melhor para ela. Os nossos olhares cruzaram-se como num filme antigo, mas nesses filmes o garoto a garota ficam apaixonados, né? Pois, só eu é que corei, ela apenas continuou a olhar para as outras pessoas.

Mia, uma mulher do Capitólio, levantou-se e saudou-nos a todos.

- Sejam bem-vindos à Colheita para a 10ª Edição dos Jogos Vorazes!!!  - Saudou, puxando Carol nas suas roupas brancas, pretas e cinzentas. A garota apenas pisou seu pé e se afastou, de volta a seu lugar.

Sorri, apesar de tudo. Se meu nome não saísse hoje, nunca mais sairia. Ia fazer 19 anos no próximo ano, a partir de hoje nunca mais me preocuparia.

- Primeiro as meninas. - E aproximou-se de uma bola cheia de papeis. As meninas da Costura encolheram-se, sabendo ter muitas mais possibilidades de ser escolhidas e morrer.

Um momento de suspense e...

- Lindsay Silver!!! - Uma garota linda, de cabelos loiros e olhos azuis-mártir, subiu ao palco e olhou com uma careta para as roupas de Carol.

Era tremendamente diferentes: Uma usava um chamativo vestido rosa, com um decote em V e tão justo que se destacavam os ossos das costelas.

A outra usava ténis velhos, uma camisola branca com um casaco de cabedal cinzento e jeans pretos.

Lindsay ajeitou-se nos saltos altos gigantescos e observou os garotos. Carol olhou para todos com aborrecimento e abriu o seu livro. Crónicas de Nárnia. Pensei que só eu lia livros A.P ( Antes de Panem ).

Mia avançou para a bola dos meninos e eu comecei a pensar que o chão parecia mais próximo.

O tempo pareceu ficar mais lento, como se todos tivessem mergulhado em caramelo derretido. Mia tirou um papel que eu reconheci logo porque, sem querer, eu tinha derramado água na pontinha do meu papel.

E o papel que tirou, tinha a pontinha com uma marca que significava ter tido água em cima.

- Peter Clark! 

Pronto. Afinal vou pra boca do lobo, falem pra minha mãe que eu a amo e que deixei carne de vaca conservada.

Os meus joelhos tremiam enquanto subia ao palco, observando a minha colega e a minha mentora, uma toda sorrissinhos bobos e outra perguntando com os olhos ao prefeito " Quem é esta criatura? Não podemos matá-lo antes dos Jogos, mesmo? "

Com uma mentora destas, repito: Falem pra minha mãe que eu a amo.

- E que a sorte - disse Mia - esteja sempre a seu favor.

Xi, me deseja sorte para a minha mentora não me atirar do Centro de Treinos! Isso sim!


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Notas finais do capítulo

Gente, alguém aí faz capas? Porque eu acho que ficaria uma fic melhor com capa, fique chique.