Ice And Fire - Os Jogos Vão Começar escrita por Carol Weasley Everdeen Jackson


Capítulo 1
Flechas, gelo, vidro e cristal




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Ginny e Lorence estavam mortos.

Estavam mortos à, pelo menos, duas horas. O tempo que eu demorara a ir buscar comida e despistar os Carreiristas.

Várias bagas rolaram pelo chão quando eu me ajoelhei na entrada do acampamento. Os longos cabelos castanhos de Ginny estavam manchados de seu sangue vermelho, saindo de um golpe na parte lateral da cabeça.

Seus olhos cinzentos ainda fitavam o céu, lágrimas salgadas quase secando em suas bochechas.

Lorence tivera uma morte pior. Suas mãos tinham arranhado uma árvore ás portas da morte, seus cabelos escuros com salpicos de sangue e seus olhos... seus olhos pareciam me fitar, esperando que eu aparecesse ali, quando devia ter sido há duas horas e salvado dele.

Caminhei até ao lado do garoto por quem me apaixonara quando tinham começado os Jogos. 

E pensar que nos beijáramos ainda na noite anterior...

Afastei suas mãos frias e sem vida da árvore, vendo as letras que formara com sangue. Seu sangue.

FUJA

Uma palavra. Quatro letras. E um significado.

Esquivei-me de uma lança, que atingiu o cadáver de Ginny. Eu soltei uma lágrima. Não fizera esforço para me atingir. Ele queria me deixar perturbada pela morte de minha amiga.

- SAÍA!!! - Guinchei, minhas mãos tremendo e eu delirando.

O tributo do 1 saltou de uma árvore e me apontou uma espada longa e afiada. Seu sorriso branco quase me cegou.

- A Flecha. - Ganhara aquele apelido quando matara dois tributos do mesmo Distrito, o 9, com apenas uma flecha e lhes atravessara o crânio. Simples e mortal. - Finalmente aparece.

- Você matou eles. - Apontei um dedo a tremer para meus amigos, Lorence com os dedos ainda sujos de escrever aquela indicação na árvore.

- Iam morrer de qualquer forma. - Riu ele. - Eram fracos, muito quentes para o frio.

Meus pés atiraram neve por todo o lado quando saltei sobre ele e lhe tirei a espada usando minha mão nua e vermelha pelo frio.

A arena gelada brilhava à nossa volta, os pinheiros deixando cair flocos de neve. Haviam os brancos, que eram bons para fazer água e beber. E haviam os verdes, que eram carregados de veneno.

- Eles bem podiam ser quentes. - Sussurrei, quase docemente, em seu ouvido. - Mas eu... eu fui talhada no gelo.

Peguei num cristal de gelo que decorava o teto da caverna onde tinha-mos feito um pequeno acampamento. Era uma linda e fria estalactite, assustadora e bela.

Num segundo, ele olhou com curiosidade para o afiado cristal na minha mão, perguntado o que faria. No segundo seguinte, morria com um cristal que também servira de faca.

Uma trombeta ressoou por toda a arena, fazendo um pouco de neve cair dos pinheiros.

- Senhoras e senhoras! A vencedora da 6ª Edição dos Jogos Vorazes! Caroline Archer!

Acordei do sonho. Meus dedos ainda estavam dentro de uma máquina especial para ficarem quentes.

O meu quarto cheirava a desinfectante e a ponta quebrada de uma adaga que ficara presa perto da minha omoplata esquerda repousava num tabuleiro, sangue seco a decorando.

- Acordou? - Perguntou uma voz de enfermeira.

Cabeceei ligeiramente, minha cabeça doendo. 

- Ainda bem. - Disse a enfermeira, começando a levar minha maca de hospital para um atelier de estilista. - Seu estilista está stressado. Pelos vistos, nas câmaras, você cresceu um centímetro na última semana, o fato pode não caber. E dormiu muito.

- Quanto? - Perguntei, me sentindo estranhamente fria e dura.

- Falta uma hora para sua entrevista. - E me deixou num atelier enorme, com vários vestidos, sapatos e maquilhagem espalhada. 

Tirei os dedos da máquina e saí da maca, não sentindo aquela sensação de choque térmico quando meus pés quentes tocam o chão frio.

Minha equipa de preparação e meu estilista, todas pessoas que pareciam pássaros em cores berrantes e que eu não memorizara o nome, começaram a andar à minha volta.

Esticaram minha pele, já dorida de dormir em cima de uma rocha de caverna, e fizeram milhares de coisas. Me maquilharam, me arranjaram o cabelo... me fizeram uma coisa que eu sabia não ser eu.

Tinha os olhos fechados, receando estar a parecer uma vadia cheia de maquilhagem. Meu estilista colocou o vestido e decidi que devia abrir os olhos, pelo menos para matar mais aquelas quatro pessoas.

Assim que abri os olhos, tive uma agradável surpresa. Não estava assim tão berrante. Até estava bastante natural.

Meu cabelo ruivo cremoso caía numa trança sobre meus ombros, e apesar de ter sido demasiado esticado, até estava bem. Minha maquilhagem resumia-se a uma sombra branca leve e a um gloss.

O meu vestido era o que realmente era estranho. Era todo branco, como o de uma noiva, mas toda a sua superfície era coberta de picos e cristais. Um véu transparente, como feito de vidro, me caía sobre os ombros.

- O que é isto? - Perguntei, mexendo-me e fazendo os cristais rodopiarem e baterem uns nos outros, fazendo um som leve e delicado.

O meu estilista sorrio, apressando-me para ir falar com Caesar.

- Vá. - Falou ele. - Vá, Garota de Vidro.

Subi numa plataforma que subiu poucos segundos depois, quase me fazendo desequilibrar nos saltos altos, que me deixavam incomodada.

Assim que surgi à superfície, milhares de pessoas do Capitólio vestidas como se fossem estátuas de gelo aplaudiram. 

Pisquei os olhos, entendendo que eu fora a vencedora da Arena Gelada. E isso fazia de mim um ícone, por vencer por gelo.

- Eu sou a Garota de Gelo. - Sussurrei. Depois repeti, já segura de mim. - Eu sou a Garota do Gelo. A garota que não pode ser derretida.


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Notas finais do capítulo

Katniss: ISSO É PLAGIO!!!
Carol: Cale a boca, Garota em Chamas.
Katniss: Cale você, Garota de Vidro.