Just For Today escrita por House


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Apenas agradecendo a todos os comentários. Nunca pensei que ia recebê-los. Comecei a escrever só pra uma amiga ver e tenho comentário até no primeiro capítulo. Obrigada, amo vocês, meus fãs (mentira, nem amo).



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E depois do que pareceram apenas alguns minutos, a julgar pela velocidade de Seer, muitos palavrões e umas quase batidas, eles chegaram na mansão da Time Lady. Era retangular, com uma garagem coberta por baixo da estrutura da casa. Uma escada larga levava até a entrada com portas de vidro, cercada por algumas plantas.

Seer entrou primeiro. A casa por dentro era aconchegante, toda em tons claros, móveis simples. De um lado, três sofás brancos com uma mesinha de madeira e vidro, onde Doctor presumiu que ela fazia suas reuniões e tomava seu café depois do almoço. Do outro, a mesma arrumação, mas com uma televisão de chão branca em frente a mesinha que ostentava um caro videogame e uma gaiola de pássaros encostada na parede, onde uma linda ave vermelha como sangue limpava suas penas. Um gato laranja o observava atento do sofá, o rabo balançando de um lado para o outro.

- Piper, desce. – Seer disse e a gata miou indignada, subindo as escadas para o segundo andar. – Gostando do lugar?

- É, bem limpo. – ele ajeitou a gravata borboleta novamente e riu. – E... Branco.

Essa é apenas uma das minhas casas. Eu tenho uma com piscina, veja só! Ela é divertida. – Seer riu, caminhando por um corredor com um girassol virado para a sacada minúscula. Havia uma porta aberta que indicava um escritório – Sabe, tem essa casa, ela é um pouco antiga e não tão grande quanto a que estamos agora, - ela parou de andar – mas você pode ficar por lá se não sentir que sou confiável o bastante. Claro que é só enquanto me ajuda. Não vou te deixar sozinho na TARDIS.

- Eu não posso ficar sem ela.

- Você não vai. – ela riu – Eu tenho Oods, eles podem trazê-la até aqui e ela ficará muito feliz com a minha.

- Por que você tem Oods? – ele arqueou as sobrancelhas.

- Porque eles caíram na Terra e eu não ia deixar Oods correndo sozinhos por aí. Também não tinha como leva-los para onde pertenciam. Aqui eles têm um lugar pra dormir, companhia e tudo mais. E eles não fazem tudo sozinhos desde que o Thom me encontrou.

- Quem é Thom?

- Meu companheiro, que vai fazer filé de peixe pra você. – ela sorriu.

Ela continuou andando e passou por um arco duplo que dava para a sala de jantar, com duas mesas juntas no centro, com espaço para oito pessoas. Uma porta levava até a cozinha, de onde vinha um delicioso cheiro de comida.

- Seer, é você? – disse alguém na cozinha.

Havia um homem parado de costas para a entrada, picando alguma coisa que não se podia ver. Seer caminhou até ele, deu um beijo rápido em seu rosto e sussurrou algo em seu ouvido que o fez rir. Ele virou-se e o sorriso mudou de um tanto apaixonado para o simpático.

Era um rapaz de óculos de aro preto, os olhos verdes e alguns fios de barba malfeita. Ele usava um jeans com uma camisa verde escura da cor de seus olhos. Ele limpou as mãos no pano de prato em seu ombro e estendeu uma delas para o homem a sua frente.

- Thommas Webber. – ele disse – Mas, por favor, apenas Thom.

- Doctor. – ele retribuiu o aperto de mão – apenas Doctor.

Thom riu e olhou para Seer, que já estava sentada ao lado da fruteira, desfrutando de uma maçã.

- Ele é exatamente como você disse. – Thom inclinou a cabeça e o sorriso diminuiu. – Mais novo, certamente. Bem mais novo, sim. E excêntrico.

- Você vai cozinhar pra mim? – Doctor perguntou e Seer tossiu, quase cuspindo sua maçã. Thom não era conhecido por sua paciência.

- Digamos que sim. – ele voltou para o que estava fazendo – Depende do pedido.

- Filé de peixe com creme de leite.

- Não era só creme? – Seer disse, intrometendo-se.

- Seer, você sabe o que fazer. – disse Thom.

- Sim senhor. – ela levantou em um salto e bateu continência.

- Eu vi isso. – ele resmungou e Seer o abraçou por trás, dando-lhe um beijo rápido.

Seer dirigiu-se até o escritório, onde um pastor alemão cochilava ao lado de uma cadeira atrás da escrivaninha. Ele nem ao menos se moveu quando eles fecharam a porta. Era um ambiente claro, janelas com persianas, uma escrivaninha de vidro e metal com duas poltronas em frente. Tudo branco, creme e carpete cinza. Uma pequena estante de vidro em um modelo moderno estava abarrotada de livros. No canto, perto da porta, uma mesinha com uma garrafa de uísque e copos.

- Digamos que essa regeneração goste de relaxar com um copo disso, de vez em quando. – a Time Lady disse sentando, ao notar o olhar curioso do Doctor sob a bebida.

- Isso vai acabar te matando – disse ele sentando em uma das poltronas.

O cão deu uma choradinha e lambeu a mão de Seer, que lhe deu um biscoito. Ele então colocou a cabeça em seu colo e voltou a cochilar.

- Esse é o Dick. – Seer disse, acariciando sua cabeça – Pode parecer que não, mas ele está comigo desde que eu cheguei.

- Tá de brincadeira.

- Não. Ele só... – ela balançou a cabeça – Dick sempre me seguiu e reconheceu.

- Nem no seu exílio você consegue ser normal. – ele rolou os olhos. – Mas o que é tão importante assim pra você me sequestrar e tudo mais?

- Cybermen. – subitamente o olhar do Doctor ficou curioso.

- O que tem eles?

- Nada demais, eles só estão com mais um plano para transformar toda a Europa. – ela se recostou na cadeira – O governo russo entrou em contato há algumas semanas. Eles conseguiram conter alguns que marchavam para Moscou, mas houve muitas baixas, então estamos em alerta para qualquer movimento alienígena – o Doctor ergueu as sobrancelhas – Não você, claro. Nem eu.

Dick ganiu no colo de Seer e foi até a porta, arranhando a fechadura até a mulher abrir a porta para ele.

- Digamos que Dick não gosta muito desse assunto.

- Quantos mais? – Doctor perguntou, distraído.

Cybermen. Mundo paralelo. Rose. Tudo parecia sempre a conspirar para que ele voltasse para ela.

- Ah, não sei... Dick é meio calado. – ela disse balançando a cabeça.

- Não estou falando do seu cão – ele disse, impaciente.

- Ei! – Seer falou em tom de indignação – Olha lá como fala do Dick.

- De quantos outros Cybermen se tem notícias?

- Ah! – ela coçou o pescoço – Algo em torno de 200, 230. Desde a última vez em que você esteve aqui um rapaz chamado Ricky tem cuidado pra achar e destruir as antigas fábricas de Lumix.

- O nome dele é Mickey. – o Doctor disse quase em um sussurro – Mickey Smith.

- O que? – ela olhou confusa por um momento – Sim! Claro! Que ideia... É que quase todos os chamam de Ricky.

- Seer, você conhece Rose Tyler? Já ouviu falar dela?

A Time Lady recostou-se na cadeira, os dedos cruzados sobre o colo.

- Está com medo, Doctor?

- Tenho um motivo para ter medo, Seer?

- O que faria se encontrasse Rose Tyler?

- Seer, responda a pergunta.

- Você falaria com ela ou iria embora, como sempre faz?

Um silêncio esmagador abateu o pequeno escritório. Ele odiava quando ela dizia a verdade. A verdade...

- Seer, há muito tempo atrás, no dia que você foi embora de Gallifrey, você começou com uma de suas... - ele estalou a língua – Profecias.

- Bom, eu preciso fazer valer esse nome, não é? – ela disse com um sorriso sem dentes.

- O engraçado é que você acertou em tudo até agora.

- Geralmente eu faço isso – ela mantinha o sorriso.

- Mas você não terminou sua profecia. Quando ia terminar de falar, os guardas levaram você de mim.

Agora ela parecia mais nervosa, apreensiva, como se o Doctor tivesse tocando em algo sensível ou machucado no fundo de sua mente. Mas mesmo assim, ela forçava o sorriso.

- E o que foi que eu disse de tão interessante?

- Palavras exatas? – ele perguntou e ela assentiu. – “Um dia você queimará como o sol e depois disso a dor e o sofrimento virão ano após ano. Quando você ouvir a batida e a canção, o silêncio cairá, Doctor e você quase tudo perderá”.

- O que vem depois? – seu rosto era impassível.

- Não há nada depois. Não que eu saiba. – ele inclinou-se na poltrona em direção a ela. – Diga você, Seer. Como essa profecia termina?

- Ora, Doctor! – ela disse impaciente enquanto levantava e ia até a janela – Nada vem depois. – os olhos dela estavam fixos na paisagem, mesmo não a vendo. Seu rosto escondido do Doctor transparecia uma certa dor. – Já fiz tantas profecias, por que ia me lembrar justo dessa?

- Você tem certeza? – ela sentiu sua aproximação.

- Não confia em mim, Doctor? – ela se virou, abrindo o sorriso mais largo que podia.

- Confio, mas...

Uma batida na porta os distraiu. Era Thom.

- Alguém aí pediu filé de peixe com creme de leite? – ele disse, rindo.


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