Alguns meses depois...

- Edward, onde você está? – Já fazia quase uma hora que eu estava no aeroporto esperando Edward vir me buscar. Era o 5º recado que eu deixava em sua caixa postal. – Você nunca atrasou, eu estou preocupada! O que está acontecendo? Por favor, me retorne quando ouvir isso. Te amo.

Eu já não sabia o que estava sentindo quando desliguei o telefone: raiva ou preocupação. Preocupação porque era a primeira vez que ele se atrasava. Ele nunca tinha se atrasado para nenhum compromisso, fosse comigo ou com as produtoras. Vários motivos de atraso passaram pela minha mente, e eu não me prendi a nenhum para não ficar pior. E raiva porque era meu aniversário e, além de Edward não ter ido me buscar no aeroporto, ele não tinha me ligado para dar satisfações ou desejar um simples “parabéns”. Aliás, ninguém tinha feito isso – apenas meus pais. Não desejo nem à Rosalie que esqueçam o aniversário dela – é péssimo. Já dava pra perceber que meu humor não estava dos melhores.

- Ei, cunhadinha!

Me virei e vi Emmett se aproximando de mim. Eu olhei ao redor procurando por Edward, mas ele não estava em nenhum lugar visível.

- Ei, Emm. – eu o cumprimentei com um beijo no rosto quando ele se aproximou.

- Vamos, o carro está estacionado em lugar proibido... E eu não quero tomar uma multa.

Nós seguimos para a saída do estacionamento. O carro, além de estar na vaga de táxis, estava estacionado totalmente torto. Não sei como ele ainda não tinha tomado multa. Aliás, não sei nem como tinha conseguido a habilitação.

- Caramba, Emm... – eu disse, colocando as malas no carro e entrando – Tem que ser muito bom pra estacionar o carro desse jeito...

- Obrigado, Bellinha. – ele riu, fazendo uma manobra meio arriscada e arrancando com o carro.

- Você sentiu minha ironia, certo? – brinquei.

- Claro... Mas saiba que eu nunca tomei uma multa de trânsito.

- Isso sim é incrível.

Ele riu e entrou na pista que nos levaria ao meu apartamento. O apartamento em que eu estava agora era mais perto do aeroporto do que o de Alice.

- E então, como foi o fim de semana em Forks? – ele tentou puxar conversa.

- Ótimo. Passei um tempo agradável com meus pais e alguns amigos...

- Muitos autógrafos? – ele brincou, me provocando.

- Inúmeros. Em todos eu tive que assinar “Sra. Cullen”.

- Ironia de novo, certo?

- Claro...

Eu fiquei em silêncio por um tempo, a pergunta que eu queria tanto fazer quase escapando da boca. Por fim, não consegui mais segurar a curiosidade e perguntei:

- Emm... Onde está Edward?

- Sabia que você perguntaria isso... – Ele resmungou, entrando na minha rua. Essa foi a única coisa que ele respondeu. Eu não consegui segurar minha língua.

- E então?

- Hmm... Ele teve que dar uma saidinha rápida. – Nós já tínhamos chegado ao apartamento – Bella, suba, deixe suas coisas lá em cima e desça. Nós temos uma reunião de última hora com o elenco.

- É com isso que Edward está ocupado, então?

- Oi? – Emmett me olhou, como se tivesse sido pego na mentira – Isso, é isso sim. Suba rápido, Bella, nós já estamos atrasados.

Eu saí do carro, mais desconfiada do que antes. Emmett estava me escondendo alguma coisa. Eu seria idiota se não tivesse percebido isso. Mas o que eu queria saber era: onde diabos estava Edward?

Subi com minhas malas, morrendo de vontade de chorar. Assim que entrei no apartamento, deixei minhas malas em cima da cama, coloquei uma roupa mais social e fui até o banheiro para jogar uma água no rosto. Como representante de Edward nessa tal reunião, eu não poderia aparecer chorando ou com cara de brava. Retoquei minha maquiagem e desci.

Emmett ainda aguardava no carro, com o rosto impaciente. Ele falava com alguém no celular e parecia ansioso.

- Tudo bem, tudo bem, já estamos chegando. – ele cochichou antes de fechar o celular e me fazer sinal para entrar.

- Estava no telefone com Edward? – perguntei ansiosa, enquanto entrava no carro e ele dava partida.

- Ficou bonita nessa roupa, cunhadinha.

- Não me enrole, Emmett! – eu disse, já chateada – Você está escondendo alguma coisa de mim!

Nós tínhamos parado no sinal vermelho e Emmett me olhou, o rosto sério. Ele suspirou, vencido, e disse:

- Olha, eu não queria te contar, Bella... Quem deveria te contar isso era o Edward, mas... – ele respirou fundo. Eu estava começando a ficar com medo – Eu não vou agüentar te ver sofrer, irmãzinha.

Eu podia ver a tristeza nos olhos de Emmett e meus olhos se encheram de lágrimas instantaneamente.

- Bella – ele começou – Edward tem um amante. Ele é gay.                        

- Ah, Emmett!! – Eu comecei a bater nele com minha bolsa, enquanto ele saia com o carro e gargalhava. – Idiota... Achei que fosse verdade!

- Claro que achou! Por que você acha que sou ator?

Eu tentei outras vezes enquanto seguíamos para a tal reunião, e, obviamente, Emmett não me respondeu onde Edward estava. Agora eu tinha certeza de que algo estava errado: se fosse mesmo uma simples reunião com o pessoal do elenco, Edward teria tido, pelo menos, 5 segundos para retornar minhas chamadas ou atender minhas ligações.

Quando nos aproximamos do prédio de Alice, Emmett parou o carro e disse:

- Prontinho, Sra. Cullen. Não precisa mais chorar.

- A reunião é no apartamento de Alice? – perguntei, achando estranho.

- Não, a reunião é no salão do prédio.                                                            

- Hmm... Eu vou encontrar Edward enquanto você guarda o carro, tudo bem? – disse, já abrindo a porta para sair.

- Não, não! – Emmett ficou nervoso de repente. Quando o olhei assustada, ele tentou se recompor – Eu prometi a Edward que cuidaria de você, e é isso que vou fazer. Você vem comigo.

- Emm... eu tenho certeza que posso andar 10 metros sem ser atacada por nenhum vampiro do mal...

- Bobinha... Se existissem vampiros do mal, com certeza eles te encontrariam. - Ei, Alec! – ele começou a falar com o segurança do prédio – Você pode avisar o Laurent, ou Mason, no salão da... reunião... que Bella... quero dizer, nós já chegamos? Obrigado.

Seguimos para o estacionamento. Algo estava muito, muito errado.

Quando me aproximei da porta do salão, pude jurar ter ouvido uma voz estridente gritando: “Dá pra vocês dois calarem a boca?”

- Tenho certeza que ouvi a voz de Alice. – disse, mais para mim mesma do que para Emmett.

- Deve ter ouvido... Você sabe como ela é escandalosa durante as reuniões.

- Mas essa sala está escura demais... Tem certeza que a reunião é aqui? – eu perguntei, desconfiada, enquanto ele colocava a mão na maçaneta.

- Absoluta... Preparada, cunhadinha? – Emmett falou, dando um sorrisinho malicioso.

Antes que eu pudesse responder, ele girou a maçaneta.

- A propósito, Bella, feliz aniversário... – ele disse, e escancarou a porta.

- SURPRESA! – ouvi várias vozes gritarem ao mesmo tempo, do meio do salão escuro.

- Mas o que...?

As luzes se acenderam como um flash, as cortinas foram todas abertas, e vários rostos felizes me encaravam de dentro do salão. Estavam todos lá: Edward, mais próximo, juntamente com Laurent, Alice e Jasper, Mason, Seth e Esme, Marcus, James, Victoria e o restante do elenco. No fundo do salão, perto de uma mesa lotada de presentes, havia uma faixa imensa, onde estava escrito: “Feliz aniversário, Bella!”. Todos haviam me enganado! Naquele momento eu tinha certeza de que eu era a pessoa mais sortuda do mundo.

Alguns segundos de estupefação e uma multidão de braços me atingiu, me desejando felicidade e inúmeros anos de vida. Entre todos os abraços que eu recebia, o único que eu mais ansiava era o de Edward. Erguendo a cabeça a intervalos, eu vi que ele sempre pulava para o fim da fila, querendo ser o último a me abraçar.

Finalmente chegou sua vez. Recebemos gritos e assovios por causa do beijo e do abraço intenso que demos, mas eu não liguei. Eu estava morrendo de saudade dele e não iria deixar nosso momento de lado por causa de uma festa.

- Ficou muito brava comigo? – ele sussurrou em meu ouvido, me abraçando forte.

- Claro que não, Edward! Isso aqui está lindo! Obrigada, meu amor... – eu o beijei outra vez. Por menos tempo, mas nem por isso menos carinhosa.

Quando nos soltamos, ele me arrastou para a mesa onde estavam os presentes, em meio aos gritos de “Discurso! Discurso!”.

- Ei, pessoal! – eu comecei e instantaneamente os gritos cessaram. – Bom, eu não quero fazer um discurso... Só quero que saibam que eu adorei a surpresa! Foi a melhor coisa que aconteceu essa semana, sem dúvida alguma... Mas meu maior presente sempre foi e sempre será Edward...

A essas palavras, todos recomeçaram a gritar. Fiquei escarlate instantaneamente.

- Então, divirtam-se! – completei. Alguém colocou uma música alta e todos começaram a dançar.

Passei rapidamente pela multidão, recebendo abraços de quem ainda não havia me desejado feliz aniversário, mas rapidamente voltei aos braços de Edward.

- Estou morrendo de vergonha... – sussurrei – Mas estou adorando tudo isso!

- Que bom! Achei que você odiaria ser o centro das atenções.

- Agora, Sr. Edward... – eu disse, fingindo estar brava – Por que você não me ligou para dizer um simples “parabéns”?

- Alguém te ligou desejando?

- Não...

- Pois bem... Eu precisava manter as aparências!

Nós dois continuamos dançando e nos abraçando no meio do salão, até que Alice gritou:

- Hora dos presentes!

Segui animada em direção à mesa de presentes. Eu estava chocada com o tamanho da mesa. Sabia que todos os olhos estariam voltados para mim, então agarrei a mão de Edward e o levei comigo. Havia caixas de todos os tamanhos, embrulhos coloridos, flores... Era mais do que eu havia ganhado em toda a minha vida, provavelmente. Edward parecia tenso ao meu lado. Talvez fosse apenas a animação pela festa.

Alice, que também estava ao meu lado, pegou uma caixa retangular de embrulho vermelho e colocou em minhas mãos.

- O presente de Jasper! Que, aliás, eu escolhi... Ele não sabe comprar essas coisas. – ela gritou, estrondosa. Todas as pessoas do salão tinham voltado suas atenções para mim e a caixa em minhas mãos. – Abra logo!

Rasguei o papel, ansiosa para saber o que Alice havia comprado. Eu confiava em seu bom gosto para presentes, mas de maneira alguma teria conseguido prever aquilo: um conjunto de lingerie vermelha, com direito a cinta-liga e chicote. Senti meu rosto ficar mais vermelho que o presente, enquanto tentava guardar a lingerie na caixa e escondê-la atrás dos outros presentes.

- Hoje a noite vai ser boa! – Emmett gritou, fazendo Edward ficar vermelho também.

- Alice, não acredito que você fez isso! – dei um tapinha de leve em seu braço, mas deixando transparecer que eu havia amado o presente.

- Sabia que você ia gostar! – Alice piscou pra mim - Agora abra o de Esme.

Edward soltou minha mão e ficou um pouco afastado de mim. Eu o olhei com a testa franzida, mas ele apenas fez um sinal na cabeça. Ele não sorria e parecia tremer um pouco. Eu teria ido até junto dele e segurado sua mão novamente, mas todos estavam insistindo que eu abrisse o grande embrulho prata em minhas mãos.

Com o coração um pouco apertado, rasguei o papel e descobri um par de sapatos brancos, de brilhantes.

- Uau, Esme! – eu disse, admirada o sapato, apesar de não fazer a mínima ideia de onde usaria aquilo – É realmente lindo! Muito obrigada, mas pareceu ser tão caro... Eu nem saberia onde usar!

- Não se preocupe com o preço... E você saberá exatamente o que fazer com ele! – Esme sorriu. Ela olhou para Edward e sorriu também.

Não tive tempo de achar aquilo estranho – Alice me entregava um presente atrás do outro, sem me dar tempo de agradecer devidamente cada um que havia comprado algo pra mim.

Depois de algum tempo, sobraram dois presentes em cima da mesa. Alice me entregou o menor deles, uma pequena caixinha do tamanho da palma de minha mão.

- Esse é o de Victoria! O penúltimo! – ela gritava, e todas as mulheres do salão começaram a gritar também.

- “Um dia de princesa”? – eu respondi, olhando o pequeno papel dentro da caixa. Meus olhos arregalaram – Caprichou nessa, Victoria! Eu precisava mesmo de uma massagem pra relaxar...

- Eu sabia disso! – Victoria riu e todos acompanharam.

Eu tinha adorado tudo aquilo, verdade, mas não estava acostumada a ganhar coisas tão caras. Eu nem sabia como e nem quando usar todas aquelas coisas.

- Agora, o meu presente... – Alice disse, cheia de ternura – É de todo coração. Espero que goste, Bella. E use-o muito bem.

Ela me passou uma caixa grande, mas leve. Desconfiei que não houvesse nada na caixa, mas não havia mais nenhum presente para ser aberto em cima da mesa. Esse era o último. Eu rasguei o papel de embrulho e abri a caixa, me deparando com outro papel dobrado. Revirei os olhos, acreditando ser alguma brincadeira, e abri o papel.

Quando li, meu cérebro demorou um pouco para captar a informação oculta na mensagem. A única coisa que chamou minha atenção foi o valor do presente, impresso no papel.

- Alice! Um vestido do La Sposa? É muito caro! E porque eu aceitaria um vestido deles, eles só fazem trajes para... para...

De repente minha ficha caiu.

Edward se aproximava lentamente, olhando diretamente nos meus olhos. Todos os olhos estavam voltados para ele e senti que ninguém ali respirava. Nem eu.

Sua mão se moveu até seu bolso, tirando de lá uma caixinha quadrada preta, aveludada, e depositou-a nas minhas mãos trêmulas sem dizer uma palavra. Na tentativa de abrir a caixinha depressa, me enrolei com o fecho e acabei demorando mais do que queria.

Eu não conseguia acreditar.

Eu não queria acreditar.

Só podia estar sonhando, não era possível que Edward iria...

Não, ele não iria. Quando abri a caixinha, vi um colar – lindo – com um pingente de coração, com dobradiças. Eu o abri e me deparei com nossas fotos de um lado, e do outro as palavras “Para sempre” gravadas.

É claro que eu fiquei feliz com seu presente, mas minha mente fértil havia me traído. Todos aqueles presentes e toda aquela enrolação tinham me levado a acreditar que havia um algo mais, que Edward realmente iria...

- Bella... – Edward começou a falar, me fitando diretamente nos olhos e interrompendo meus pensamentos. Tentei mudar minha expressão, com medo que meu desapontamento estivesse muito explícito.

- Sim...? – foi a única coisa que consegui responder.

- Quero que saiba que esse presente foi de coração. É de ouro branco, apesar de eu saber que isso não importa muito pra você... – ele disse, enquanto colocava o colar no meu pescoço. – Mas este não é o único presente que você irá ganhar de mim.

Ele se afastou, me olhando e sorrindo, enquanto abria sua mão direita e revelava um anel de brilhantes.

Minha boca estava seca. Não me lembrava mais como respirava.

Ele pegou minha mão – trêmula – e tirou minha aliança de namoro, depositando-a carinhosamente em cima da mesa.

Edward se ajoelhou.

- Isabella Marie Swan...

Eu não conseguia me mexer. Edward se engasgou e percebi que ele também respirava com dificuldades.

-... você quer se casar comigo?

Eu continuava olhando pra ele abobalhada. Eu não sabia nem como pensar direito. Sua mão segurava a minha com muita força, mas eu mal sentia.

Alguns segundos se passaram e eu ainda não tinha respondido nada.

- Quer ser a Senhora Edward Cullen? – ele tentou outra vez, e uma pequena gota de suor escorreu pela sua testa.

Respirei fundo uma vez e olhei fundo em seus olhos.

- Sim...

Um sorriso cresceu devagar em seus lábios, e comecei a sorrir também.

- Sim...!

Eu respondi mais alto, puxando-o do chão e pulando em seu colo.

- Sim, sim, sim, sim! É claro que eu quero!

- Ahh, Bella! Meu amor! – ele disse, me apertando num abraço forte.

Meu coração batia tanto que eu tinha certeza que ele conseguia escutar.

À minha volta eu escutava vagamente o som de gritos e aplausos, mas nem eles e nem as pessoas que os faziam tinham importância. A única coisa que tinha minha total atenção era o homem de olhos verdes e marejados de lágrimas que me olhava agora.

- Eu te amo, Edward. – eu disse, mais sincera do que nunca.

- Eu também te amo, Bella. Para sempre.

E, sussurrando em meu ouvido, ele completou:

- Você é minha vida agora.

“Que não seja eterno, posto que é chama,

Mas que seja infinito enquanto dure”.