Gotas De Vinho escrita por Babs Toffolli


Capítulo 11
Primeiro Dia de Vida


Notas iniciais do capítulo

Oláa! haha pois bem, gente, esse é mais um cap, que como o anterior tem algumas partes parecidas com o livro (apenas parecidas) mais eu incrementei bastante para ajudar a deixar diferente. Era apenas até aqui que a história fica um pouco repetitiva mas o resto que está por vir vai ser bem mais original



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      Eu estava deitada olhando para o teto do meu quarto, aparentemente como uma idiota. Mas eu não me importava. Eu estava fitando e experimentando algo que nunca sonhei na vida. Eu finalmente estava vendo meu quarto. Com cada risco, cada arranhão na parede, fios soltos e cada grãozinho de poeira voando pelo ambiente era como um perfeito filme pra mim. Eu estava vendo tudo nos mínimos detalhes. Mas como? Por que de repente comecei a ver tão bem assim? A resposta veio ao mesmo tempo que es perguntas: Eu era uma vampira agora.

      A transformação havia se concluído e eu acabara de despertar para minha eternidade sombria. Mas não foi apenas minha visão detalhada do quarto que me fez chegar a esta conclusão. Meus ouvidos também estavam em perfeito alerta. Eu estava conseguindo ouvir na casa do meu vizinho, lá no fim da rua, arrumando sua cama ou alisando uma toalha de mesa. Mas uma coisa me espantou, minha capacidade de conseguir pensar em várias coisas ao mesmo tempo e ainda conseguir deixar um espaço bem vago em minha mente.

      Mas então algo me atingiu. Eu já não tinha passado a parte da dor? Por que então eu ainda estava me sentindo queimar? Eu já não havia passado sob o efeito do veneno? Mas notei que aquele novo tipo de fogo que estava sentindo agora, não era como o fogo do veneno, insuportável e tomando cada centímetro de meu corpo. Não, aquele fogo era diferente. Se acumulava em apenas um lugar: a garganta. Era realmente uma situação desagradável. Eu estava completamente ressecada. Muito, muito seca. Eu precisava de algo para acalmar a minha garganta mais eu não sabia o que usar.

      Foi quando notei que estava com sede. Muita sede, e eu precisava me alimentar. Tive um ódio mortal de mim mesma com este pensamento. Como eu iria me alimentar? E nem sabia o que havia me atingido primeiro, então eu nunca saberia caçar. Pior ainda, eu teria que viver - eternamente - a base de sangue humano. Não! Eu não faria isso. Tinha de haver um jeito para que eu não precisasse matar ninguém, eu não faria isso. E mais uma vez eu me lembrei das histórias de Jessica. Aquela noite, no dia em que tive o pesadelo com Mellany, Jessica me perguntou algo sobre qual tipo de sangue eu me alimentaria.

"Humano ou animal?" - Animal! Essa era minha saída de ser uma assassina sádica e mortal. Eu não caçaria humanos, não precisava disso. Eu me alimentaria de sangue animal, viveria e ainda sim não seria um monstro. Pelo menos não totalmente.

      A casa estava vazia, e o cheiro dela também confirmava isso. Agradeci por ter mantido minha consciência e mandado Charlie sair. Devia ter mais ou menos dois dias que ele se foi.  Se houvesse menos tempo que isso, eu provavelmente sentiria seu cheiro e enlouqueceria. Mas até agora, por enquanto, não detectei nenhum sinal do cheiro de sangue humano. Eu nem sequer sabia como era, mas sabia que devia ser algo muito bom, pois o cheiro é uma arma poderosa para qualquer predador que está a rastrear sua presa.

      Continuei deitada na cama, tomando essas e várias outras decisões que precisava antes de decidir o que de fato eu faria agora. Uma nova onda de fogo invadiu minha garganta e minha boca foi tomada pelo veneno, com o gosto de metal em brasa. Decidi em fim que naquele momento, eu precisava realmente de apenas uma coisa: Sangue. Precisava muito de sangue, e quanto mais pensava nisso, mais o fogo me tomava quase me tirando de minha sanidade e transformando em uma perfeita máquina de matar enfurecida. Mas eu precisava me acalmar, Jessica me disse uma vez que o segredo era não se desesperar e manter a calma, pensando o tempo todo "Mais cedo ou mais tarde vai passar" e então ir à caça imediatamente, para que não ficasse se arriscando.

      Levantei da cama quando a decisão estava tomada. Rápido de mais como percebi, em um salto em que na mesma hora que estava deitada, já estava de pé.

       Eu não poderia sair  pela porta da frente, se alguém estivesse andando na rua, certamente me veria e isso era algo que eu não estava muito afim de que acontecesse. Mesmo porque eu ainda nem sabia como eu estava. E isso me lembrou uma coisa. Não das histórias de Jessica, mas sim da noite em que fui atacada, quando olhei pela primeira vez o rosto jovem e magnífico do vampiro que agora, não passa de um culpado por ter estragado a vida de uma garota inocente e cheia de coisas para ver. Ele era lindo. Incrivelmente lindo. Será que toda sua beleza era consequência de sua transformação também ou já era bonito em sua vida humana?

      Perguntas e mais perguntas que giravam em minha mente, embrulhavam meu estômago e esmagava meu coração paralisado. Havia tantas coisas que eu precisava aprender e saber. Coisas que se eu deixasse para trás, poderia me trazer algum prejuízo grande mais à frente.

      Eu estava parada no chão ao lado da cama, como uma estátua, sem me mover um músculo sequer, tomando todas essas decisões e lembrando de tudo que eu pudesse usar para me ajudar com essa nova vida. Recuperei meus movimentos andando até meu espelho que fica atrás da porta.

      Quase caí pra trás quando vi a imagem de uma beldade branca aparecendo no espelho em vez de mim. Quem era ela? Não poderia ser eu, eu nunca consegui chegar nem perto de uma beleza absurda como aquela.

      Ela era muito branca, o rosto lindo moldado por seus cabelos escuros e rebeldes que davam um perfeito toque de selvageria.Seus lábios cheios e levemente avermelhados estavam entreabertos em uma linha fina, deixando o rosto com uma aparência sexy. Havia tons arroxeados como hematomas sob seus olhos. Os olhos! Olhei espantada em como eu havia sumido completamente daquele corpo quando reparei nos olhos da mulher no espelho, incrivelmente brilhantes. Mais brilhantes que os olhos do vampiro daquela noite. Em um tom de vermelho vivo, como se eu acabasse de ter bebido uma quantia muito grande de sangue. Sangue... Minha garganta ardeu em resposta a esse pensamento. Eu devia sair para me alimente já.

      Abri a porta do meu quarto, deixando a mulher com expressão interrogativa dentro do espelho - eu não esperava em me acostumar com essa minha nova aparência, seria desconsertante sair na rua daquele jeito - e corri para o quarto de Charlie, que tinha uma janela que dava para trás da casa. Quando cheguei lá, minhas narinas foram invadida pelo leve aroma de Charlie que ainda restava ali. Tentei manter a mente clara, mas era difícil me concentrar com o cheiro de sangue humano no ar. Apressei-me até sua janela, abrindo-a e respirando fundo no ar limpo e gélido do quintal dos fundos. Aliviou um pouco mas eu não podia mais perder tempo ali, precisava caçar. O problema é que eu não fazia a menor ideia de como se fazia isso. Bom, uma hora eu aprenderia, mais cedo ou mais tarde.

      Olhei para baixo na janela onde se encontrava o final do gramado da casa e o começo do gramado da floresta. Eu poderia pular daqui, eu me sentia o suficiente forte para demolir a própria casa aos murros. Não devia ser difícil. Subi no parapeito da janela e me preparei para me jogar. Coloquei um pé para fora e lancei meu corpo para frente. O vento passou pelo meu corpo, subindo a saia do meu vestido de formatura que eu ainda usava. Caí completamente de pé e ereta no chão, e pude ver cada detalhe da paisagem que passou por mim durante o salto.

      Então o que faria agora? Bem, depois do pouco que vi naquela noite, senti que já que agora eu também pertencia ao sobrenatural, também poderia fazer aquelas coisas impossíveis agora. Pelo menos era isso que eu esperava e queria experimentar.

      Tentei e lembrar dos movimentos dele quando me agarrou e saiu voando pela floresta comigo, mas as lembranças eram muito turvas, vagas, difíceis de saber. Apelei para ir na sorte, mesmo. Mesmo sabendo que a sorte nunca esteve muito do meu lado durante meus 18 anos. Mesmo assim eu tentaria, e me adaptaria àquela nova vida.

      Comecei uma corrida humana e normal, e quando cheguei nas árvores, aumentei o ritmo. E quanto mais eu adentrava por entre os inúmeros abetos espalhado por todos os lados, minha velocidade aumentava-se por conta própria.

      Quando percebi, senti um vento que não estava ali antes  - um vento quente e agradável -, meu cabelo voava para trás e eu apenas ia achando a novidade ainda mais divertida. Eu não sabia direito o que estava procurando, então decidi apenas correr até que encontrasse algo que me agradasse - um cheiro que me agradasse.

      Esse bosque era tomado por vários grupos de cervos e alces que não ultrapassando a orla da floresta porque tinham consciência de alguma vida predadora ali. Eles deviam ficar mais ao fundo, então fui seguindo até o meio do bosque e parei diante de um raio de sol que escapou por entre as folhas no alto das árvores. Não acreditei no que vi.

      Eu estava literalmente brilhando. Não como glitter ou porpurina, mas sim como se houvesse milhares de diamantes ou cristais implantados em toda a superfície de minha pele que jogava várias faíscas de arco-íris em todas as direções das árvores. Jessica nunca havia me falado sobre aquilo, talvez. Como da vez com a dor do veneno, ela não sabia deste pequeno detalhe. Fiquei ali, paralisada, admirando minha própria aparência inacreditável e perfeita quando de repente escuto um som a quase um quilômetro. 

      Um som de patas cascudas e finas trotando na grama, mastigando e engolindo o alimento triturado. Também ouvi corações. Dois corações pesados bombeando grosas quantidades de sangue quente e molhado. Devia ser um animal, com certeza. E eu estava a procura de animais de qualquer jeito. O vento soprou sobre meu rosto e eu senti o cheiro de grama fresca, pelo maltratado e um cheiro forte e levemente desagradável. Bom devia ser mesmo um cervo, mas porque tinha esse cheiro? Não importava, minha sede estava cada vez mais forte e me deixando quase impossível de me controlar, pelo menos ele seria algo que aquietasse - nem que por um momento - minha garganta em chamas. Segui o som para o leste e corri como uma fera enlouquecida. Pulando sobre pedras, desviando de galhos e saltando sobre erosões.

      Cheguei em uma pequena campina de poucos metros quadrados e os vi. Um casal de cervos se alimentando calmamente. Me escondi atrás de uma pedra alta e me agachei esperando o vento soprar novamente. Mas eu ainda não sabia como iria fazer para chegar até eles.

      Depois de muito pensar, resolvi que não devia pensar e sim seguir o que eu quisesse fazer. A assim foi. Assim que o vento soprou mais uma vez, desliguei-me de meus pensamentos e corri para agarrar o macho. A fêmea se espantou e fugiu, enquanto eu agarrava o corpo de seu companheiro e cravava meus dentes e sua garganta, a parte mais quente em seu corpo largo. Ele lutou, mas meus braços era mais fortes e suas tentativas eram inúteis a minha força. Drenei todo o sangue do animal até que ficasse completamente seco e afastei seu corpo falecido, jogando-o no chão e limpando a boca com as costas das mãos.

      Minha sede havia se acalmado, mas não estava vencida. Eu precisava de mais sangue e tinha que me apressar porque - por sorte - eu poderia agarrar a fêmea que fugiu. Foi o que que fiz. Saí em disparada na direção em que ela correu e segui ser cheiro. Encontrei-a atrás de um conjunto de árvores, pastando. Fiz a mesma coisa que fiz com o macho, esperando o vento soprar e agarrando seu corpo - um pouco menor - em um aperto firme de meus braços. Enterrei meus dentes em sua garganta e me alimentei pela segunda vez naquele dia. 


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Notas finais do capítulo

Uaau *---* então, pessoas? O que acharam desse? Mandem Reviews e me digam! :)



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