As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 87
Um caixão e um pedido


Notas iniciais do capítulo

Oiiii! =D
Em tese, acabamos de entrar no livro BDL, se quiserem saber onde acompanhar os trechos fica assim:
Luke - pg 90 a 93
Thalia - 167 e 168
Até já:



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LUKE

Meu descanso foi perturbado terrivelmente por uma visão que me deixou mudo de choque: Thalia Grace deitada na grama seca do meu antigo jardim, May Castellan a seu lado e uma blusa de frio entre elas. Com um sobressalto percebi que era a mesma blusa que eu jogara fora quando lhe pedi a benção. Minha mãe vestia a blusa em Thalia com um lindo sorriso no rosto, lhe beijava a bochecha e Thalia sumia pelo portão... Minha mãe parecia quase normal, feliz como estava apenas quando via o filho... Pelos titãs! Por que este maldito sonho não tinha som? Por que eu não podia ouvir suas palavras?

O sonho foi interrompido no exato segundo em que o cabelo macio da menina batia em meu rosto. Levantei e me vesti pronto para sair da cabine; me sentia como um dos deuses menores com os trajes brancos e gregos. Antes de adormecer havia tido uma conversinha com “meu espião” do Acampamento. Precisava informar Cronos sobre o quanto nossos planos estavam dando certo.

Ajoelhei-me sobre um tapete persa de frente ao caixão dourado na cabine principal:

–Nossos espiões relatam sucesso, meu senhor – eu disse esperando não soar cansado ou sabe lá o que – O Acampamento Meio Sangue está enviando uma missão de busca como previu. Nosso lado do acordo está quase completo.

Excelente. – sua voz era gelo e adagas – Assim que tivermos meios de nos orientar, eu mesmo liderarei a vanguarda.

Meu sangue gelou. Senti-me amedrontado com essa idéia. Fechei os olhos pensando no que eu poderia, no que deveria fazer...

–Meu senhor, talvez seja cedo demais. Quem sabe Crio ou Hiperíon não devessem liderar...

Não. – a voz tão calma e firme me surpreendeu, mas me deixou abalado; “Não desista” ela dissera – Eu liderarei. Mais um coração se juntará a nossa causa, e isso será o suficiente. Finalmente vou me erguer inteiro do Tártaro.

–Mas a forma, meu senhor... – eu sentia meu corpo tremer.

Mostre-me sua espada, Luke Castellan.

Saquei a espada. O gume brilhando como que querendo competir com o magnífico luar. Metade aço, metade bronze celestial. Era a lâmina que fazia os inimigos tremer e sentir o significado da palavra medo.

Você se entregou a mim. – em um momento de dor e desilusão, pensei em amargura, não tenho mais tanta certeza – Ganhou esta espada como prova de seu juramento.

–Sim, meu senhor – fui obrigado a dizer – É só que...

Você queria poder. Eu lhe dei poder. Agora está além de todo o mal – está enganado, pensei – Em breve você dominará o mundo dos deuses e dos mortais. Não quer se vingar? Não quer ver o Olimpo destruído?

“Vingue sua mãe. Vingue sua amada Thalia... O que os deuses fizeram por elas? O que os deuses fizeram por vocês dois além de separá-los?” – os pensamentos que me invadiram como que privando os outros de ouvirem, a voz gélida, mas convincente parecia me hipnotizar. Eu queria me vingar. Queria destruir o Olimpo. Queria ver os deuses implorarem por misericórdia.

–Sim.

O caixão brilhou como se o titã irradiasse “felicidade” com minha resposta.

Então prepare a força de ataque. Assim que o negócio estiver concluído, prosseguiremos. Primeiro, o Acampamento Meio-Sangue será reduzido a cinzas. Assim que aqueles heróis importunos forem eliminados, marcharemos ao Olimpo.

Eu não sabia o que havia acabado de sair da minha boca. Aqueles pensamentos não eram meus, digo, ver os deuses implorando... Uma batida na porta me trouxe a realidade. A luz do caixão enfraqueceu e eu me ajeitei como pude; embainhei a espada e respirei fundo.

–Entre.

Cruzando as portas, duas dracaenae – mulheres com dois corpos de serpente no lugar das pernas – entraram escoltando Kelli. O demônio vinha em sua forma humana, o corpo emoldurado em um vestido vermelho provocante. Ela estava bela como eu sabia que não era. Relutante, escondi um gemido de frustração. As portas voltaram a se fechar.

–O que foi, demônio? – minha voz foi fria – Eu lhe disse que não me incomodasse.

Kelli fez beicinho como uma menina mimada.

–Isso não é muito simpático. Você parece tenso – ela se aproximou com um sorriso safado na face – Que tal uma massagem nos ombros?

Encostada na porta estava ela; o corpo emoldurado de luar, o vestido longo, os lábios vermelhos, os cabelos longos, os olhos azuis... Ela sorriu minimamente enquanto eu lutava para não arregalar os olhos. Minha consciência estava voltando. Ela disse que não voltaria... Ela olhou para Kelli e depois para mim e suspirou chateada.

Recuei me afastando de Kelli; um mini sorriso marcou o rosto dela.

–Se você tem algo a dizer, diga. Caso contrário, saia!

Thalia/consciência sorriu e se dissolveu em ar...

–Não entendo por que você está tão irritável ultimamente. Você costumava ser uma companhia legal.

–Isso foi antes de eu ver o que você fez com o garoto em Seattle. – arrumei a primeira desculpa que pensei; não gostava de mencionar Thalia, e se a mencionasse o demônio não tardaria a me encher o saco mais do que já enchia. De todos os nomes possíveis, Kelli não suportava ouvir som “Thalia”.

–Ah, ele não significava nada. Só um lanchinho, sério. – se meninas não suportam caras que ficam com várias e/ou quando se referem às meninas como comida, posso garantir que eu faço parte do time dos caras que não suportam ver o contrário se é que me entendem; senti nojo de Kelli – Sabe que meu coração pertence a você, Luke.

–Obrigado, mas eu dispenso – só existe um coração que eu realmente quero que me pertença do mesmo modo que o meu pertence a ela – Agora fale logo ou vá embora.

Seus olhos transbordavam mágoa, mas ela apenas deu de ombros.

–Certo. A equipe de avanço está pronta, como você pediu. Podemos partir... – ela franziu a testa.

–O que foi?

–Uma presença – ela vasculhou o ambiente com os olhos – Estamos sendo observados. – ela ficou com os olhos vermelhos, enrugou o rosto e saltou sobre o ar. Para mim aquilo foi o basta. Saí da cabine principal indo para a minha para tirar aquela túnica e vestir algo bem mais moderno como jeans.

Em plena madrugada, conduzi a equipe de insignificantes para a entrada recém descoberta do labirinto. Para isso, tive que voltar ao Monte Tam e despachar um por vez e esperar para ver se voltariam.

[...]

Mais do que nunca, agora eu estava centrado em obter sucesso nos planos dos Titãs. Libertar monstros e titãs, despertar a magia antiga e terrível de uma época que não nos deixavam conhecer. Era isso ou me desmanchar em lágrimas. A última opção não era lá muito máscula. De algum modo eu havia cortado as drogas da minha vida (maconha, cocaína, ecstasy, álcool...) já que elas me distraiam demais. Era verão, tempo de continuar o trabalho de forma mais intensa. Eram três da tarde quando adormeci na minha cabine.

Meninas me rodeavam enquanto eu retirava a blusa banhada em suor. Joguei a espada no chão e virei uma garrafa de água sobre mim. Fui para o vestiário tomar um banho merecido e saí caminhando em direção a colina... Um corpo de 16 anos.

–Luke – a voz sedosa e romântica, o cheiro de perfume caro denunciava Silena; ela corria até me alcançar – Vamos para o meu chalé. Estamos organizando uma pequena festinha, sabe, nada demais... – ela tinha as bochechas rosadas. Ela era bonita e agradável, mas hoje eu não estava disposto a nada – Você está bem? – ela me analisava com cuidado.

Não eu não estava bem.

Fazia dois anos. Dois longos anos desde que Thalia se fora. Como eu ainda respirava parecia ser um mistério, mas não havia nada que eu pudesse fazer para me juntar a ela. Também não era certo descontar minha dor em Silena ou em qualquer outro.

–Não é nada, só cansaço. – beijei-lhe a mão – Sinto muito, belle, hoje não posso – a ouvi suspirar devido o uso de francês, mas não esperei outra reação, saí andando para a colina. Havia dedicado quase todo o dia em me “divertir” com Annabeth. Ela já havia percebido que havia uma data em que eu me dedicava mais a ela do que em qualquer outra. Era há exatos dois anos atrás que eu prometera ser o heróis dessa menina e quando o sol sumir vou poder voltar a viver aquele monstruoso momento.

Cheguei ao topo da colina de costas ao Acampamento e olhando sem ver a avenida lá embaixo. Ao meu lado o pinheiro mais frondoso que eu já havia visto. Encostei a palma da mão no tronco e me senti vibrar por míseros segundos como se ela correspondesse ao meu toque.

–Olá, Thalia.

O murmúrio veio acompanhado de um meio sorriso. Sentei-me sem voltar a encostar-me à árvore; para mim parecia algo desrespeitoso e errado, então eu me contentava em ficar ali olhando a avenida e fingido que seus dedos estariam entrelaçados aos meus.

Fiquei horas ali até minha mente cansada me perturbar... Não quer se vingar? Veja só o que os deuses fizeram do seu mundo: a única razão de você lutar está longe do seu alcance... Ela é inalcançável. Os deuses, os seus preciosos deuses a tiraram de você... Thalia apareceu a minha frente correndo, subindo a colina por último, os cabelos vieram para frente quando parou repentinamente com lágrimas nos olhos...

Levantei arfando. Eu não podia ficar relembrando meus momentos de dor. Eu tinha que encontrar a saída de um labirinto. Por que diabos eu estava dormindo? Eu tinha muito que fazer.

THALIA

–Você está bem, Thalia? – Clara perguntou com um meio sorriso – Digo, você parece mais...

–Animada?

–Feliz?

–Solta?

A cada nova palavra dita por uma caçadora diferente, eu ria de forma sincera. Haviam se passado alguns poucos dias, talvez dois, no máximo três, desde que eu reivindicara um desejo dentro de mim. Meus sonhos agora eram tranquilos, as noites calmas. Era quase como se nada pudesse me abalar.

–Estou ótima, meninas – elas se entreolharam por um segundo – Não precisam ficar assim tão assustadas.

–Só se você prometer não atingir ninguém com um raio... – voltamos a rir.

Havíamos montado o acampamento cedo para os nossos padrões. O sol estava quase se pondo quando recebemos uma visita inesperada e incomoda (para mim). A deusa Hera caminhava com graça e postura por entre as meninas que logo olhavam para mim buscando qualquer sinal de que eu explodiria pelas mãos da deusa; eu quase podia ver suas mentes trabalhando a questão: se houvesse uma briga entre nós, qual elas deveriam apoiar?

Para acabar com a minha paz, Ártemis não estava lá para amenizar sabe Zeus o que viria a seguir.

A deusa acenou com a mão e as meninas antes suadas, surradas e sujas de terra ficaram em sua melhor forma: cabelos penteados, pele limpa e perfumada, sem nenhum corte. Óbvio que eu estava de fora, mas também não fazia a menor questão de estar arrumada na frente dela. Amo irritar quem me odeia.

–Não quero ser rude, senhora. – Acemira interveio quebrando o silêncio por mim; faltaram-me palavras para agradecê-la depois – Mas o que veio fazer aqui?

Hera sorria com gentileza para cada uma das meninas, os olhos evitando os meus.

–Poucas vezes eu costumo fazer uma visitinha aos heróis...

–Sempre com segundas intenções.

O ar ficou carregadamente tenso. Minha voz fria e ríspida fez a expressão da deusa ficar congelada por meio minuto. Ela forçou um sorriso tão claramente falso que senti enjôo.

–Thalia. – ela disse meu nome com desprezo – Por que está sendo tão rude? – ela fingiu uma cara magoada e logo em seguida mostrou toda a sua irritação sem tentar esconde-la; as meninas prenderam o fôlego – Você não recebeu educação?

–Não, eu não recebi. – ela não se deixou abalar – O que está fazendo aqui, Hera? Você não tem nada mais produtivo para fazer como ajudar a impedir uma guerra?

–Garota insolente...

–É apenas um reflexo da minha má educação.

Eu não notei de imediato, mas enquanto nós duas nos encarávamos com raiva, a deusa irradiava poder. Claro que eu também não estava completamente normal. Eu não fazia idéia de que podia emitir tanta energia quanto ela. Faíscas voavam ao nosso redor. Sosô se encolheu atrás de Baheera.

–Acho que devemos conversar em um lugar mais calmo – ela pronunciou com dureza e me deu as costas seguindo por uma trilha que dava em um riacho. A deusa expulsou três Náiade com um simples aceno e se sentou graciosamente em uma rocha – Sente, criança. – continuei encarando – Ora! Não seja tão rude, garota. Sente-se.

Sentei-me a uma distância razoável na terra com as costas apoiadas em uma pedra. Compreendi levemente o que ela fazia aqui.

–Você quer provar algo a alguém, não? – perguntei vendo as três nadarem para longe.

–É difícil manter a diplomacia com você... – ela resmungou perdendo parte do seu charme.

–Francamente, vocês deuses nunca aparecem sem ter segundas intenções? – eu provavelmente iria ofendê-la um pouco mais, mas senti uma vibração na pele e um sussurrar – Mas que droga é essa? – resmunguei sozinha, sentindo o olhar da deusa sobre mim.

–Ártemis está recebendo um pedido, uma prece de alguém. Como ela não está cabe a você ver quem é o infeliz. Embora só um deus possa realizar o pedido por assim dizer.

–E como eu faço isso? – a sensação era a de ter um animalzinho caminhando pelo meu corpo deixando um rastro gosmento e frio.

Ela suspirou.

–Dê-me sua mão.

–Como? – ela pegou minha mão como quem sente nojo: com a ponta dos dedos e enrugando o nariz. Ela afundou nossas mãos no rio e uma imagem apareceu: Percy corria de uma coisa horrível, um cara com três corpos. No canto da imagem vi Annabeth, Grover, Nico e um ciclope presos. A única maneira de matá-lo seria uma flecha... Mais que droga! Percy era muito ruim com um arco.

“Por favor, caras. Só um tiro. Por favor.” Senti a vibração do pedido em minha pele se tornar insuportável. Ele sozinho iria errar...

–Hera, você pode o fazer acertar!

–Claro que posso. – ela disse com desde. Vaca! Ela queria me ver implorar.

–Então faça!

–Por que eu faria algo por você? Não passa de uma menininha órfã mal educada.

–Não está fazendo algo por mim, tonta! – perdi a paciência – É seu interesse ganhar esta guerra. É seu interesse que eles consigam escapar... – Percy se preparou, encaixou a flecha; Hera me olhava friamente e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas – Por favor, Hera! Ajude-os... Ajude-os...

Percy se desviou de um ataque e soltou a flecha... Prendi o fôlego... E escutei o TUMP, TUMP, TUMP, no tempo em que a flecha levou para atravessar os três corações, o som me lembrou três pedrinhas jogadas uma de cada vez na água... Consegui respirar normalmente... E senti o rosto arder inclinado levemente para o lado. A mão antes pálida da deusa agora estava avermelhada.

Olhei surpresa e indignada para ela. Como ela teve a ousadia...? – Um trovão longo e medonho ecoou nos céus... A Rainha dos Céus estava encolhida a minha frente, mas se recompôs bem rápido.

–Isso foi pelos insultos. – ela levantou e passou a fazer o caminho de volta.

–Obrigada – disse fazendo-a parar ainda de costas – Por Percy.

E ela sumiu. Mais trovões ecoaram no céu. O som era horrível e eu pude sentir a própria natureza a minha volta se encolher de medo da fúria de Zeus. Coloquei a mão sobre a bochecha onde o tapa ainda ardia e fechei os olhos.

“Zeus, não a julgue tão severamente. Eu merecia isso. Por favor, não a culpe por não gostar de mim, não a culpe por se exaltar... Eu a perdôo por isso. Perdoe-a também.”


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Notas finais do capítulo

Senti tanta falta de vocês... Era para eu ter postado este cap na quarta, mas não tive oportunidades para isso. Não sei bem quando vou poder postar o próximo (vou tentar começar a trabalhar nele amanhã a tarde), mas espero que seja logo.
Enfim, me deem suas opiniões enquanto eu aturo mais uma semana de aula =)