Pov. Katniss:

Eu estou caindo, definhando, não importa o que ei faça eu não sinto mais vontade de viver. Caçar já não me parece atraente, comida já não tem gosto, a vida já não tem cor. As únicas pessoas que ainda não desistiram de mim são o Haymitch e Greasy Sae. Ela sempre deixa comida pra mim, sempre me ajuda. Haymitch é como um pai, um pai com sarcasmo ativo e nível alto de álcool no sangue. Ele ainda mantem a promessa de me manter viva. Mas eu acho que até Peeta desistiu de mim.

Peeta. Não sei como esta, o  Peeta não me quer por perto, é como se me odiasse, eu queria chegar perto dele, sentir seus braços de noite me protegendo, queria ouvir suas palavras de conforto, ele não me julgaria, mas tudo que ele faz é me ignorar. Aprendi a depender dele, sofro quando ele não está. Ele voltou há alguns meses da Capital, do tratamento contra o telessequestro.  

Eu sou Katniss Everdeen. Passei por dois Jogos Vorazes. Sobrevivi. Fui o símbolo da rebelião. A Capital caiu. Snow está morto. Coin está morta. Prim está morta. Finnick está morto. Eu deveria estar morta.Eu estou perdida.

Minha esperança são os pães que Peeta deixa aqui todas as manhas, mas não sai do meu quarto, somente ocasionalmente pra comer e ir ao banheiro, na verdade, só pra ir ao banheiro, nem me lembro da última vez que comi. Algumas poucas vezes que Peeta ficou aqui  não conversamos, eu ainda não falo, desde a Capital.  Somente quando acordo, com meus gritos sufocados, sussurro os nomes daqueles que matei e lhes peço perdão.

Não importa, estou pálida, fraca, magra. Estou horrível. Aqui não há esperança, nesse quarto tudo que me ronda são pesadelos e gritos são a única coisa que me acolhe.

Não sei porque mas meus pés estão se mexendo, me levam para fora, onde um sol morno da madrugada esquenta meus ossos que à muito vem definhando. Minha trança cai sobre meu ombro, fecho os olhos para aproveitar. Ouço um barulho vindo da casa de Peeta, instintivamente me viro para lá, a tempo de ver um Peeta que em um segundo me encarava com olhos azuis curiosos, em outro ele esta caído no chão com a mão sobre a cabeça.

Eu corro pra lá.

Pov. Peeta

Voltei há alguns meses da Capital, tenho assado pães e pintado, cuidado de Haymitch, reconstruído o 12 e tudo mais. Também tenho deixado pães todas as manhas pra Katniss, mas sempre que eu volto eles estão intocados, a não ser quando Greasy os usa pra alguma comida pra Katniss. Mas quase sempre também é intocada. Posso ouvir os gritos que ela dá quando os pesadelos a assombram, posso ouvir suas súplicas, não a nada mais que eu queira do ir lá e consola-lá porém cada um desses gritos mexe com meu monstro interior,por isso a tenho evitado, sua presença, seu calor, iriam faze-lo vir a tona e machuca-lá, não posso machuca-lá, se algo acontecer com ela eu nunca me perdoaria.

Eu acabo de sair do meu ateliê, mais uma tela que eu gostaria de queimar, as memórias são fortes demais.

Chego na  minha sala, mas no canto, numa janela pela qual os raios de sol refletem brilhantes no chão da minha casa, posso ver uma silhueta na rua. Não, não pode ser... Katniss. Seu cabelo numa trança lateral como sempre, mas... ela está mais magra, mais pálida, como se qualquer vento fosse leva-lá embora.

Lembro-me da conversa que tive com Haymitch a um tempo atrás.

Flashback ON:

Eu estava carregando um saco de farinha pra cozinha quando minha porta é abeta bruscamente, pego uma faca de cozinha, mas quando viro só encontro um Haymitch não tão bêbado mas não sóbrio na minha porta.

- Calma garoto, pode abaixar  faca. – diz ele com um sorriso de deboche.

- O que você quer Haymitch? – pergunto

- Conversar, sente-se.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa com a Katniss? – Pegunto após me sentar, um pouco ansioso.

- Se aconteceu alguma coisa com a docinho? Se aconteceu alguma coisa? Porque você não levanta essa sua bunda cheia de farinha daqui pelo menos UM MALDITO DIA para ver como ela esta? – ele começa- Porque e faz questão de ouvir ela gritar toda santa noite e não faz nada? – agora ele já estava gritando-  Ela esta definhando garoto! Definhando! Ela não come, não fala, não caça, não sai.- ele abaixa o tom de voz, falando bem mais baixo-  Mas a pior parte Mellark não foi essa, ah não, a pior parte foi quando eu resolvi ficar sóbrio 1 dia para ir até lá ver como ela está, e sabe o que eu encontrei? Eu encontrei a garota em chamas, a menina mais forte que eu conhecia, quebrada, ela estava no chão Peeta, chorando, sussurrando o seu bendito nome, pedindo pra você ficar com ela, mas você não sabe o que foi aquilo, Katniss e chorando na mesma frase era uma coisa eu julgava impossível antes de ver com meus próprios olhos, corri pra ela, mas ela parecia não saber onde estava, levei ela até o sofá e a ajudei a dormir com uns chá. Se você não fizer alguma coisa garoto eu juro que venho ate a sua casa denovo pra dar uns bons socos nessa sua carinha bonita.

Flashback OFF

Aquilo me quebrou, depois disso ele foi embora, e a faca que ele enfiara no meu peito só doía mais e mais, Katniss pedindo pra eu ficar com ela, mas eu não estava lá pra responder enquanto ela recebia só o silencio como reposta, aquilo me destruiu.

Quando percebo Katniss se mexendo minha cabeça doi, imagens, Katniss mutante, olhos de cobra, veneno e sangue, outras, Katniss me chamando, sorrindo, os raios solares brilhando-lhe na pele, tento me agarrar a algum móvel, minha porta é aberta, percebo uma figura pequena entrando.

Katniss

Pov. Katniss

Sem pensar duas vezes abro a porta da casa de Peeta.

- Sai Katniss! Sai! – ele grita

Eu não digo nada, só continuo indo em sua direção, ele tanta arremecar uma cadeira em mim, mas eu devio no segundo que ela passa rapando pela minha cabeça;

- Peeta para! – grito

- Voce matou a minha famila, matou Finnick, tudo que você toca morre! Voce é um bestante nojento.- ele diz

Ele sabe bem que isso pode me nocautear, doi demais,mas eu não posso deixar ele assim, tenho que pensar em alguma, algo pra traze-lo de volta. Faço a única coisa que me vem em mente.

Avanço pra ele, seguro seus ombros e colo meus lábios aos seus, sinto que ele esta cedendo, mas não é o bastante.

Ele me empurra e eu bato contra a parede, perco o ar, ele respira com dificuldade e pesadamente, começo a ver pontos pretos na minha vista, caio no chão, alguém se ajoelha ao meu lado, percebo que ele cedeu, voltou pra mim, ainda há esperança.

-Katniss! Katniss! Me responde! – ele chamava, mas parecia distante

Sinto uma gota na minha bochecha, mas não sou eu quem chora, é quando percebo que Peeta soluçava.

- Me perdoa, porfavor,  fica comigo. – ele pedia

-Sempre... – foi a única coisa que consegui dizer antes de ser arrastada para a escuridão.

Pov. Peeta

Não, não, isso não podia estar acontecendo, eu não podia ter deixado ele me dominar. Eu machuquei ela, nunca vou me perdoar por isso.

- Katniss por favor não dorme.- eu implorei, mas ela já tinha fechado os olhos, podia sentir as batidas fracas do seu coração. Preciso de ajuda.

Corro até a cozinha e ligo pro Haymitch:

- Que é garoto?- ele reclama bêbado

-Como você sabe que sou eu? – pergunto

- Voce e meu ligador mais assíduo – ele diz sarcástico

-Não importa, a Katniss ta desmaiada aqui em casa vem logo!

- O que você fez garoto?- dizendo isso ele desliga

Em 2 minutos ele chega aqui aos tropeços.

- Eu juro garoto, se acontecer alguma coisa com ela você vai ver- ameaça

- Voce acha que eu queria machuca-lá?! – grito- Eu a amo Haymitch, que droga, se algo acontecer com ela eu morro! Essa mulher é minha vida!

- Vamos garoto, pega a droga da caixa de primeiros socorros.

Levamos Katniss para o sofá, levamos uma toalha molhada pra ela e a medicamos,Haymitch disse pra eu ligar pra ele quando ela acordar, sentei ao seu lado e esperei.

Pov Katniss

Acordo na sala, mas a minha frente há uma pintura, isso não é minha sala, estou na casa do Peeta, e como um flash uma avalhanche de imagens se abate sobre mim, lembro de tudo. Tudo.

Peeta esta adormecido no outro sofá,parece que estava me esperando acordar. Me levanto sem acorda-lo com barulho e sigo em direção ao quadro, sou eu e ele, no terraço, antes dos segundos Jogos Vorazes, no por-do-sol. Sorrio para esta imagem, estava tao concentrada que não percebi Peeta atrás mim, só o notei quando ouvi seus passos logo atrás de mim.

Ele estava com as mãos nos bolsos e os ombros encolhidos, ele se culpa pelo que aconteceu.

- Esse é um dos meus favoritos. Já me salvou de muitos... – ele perde a fala, sei que ele não quer completar a fala com a palavra flash porque o brilho de seus olhos some no momento que ele cita a situação.

-Peeta...- tento falar mas ele me interrompe

- Não Katniss não esta tudo bem, eu sei o que você vai falar, mas não esta, eu te machuquei e nunca vou me perdoar, eu sou um monstro.- diz derrotado

- Não Peeta, eu sou tão monstro quanto você, o que eu vejo nos sonhos, tudo que me veem a cabeça, isso é real, não há como fugir, não é culpa sua.

- Mas...- ele tenta

- Não Peeta! Eu também estou quebrada, estou cansada, estou acabada, e a única pessoa que me salvava nao me quer por perto, você me abandonou Peeta, isso doeu mais do que você imagina.

Vou ate ele e o abraço, seus músculos enrijecem mas logo relaxam e eu sinto seus braços a minha volta.

O braços que eu tanto senti saudade, posso ouvir seu coração batendo junto com o meu. Enterro minha cabeça no seu peitoral.

- Eu estou tão cansada Peeta...- digo

E sem mais nenhuma palavra ele me leva até o quarto, me deita e logo sinto ele se deitar atrás de mim e seus braços envolverem minha cintura.

Ele beija minha cabeça e com o rosto enterrado em meus cabelos ele diz:

- Eu nunca mais vou te deixar Katniss- mas derrepente vejo um flash de duvida passar por seus olhos- Voce não tinha falado direito desde a chagada da Capital até hoje. Real ou Não Real?

- Real. – respondo.

- Voce sentiu minha falta. Real ou Não Real? – ele pergunta

- Real.

- Voce deixou de me amar. Real ou Não Real? – pergunto temendo a resposta

Ele solta um suspiro.

- Não Real, eu nunca poderia parar de te amar Katniss.- ele sorri mas logo fica serio

- Voce me ama. Real ou Não real?

Nunca realmente tinha pensado nisso, Peeta é mais do que lguem que esteve lá pra mim, ele foi ganhando seu espaço, minha confiança, nunca desistiu de mim, consegue ver o bom dos pessoas mesmo quando as pessoas quiseram tirar todo tipo de bondade que ele possuía, Ele é muito mais do que Gale já foi, Ele foi muito mais do que qualquer um. Ele é como o Sol, meu Dente-de-Leão no meio da minha tempestade. Eu poderia viver 100 vidas e ainda sim não merecer ele. Depois dsso já sei minha resposta.

- Real. – respondo olhando em seus olhos

Peeta me beija como a muito não fazia, esse beijo demonstra saudade, amor, paixão, carinho, confusão, insegurança e uma promessa.

Depois de nos separarmos o apertei mais ao meu corpo e fiz a pergunta que me assombrava:

- Voce ainda vai estar aqui quando eu acordar? Isso não é um sonho? Porque eu não sei se posso aguentar, não mais, não sozinha. – digo

- Eu nunca mais vou te deixar ir.- ele respondeu olhando-me nos olhos

E isso foi o bastante para que nos perdêssemos nos braços um do outro.

Pov Peeta

Ter ela nos meus braços parecia mais um sonho, mas ela dizer que me ama, ah, isso é minha kirptonita, ela é meu oasís. Eu sei que posso a machucar, assim como ela também pode me quebrar.

Mas somos a cura um pro outro, por mais que  tenhamos problemas juntos, somos irreparáveis sem o outro, eu nunca mais vou deixa-lá, nunca mais vou permitir que ela caia, e se cair, eu vou estar lá pra segura-lá e traze-lá de volta.

Ela me encontrou, eu a encontrei, quando mais precisávamos nos construímos denovo.  Quando estávamos cercados, lutamos juntos, eu e ela, contra o mundo.

Vamos cair

Vamos levantar

Sempre seguindo em frente

Eu e ela

Pra sempre.