Dorc’s POV

Eu sai louca, apressada da revista, em direção a avenida movimentada atrás de um táxi. Era hora de mudar, hora de inovar e não pensar mais em nada a não ser no nosso foco.

Trabalho.

Trabalho.

Trabalho.

Iriamos atingir nossa meta e com isso voltar para Paris e viver nossa vida do jeito que tem que ser. Do jeito que nunca deveria ter deixado de ser. Afinal, nada mais era como antes e eu me arrependo muito de ter aceitado a proposta de vir à Londres. Tudo bem que eu amo ajudar o Joey e as meninas, porém se eu soubesse que o passado estaria aqui, não teria nem pensado na resposta. Seria um não e pronto.

E vocês devem estar pensando: Nossa Meadowes, como você é má com o pobre Lupin...

Mas é ai que se enganam! Eu deixei de ser boazinha por um motivo apenas e tenho certeza que Remo não faz ideia desse motivo, mas não importa, eu não quero mais saber de Remo Lupin durante um tempo e espero que meu coração não seja adolescente e caia de novo. Mas enfim.

Quando desci todos os degraus daquela cansativa escadaria que eu tinha que subir e descer todo dia, acenei para três taxis e só um parou. Por incrível que pareça, era Peter de novo. Não tínhamos muito assunto, então eu fui direta falando que estava tudo bem e que precisava ir para o hotel desfazer o contrato. Nossa amizade já não era mais a mesma de antes, nosso afastamento foi brusco e nem tínhamos mais tanta proximidade para conversas.

Peguei meu celular enquanto ele dirigia pelas ruas e procurei pelo número do fotografo, já ligando para ele. Precisava da sua ajuda para ontem e se ele tinha se comprometido a ajudar a MBM, ele seria bem cobrado. Porque a Dorcas Meadowes, loira explosiva estava de volta, porque sim, eu tinha deixado ela em Paris, mas eu a trouxe de volta. E botaria para quebrar.

- Bom dia Dorcas. – o fotografo, que eu não lembro o nome, disse prontamente, me deixando orgulhosa.

- Bom dia. Preciso de você na MBM daqui à 1 hora. – disse apenas logo desligando o celular. Seria grossa e dura, para entenderem que agora não tinha mais brincadeiras. Nunca teve. Mas agora o negócio era mais embaixo.

Assim que o táxi parou em frente ao hotel eu o paguei saltando do veiculo logo em seguida. Assim que atravessei a recepção do local, dei de cara com o Sr. Joyr saindo de sua sala. Uma cara de poucos amigos, mas que não me assustava e nem me dava pena por ter que cancelar. Negócios são negócios, vida pessoal a parte.

- Olá Sr. Joyr, precisamos conversar urgente! – pedi logo.

- Claro Dorcas, fale.

- Eu sinto muito, mas teremos que desfazer o contrato com urgência. Não vamos mais promover uma festa. – fui sincera e vi seu olhar ficar cabisbaixo. O que eu sabia, era que ele adorava promover festas, mas dessa vez eu realmente não poderia fazer nada.

- Tudo bem querida. Desfazemos o contrato então. Aconteceu algo? – ele parecia preocupado. Eu rapidamente neguei em um movimento com a cabeça.

- Imprevistos. Muito obrigada Sr. Joyr, preciso ir. – me despedi correndo e seguindo para as ruas.

Nem vi se ele acenou ou deu tchau e alguma recomendação. Só acenei para o táxi mais próximo e entrei no mesmo quando ele parou. O motorista não tinha uma das melhores caras, mas não me importei com isso e dei o endereço da revista avisando que o quanto mais rápido ele fosse, melhor.

Meu celular começou a se estrangular dentro da minha bolsa e logo imaginei que fosse Joey ou uma das meninas com alguma novidade, ou até mesmo uma coisa ruim. Assim que alcancei o mesmo dentro da minha enorme mala, porque uma bolsa não era de tão grande. Mas eu não podia reclamar, tinha ganhado ela de presente de Joey, quando o mesmo alegou que minha antiga bolsa era feia demais e pequena demais. Ou seja, ele gastou um dinheirão para me dar uma Prada, enorme que eu poderia me perder dentro. Deslizei o botão para atender, mesmo não reconhecendo o número. Às vezes as meninas poderiam estar me ligando com o celular da empresa, ou poderia ser até mesmo o fotografo que eu tinha esquecido o nome.

- Dorcas Meadowes – falei prontamente, já tirando o dinheiro da carteira para pagar o motorista e também pendurando o celular contra meu ombro e meu ouvido.

- Hey Dorcs, aqui é o Jay! – Potter já não tinha mais aquela voz fina de adolescente, agora sua voz era grossa e parecia um homem de verdade.

- Ei Jay, quase não reconheci sua voz, ela tá de homem. – ri do meu comentários já saindo do carro, depois de ter pago. Com o celular em uma mão e a bolsa em outra e toda atrapalhada para fechar a porta.

- Babaca. – ele falou “emburrado”. Ri mais alto.

- O que você quer homem? – perguntei subindo as escadas em direção ao prédio. Apesar de que muitas coisas aconteceram no passado e tudo o mais, minha amizade com James e Sirius nunca mudou, e eu esperava que nunca mudasse, porque eles são como meus irmãos desde adolescentes e não era fácil viver sem aqueles babacões.

- Tem algum tempo livre hoje?

- Depende. Para que?

- Interesseira. – ele acusou me fazendo rir novamente. Empurrei a porta do prédio e esperei o homem bem vestido passar para depois entrar. – Quer ir tomar um café comigo? Estou precisando daqueles conselhos ala Dorcas Meadowes. E também querendo conversar com a Senhorita.

- Sinto cheiro de Lily Evans no meio da nossa conversa e dos conselhos ala Dorcas Meadowes. – falei rindo. Incrível como rir era prioridade nas minhas conversas com James. Apertei o botão do elevador e esperei pacientemente ele descer do vigésimo andar até o térreo.

- Lily Evans, Harry... Assim vai. Mas você topa?

- Vou ver se consigo dar uma fugida das meninas daqui a pouco e te mando uma mensagem. Tudo bem?

- Claro. Até depois Dorcs.

- Até Jay. – me despedi e desliguei o celular já o guardando no bolso interior da bolsa para não perde-lo novamente.

Entrei no elevador quando o mesmo abriu as portas do meu andar e esperei a porta fechar novamente para me virar para o espelho e conferir minha roupa e cabelo para saber se estava tudo no seu lugar. Depois disso apenas encostei-me à parede metálica e esperei pacientemente o meu andar chegar.

Assim que cheguei ao andar da revista, fui bem recebida na recepção. Uma loira, alta, corpo magro, bem vestida estava escorada no balcão onde Patrícia sempre ficava e ainda ria alto com a mesma. Não conseguia ver seu rosto, mas era familiar seu jeito.

Eu ia passar reto, ignorando qualquer uma das duas, mas Patrícia me chamou me fazendo virar em direção a elas.

- Dorcas? – vi a cara da loira se contorcer e me olhar de cima abaixo, me medindo. Revirei os olhos voltando minha atenção a Patrícia.

- Sim?

- Karlie pediu para avisar que teve um problema familiar e que sente muito, mas teve que ir pra casa.

- Tudo bem. Ela precisava de descanso, pois não fica de conversinha com amigas no trabalho. – a alfinetei e vi seu rosto se contorcer e a loira retirar os óculos escuros para me olhar melhor.

- Sua chefa? – ela perguntou diretamente para Patrícia que concordou engolindo em seco e voltando a sua atenção para seu computador.

- Posso ajudar? – perguntei cinicamente.

- Joey me chamou para uma entrevista. Acho que você poderia me levar até ele. – sua voz tinha um tom amargo e eu conhecia de algum lugar.

- Ele não está se quiser aguardar, tem sofá de sobra aqui na recepção. Com licença. – pedi voltando a abrir a porta para entrar na revista.

- Você e esse seu tom arrogante não mudam nunca em Dorcas. – e ai eu tive certeza.

- Sabia que você logo apareceria para estragar tudo também. – olhei nos olhos dela, vendo um sorriso de escarnio surgir em seus lábios.