Lene’s POV

Ver Joey no aniversário de Cass e Harry transformou o meu dia, esse homem fazia muita falta todos os dias. Mas ver Cassie correndo até Sirius falando: papai, com certeza fez ainda mais o meu dia. Meu sorriso foi enorme ao ver o moreno estático observando a pequena de braços esticados, pedindo por colo.

- Eles não sabiam não é? – Joey perguntou com o sotaque carregadíssimo achando a cena um tanto quanto cômica, igual a nós.

- Não. – falamos eu e Lily rindo.

James também estava em choque por Harry tê-lo chamado de pai, ele pegou o menino no colo e ficou o olhando como se fosse tudo mentira, o que causou só mais risos da nossa parte.

- Eu dormi demais e perdi metade da minha vida pra não saber o que tá’ acontecendo? É isso? – Sirius me perguntou assim que chegou perto, com Cassie ainda no colo.

- O que a mamãe disse pra você ontem Cass? – perguntei a olhando, para que respondesse a pergunta de Sirius.

- Titio Sirius é papai! – ela falou e bateu palminhas, feliz, fazendo Sirius sorrir largamente.

- Eu... Não cabe mais felicidade dentro de mim – ele disse ainda sorrindo e beijando Cass a fazendo gargalhar gostosamente.

- Fico feliz por isso – sorri segurando as pequenas mãozinhas da minha filha.

- Fala de novo Cass? O que o Titio Sirius é seu? – ele perguntou todo bobo, com o sorriso largo, balançando Cassie que gargalhava enquanto mexia nos cabelos rebeldes do pai.

- Papai – balbuciou abraçando Sirius do jeitinho dela, me deixando apaixonada e com vontade de morder cada pedacinho dela.

Observei então, novamente, a reação de Sirius. Ele sorriu e seus olhos se encheram de lágrimas, eu sabia que ele não esperava que esse dia chegasse tão cedo, eu sabia que ele ficaria feliz e também sabia que isso me deixaria feliz. Afinal, eu não tinha porque negar que ele era realmente o pai de Cassie, eu ao menos sei por que escondi isso dele durante tanto tempo... Eu não sei bem se queria privacidade, se queria fazer isso sozinha por puro egoísmo ou se queria mesmo que minha vida fosse pra frente longe do antigo amor da minha vida.

Eu sei que foi burrada e só agora percebo o quanto Sirius seria atencioso, mas também eu não teria esse trabalho maravilhoso que tenho... Paris realmente me trouxe vantagens.

Depois de as crianças irem com Dorcas no parquinho, elas voltaram cansadas e meio suadas, mas isso era normal de criança. Mas quando Cass entrou no salão, ao invés de vir na minha direção, correu para o colo de Sirius, esse conversava com Joey, Remo e James. Tive que ir atrás da menina para irmos cantar parabéns.

- Bebê, vem com a mamãe? Tá na hora dos parabéns! – chamei-a vendo se encolher mais no braço de Sirius. – Cassie vem! Harry já foi com a tia Lily lá na mesa de doces.

- Não. – ela disse chorosa. Sabia que minha filha tinha um pouco de medo de todos os convidados cantando parabéns.

- Filha, a mamãe vai estar com você – tentei de novo.

- Mamãe – ela murmurou vindo pro meu colo. Primeira parte de convencimento, concluída.

- Vai lá com a mamãe, pequena. Tio Joey vai ficar muito feliz se você for e não chorar! E ainda vai ganhar um presente lindo – Joey disse vindo para perto de mim e Cass.

- Pomete? – ela pediu manhosa se aninhando ainda mais a mim.

- CASSIE! – ouvimos o gritinho do Harry, chamando pela minha filha. Os homens riram e começaram a incentivar a menina.

- Vai lá, princesinha – Sirius também pediu pra menina.

- E ai filha? – perguntei observando ela tirar a cabeça do meu ombro.

- Vamo! – ela disse baixinho, só para eu escutar. Sorri instantaneamente e segui com ela até onde Lily estava com Harry, na mesinha dos doces.

Convocamos todos os convidados e logo estávamos cantando parabéns para as crianças. Harry e Cassie nem davam bola, brincavam entre si e tentavam a todo custo passar as mãozinhas no bolo bem decorado.

- Viva! – terminamos fazendo as crianças rirem, pelo menos Cassie não tinha chorado e isso me ajudava muito.

Depois de dar comida para as crianças, sim no plural, porque Lily tinha ido conversar com a mulherada, os deixei um pouco livre para brincar com outras crianças que também estavam ali. Parei para conversar com Minerva e até mesmo Dumbledore tinha vindo o que foi uma novidade, já que esse velho nunca saia de casa para nada, só para ir a HHS.

- Está tudo muito lindo, querida – Minerva elogiou me deixando uma mãe ainda mais boba.

- Obrigada, Minerva. – agradeci me sentando com eles, e de vez em quando dando uma olhada nos meninos.

- E como está o coração, Marlene? – Dumbledore perguntou sábio como sempre e muito perceptivo.

- Se eu disser que ‘tá batendo o Senhor vai ficar muito brabo comigo? – perguntei encolhendo os ombros e rindo fraco, vendo que os dois riram animados.

- Vou ficar bem chateado, porque consigo ler seus olhos, Marlene. Alguma coisa tem ai! – ele disse segurando minhas mãos sobre a mesa.

- Ah... Não tem nada demais acontecendo, eu estou muito ocupada com o trabalho, sem tempo nenhum pra isso! – reclamei sincera.

- Ih, querida. Lembre-se que jamais deve se ocupar só com o trabalho. – Minerva disse também sábia.

- Eu tento, mas eu realmente preciso me ocupar só com o trabalho. Tenho um prazo pequeno e esse pouco tempo é precioso! – falei seriamente.

- Mas seu coração também precisa de atenção, não? Sei que tem alguém que o faz bater forte, não é de hoje. – Dumbledore falou, novamente sendo sábio e me deixando sem palavras.

Ainda quieta olhei para onde Sirius estava, pensando seriamente em tudo o que o Senhor na minha frente tinha falado. Eu não sabia bem definir o que sentia por Sirius. Eu já tinha o amado e muito, mas esse amor, infelizmente, acabou quando eu fui pra Paris. Talvez não tivesse acabado totalmente, mas tinha acabado. Não era mais aquela mesma coisa.

O sentimento que eu estava tendo agora era novo. Era mais maduro. Naquele tempo eu era uma adolescente em crise adolescente. Sentia aquele amor adolescente, que não mede fronteiras. Aquele amor besta que diz que tudo é pra sempre, mas agora eu vejo, que não é pra sempre.

Suspirando forte, eu me levantei.

- Eu... Vou lá com as meninas. Nos falamos depois e obrigada... Aproveitem a festa! – falei desajeitada saindo de lá rapidamente.

Precisava colocar minha cabeça no lugar, eu tinha que pensar sobre as coisas que Dumbledore tinha falado e precisava organizar meus sentimentos. Tinha que ter certeza do que eu sentia, ou falava que sentia.

Eu era uma adulta, não poderia tratar as coisas como se eu tivesse no colegial. Tudo que eu faria tinha que ser como adulta, eu não correria atrás como antes e não deixaria tudo na mão como o passado.