Era verão. Logo começariam as tempestades, o que todos  temiam, pois a alguns anos atrás uma tempestade havia acabado com toda a colheita e a aldeia passara fome durante meses.

Angel estava crescida, estava para completar dezesseis anos  e logo poderia participar das festividades que haviam na taverna para os jovens aos domingos. Era o que ela mais ansiava, pois assim poderia conhecer mais os moços e moças da aldeia.

Estava feliz. Amava seus pais e irmãos. Possuía amigos e o povo da aldeia a tratava bem, agora. A unica coisa que a incomodava era a cor de seus olhos. Todos da aldeia possuíam os olhos verdes, azuis, dourados, somente ela obtinha os olhos de certa cor. Quando criança as pessoas a olhavam surpresos, não assustados, mas com certo ar de preconceito ou até mesmo...inveja. Ela daria tudo para saber o porque de tudo isso.

O sol estava forte e bem no centro do céu, o que indicava meio-dia, ou seja, o horário de almoço. Levava comida para o pai e os irmãos quase todos os dias. Como estava quente, Angel aproveitou para passar em um riacho perto dali.

Subiu em uma grande pedra nas margens do rio.Tirou seu vestido e pulou sem exitar.

A água estava fria, apesar de estar um dia quente e ensolarado. Nadou até a tardinha, esperando somente que o cansaço a dominasse, o que era improvável pois a água a acalmava, era onde sentia livre.

Deitou-se na margem e olhou para o céu. Agora o sol já não estava no centro e sim quase a se pôr. As árvores eram entrelaçadas, dificultando a passagem do sol, o que explicava a água fria do rio. As folhas caiam  e o sopro do vento era calmo. Já se ouvia o som de cigarras entre outros animais. Estava ficando tarde. Era hora de ir embora,pensou. Mas seus pensamentos foram interrompidos por galhos secos sendo pisados por pés.

-Quem está ai?- Por um momento sentiu-se sozinha e desprevenida. Levantou sem se lembrar que não estava com seu vestido.

Ninguém respondeu. Apenas uma sombra humana foi representada á sua frente.