Garoto Rude escrita por Mellanie Vonturi


Capítulo 6
Se Iludir A Toa


Notas iniciais do capítulo

Bem, novamente peço desculpas pela demora. Mas hoje eu venho triste e feliz. Triste pois, aqui em casa estão tendo muitas brigas de parentes meus. E isto acaba afetando-me. E feliz, pois, além de eu amar vocês, ter ganhado a primeira recomendação da fic *----------------------------*. Caramba, vocês não sabem como eu estou muito muito muito, mas muito feliz.
Mitchie, eu fiquei extremamente lisonjeada com a sua recomendação, e por isto, este capítulo apesar de ser triste, é dedicado para você!
E também, como eu disse que o capítulo ficou um pouco triste, mas também cheio de surpresas. Por favor, não fiquem com raiva de mim. Eu quis caprichar bastante neste capítulo para dar uma balançada na fic, ok? Obrigada pelos reviews e elogios, também amei muito! Desejo uma boa leitura para todos.



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Eu me encarava no espelho. Reparando em todos os meus defeitos. E então me lembro. Qual é o famoso exterminador de defeitos visíveis? A maquiagem. Mas eu não quero me maquiar. Não quero virar uma patricinha. E apesar disso, eu não tenho a mínima idéia do que vestir hoje à noite. Não tenho a mínima idéia do que Daniel gosta. Mas... Daniel gosta de patricinhas. Droga!

Chamei por Sarah, ela às vezes sabe se vestir bem melhor do que eu. Sim, isto é decepcionante. Mas ela já foi adolescente um dia e deve saber como se vestir nesta idade. Ou pelo menos sabia, já que os tempos mudaram.

- Mãe, preciso de sua ajuda!

- Pode falar.

- Hoje eu vou sair com alguns... amigos e não sei como vestir-me.

- Oh, eu vou buscar algumas revistas. Espere só um minuto.

E lá foi Sarah ao seu quarto procurar pela caixa de revistas velhas. Tenho quase certeza de que ela irá pegar revistas velhas.

- Bem, podemos começar por estes looks. Se bem que rosa não vai ficar muito legal em você.

- Mãe, esta revista é de 2005.

- Isto nunca sai de moda, minha filha.

E ela avaliou, avaliou e avaliou novamente. Até que encontrou um vestido rosa curto e com um decote. Mas aquilo não era para mim. Não mesmo.

- Mãe. Não! Por favor.

- Ah, vai ficar lindo em você. Agora coloque um calçado, pois vamos ao shopping.

Sarah era louca por compras. Era só falar a palavra roupa que ela já ficava totalmente histérica. Isso foi apenas um motivo a mais para ela usar seu abandonado cartão de crédito.

E lá estávamos nós, olhando pelas vitrines e eu tentando me esconder de tudo e de todos. A cena era muito estranha. A nerd do 2º ano fazendo compras com a mãe e olhando as vitrines de lojas caras. Mas aquilo nunca iria ser para mim. Só estou incrédula por saber até onde isso foi chegar. Mudar de estilo é uma coisa radical. E de nerd a patricinha, mais radical ainda. Viver de roupas caras, maquiagem cheia de glitter, saltos altos, nunca iria me acostumar com isso.

- Amanda, olhe. É idêntico ao vestido que vimos na revista! – Disse Sarah abrindo um sorriso.

- Ah, é sim – Sorri forçado.

Sarah me fez provar vários e vários vestidos. Mas nem mesmo o vestido da revista havia ficado tão bom o quanto ela imaginava. Falta corpo, falta cintura, faltam curvas. E ter que falar isto é decepcionante, mas confesso que, eu não sou o tipo de garota que um dia Daniel se interessaria. Ao contrário. A garota que se um dia ela visse deste modo, entupida de rosa, correria e chamaria uma ambulância. 

- Ficou perfeito – Disse a vendedora avaliando o vestido da revista em meu corpo. Estava mais que óbvio que não se deveria confiar na opinião daquela mulher.

- Amanda, tire-o que vamos levá-lo.

Oh não!

- Ah, tudo bem... – Eu disse em um tom baixo.

Logo estávamos em casa novamente, mas desta vez a procura de uma sandália. Sarah encontrou uma antiga sandália sua, que não serve mais em seu pé, e que por conhecidência, coube no meu.

Eu já estava pronta. Não havia gostado de como estava, mas estava pronta. Maquiagem rosa, batom rosa, vestido rosa. A única coisa que não era rosa, pelo jeito era meu cabelo. Aquilo estava assustador, mas já era tarde demais.

Eu esperava pelos meninos em frente do portão de casa. Eles estavam meia hora atrasados. E então eu vejo um carro vermelho com um farol forte se aproximando e no volante vejo Daniel, no banco do carona vejo Richard e atrás vejo dois garotos desconhecidos. Eu não acredito que eu iria ser a única garota. Quando olhei para Daniel, ele revirou os olhos e olhou para a rua. Já Richard, abriu um sorriso simpático. Estava óbvio que eu estava sendo a Melissa, só que com o cabelo loiro.

Entramos no tal “restaurante”. Mas não era restaurante, e sim uma pizzaria. A pizzaria do tio de Richard. Um senhor muito simpático, embora seja também um tagarela.

Escolhemos os sabores, e eu olho para Daniel. Com um olhar de dúvida. Fico o encarando por mais de 1 minuto. E ele então vira o rosto. Daniel estava me ignorando?

Antes de a pizza chegar, olho no relógio. Observo ao redor da pizzaria, estava vazia. Em um sábado à noite é muito estranho uma coisa dessas acontecer. Apenas nós e mais três mesas. Me curvo para a mesa, encarando Caleb, Noah e Daniel. Os três não paravam de falar. Mas ainda não eram tão tagarelas quanto o dono daquele lugar.

Sem eu perceber, sinto uma mão passar por minha coxa. Encostando e acariciando-a. Olho para a pessoa e era... Daniel? Não, era Richard. Que sorria feito um bobo. Tirei sua mão e ele continuou com seu sorriso malicioso estampado em seu rosto. Revirei os olhos e olhei de volta para os outros meninos. Nenhum sinal de Melissa. E então pergunto para Daniel:

- Onde está Melissa?

- Ela não veio. – Era a primeira vez que ele respondia alguma pergunta minha hoje, ou falava comigo. Mas seu tom de voz, continuava rude.

E então eu me calo. Fico em silêncio, já que eu não havia mais nada para falar. Não queria ser tratada com grosseria pelo garoto que eu achei que gostasse de mim. Iludida. Como eu sou iludida.

- Caramba, o que houve com você? Está parecendo a Melissa. – Comentou Daniel.

É claro que eu não gostei do comentário. Ofendeu-me profundamente. Chamar-me de Melissa é como... Sei lá, um xingamento que eu não poderia dizer aqui. Levanto-me da mesa com força e Daniel olha para mim sem reação, mas no fundo de seus olhos eu via um olhar zombador.

Percebi que Richard vinha atrás de mim. Espere um pouco. Então era ele quem estava “interessado em mim”? Mas que droga. Eu nunca acerto uma.

Sento-me na calçada, de frente para um enorme prédio, do qual eu nunca teria condições de morar. Cruzo as pernas, por motivo de segurança. Aquele vestido estava muito curto. Nunca ficaria bom em mim.

Richard se senta ao meu lado e passa a mão por meus cabelos. Por mais curiosa que eu sou nunca deixaria de fazer uma pergunta daquelas, que rondava pela minha cabeça.

- Richard, por que está me olhando deste jeito?

- Agora você sabe que eu sempre fui interessado em você. – Eu arregalo os olhos e ele ri.

- Mas o quê?

- Amanda, eu te achei interessante desde o primeiro dia de aula. Apesar de você ficar coberta por todos aqueles pedaços de pano, que nunca a valorizavam. Eu te achei sexy. – Comecei a rir descontroladamente, aquilo seria uma pegadinha? Ele logo sentiu a ironia em meu rosto.

Comecei a tirar todo aquele glitter, batom Pink, etc., lá mesmo. Aquilo pesava em meu rosto e só servia para incomodar. Se não estava ajudando, eu não precisava mais. Por estar incomodada e com os pés doloridos, também retirei a sandália. Que depois gerou a uma expressão de alívio.

- Bem, você não fica legal com esta roupa de patricinha. Fica melhor sem ela.

O quê? Vou fingir que eu não ouvi isto.

Corei automaticamente. Minhas bochechas queimaram. Ficando rosadas, mas que provavelmente não podiam perceber por estar com a maquiagem.

Ele percebeu que eu fiquei sem graça e me abraçou. Sem eu pedir, mas abraçou. Aquilo estava bom, mas apesar de tudo eu ainda não sentia nada por ele. Absolutamente nada e estou com medo de iludi-lo como Daniel me iludiu.

Falando em Daniel, o próprio interrompeu o momento. Chamando-nos para irmos embora, ignorando a minha expressão de ódio por ele.

Eu fico em silêncio, ouvindo a bagunça de todos. Daniel, Richard, Caleb e Noah. Não acredito que fui tão tola de ter aceitado aquele convite. Ainda mais de Daniel, aquele grosseiro.

Todos entram no carro, e eu também. Sentando no banco do meio de trás. E Richard acabou se sentando ao meu lado. Ao meu lado contrário estava Noah. Daniel dirigindo e conversando com Caleb que também estava na frente.

Richard acaba ponhando a mão em minha cintura, mas eu tiro. E vou me afastando alguns centímetros do garoto. Encostando-se a Noah, que ignorou minha presença e a pouca distância entre nós. Richard não falou ou fez mais nada, apenas ficou olhando para a janela do carro.

Caleb, Noah e Richard já haviam chegado a seus lares. Daniel entregava um por um. Para ter certeza de que nenhum de seus amigos fizesse alguma besteira e as mães dos próprios o culpassem. No carro estávamos apenas eu e Daniel. Ironia de o destino nos deixar sozinhos. Eu já tentei fazer várias perguntas, mas ele ignora todas. Onde está o Mister Simpatia de ontem?

- Daniel, me responde esta única pergunta se for educado o bastante. Por que está me tratando deste modo? O que aconteceu com o Daniel de ontem?

Ele nem sequer respondeu, apenas parou o carro que ficou de frente para minha casa. Daniel então responde friamente minhas perguntas.

- Quer a verdade? Então vou dizer a verdade. Eu nunca me interessei por você. Eu sempre te achei a nerd invisível que eu nunca iria gostar. E hoje nada mudou. Não sei o que você quis tentando imitar a Melissa, mas ficou horrível. Bem, a única razão de eu ultimamente ter sido gentil com você foi ele. Ele quem me obrigou, já que aposta é aposta. Então espero que não se iluda, pois eu nunca ficaria com você ou coisa parecida.

Então ele estava fingindo? Fingindo que estava se interessando por mim? Iludindo-me por uma aposta? Aquilo doeu como espinhos em meu coração. Não gosto de dramas, mas havia doído demais. E eu ainda havia esperanças sobre aquele... covarde.

Sem pensar duas vezes, lágrimas já escorriam por meu rosto. Muitas e muitas lágrimas. Mas eu não iria ficar lá, e o deixar ficar vendo-me se humilhar. Já que sua expressão era como a de uma estátua. Sem sentimentos, sem reação. Mas no fundo de seus olhos podia-se ver que ele estava achando graça de tudo.

Saí de seu carro, batendo a porta com uma força que nem eu mesma saberia que tenho. Ele nem se moveu. Poderia fingir ser uma estátua, que todos acreditariam. Entrei em casa, fechando a porta aos soluços. Olhei pela janela e ele ainda estava lá, olhando para a rua. Logo me veio pela cabeça que já poderia ser tarde. Olhei no relógio da parede. Iria dar meia-noite. Corri cuidadosamente para o quarto de Sarah, preocupada. Ela deveria ter passado a noite toda acordada, na esperança de que eu voltasse cedo. Quando abri a porta, lá estava ela. Minha mãe dormia feito um anjo. O que me deixou bem melhor.

Fui para o banho, eu estava fedendo coisas que eu nem sequer consigo reconhecer o cheiro. Entrei na ducha e lavei todo o meu cabelo e corpo, ficando limpa novamente. E sem toda aquela maquiagem. Que havia conseguido estragar-me ainda mais. Sequei-me com minha toalha e pus minha camisola, da qual mais parecia um vestido em mim. Arrumei minha cama e em seguida deitei-me na própria. Eu estava acabada. Senti-me derrotada pelo cansaço e tristeza. E deixei mais algumas lágrimas escaparem. Eu não sabia muito bem o porque daquelas lágrimas, mas deixei. Não saberia dizer se eu estava apaixonada, mas queria muito que não fosse por Daniel.

E assim foi a minha noite.


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Notas finais do capítulo

Tristinho, não? Obrigada pela leitura e espero que tenham gostado. Reviews? Favoritos? Beijos :*