How To Love escrita por julia f


Capítulo 3
Treacherous


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora, estou sem notebook e pelo celular fica difícil de formatar o texto... Mas tá aí.



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Saí dali correndo, tropeçando em meus próprios pés. Ao descer as escadas, esbarrei no corpo de Pattie, caindo sentada. Ela estendeu as mãos, mas eu apenas encarei-a, sentindo as lágrimas pintarem desenhos abstratos em meu rosto. Pattie se ajoelhou na minha frente e abriu os braços. Não encontrei outra opção, a não ser me aconchegar neles.

– O que... o que ele tem? – perguntei entre os soluços e senti seus dedos afagarem meus cabelos – Pattie, o que aconteceu?

Ela se levantou e novamente estendeu as mãos para que eu me levantasse. Assim o fiz, caminhando lentamente até o sofá, junto a ela.

Eu não sei nem por onde começar, não sei como dizer. – Pattie falou me puxando para perto de si, deixando minha cabeça deitada em seu ombro.

– Quando eu fui embora. – sugeri ao notar que o choro havia sanado.

– Certo... No início estava correndo tudo bem. Ele sentia sua falta e falava o tempo inteiro sobre você, assim como todos nós. – assenti, retirando a cabeça de seu ombro e me encostando no sofá – Foi assim até três anos atrás, quando eu e Jeremy nos separamos. As coisas não estavam indo bem entre nós, as brigas eram frequentes, e nós achamos melhor dar um fim nisso. Justin não sabia o que fazer, mas decidiu ficar comigo a ir para Stanford com Jeremy. Isso trouxe problemas entre os dois, você sabe como eles eram... – Pattie deixou a frase no ar, e virou o rosto em direção à escada.

Virei o rosto, tendo certeza de que era ele quem estava ali. Justin estava com uma roupa diferente da que usava quando me mandou ir embora de sua casa.

– Vou sair – sua voz rouca ecoou pela sala antes dele sorrir para mim. Não retribuí, apenas olhei em seus olhos caramelados, que se encontravam vermelhos e molhados –, não sei quando volto.

Ri fraco, sem humor algum, pensando em como Pattie o deixava sair sem avisar pra onde iria ou quando voltaria, ainda mais naquele estado deplorável. O que me tirou de meus pensamentos foi o barulho alto que a porta fez, ao ser fechada com força. Encarei Pattie, que estava sem expressão, fitando seus pés.

– Onde estávamos? – perguntou calma, levantando o olhar até mim. Balancei a cabeça, querendo dizer que não me lembrava. Justin havia feito com que eu esquecesse cada palavra que Pattie tinha dito.

No momento, tudo o que eu queria era abraçá-lo, enchê-lo de beijos, contar tudo que aconteceu naqueles três anos, e dizer a ele o quando senti sua falta. Mas a saudade que eu sentia não era recíproca.

Eu e Pattie ficamos jogadas no sofá de sua sala a tarde inteira, falando sobre Justin e tudo o que aconteceu enquanto eu estive fora. Ela me contou que, quando se separou de Jeremy, Justin se afastou de todos e já não era mais o mesmo. Ele começou a andar com “uns rapazes estranhos”, de acordo com ela. Passou a sair todas as noites, e só voltava na manhã seguinte. Ela me contou, com dificuldade, que sabia que ele estava se envolvendo com bebidas e drogas, e nada que a família ou os antigos amigos dissessem era ouvido.Também disse que Justin já não falava mais sobre mim, e quando alguém tocava no assunto “Melanie”, ele simples e rapidamente mudava o disco.

Quando começou a escurecer, decidi voltar para casa, já que tia Lucy não sabia onde eu estava, e podia estar preocupada.

– Onde você foi? – ouvi sua voz assim que abri a porta de casa.

– Fui à casa da Pattie. – segui sua voz, que me levou até a cozinha - Desculpa não avisar, eu perdi a noção da hora.

Notei que ela cozinhava, e logo senti o cheiro de queijo pairar na atmosfera. Ouvi meu estômago revirar, devido ao jejum desde o café da manhã. Fiz uma careta, e minha tia riu baixo.

– Vai arrumar as coisas no seu quarto, eu te chamo quando o jantar estiver pronto. – assenti e bufei, me arrastando pela escada.

Quando cheguei a meu quarto, ouvi risadas vindas do cômodo ao lado. Só então me dei conta de que era James. Corri até sua porta e bati com força, insistentemente. Como ninguém me respondeu e as risadas continuaram, abri-a rapidamente, dando de cara com James e alguns amigos. Ele sorriu abertamente e me abraçou, levantando-me do chão.

– Priminha! – falou gemendo, devido a força de meu abraço.

Colocou-me no chão, e eu dei um sorriso largo, enquanto tentava disfarçar os olhares, intercalados entre seu corpo coberto apenas por uma bermuda, e seus amigos.

James tinha 19 anos, e confesso que estava... um gato. O cabelo escuro levemente bagunçado, e os lábios desenhados, que protegiam um sorriso branco não eram nada perto de seus olhos. Provavelmente Deus estava indeciso a respeito da cor que daria a eles, e escolheu presentear James com um par de olhos verdes, que hora pareciam cinza. A pele, nem pálida, nem bronzeada, era quase tão gostosa de acariciar quanto seus cabelos.

– Não me conhece mais? – ouvi uma voz conhecida sussurrar atrás de mim, e assim que me virei, encontrei um par de olhos azuis inconfundíveis.

Meus lábios automaticamente desenharam um sorriso em meu rosto, e eu não pude me conter. Joguei-me em seus braços, sentindo suas mãos envolverem minha cintura e apertarem-na. Intensifiquei o abraço, passando os braços por seu pescoço e deitando a cabeça em seu peito. Senti meus olhos arderem, e logo algumas lágrimas escorreram dele. Mordi os lábios com força, repreendendo a mim mesma. Tudo parecia mais intenso, menos a dor que agora havia simplesmente evaporado.

– Ei! – James falou alto, e minha reação foi rir e me afastar, sem tirar os olhos dos de Ryan.

– Depois a gente coloca o assunto em dia. – Ryan sussurrou e depositou um beijo molhado em minha bochecha. Assenti e me direcionei até a porta, andando de costas.

Tentei manter o olhar direcionado a seus olhos, mas foi impossível quando um garoto moreno se levantou, revelando seu corpo definido e me trazendo pensamentos maliciosos. Fechei os olhos e me virei, saindo do quarto e fechando a porta. Ri de mim mesma, balançando a cabeça negativamente. Sua idiota, pensei.

Voltei a meu quarto e me aproximei da cama, olhando as malas em cima da mesma. A preguiça de arrumar as coisas me derrubou na cama, ao lado das bolsas. Soltei o ar pela boca, fazendo um barulho engraçado, e apesar da má-vontade, levantei-me e comecei a arrumar o quarto do meu jeito.


– Mel! – minha tia gritou lá de baixo, e eu saí correndo, algo que eu já havia feito várias vezes naquele dia.

– Que isso? Fome? – ela falou rindo, e eu assenti, sendo sincera.

Caminhei até a sala de jantar e observei a mesa, já pronta. O cheirinho de macarronada consumiu minhas narinas, e eu lambi os lábios, quase babando.

Naquela noite, o jantar fora tranquilo. Apenas eu e minha tia, aproveitando o silêncio para cantarolar algumas músicas de seus discos preferidos dos Beatles. Lembramos-nos da época em que eu morava ali com meus pais, rimos das palhaçadas que eu costumava fazer quando criança, conversamos sobre que faculdade eu faria e, após repetir o prato três vezes, acabamos deitadas no tapete da sala, junto a James, que havia acabado de se despedir de seus amigos.

– Como foi na casa do Deeps? – tia Lucy falou baixo, próxima ao meu ouvido, enquanto James mudava os canais freneticamente, a procura de um filme interessante.

– Normal – respondi, limitando-me a falar sobre o que havia acontecido -, nada de mais.

Ela fez uma cara estranha e me encarou, com um olhar desconfiado e preocupado no rosto.

– Eu sei que eu não posso influenciar nas suas decisões, mas como sua tia, eu posso opinar. Eu não quero que você se machuque, e o Justin não tem sido lá um exemplo pra ninguém. Ele... mudou, e não é mais a mesma criança inocente que você conheceu e escolheu para ser seu melhor amigo. Eu não quero que você pare de falar com ele, nem nada, só não quero que você se decepcione. – ouvi suas palavras com atenção, e assenti.

Justin havia se tornado tão perigoso assim, ao ponto de minha tia me alertar sobre ele? Quem ele era e o que ele havia se tornado, foram as questões que martelaram minha cabeça durante aquela noite fria e nublada, onde apenas eu e eu mesma dormimos trancadas com lágrimas involuntárias e inconvenientes caindo sobre o travesseiro.


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