How To Love escrita por julia f


Capítulo 2
Beautiful Monster




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Entramos no carro e, durante o caminho, o silêncio me leva de volta à 2008, quando tive que me mudar para Nova Iorque.

Eu havia nascido em Stratford, e vivi lá até meus 12 anos, quando meu pai teve que ser transferido. No início, a ideia parecia a melhor proposta da minha vida, mas logo me dei conta de que não seria tão bom assim. Stratford é pequena e todos se conhecem ali. Já NY é uma das cidades mais famosas do mundo, e é praticamente impossível reconhecer alguém no meio de tantos turistas caminhando nas ruas. Também teria que abandonar amigos como Madge, minha melhor amiga desde que entrei no colégio; Ryan, que vivia em minha casa, me ajudando com qualquer coisa que eu precisasse; Brittany, John e Justin. Justin e eu nos conhecemos desde os 5 anos. Sempre fomos vizinhos, e nossas mães eram muito próximas. Me lembro até hoje, de quando eu e mamãe íamos à casa de Pattie, entregar um pedaço de torta, e Justin e eu nos escondíamos para eu não ter que ir embora e ficarmos brincando. Era desse jeito até meus dez anos, quando comecei a sentir algo coisa de criança por Justin. Apenas uma atração por seus olhos caramelados e seus cabelos jogados para o lado. Qualquer garota da minha idade amaria, não dá pra negar que ele era lindo. E conforme fomos crescendo, nossa amizade e meus sentimentos apenas se fortaleceram, me deixando confusa. Apesar da pouca idade, meus pais e amigos sempre me elogiavam por minha maturidade na hora de tomar decisões e meu compromisso com as coisas. Era estranho querer ver Justin como mais que um amigo, já que ele me enxergava apenas assim.

– O que você acha? saí de casa com um de meus vestidos e sorri, girando pelos calcanhares, com as mãos na cintura.

– Tanto faz, casamentos são uma grande bobagem. Justin disse e se sentou no capu do carro de seu pai, Jeremy.

– Como? Casamentos celebram a união de duas pessoas até que a morte os separe. falei indignada, enquanto me aproximava de Justin.

– Até que uma amante os separe, na verdade. Justin riu de sua própria piada, me fazendo o encarar.

– Idiota... - balancei a cabeça como desaprovação, e me lembrei do que Jeremy havia dito na semana passada Você sabia que, esses dias, minha mãe e Jeremy estavam conversando, e ele apostou a própria vida, dizendo que nós ainda iríamos nos casar? falei rindo, e pensando seriamente nessa possibilidade.

– O que? Pois ele está louco. Você é minha melhor amiga, eu sou seu melhor amigo. E só. Além do mais, eu não consigo me imaginar casando. Muito menos com você! E acho que você também não, né? achou errado, anjo.

Assenti e sorri de canto.

– Eu já volto, Justin. entrei em casa e troquei de roupa setenta vezes, até estar bonita o suficiente para que Justin gostasse de mim, e mudasse de opinião sobre se casar comigo.

Quando fui para Nova Iorque, eu e Justin mantemos contato nos dois primeiros anos. Nos falávamos todos os dias, sem excessões. Isso, até meu aniversário de 15 anos, para o qual chamei todos os meus amigos de Stratford, e ele foi o único que não apareceu. Justin parou de me ligar e parecia me evitar. Passamos os três anos seguintes sem nos falar, e fiquei imaginando se ele havia crescido e deixado de gostar de mim, ou se havia acontecido algo menos grave. Era estranho não tê-lo comigo, ainda mais quando meus sentimentos por ele não eram apenas carinho e amor de amigo. Não procurei saber sobre ele, já que sempre que eu perguntava sobre o mesmo para Ryan, recebia um "eu não sei", e mesmo estranhando já que os dois eram melhores amigos , apenas tentava esquecer o assunto.

Havia conseguido amenizar meus pensamentos sobre Justin, quando Math me pediu em namoro em meu aniversário de 16 anos. Era um ótimo namorado, e foi incrível estar com ele durante dois anos. Math foi quem mais me ajudou com a morte de meus pais. Despedir-me dele não foi fácil, já que tudo acabaria ali, e talvez não voltaria a vê-lo.

Voltar para Stratford me faria reencontrar Justin, e, por mais que eu sinta sua falta, não tenho a mínima vontade de revê-lo. Justin simplesmente desapareceu da minha vida, e nem se importou em, ao menos, dar sinal de vida.

– Mel! - ouço minha tia gritar, estalando os dedos em meu rosto. Balanço a cabeça, me livrando dos pensamentos, e rio. Chegamos, vem me ajudar com essas malas.

Retiro o cinto e saio do carro, ajudando Lucy com minhas cinco malas, lotadas de roupas, livros e lembranças.

– Que tanta coisa você trouxe? falou pegando uma das malas, e deixando-a cair no chão, devido ao peso.

– Minhas coisas, toma cuidado! rio e a levanto, colocando a bolsa nas costas e puxando duas malas de rodinhas. Minha tia pega as outras malas, e passa a minha frente, abrindo a porta.

Só então me dou conta de que ela ainda mora em minha antiga casa. Ótimo! Será que tudo sempre iria me empurrar para as lembranças?

– Sinta-se em casa, já que agora ela é sua também. joga as malas no sofá e eu faço o mesmo, me dirigindo direto para a escada. Ei mocinha, pode levando suas coisas.

Bufo e carrego algumas malas para cima, indo até o quarto. Me sento na cama e abro as janelas. Antigamente, aquele era mesmo o meu quarto, então eu sentia como se nunca houvesse saído dali.

Observo poucas pessoas andando na rua, e após isso, olho para a casa que, provavelmente, ainda era de Justin. Tenho certeza disso, quando vejo Pattie saindo para jogar o lixo fora.

Desço as escadas correndo, e saio de casa sem falar com minha tia. Bato a porta da frente, fazendo com que eu mesma me assuste, e encaro Pattie. Ela não havia crescido nada.

– Pattie! grito e corro em sua direção, com os braços abertos. Ela se assusta, mas logo dá alguns passos e, nós finalmente nos abraçamos.

Pattie sempre foi tão carinhosa comigo, que eu a considerava minha segunda mãe. A apertei mais forte em meus braços, e senti suas mãos acariciarem meus cabelos.

– Que bom que você chegou! Como está? Já encontrou alguém por aqui? Vai ficar mesmo com sua tia? me solta e então me enche de perguntas, rindo logo depois que percebe seu próprio desespero.

– Estou... bem, quase isso. Bom, além de você, ainda não encontrei ninguém. E sim, vou morar com minha tia. rio e ouço o barulho de algo quebrando. Minha primeira reação é olhar para a casa de minha tia, mas percebo que o barulho veio da casa de Pattie quando ela coloca as mãos no rosto, e respira fundo. O que foi isso?

– Justin. fala calmamente. Meu coração acelera e logo um arrepio percorre minha espinha. Me abraço e sinto minhas mãos congeladas tocarem minha pele quente. Justin e o efeito que ele causa em mim.

– Você não vai lá ver o que aconteceu? Ele pode ter se machucado ou quebrado alguma coisa! falo nervosa e espero Pattie acentir e correr para casa. Mas não é bem isso que acontece.

– É tudo o que ele tem feito nos últimos anos. como assim? Justin anda lutando ou algo do tipo?

– O que? Ele está bem? ela apenas nega com a cabeça, e eu sinto meu coração parar por alguns segundos. Pattie estava prestes a deixar uma lágrima escapar quando eu me dirijo até sua casa, surpreendendo a mim mesma.

O que eu estava fazendo? Justin não era bem a segunda pessoa que eu queria ver ao chegar a Stratford. Mas o pior passou pela minha cabeça. Ele nunca foi de se meter em encrenca, muito pelo contrário. Justin até evitava pessoas assim.

Entro em sua casa, correndo, sem nem pedir permissão. Procuro por Justin no andar de baixo, mas tudo que eu encontro é a ausência dele. Subo as escadas, e corro para o cômodo onde era seu quarto antigamente, prevendo que ainda fosse.

Estava trancado. Espanco a porta, mas não obtenho resposta. Ouço um grito baixo, que provavelmente estava sendo abafado por algo. Senti meus olhos encherem de lágrimas quando mais um barulho de vidro quebrando sai dali, mas não deixo que elas escorram.

– Justin! gritei, ainda esmurrando a porta. Justin, abre isso, por favor! apenas o silêncio. Tentei girar a maçaneta, mas do lado de dentro, ele fez isso ao mesmo tempo que eu, fazendo com que a porta se abrisse rapidamente. Encarei o chão, antes de levantar a cabeça, e lá estava... alguém.

Ele estava apenas de calça, e a primeira coisa que noto é seu abdômen, levemente definido. Levanto mais o rosto, e rio mentalmente quando vejo seu cabelo cortado e bagunçado. Seu sagrado cabelo, que ele dizia que nunca iria cortar. Mas então olho em seus olhos, vermelhos e dilatados. Ele respira ofegante, como se o estivesse faltando ar. Tento decifrar o que passa por sua cabeça, mas é impossível, já que ele me olha sem expressão.

– J-Justin. sussurro e o vejo olhar pra baixo. Depois me encara de uma maneira diferente, como se só houvesse me reconhecido agora. Pressiona os olhos e volta a me olhar.

– O que foi? sua voz está rouca, o que novamente me provoca um arrepio. O que você quer? Por que está esmurrando a minha porta? aumenta o tom de voz, e eu o encaro com medo.

– O que aconteceu com você? - deixo uma lágrima escapar, e olho para dentro de seu quarto, todo destruído e cheirando a álcool. Você está bebendo? não tenho resposta. Justin, eu estou falando com você! grito e sinto suas mãos segurarem meus pulsos com força, mas logo me solta. Ok, eu realmente não esperava por isso.

– Vai embora da minha casa. fala seco, e fecha a porta em minha cara.

Que tipo de monstro é você, e o que você fez com o meu melhor amigo? Ou seria melhor dizer meu ex melhor amigo?



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Notas finais do capítulo

Me perdoem por qualquer erro, fiquei com preguiça de reler.



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