Acordo com dor de cabeça. Sinto-me destruída e resolvo não sair da cama, afinal o que eu iria fazer se Lucy tivesse mais uma ideia? Se meu irmão me ignorasse de novo? Se Cato me odiasse ainda mais? Se meus pais estivessem nem ai?

Ou seja é melhor mesmo eu ficar na cama.

Ok, ficar aqui esta começando a ficar muito mais entediando do que eu imaginava. Mesmo com o meu celular, posso afirmar que esta chato, já deve imaginar né? Estou de férias em uma casa de campo, mas continuo deitada na cama. Lindo! Que jeito fantástico de passar as férias! Só que não.

Toc,toc.

-Clove, morreu ai dentro?- pergunta Cato.

Droga. Enfio-me de baixo da coberta e finjo dormir. Ele abre a porta.

-Acorda bobona. –ele faz cócegas em mim.

-Para!-peço.-Seu idiota.

Ele para rindo.

-Não cansa disso?

-Do que?

-De ser idiota. –respondo ainda meio sem fôlego.

-É divertido, você sabe disso, também é idiota não se esqueça disso.

Reviro os olhos dando de ombros.

Esperava que ele saísse, mas não. Ele continua sentado na ponta de minha cama me observando. Mas o que?!

-Perdeu alguma coisa?-pergunto.

-O que foi Clove? Sinceramente não fiz nada pra você estar brava comigo.

Não tinha notado como minha voz tinha soado grosseira, talvez fosse para parecer.

-Ah dá um tempo! Você não me odeia? Eu também te odeio, esse é o jeito que eu trato as pessoas que eu odeio.

Ela parece tentar falar alguma coisa. Sua boca abre e fecha varias vezes, mas ele acaba ficando em silencio.

-Posso saber o por que?-diz finalmente.

-O por que do que?

-De você me odiar?

-Quer que eu fale por ordem cronológica ou alfabética?

Ele apenas dá um sorriso triste.

-Pode falar o mesmo pra mim, não pode?-sugiro.

-O por que eu te odeio.- ele olha para mim, e eu concordo com a cabeça.- A verdade é que antes eu sabia...mas agora tudo o que nós passamos...sei lá, parece tão distante.

-Como assim distante?

Ele rasteja para mais perto de mim.

-Nó crescemos, mudamos...odiava você por muitos motivos quando eu era mais nova.- minha mão encosta na sua por alguns instantes e a puxo rapidamente, ele finge não perceber.- Tipo você ser irmã de um dos meus melhores amigos, por seus pais derem tanta atenção pra você, claro, por ter falado a Annie que eu gostava dela, e muitas outras besteiras de criança.

-Só por isso?

-Nunca teve ódio irracional por alguém?

-Claro que sim, mas...

-Mas?

-Sei lá.- uma mecha de meu cabelo cai em meu rosto.-Nunca pensei bem nisso.

Cato a coloca no lugar mas afasta a mão rapidamente, como se tivesse se arrependido. Finjo que não havia percebido, mas era obvio que tinha.

-Então também me odiava sem motivo? Até...

A frase ficou no ar, mas sei como termina. Até eu começar a te chantagear.

-É.- confirmo.- Eu acho que sim.

Não tenho mais coragem de olhar para ele. Fixo o olhar em minha mão, mas entro em pânico ao ver a proximidade dele de mim. Cato parecia nem notar, acho que já estava acostumado com essa proximidade com as garotas, não comigo, claro, mas acho que ele não via muita diferença agora, e isso me deixa confusa. Muito confusa.

-Então nós podíamos...

-Ainda não está tudo bem entre agente, não é?-praticamente vomito as palavras. Ele me olha confuso.- Quer dizer agora tenho um motivo pra te odiar não é? Por mais que eu não queira, quer dizer, meu irmão... você contou pra todos...

-Shh.-interrompe.- Respira Clove. E claro se ainda quiser me odiar.-ele parece não se importar, mas posso ver que no fundo ele se importa.- Mas saiba que as coisas estão mudando pra mim, quero dizer em relação a você, acho que agora posso te considerar...hum... suportável.

Não posso deixar um sorrisinho aparecer em meus lábios. Acho que nó nunca iríamos realmente conseguir mudar de verdade, pelo menos Cato sabe disso.

-Quem sabe um dia você também mude pra mim.

Ele se levanta e eu também.

-Um dia.-suspira ele.

Acho que eu não devia ter ouvido isso, então ignoro. Sigo-o até o quintal onde Lucy e Jack estão. Eles não ligam quando chegamos. Jack apenas comenta:

-Finalmente alguém conseguiu tira-la daquele quarto!

Cato ri. Eu ignoro e Lucy continua mexendo em seu celular, o que me surpreende é o fato de ela não ter dado importância a chegada de Cato. Acho que os dois já cansaram de seu brinquedinhos novos.

-Oi oi pra você!- é a voz de Jena, nossa vizinha festeira. Ela está do outro lado da cerca sorrindo, mas para Jack do que qualquer outro.

-E ai Jena!- cumprimenta meu irmão sem muita animação.- Esse é Cato, e acho que já conhecia Lucy.

-É, e ai Lucy!- Lucy acena, simpática.-E muito prazer Cato.

Ele acena com a cabeça.

-E ai como está a vida Jena?-pergunta Jack.

-Normal, sabe como é, escola, festa e diversão.- ela dá um grande sorriso.

Já comentei que Jena já repediu o primeiro ano nove vezes?

-E você Jack? Como está sua namorada?- fui a única que percebi um pouco de malicia nessa pergunta?

Jack fica paralisado por alguns segundos. Engole em seco e olha de relance para mim.

-Bom... é nós terminamos...

-Bem que eu imaginava.

Minha concentração estava sem por cento nessa conversa agora.

-Bem que eu imagina?-ele praticamente cospe as palavras.- O que quer dizer com isso?

-Sabe não é depois do que ela soube, se ela não terminasse com você ela teria que ser muito corna.

Jack fecha as mão em punho. Percebo que Lucy e Cato também se interessaram pela conversa.

- O que eu ela soube?-pergunta ele entre dentes.

-Sobre nosso caso ué, sobre o que mais?-responde ela examinando suas unhas.

-Como soube que ela soube?

Ela ri.

-Ninguém mais sabia né?, esperto!

-Quem contou?- insiste ele novamente olhando de relance para mim.

Meu rosto vai freneticamente entre Jack e Jena.

-Quem você acha, amor?-ela faz biquinho. Fui eu, agora agente pode ter um relacionamento serio! Não é incrível?!