POV Luke
Domingo passou voando, e logo chegou a tediosa segunda-feira.
O dia estava com as nuvens negras, iria chover.
Peguei minha mochila, e desci para tomar café.
- Luke ainda não acredito que você deixou todos te esperando! Isso é uma falta de educação, papai e mamãe não gostaria..
- Disse certo gostaria, mas eles não estão aqui. – cortei-a.
Ela se calou e Jimmy simplesmente me olhou, eu acho que ele me entendia.
- Hey vai chover, leva o guarda-chuva – disse Lindsay.
Peguei, mas lembrei do que Madson se disse, então coloquei no lugar. Eu gostava de chuva. Não me importava se eu ficasse molhado, eu simplesmente amava coisas sem sentido.
Cheguei à escola e fui para o meu armário, quando o abri, meu moletom estava ali dentro. Mas espera... Foi o moletom que emprestei para Madson, como ela conseguiu colocar ali sem arrombar meu armário?
Fui para sala, agora seriam duas aulas seguidas de sociologia. Tem algo mais chato? Sei que tem, mas sociologia é uma das matérias que eu odeio.
Vi Madson passando pelo corredor junto de Audrey elas riam de alguma coisa, Madson virou e olhou pra mim, e simplesmente ficou séria.

POV Madson
Audrey e eu riamos de Ethan que estava sendo injustiçado de entrar em sua sala primeiro enquanto eu e Audrey caminhávamos pela escola.
Passamos pelo corredor, onde estava a chata da professora de sociologia, virei para o lado e vi Luke. Minhas risadas desapareceram, senti flashs vindo e me lembrando de Angeline.
Comecei a andar mais rápido, meus olhos chamuscavam de raiva.
- Madson o que foi? – disse Audrey assustada.
- Nada, Audrey, nada! Tchau vou para minha sala – falei.
Entrei na sala com tanta raiva, que até esqueci que a idiota da Melanie estava com o pé propositalmente para eu cair, como ela fazia diariamente. Mas dessa vez eu fui tão trouxa e esqueci desse detalhe. Fui de corpo e alma para o chão.
Senti-me que nem na primeira vez que ela fez isso. Todos riram de mim, se eu fosse que nem aquelas garotas frágeis, sairia chorando, sentindo-se humilhada. Mas eu não daria esse gostinho de glória para ela, enfrentaria minha inimiga ali.
- Sua vadia! – disse.
- Hahaha, isso que dá não olhar para o chão! Ah esqueci você já é lá debaixo que está acostumada a ser uma zero à esquerda – riu.
1...2...3... Calma Madson, relaxa.
- Tadinha da Madzinha, caiu no chão e nem se levantou, eu sei quer uma mãozinha? Ah não precisa, gente desse nível tem que ficar ai mesmo – disse ela com uma voz infantil.
Controle-se Madson, controle-se.
- Ah qual é Madson? Ficou ressentida, vem vamos fazer as pazes! Ops! Esqueci eu não me junto com gente da sua laia! – riu.
Todos a acompanhavam rindo mais ainda de mim, minha paciência estava esgotada, agora ela ia ver com que realmente ela mexeu.
- Ai gente derrotada é assim mesmo, nem se levanta, porque sabe que não consegue! – riu.
Coloquei meu joelho no chão, e levantei o outro. Todos ficaram em silêncio. Ela era a única otária ainda rindo. Depois de me levantar olhei para sua cara de vagabunda.
3...2..1... Pronto lá estava os meus cinco dedos marcado na cara dela.
O barulho do estalo foi tão grande, que todos me olharam assustados.
- Fale o que quiser de mim sua estúpida! Mas pelo menos eu não preciso arreganhar as pernas, ou conquistar um garoto usando meu corpo. Não sou linda e nem popular, e nem preciso sabe porque? Eu sou mais eu, a estranha, a esquisita, a derrotada. Mas do meu jeito, não preciso ser uma pessoa na frente do colégio de um jeito, e na frente dos pais uma santa, coisa que bem, você não é – ri irônica – Meus pais sabem muito bem do jeito que sou, melhor, todos sabem. Sou problemática, já fui expulsa... Mas jamais precisei de colar das pessoas inteligentes porque as chantageia. Eu tenho capacidade e você pode ver no meu boletim, tiro notas vermelhas, mas tenho notas azuis. Nunca repeti de ano, e nunca precisei de ninguém para ser eu mesma. Não sou igual à você, uma vagabunda, piranha que praticamente já transou para escola toda. Eu posso ser uma retardada, louca, psicopata, posso ser tudo, mas uma coisa que eu jamais quero ser é você. Coisa tá, porque pessoa você não é. Precisa humilhar chantagear, julgar as pessoas pra ser feliz, só porque ela não igual à você ou pertenceu ao teu grupinho escroto! Faz um favor querida, se olha no espelho! A única rebaixada e derrotada é você, que precisa de fazer mal pra se sentir bem. Você não é NADA, ouviu NADA. – falei. – Ultima coisa se você se meter comigo de novo, vai se arrepender, sou muito mais perigosa do que você pensa.
Todos ficaram em choque com a minha resposta, voltei a andar, mas a vadia foi e me puxou.
Deu-me um tapa na cara. Nem doeu, mas ela se arrependeria por ter feito isso.
Fui em cima dela, distribui tapas, soquei a cara dela, vocês acham que eu só bato que nem essas patricinhas? Comigo a coisa é pior que um garoto.
Dei um chute no seu estômago, que ela já começou a chorar, ninguém falava nada. Simplesmente só viam, empurrei-a na parede, caindo várias carteiras e cadeiras no chão. Segurei-a pelo pescoço e dei mais um soco.
- Isso é por tudo que você já me fez, vaca! – disse e alarguei no chão.
Ela saiu correndo da sala, e depois todos ficaram me olhando. Provavelmente ela deve estar contando ao diretor que lhe dei uns bons  tabefes, mas eu nem ligava. Ele chamaria meus pais, e todos ficariam contra mim. Mas eu não me importava, eu realmente não me importava, ela mereceu e ainda muito mais, mas tive pena, porque ela não sabe bater nem em uma mosca. Então deixei ela contar, só eu sei o que passei com aquela bruaca ruiva! Agora ela deveria tomar um rumo e me deixar em paz.
****
O sinal bateu, última aula, finalmente sairia do inferno! As aulas foram tranquilas, ninguém falava nada, pelo menos não perto de mim. A vadia da Melanie nem deu as caras,  e no intervalo eu nem cheguei a ver Ethan e Audrey, fui para a diretoria, mas por incrível que pareça, o diretor não foi reclamar e nem nada, nem sobre a Melanie foi. Só para dizer que minhas notas estavam boas, e me dar os parabéns.
Mas ainda sim o meu dia estava um saco, esperei todo mundo ir embora, eu queria ir para casa a pé e pensar em tudo.
Talvez eu tenha pegado pesado com a Melanie, aproveitei para descontar minha raiva sobre Angeline, mas ela mereceu. Isso que dá mexer com quem está quieto!
- Madson... – gritou-me.
- Ah qual é Luke? Sua namorada acho que não estuda aqui – falei ironizando.
- Madson! – correu até mim.
Um trovão se formou e fez um barulho imenso que silenciou-nos.
- Você nem me deixou explicar – disse ele.
- Pra quê explicação? Sua namorada falou tudo, e além do mais não sei como conseguiu me esconder isso, cedo ou tarde eu saberia – falei.
- Ela não é minha namorada, mas que droga! Para, deixa eu explicar, só é você que fala – disse ele.
- Não quero escutar Luke, me deixa okay? – falei e voltei a andar.
- Espera Madson... Eu quero lhe fala uma coisa!
- Eu já disse que não quero escutar! O que você não entendeu?
- Você vai escutar querendo ou não! – gritou ele.
Começou a cair alguns pingos de chuva.
- Ah que ótimo, está chovendo – falei.
- Você disse que ama chuva, qual o problema? – perguntou ele.
- O problema é que eu tô aqui, falando com você, que por sinal é um babaca – respondi.
- Hey! Eu não sou um babaca! Sabe qual é o seu problema Madson, você é teimosa, durona, nunca escuta ninguém, acha que sabe tudo! – respondeu irritado.
- Eu não pedi pra você me aguentar, eu disse do princípio que não gosto de me apegar as pessoas, que me afasto...
- É esse o problema, você tem MEDO. Medo de se magoar, medo de amar, medo de te abandonarem – falou.
- Cala a boca, você não.. Não sabe de nada – falei me virando.
- Olha pra si mesma, se escondendo na dor, da forma mais triste! – disse ele.
- Qual o seu problema? Você é legal, faz o tipo das meninas, tem uma namorada, tem seus amigos, e porque quer ficar me seguindo. Me deixa em paz! – gritei.
- Não tenho problema nenhum, e pela milésima vez, Angeline é minha ex namorada, ex! O que adianta ter coisas inúteis se o que eu mais quero, se afasta de mim? – disse ele.
- Ah para de bancar o poeta, sei que só tá tento me impressionar, mas você é como todos os outros garotos – menti.
Sei que Luke não é igual, mas eu não sei qual sentido fazia eu ter dito aquilo.
- Sou tão igual aos outros, que você confia em mim, me contou seus segredos, e pela primeira vez depois de tanto tempo sorriu, se divertiu. Nem com seus próprios amigos você se sentiu tão bem, sorriu verdadeiramente – falou.
- Como você sabe disso?
- Porque pode ser hipócrita, mas eu sou igual à você. – disse ele.
- Eu igual à você – ri ironicamente – Tá blefando né.
- Não, a sabe qual a parte comum que temos? Nós perdemos quem amamos, e jamais sorrimos ou tentamos ser feliz, porque tudo parecia que impedia. Mas depois que eu conheci, isso mudou!
Olhei assustada, a chuva estava aumentando, eu sentia minhas roupas pesadas e coladas ao meu corpo. Luke se aproximava mais.
- Madson não adianta mais esconder, é loucura? Pode ser, mas acho que fomos feitos um para o outro – disse ele.
- Para de idiotice Luke! Você é rídiculo, essa cena é ridícula e tudo é... – fui interrompida.
Só que o mais estranho não foi por palavras, e sim por um beijo. No qual eu me surpreendi, fiquei sem reação.. Mas estranho ainda, é que eu não conseguia mais aguentar tudo aquilo, então simplesmente correspondi.
A chuva caia cada vez mais forte, mas nada importava, aquele silêncio, no qual só escutava nossos corações. Era um momento que parecia eterno, somente nós dois, o céu explodia, o mundo parava, ou pelo menos nós estávamos parados no tempo. E eu me perdi, perdi o meu controle, perdi o jeito “Madson a durona, que resiste tudo”. Mas a cada segundo que estávamos ali, eu me sentia pela primeira vez feliz, talvez Luke estivesse certo. Talvez fomos feitos um para o outro, talvez eu não deva mais esconder o que sinto, talvez eu deva seguir em frente, talvez eu deva parar de sofrer.. Ou... O talvez não exista, são apenas incertezas do coração.