Shooting Star escrita por valeriafrazao


Capítulo 2
Capítulo 1 - Lembranças.




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New York, 21 de dezembro de 2009.

 

- Edward por quanto tempo você pensa em ficar trancado nesse quarto. – Minha mãe falava do outro lado da porta.

 

Olhei para o relógio e vi que já eram seis da tarde, eu havia ficado no quarto por mais tempo do que imaginava e os ponteiros definitivamente não voltariam para trás como eu queria que acontecesse.

 

- O jantar esta na mesa querido, venha logo. – Pude ouvir os passos de minha se afastando pelo corredor e antes que eu pudesse respondê-la pigarreei para limpando minha garganta.

 

- Já vou mãe, só um minuto. – Respondi e me levantei, secando as lágrimas que ainda se estabeleciam em meu rosto. As mesmas lagrimas incessantes dos últimos dois anos.

 

Aconteceu há dois anos, faz dois anos que ela se foi, eu tinha apenas 18 anos, estávamos no ultimo ano da escola. E eu posso dizer que era uma época feliz, uma época que não imagino reviver com ninguém novamente ao meu lado e por mais que ela tenha me dito que eu devesse seguir em frente era impossível esquecer sua voz, sua pele ou seu cabelo contra ao vento. A imagem dela sempre estava lá, martelando em minha mente.

 

Tínhamos planejado uma vida inteira juntos, faculdade, casamento, filhos, mas agora, tudo não passava de sonhos. Sonhos que ficaram no passado, um passado que não existia mais.

 

Agora eu vivia em um presente onde todos esses sonhos e planos eram apenas lembranças, sonhos que foram ocupados por um buraco latejante dentro do meu peito que não cessava, que parecia se abrir a cada dia em que eu respirava e ela não mais. Isso me matava lentamente, um pouco todo dia, mas eu tinha que viver.

 

Viver por mim e por ela, viver por uma promessa, uma única e ridícula promessa da qual eu sabia que não era capaz de cumprir.

 

Caminhei até o banheiro e deixei a torneira aberta por tempo suficiente para que o barulho da água eliminasse de mim todas as lembranças, mas era inútil e lá estava eu diante do espelho lavando meu rosto e sem que eu percebesse as lembranças iam e vinham em minha cabeça e eu poderia me cansar de olhar os ponteiros do relógio do meu quarto, ou abrir mil torneiras no mundo, mas nada me fariam voltar para aquelas lembranças, para o ultimo dia em que eu fui feliz, ao lado dela.

 

Central Park, Setembro de 2007..

 

-Edward, você não vem? – Tânia segurava minha mão enquanto caminhávamos pelo Central Park, era o nosso lugar preferido em Nova York, mas naquele dia eu sabia que havia algo de errado, algo estava diferente, não havia como explicar o que era, mas algo estava mudara o que me fez me perder em pensamentos durante a nossa caminhada naquela tarde.

 

- Desculpe! – Respondi um tanto sem graça enquanto ela me fitava procurando entender minha expressão.

 

- Você esta tão... pensativo hoje. – Ela me disse sorrindo enquanto o vento daquela tarde de setembro fazia com que seus cabelos esvoaçassem pelo ar.

 

- Não é nada. – Respondi rapidamente.

 

Tânia observou minha expressão por um instante e acho que ela preferiu esquecer, pois não fez nenhuma menção em perguntar o que realmente eu tinha em minha mente. Tânia me conhecia o suficiente para compreender minhas expressões e momentos como esse.

 

- Edward, você me ama? – Tânia me perguntou enquanto observávamos  um casal de velhinhos que passavam por nós.

 

- Claro que te amo, você sabe disso.

 

- Então diga que me ama. – Ela parou girando seu corpo e colocando-se a  minha frente, esperando que eu dissesse.

 

- Eu te amo, agora e sempre. – Eu disse sem exitar, puxando a em um abraço apertado.

 

- Então você me promete uma coisa? – Senti o cheiro do seu cabelo que entrava por minhas narinas enquanto ela me abraçava de uma forma intensa e diferente do habitual.

 

- O que você quiser. – Falei prontamente.

 

- Se um dia algo acontecer comigo... – Ela fez uma pausa. – Se qualquer coisa acontecer, você vai seguir em frente, você vai amar outra pessoa tanto quanto você me ama?

 

Eu levei minha mão até o seu rosto, erguendo-o para fitar seus olhos.

 

- Que tipo de promessa é essa? – Minha voz pareceu um pouco mais irritada do que eu queria demonstrar a ela, mas eu estava irritado com essa suposição ridícula que Tânia fazia. – Você sabe que nada vai acontecer com você.

 

- Eu sei, mas me prometa Edward. – Senti a lágrima de Tânia descer por uma de minhas mãos que seguravam seu rosto angelical.

 

- Está chorando? – Retirei com a ponta dos meus dedos a lágrima que descia por seu rosto. -  Sim eu prometo. – Há algo que você queira me contar?

 

- Não, nada, eu só quero que você seja muito feliz, sempre, com ou sem mim.

 

 

Eu ainda podia ouvir os gritos da minha mãe vindo da nossa sala de jantar quando voltei à realidade.

 

- Edward Cullen, jantar, na mesa, agora.

 

Enquanto encarava meu rosto através do espelho eu me perguntava por que raios ela tinha feito aquilo comigo, por que ela se foi. Não era justo.

 

Limpei meu rosto e olhei mais uma vez para o reflexo do homem de 20 anos naquele espelho, eu não me parecia em nada com o jovem de dois anos atrás, faltava algo em mim, faltava ela.

 

Meus pais estavam felizes naquele dia, ninguém se lembrava que há exatos dois anos Tânia havia partido da minha vida, ou simplesmente ninguém tocava no assunto por que todos sabiam o quanto isso me magoava e de certa forma era melhor assim, falar sobre Tânia nunca foi algo que consegui fazer desde que ela se foi.

 

Meu irmão Emmet também estava em casa naquela noite, ele havia chegado de Washington para as festas de final de ano e com as boas notas que Emmet tinha ele havia conseguido a dispensa das provas finais e pode vir mais cedo, o que foi bom, já que fazia muito tempo que não via meu irmão e eu sentia sua falta, mesmo com todo o seu jeito brincalhão Emmet ainda era a única pessoa a qual eu conseguia falar abertamente sendo eu mesmo.

 

Sala da Família Cullen, Outubro de 2007.

 

- Tânia esta tudo bem? – Estávamos sentados na sala de minha casa assistindo a um filme que passava na TV, era o tipo de  programa que adorávamos fazer juntos, simplesmente por estarmos um do lado do outro.

 

- Sim, estou. – Ela me respondeu levando as mãos a cabeça.

 

Ela não parecia estar bem, sua pele estava pálida e os lábios ressecados, as mãos ainda na cabeça indicavam que Tânia estava sentindo dor.

 

- O que esta acontecendo Tânia? – Eu segurava suas mãos que ela prendia fortemente contra suas têmporas, era estranho vê-la assim, Tânia sempre foi muito saudável e ela não parecia mesmo estar bem.

 

- Edward o que esta acontecendo? – Minha mãe me perguntou quando entrou na sala e viu a expressão de dor no rosto de Tânia.

 

- Não sei mamãe, ela estava bem hoje a tarde. – Respondi a minha mãe e depois me voltei para falar com Tânia.

 

- Tânia, Tânia... O que você esta sentindo?- Procurei falar de forma carinhosa, mas ela não respondia.

 

Tânia não me respondeu, ela me empurrou de seu caminho correndo para o banheiro eu  segui correndo atrás dela, mas ela não me deixou entrar fechando a porta na minha antes que eu a alcançasse, eu podia ouvi-la, ela estava mesmo passando muito mal e eu estava desesperado e impotente sem poder ajudá-la, eu queria ajudá-la, queria fazer algo por ela.

 

O barulho cessou de repente, eu a chamei, mas ela não respondeu, contei mentalmente por um minuto e quando a chamei novamente, percebendo que ela não respondia decidi que teria que arrombar a porta.

 

A cena que vi ainda esta marcada em minha mente, ela estava la caída no chão do banheiro da minha casa, completamente inconsciente.

 

 

Ouvi a porta do banheiro abrir o que me tirou mais uma vez do meu transe de lembranças e recordações, o que foi bom, nem todas as lembranças eram adoráveis e as ultimas só me faziam sofrer ainda mais.

 

- Ei cara, você esta ai? – Emmet estava parado na porta do banheiro.

 

- Oi Em, eu já vou descer. – Falei enquanto pegava uma toalha para secar meu rosto.

 

- Está tudo bem Ed, você não parece estar nada bem.

 

- Estou. – Menti, mas Emmet me conhecia perfeitamente, ele sabia que eu estava apenas me esquivando.

 

Um grito ressoou da sala de jantar.

 

- Meninos se vocês não vierem agora eu vou até ai buscá-los. – Minha mãe gritava em plenos pulmões.

 

- Cara, acho melhor a gente ir, ela parece estar falando sério. – Emmet fingia uma expressão de medo enquanto falava, fiz uma careta para ele e assenti.

 

Descemos para jantar e estávamos todos a mesa, meu pai e minha mãe tagarelavam com Emmet sem parar o que era bom, evitava que eu tivesse que participar da conversa que acontecia ali.

 

Casa dos Cullens, Outubro de 2007.

 

As sirenes da ambulância que estava parada em frente de casa iluminavam toda a rua enquanto os visinhos observavam a maca que carregava Tânia passar com ela para dentro da ambulância.

 

- Edward... Edward.. – Sua voz era fraca enquanto chamava por meu nome.

 

- Estou aqui, meu amor, estou bem aqui.- Eu realmente estava, assim como estive até o fim.

 

- Londres! Parabéns filho. – Papai parabenizava Emmet, eu não tinha ouvido exatamente pelo que, apenas quando meu pai disse Londres uma oitava mais alto que o normal foi que resolvi dar alguma atenção a conversa que acontecia em nossa mesa de jantar.

 

- Eu pensei que Edward poderia ir comigo, serão apenas dois meses. – Sim, agora eu realmente estava prestando atenção a conversa, mas ir para Londres? Para que? Fazer o que?

 

- Seria ótimo. – Minha mãe disse parecendo bastante empolgada com a idéia. – O que acha Edward, que tal dois meses de férias em Londres com seu irmão? –

 

Só então me atentei ao rumo que a conversava levava, Emmet iria para Londres e queria que eu fosse com ele, mas eu ainda não estava preparado para deixar Nova York. Desde que Tânia se foi eu não havia feito nenhuma viagem, pois nenhuma viagem ou passeio ou qualquer outra atividade era o mesmo sem ela.

 

- Londres? – Eu perguntei, mais a mim mesmo do que aos três pares de olhos que me fitavam. – Não sei se seria uma boa idéia.

 

- Vamos cara, vai ser legal. – Emmet esboçava um gigante sorriso no rosto. – Como nos velhos tempos, eu e você e o mundo. – Ele falava enquanto erguia seus braços no ar como se abraçasse o mundo com as próprias mãos.

 

Meus pais e eu começamos a rir da encenação que Em fazia.

 

- Não sei Em, não sei se to a fim de viajar.

 

Senti a mão de minha mãe tocar meu ombro, seus olhos refletindo a dor que eu esbanjava.

 

- Ela não vai voltar filho, você sabe disso e esta na hora de você viver. – Deviei meu olhar, eu não consegui olhá-la mais depois dessa frase que me cortou como uma faca, melhor eu não queria olhá-la, eu não queria nem mesmo ouvir aquelas palavras.

 

O clima em volta da mesa perdeu todo o humor com as palavras da minha mãe, senti meu corpo se contrair e por mais que eu soubesse que ela não queria me magoar eu ainda não estava pronto para aceitar para mim mesmo de que Tânia nunca voltaria.

 

Eu havia perdido o pouco da fome que ainda conseguia ter, levantei-me da mesa em um solavanco brusco, mas antes que eu pudesse sair, as mãos de meu pai me seguraram.

 

- Aonde você vai? – Ele me perguntou e na sua voz eu sentia que a minha dor também era a sua dor. Eu estava fazendo todos sofrerem comigo, mas eu não queria isso.

 

- Eu estou sem fome, acho que vou dormir. – Respondi tentando ser o mais educado possível tirando meu braço das mãos de meu pai.

 

Ele não insistiu, me soltando para que eu pudesse sair da mesa. Enquanto subia as escadas ainda pude ouvir alguns sussurros vindos da sala de jantar.

 

- Você não devia ter falado isso para ele Esme – Era a voz de meu pai que repreendia minha mãe.

 

- Mas ele tem que voltar a si Carlisle, já faz dois anos.

 

- Deixe que eu falo com ele, eu vou tentar levá-lo a Londres comigo.

 

Continuei o caminho de volta para o meu quarto e as vozes ficaram baixas o suficiente para que eu não pudesse mais ouvi-los.

 

Hospital Geral de Nova York, Novembro de 2007.

 

- Por que você não me disse o que estava acontecendo Tânia, por que? – Ela estava em seu quarto no Hospital Geral de Nova York, Tânia havia saído do coma há apenas três dias e só então os médicos autorizaram as visitas.

 

- Desculpe, eu não queria preocupá-lo. – No seu rosto um breve sorriso se fazia, não era o sorriso que eu conhecia, era um sorriso fraco de alguém que estava fraca de mais para sorrir.

 

- Leucemia? Como isso foi acontecer? Por que não me disse? – Eu andava de um lado para o outro de seu quarto, eu havia ficado sabendo logo após sua internação, eu não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo.

 

Tânia puxou seu corpo para a lateral da cama dando-me espaço suficiente para que eu pudesse sentar ao seu lado.

 

- Venha cá meu amor, sente-se aqui.

 

Eu fui em sua direção e sentei-me ao seu lado conforme ela me pediu, olhar seu sorriso fraco fez com que uma lagrima escorresse pelo meu rosto. Por Deus era o amor da minha vida naquela cama.

 

- Foi por isso que não te contei. – Ela me disse enquanto sua mão que continha uma seringa com algum tipo de medicamento esticava-se até o meu rosto para retirar a lágrima que rolava. – Eu não queria vê-lo assim, vê-lo com este olhar.

 

Eu estava deitado na minha cama, tentando não lembrar das palavras da minha mãe, mas pior que lembrar das palavras dela era lembrar de Tânia, lembrar de seu rosto angelical e seu sorriso inocente.

 

- Edward, sou o Em, posso entrar? – Emmet bateu na porta do meu quarto, mas eu queria mesmo ficar sozinho, era tudo que eu queria, estar sozinho ou estar com ela, mas eu não podia te-la, então eu apenas queria ficar sozinho.

 

- Emmet, eu to a fim de ficar sozinho.

 

- Eu não vou te encher mano, só quero falar com você um instante.

 

- Ok, Emmet entra logo de uma vez então. – Mas Emmet já estava dentro do quarto quando olhei pra porta.

 

- Cara, você precisa sair dessa, você sabe que isso não ta te fazendo bem. – Meu irmão me olhava e nos seus olhos eu via apenas uma coisa, preocupação.

 

- Me diz como? – Eu comecei a gritar, mas eu não estava nervoso, eu estava extravasando a dor que eu sentira nos últimos dois anos, Emmet sabia disso, ele sabia como aquilo doía em mim. – Me fala como eu posso sair dessa quando a mulher da minha vida foi embora? Me fala?

 

- Ed, eu não sei como, mas sei que você precisa tentar. Cara vamos para Londres, vai ser bom, você vai conhecer gente nova e a gente vai se divertir como antes lembra? – Emmet se esforçava para me animar.

 

- Eu não quero Londres, Itália ou Japão, eu só queria que o tempo voltasse, que ela voltasse. – As lágrimas começaram a cair dos meus olhos. – Por que Emmet, por que ela fez isso comigo?

 

- Ed, eu sei o quanto isso te magoa. – Meu irmão deu alguns passos em minha direção para me abraçar, e apesar de dizerem que homens não choram ou não se abraçam, aquele na minha frente era meu irmão, o único homem no mundo depois do meu pai que eu me renderia a chorar e abraçar, por que ele era o meu melhor amigo também. – Eu realmente sei o quanto isso te magoa cara, mas ela não vai voltar, encare os fatos.

 

- Eu não quero ouvir isso.

 

- Edward você precisa continuar, precisa seguir em frente, já se passaram dois anos, você tem uma chance agora de começar do zero, aproveite e encare Londres como seu marco inicial, onde a vida recomeça.

 

- Em... eu não sei... – Disse enquanto me soltava de seu abraço e limpava minhas lagrimas.

 

- Não me responda nada agora, você pode pensar ainda por alguns dias, eu só viajarei após o natal, então você pode vir comigo.

 

Emmet me deu um novo abraço e deixou meu quarto, fiquei algum tempo pensando nas palavras que ele me disse e me lembrei do dia em que fiz aquela ridícula promessa a Tânia. Se houvesse algo pelo qual eu nunca perdoaria Tânia, não era o fato de ela ter ido embora, mas sim o fato de ela me fazer prometer algo pelo qual eu sabia que não poderia cumprir.

 

Casa dos Denalli, Dezembro de 2007.

 

- Finalmente em casa. – Tânia me disse assim que abriu a porta do seu quarto, eu estava logo atrás carregando sua mala com as coisas que seus pais haviam levado para o hospital. Os pais dela haviam ficado no hospital para assinar os últimos papeis da alta e eu fui o encarregado de levá-la para casa.

 

- Sim e você ficara aqui por muito tempo. – Coloquei as malas no chão para abraçá-la.

 

- Que tal pararmos de falar do tempo e fazermos algo melhor. – Ela me fitou maliciosamente com seu sorriso de anjo. Como anjos podia agir maliciosamente? Sinceramente não sei, mas Tânia era assim, singela e angelical e ao mesmo tempo maliciosa.

 

- E o que você tem em mente? – Perguntei enquanto a prendia com meus braços, deslizando pequenos beijos por seu pescoço o que a fez estremecer em minhas mãos.

 

- O mesmo que você. – Tânia colocou seus braços em volta do meu pescoço e me beijou de uma forma tão intensa e apaixonada e também desesperada.

 

Apesar de estar preocupada com a sua fragilidade por causa da doença eu não consegui não me render a ela, seu corpo clamava por mim e o meu pelo dela como se uma força descontrolada do universo nos unisse.

 

Fechei a porta atrás de nos com ajuda da minha perna sem soltar Tânia dos meus braços ou deixá-la de beijar em nenhum momento, caminhamos juntos até a cama onde eu a deitei cuidadosamente e em seguida depositei um beijo em sua testa, ela fechou os olhos para recebê-lo, depois os abriu me encarando e sorrindo.

 

Suas mãos correram para os botões da minha camisa e eu não a impedi, deixei que ela brincasse com eles, a cada botão aberto Tânia depositava um beijo sobre o meu peito, ela terminou com todos os botões e atirou minha camisa em um canto qualquer, depois foi a minha vez de tirar sua blusa.

 

Passei minhas mãos sobre sua pele macia, erguendo a blusa com as pontas dos dedos para que eles passassem levemente sobre suas costas, o que lhe causou vários calafrios fazendo-a morder os lábios. Meus lábios não conseguiam cessar o beijo doce e penetrante que sua boca havia buscado em mim.

 

Nossos corpos quentes já se entrelaçavam como se fosse um apenas, como dentro de mim era esse o significado de nós... nós éramos apenas um. Levemente deixei meus lábios saírem de sua boca, passando a percorrer seu pescoço, como se estivesse descobrindo cada ponto de seu corpo, tocando-a como a pétala delicada de uma flor levemente e cuidadosamente para que não se desfizesse.

 

Eu não tinha pressa. Queria-a para mim, por toda minha vida, e naquele momento, o momento em que ela deixava-se em minhas mãos, eu não podia fazer nada de errado. Queria sempre que tudo fosse perfeito, como ela, minha única e verdadeira amada.

 

O desejo estava fortemente estampado em seu rosto. Cada toque a fazia mexer-se, contorcer-se de tanta excitação. E eu a queria mais e mais.

Tirei lentamente o restante de suas roupas, e subi por seu corpo fazendo-a sentir o calor emanado pelo meu. Alcancei seus lábios e os beijei apaixonadamente. Seus braços passaram por minhas costas e pude sentir suas mãos se apertarem contra o meu corpo.

 

Ela puxou-me próximo à seu rosto, e sussurrou em meu ouvido “Eu te amo Edward”, eu parei para vislumbrar seus olhos, e respondi de imediato “Eu também, minha vida!”.

 

Não conseguia tirar meus olhos dos seus, sua expressão estava carinhosa, cuidadosa comigo, eu conseguia sentir sua respiração, seu ar descendo pelo meu peito desnudo, e isso me excitava cada vez mais.

 

Fui encaixando meu corpo ao dela, e antes que sua expressão mudasse dei um beijo em sua boca, ela sussurrou em meus lábios " Eu te amo", não sentia mais meu corpo, minha mente estava alta, vi que sua expressão mudava de acordo com a minha intensidade...

 

Ficava olhando seu rosto que parecia brilhar naquele momento, ela estava linda ali na minha frente.

 

Finalmente após uns minutos comecei a sentir meu corpo em chamas, chamas que começavam da planta dos pés e vinham subindo pelas minhas pernas e ao mesmo tempo descia de minha cabeça pelo pescoço e tronco.

 

Senti meu corpo tremer, ela me abraçou com mais força, senti todos os meus músculos se contraírem, uma expressão de prazer aparece em seu rosto, sinto me aliviado. Deitei sobre seu corpo, beijei seu ouvido e sussurrei " Também te amo.....Muito".

 

Os minutos iam passando, e nós estávamos perdidos em nosso mundo. Um mundo onde somente nós existíamos e nosso amor era tudo o que precisávamos para sobreviver.

 

Ela era minha... era tudo o que importava.

 

Quando tudo teve fim, nós ficamos ali na cama deitados. Ela estava deitada sobre meu peito, e tudo era perfeito. Eu só conseguia pensar em como a amava...

 

- Eu te amo você sabe disso não sabe? – Sua cabeça ainda estava repousada sobre o meu peito enquanto eu acariciava seus cabelos.

 

- Sim, e eu também te amo. – Foi tudo que pude dizer.

 

- Então você não vai esquecer o que me prometeu? Se alguma coisa acontecer comigo... – As palavras mal saiam de sua boca. – Se eu morrer...

 

- shii, isso não vai acontecer. –Me ajeitei na cama e levei minha mão ate seu queixo sustentando-o para olhá-la. – Nada vai acontecer com você.

 

- Mas se acontecer, você vai seguir em frente, você não vai parar sua vida e você vai encontrar alguém, me promete.

 

- Eu não preciso te prometer isso, por que isso não vai acontecer.

 

- Só me prometa.

 

- Sim eu te prometo, mas isso não vai acontecer.

 

- Obrigada. – Ela me disse e voltou a colocar sua cabeça sobre o meu peito.

 

Eu ainda não sabia, mas o dia em que fiz aquela promessa foi o dia em que pela ultima vez fizemos amor..

 

A conversa que eu tivera com  Emmet há minutos atrás ainda ecoavam no meu ouvido enquanto as lembranças vagavam em minha mente.

 

Como eu poderia aceitar que o meu anjo, a razão da minha vida não voltaria? Como Em poderia querer que eu aceitasse isso? Eu não podia, Eu não queria...

 

Tudo me lembrava ela, sua pele quente e macia junto ao meu corpo, nosso passeios, as juras de amor, tudo na minha vida perdeu o sentindo sem ela.

 

Eu não sabia o que fazer aceitar ou não a oferta de Em? Ir ou não para Londres? Sim era uma opção, uma forma de cumprir aquela estúpida promessa. Mas eu não queria, eu não queria sair de perto de tudo que me fazia lembrar ela, tudo o que eu tinha eram lembranças, eu me perguntava se eu conseguiria viver longe dessas lembranças.

 

Eu estava cansado daquelas duvidas, levantei da minha cama e peguei meu casaco, eu sabia onde deveria ir, sabia onde deveria estar, eu sabia o único lugar onde eu teria as minhas respostas.

 

Peguei meu violão que há muito eu não tocava, eu só me permitiria tocar para ela, mas ela não estava mais comigo então decidi que era hora de vê-la.

 

 

UTI do Hospital Geral de Nova York, Dezembro de 2007.

 

- Não, não, não. – Todos podiam ouvir meu desespero enquanto eu observava a equipe medica tentando reanimá-la na cama de seu quarto, o aparelho que controlava seus batimentos não havia parado de sinalizar os batimentos dela há menos de um minuto..

 

Emmet estava ao meu lado tentando me conter, mas não iria adiantar, ela estava indo, ela estava partindo na minha frente e eu me sentia inútil, eu nada podia fazer.

 

O aparelho apitou uma vez, seu coração bateu muito fraco então senti uma fagulha de esperança quando seus olhos encontraram os meus e pude ver seus lábios se movendo lentos e fracamente. Ela sussurrava com a pouca energia que lhe restava “Eu te amo, seja feliz” e então minha fagulha de esperança se extinguiu, o aparelho apitou pela ultima vez o som que  ficou guardado em minha mente pelos últimos dois anos.

 

Respirei fundo quando cheguei à porta do cemitério central de Nova York, já fazia algum tempo que eu não ia vê-la, mas eu precisava senti-la, mesmo sendo no lugar onde eu jamais quis que ela estivesse, estava tudo errado e aquele não era o lugar onde ela deveria estar.

 

Era noite e os portões estavam trancados, dei a volta e pulei o muro na parte mais baixa, as pessoas costumam ter medo de lugares assim à noite e talvez eu estivesse mesmo maluco por estar ali, mas eu precisava estar, eu precisava senti-la de alguma forma.

Caminhei em direção a sua lapide e não pude conter as lagrimas quando li a inscrição que a pedra continha “Tânia Denali, amada filha e adorável namorada”.

 

Sentei-me a frente da lápide, puxei o ar mais fundo para os meus pulmões e de repente, sem que eu percebesse lá estava eu falando com ela, era bom ter o cemitério vazio, assim às pessoas não pensariam que eu realmente teria enlouquecido.

 

- Oi. – Disse timidamente. Para qualquer um poderia ser estranho falar sozinho, mas eu sabia que eu falava com ela e sabia que em algum lugar ela me ouvia.

 

O vento soprou mais forte tive aquilo como um sinal de que ela me ouvia.

 

- Eu sei que você pediu para que eu seguisse, que eu fosse feliz, que eu vivesse, mas eu não consigo, não sem você é impossível. – Comecei meu discurso para a lapide a minha frente. -  Em quer que eu vá com ele para Londres, mas eu não quero, não quero estar longe de você, não quero estar longe de nada que me lembre você. – Eu disparava as palavras todas de uma vez.

 

O vento soprou de novo, dessa vez mais forte, desta vez soou como uma repreensão.

 

- Droga, Tânia. Por que você se foi? Você não podia ter feito isso comigo. – As lagrimas trabalharam como uma tempestade em meu rosto – Eu te amava, não... Minto, eu te amo, eu ainda te amo, droga. Eu estou aqui, no meio de um cemitério, à noite, pra dizer que te amo e que você não poderia ter me deixado, mas você me deixou.

 

O vento soprou de novo.

 

- Você me fez fazer aquela promessa e eu definitivamente não consigo, não há como, eu nunca vou amar outra pessoa, não como eu te amei. Eu não consigo seguir em frente, simplesmente não consigo.

 

O vento soprou mais uma vez, forte de novo, mais uma repreensão.

 

- Talvez você esteja certa, é hora de seguir não é? É isso que você queria? Então eu vou tentar, por você, por nós.

 

Peguei meu violão que eu havia levado comigo e resolvi tocar, como tocava pra ela, lembrando da forma como seu rosto se encostava em meu braço quando eu tocava, como ela sorria quando meus dedos brincavam nas cordas do violão. Isso trouxe uma segunda tempestade de lágrimas.

 

- Sabe, outro dia eu ouvi essa musica, é isso que eu sinto e eu quero que você ouça.

 

Musica obrigatória a pártir deste trecho:

 

http://www.youtube.com/watch?v=tED932WuvQc

 

E então eu toquei pra ela, pela ultima vez.

 

What if I wanted to break
Laugh it all off in your face
What would you do?
What if I fell to the floor
Couldn't take all this anymore
What would you do, do, do?

Come break me down
Bury me, bury me
I am finished with you

What if I wanted to fight
Beg for the rest of my life
What would you do?
You say you wanted more
What are you waiting for
I'm not running from you

Come break me down
Bury me, bury me
I am finished with you

Look in my eyes
You're killing me, killing me
All I wanted was you

I tried to be someone else
But nothing seemed to change
I know now this is who I really am inside
Finally found myself!
Fighting for a chance
I know now this is who I really am!

Come break me down
Bury me, bury me
I am finished with you, you, you

Look in my eyes
You're killing me, killing me
All I wanted was you

 

Quando terminei a canção o vento soprou mais forte e então me levantei, desta vez não era como uma repreensão era mais como um adeus. Senti um calafrio correr pelo meu corpo, olhei pela ultima vez para a lapide de Tânia e me despedi, eu iria cumprir minha promessa, ao menos eu iria tentar.

 

- Adeus, minha vida, minha amiga, minha amante, meu amor. Estou terminando com você.

 

"Este capitulo é dedicado ao Eder amigo da Gleicy (co-autora da Fic)que faleceu de Leucemia em Dezembro de 2008 Leucemia”


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