No final da semana, Stefan chegou à mansão pronto para cavalgar, conforme prometera. klaus ia passar a manhã no escritório com a srta. Marie, e sorriu quando Caroline lhe disse que iria ficar fora durante uma ou duas horas.

Para sua montaria ela escolheu Tansy, a égua mais dócil da cocheira. Stefan mostrou-se um instrutor excelente e, sob sua orientação, Caroline passou a cavalgar com muita confiança.

― Você está indo maravilhosamente ― Stefan elogiou-a.

― Tansy é muito mansinha, não faz nada que me possa assustar ― disse ela, afagando o pescoço da égua.

― Você já pode cavalgar na companhia de Klaus. Por en­quanto, ele terá de montar um animal menos fogoso do que Damon ― Stefan observou. ― É bom saber que ele está co­meçando a movimentar as pernas.

― Se ele pudesse escolher, iria preferir recobrar a visão.

― Logo saberemos quais são as chances de isso acontecer, mas receio que não sejam grandes.

Quando voltou para a mansão, Caroline constatou que Klaus estava zangado porque ficara sabendo pelo sobrinho de Isobel, um dos cavalariços, que ela saíra para cavalgar com Stefan.

― Não tive a intenção de enganá-lo. Eu pretendia lhe contar sobre o passeio, claro ― ela defendeu-se. ― Se estou querendo aprender a montar é para cavalgarmos juntos, o que você po­derá fazer em breve. Não sei qual a razão desta tempestade em copo d'água.

― Você está aqui para me atender quando for preciso, não para ter seus encontros secretos.

― Encontros secretos! ― Caroline exclamou, ofendida. ― Só tenho pensado em ajudá-lo. E por que eu não deveria ver Stefan?

― Acho melhor deixarmos esse assunto ― disse Klaus, a voz menos agressiva.

Sabia que tinha passado da conta e acabou dando um sorriso, acompanhado de um pedido de desculpas.

― Sinto muito, Caroline.

― Deve sentir mesmo ― ela retrucou, mas seu tom era amável, indicando que o havia perdoado. ― Como eu disse, estou apren­dendo a montar para fazermos passeios a cavalo, juntos.

― É uma ideia maravilhosa. Podemos cavalgar agora mesmo!

― Você ainda precisa fortalecer as pernas. Vamos treinar alguns passos. Esta manhã chegou o andador que encomendei. E mais cômodo e mais prático do que as muletas e será de grande ajuda.

― Então vamos começar os exercícios imediatamente ― ele pediu, entusiasmado.

Caroline ajudou-o a levantar-se e a segurar no andador que tinha colocado junto da cadeira de rodas.

― Minhas pernas parecem geléia ― ele queixou-se, ame­drontado. ― Não consigo movê-las.

― Consegue. Vá devagar. ― Caroline passou os braços ao redor da cintura dele. ― Ponha seu peso no andador e tente mover um pé para a frente.

Devagar, Klaus arrastou um pé, o outro, e repetiu os movi­mentos. A testa porejou de suor e ele manteve os dentes cerrados.

― Você conseguiu! ― ela exclamou, rindo e com lágrimab nos olhos. ― Mas por hoje basta. Volte para a cama. Vou massagear-lhe as pernas.

― Quero lhe dizer uma coisa, Caroline. Quando estou perto de você sinto-me tão bem! É como se eu já a conhecesse. Será que não nos vimos antes?

Caroline levou um choque.

― Talvez em outra vida ― ele acrescentou, pensativo. ― Será que éramos amigos, inimigos ou tivemos um outro tipo de relacionamento?

― Não é nada próprio de você tecer essas fantasias ― ela evadiu-se.

― Você desperta o meu lado fantasioso. E não é só isso. Você está fazendo com que eu seja uma pessoa diferente. Por que isso, eu me pergunto?

Caroline achou que chegara o momento de contar a Klaus a verdade sobre ela.

― Klaus, também tenho...

Ela não terminou a frase porque Klaus tropeçou no tapete que ficava perto da cama, perdendo o equilíbrio. Caroline tentou segurá-lo mas não suportou o peso dele e os dois caíram sen­tados na cama, rindo.

Klaus não tentou separar-se dela. Ficando sério, disse:

― Há momentos em que é mais difícil suportar a cegueira. Agora é um desses momentos. Eu queria poder ver seus olhos para saber se você quer me beijar ou não.

Caroline tentou responder que sua vontade era levantar-se dali e cuidar do seu trabalho. Mas as palavras morreram nos seus lábios. Abraçada a Klaus, sentindo o coração dele pulsando junto do seu, não conseguia pensar sensatamente.