Incertezas Mutantes escrita por Sephyra Lune
Notas iniciais do capítulo
Segue o baile com mais um trechinho! :) Obrigada a todos!
Os dois caminharam sem descansar até o entardecer, parando brevemente por duas vezes apenas para beber água. O caminho do norte que haviam percorrido era o mais íngreme e cheio de obstáculos, então Gambit havia decidido que subiriam pela montanha, onde poderiam se camuflar com maior facilidade em meio às árvores. Quando o sol anunciava que ia se por no horizonte e a luz natural começava a ficar escassa, Gambit mudou de direção. Jully não o questionou, pois estava tentando confiar o comando da fuga a ele. Poucos metros depois, ambos pararam à frente de uma caverna, provavelmente feita por viajantes anteriores para abrigo. Gambit quebrou o silêncio que se arrastava entre eles:
- Acho que seus amigos não conseguirão te encontrar hoje. Daqui a pouco ficará escuro demais até para prosseguirmos. Sugiro passarmos a noite na caverna e continuar nossa jornada amanhã bem cedo.
Jully ponderou por um momento e achou que o cajun tinha razão: era irracional andar pela floresta que se seguiria das montanhas durante a noite.
- Acho que não nos resta alternativa.
- Neste caso, vamos explorar este lugar!
Gambit liderou a excursão para dentro da caverna. Eles entraram sorrateiramente, para garantir que estivesse livre de animais selvagens e assim a encontraram. Chegaram ao fundo da caverna e Jully se atirou no chão, suas pernas já quase amortecidas pela dor de caminhar em rochedos.
- Precisaremos de fogo... Ou congelaremos antes que consigamos dizer “saúde” um para o outro quando nos resfriamos.
Gambit removeu alguns galhos secos de uma velha hera morta que havia nascido ali e juntou aos que já estavam no centro da caverna que provavelmente já havia sido ocupada por outro campista. Ele tirou o baralho do bolso e energizou algumas cartas, fazendo com que a mistura de vegetais pegasse fogo rapidamente, iluminando o interior da caverna.
- Seu pedido, uma ordem.
- Que honra! Obrigada! – Jully sorriu para ele enquanto seu estômago roncava. – Acho que tenho mais um pedido.
Gambit tirou uma embalagem de um biscoito já quebrado do bolso do sobretudo e ofereceu a ela. Jully aceitou.
- Sinto muito, é tudo que tenho.
- Hum, jantar! – Ela sorriu.
- Poderemos comer algo amanhã se tivermos sorte. A essa hora não é interessante que sejamos vistos. Já deve ter alguém atrás de mim também.
- Tudo bem... Vamos dividir!
Jully abriu o pacote de biscoitos e pegou o primeiro, oferecendo o segundo a Gambit. Ele sentou-se do lado dela para comer e pode notar que ela tremia.
- Está com frio?
- É gelado aqui... Não estou familiarizada com o clima ainda.
- Perdoe-me! Fique com meu casaco.
Gambit tirou o casaco e o colocou nas costas de Jully, ficando frente a frente com ela. A garota abriu a boca para agradecer a gentileza, mas as palavras não saíram. Era incrível como aqueles olhos vermelhos tinham um poder imenso de deixá-la fascinada. Ele parecia esperar que ela quebrasse o silêncio, mas ela foi surpreendida pelas mãos dele descendo em seu corpo para ajeitar o casaco de uma forma que a deixasse confortável e mais aquecida. Ela mexeu os lábios mais uma vez e dessa vez conseguiu falar:
- Você não vai ficar com frio?
- Sou mais resistente que você.
- Obrigada. – Ela sorriu e disse baixinho.
- Você deveria parar de me agradecer.
Gambit pegou mais um biscoito e o jogou na boca. Ele levantou-se e se afastou de Jully, observando o exterior da caverna. De lá questionou Jully em uma pergunta que ele parecia saber a resposta.
- Por que você está fugindo? Ir com Magneto seria mais fácil...
Ela ficou confusa. Se ele era um homem do Magneto, não deveria estar a par dos planos de seu mestre? Sentiu um aperto no peito porque ele realmente podia não ter sido informado de nada, assim como ela sabia muito pouco sobre a visita de Magnus à mansão e suas reais intenções. Ela optou por ser evasiva.
- Fico feliz em não ser a única que desconhece as regras do jogo...
- De longe posso ver que você não confia nele...
- Ele invadiu minha casa. Confiança é a última coisa que eu poderia ter nele.
O homem encarou o chão por um momento pensativo. Jully ouviu ele suspirar pesadamente antes de continuar:
- Entendo... Ele também invadiu a minha. Mas, ao contrário de você eu confiei nele e... – Gambit se interrompeu, ficando em silêncio.
- E? O que aconteceu? – Jully ficou curiosa para saber mais sobre aquele homem.
- Acho que essa é uma história para amanhã. Devemos aproveitar para descansar.
- Tudo bem.
Jully guardou o resto dos biscoitos para o dia seguinte, para a casualidade de eles não encontrarem comida. Ela percebeu que o cajun estava se preparando para dormir do outro lado da caverna e essa ideia não a agradou por que ela saberia que ele também sentiria frio quando a fogueira apagasse.
- Se quisermos acordar vivos amanhã, acho que temos que continuar a trabalhar em equipe. Não acho interessante que a outra parte da minha equipe acorde transformada em sorvete.
- Pardon? – Gambit mostrou não ter entendido.
- Você está com frio, estou com seu casaco e ainda estou gelada. Acho que um pouco de calor humano vai nos ajudar.
Gambit não se agradou da proposta, mas voltou para o lado da menina. Os dois se recostaram na mesma pedra e Jully estendeu o casaco sobre ele também, fazendo dele um cobertor para parte do corpo de ambos. Ela sorriu e virou de costas para ele.
- Boa noite, cajun.
Gambit acomodou-se ao seu lado e podia-se perceber uma nota de seriedade em sua voz quando ele respondeu:
- Boa noite.
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