Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 22
Ação e reação


Notas iniciais do capítulo

O massacre está chegando ao fim



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Não existe nenhum outro sentimento além o de culpa, consumindo meus pensamentos, destruindo toda lógica que eu poderia ter feito. Será que eu poderia ter salvado Maysilee ou eu que a matei? Eu trouxe ela aqui, eu a matei certamente. Como a família dela poderá me perdoa? Eu queria salvá-la e não consegui, eu falhei. Eu prometi protegê-la, eu não consegui.

— Por que vocês não acabam logo comigo? - grito para o céu. — Vocês me manipularam! Vocês a mataram! Vocês são os culpados por tudo isso!

Caio de joelhos de novo no chão, chorando, os pássaros cor-de-rosa não saem da minha cabeça, como se tivessem devorando a mim mesmo, eu sou um peso morto esperando alguém para me derrubar.

A ideia de ter que matar mais três tributos para poder voltar para minha casa me deixa enjoado, eu não vou conseguir, não sem Maysilee. Porém tenho que ser forte, pelas memórias de Maysilee, eu preciso levantar e lutar, tenho que honrá-la, por Maysilee.

Seco as lágrimas do meu rosto minha camisa e me levanto, estou tonto e sem direção, eu não sei o que fazer, não sei se devo ir atrás dos tributos que faltam ou ficar aqui, esperando a morte chegar. Porém todos meus pensamentos são cortados com mais um barulho de canhão, restam apenas três tributos, mais um passo para minha casa.

Pego minha mochila e pego uma maça que ainda parece estar em bom estado, tento descansar, mas a única coisa que fica na minha cabeça é a cena de Maysilee indo embora, eu não exitei em fazer ela ficar e logo a cena dos pássaros cor-de-rosa. Jogo água em meu resto para tentar esquecer, mas não vou conseguir, é mais forte que eu.

Fico mais de duas horas ou três sentado em uma pedra brincando com a grama do chão, os Idealizadores devem estar vorazes para me matar, porém não entendo o por quê. Seria muito fácil me matar, mandar mais pássaros cor-de-rosa para me matar também, porém não vejo nada, nenhum movimento depois da grande cerca, o clima da arena não mudou.

Mais de uma hora se passa e tento comer mais biscoitos, minha cabeça começa a latejar por causa da grande exposição ao sol e no perto de mim, a grama está toda estragada, não sei como vou passar o tempo até resolverem me matar. Estou indo em direção a minha mochila quando vejo um vulto passando pela cerca, meu coração explode, estou tremendo e o medo começa percorrer minhas veias, seguro com força a faca em minha mão e vou em direção a cerca. Olho para um lado, nada. Olho para o outro lado, também nada. Porém vejo outra pessoa no chão, perto do local onde Maysilee morreu, era uma mulher, loira...

— Maysilee? - grito.

Corro desesperadamente até Maysilee, minha faca cai no chão e quando estou chegando perto tudo desaparece, só consigo ver o sangue de Maysilee no gramado e quando percebo estou novamente chorando, arrancando a grama do chão com raiva. Ainda é uma longa caminhada para eu chegar em casa.

Estou voltando para o penhasco quando ouço alguém gritando

— Haymitch, socorro Haymitch!

É a voz de Maysilee.

— Não é você! Não é você! - grito.

— Haymitch por favor! - grita a voz.

— Você não é real! - respondo para mim mesmo.

— Me salve por favor!

Pego minha faca do chão e jogo em direção a voz misteriosa que apenas se cala, mas ouço um barulho de um canhão e olho para direção da faca que atingiu o chão. Fico em dúvida em saber se o canhão fora real ou apenas de minha imaginação. Mas então recebo um sinal de sim, foi real, uma aerodeslizador passa pelo céu e desaparece em um piscar de olhos.

Agora é só mais um, quem será? Não faço a mínima ideia, não importa quem seja, eu vou dar o meu máximo para poder voltar para casa, para voltar a minha família. Horas se passam e já começo ver o sol se pondo, provavelmente agora podem ser umas cinco horas, não sei exatamente, porém os Idealizadores estão querendo acabar com isso o mais rápido possível.

Sento novamente na pedra e fico tacando pedrinhas no campo de força, elas ficam alguns segundos para voltar e logo estão ali no chão novamente. Escuto algumas pisadas fora da cerca, me viro e pego minha faca, vou com calma para não fazer muito barulho. Alguém está respirando rapidamente, olho pela cerca e lá está a finalista. Heloise, a garota do Distrito 1. Ela é mais alta que eu e está com sangue em sua roupa, um pouco na cara também, ela já ouviu falar em água?

Heloise olha ao redor e fica assustada com a cerca, me escondo atrás e ela começa a gritar

— Apareça Haymitch, eu vou matar você do mesmo jeito!

Pelos passos ela fica alguns minutos olhando a cerca, mas não entra e volta para a floresta e é neste momento que saiu da cerca, vejo Heloise entrando na floresta e vou com calma seguindo ela. Quando estamos já um pouco longe da cerca eu ataco ela pelas costas, tento matar ela sufocada, mas ela consegue escapar dando um pontapé no meu joelho.

Ela corre em meio das árvores e não consigo ver ela, então ela pula em minhas costas e rasga minha perna com sua faca, grito com extrema dor tentando revidar a facada, mas só acerto o ar. Heloise me da uma joelhada na cara e eu caiu pra trás, tento derrubar ela mas não consigo, ela tenta acertar outra facada em mim, mas consigo desviar desta vez.

Chuto com força sua perna, Heloise cai e eu tento me levantar, mas minha coxa esquerda tem um enorme ferimento e não consigo ficar em pé sem dar alguns gritos de dor. Jogo minha faca em Heloise que está mexendo em sua mochila, mas minha faca bate em um objeto metálico que ela acabara de tirar da mochila um machado. Pego minha faca no chão e tento ir para trás.

— Chegou sua hora – grita Heloise.

Ela corre até mim com toda velocidade, mas erra seu machado que passa por meus ouvidos fazendo um enorme barulho, neste movimento consigo acertar uma facada nas costas de Heloise que não para e tenta acertar outra machadada, ela mira em meus pés, mas consigo ser veloz o suficiente para pular.

Acerto outra facada em Heloise, dessa vez na sua costela, ela cai gritando de dor e a cena de Maysilee sendo brutalmente morta volta em minha cabeça, o tempo suficiente para Heloise conseguir acertar uma machadada na minha cara, tento desviar, mas uma linha da minha testa até minha bochecha é feita, o sangue está escorrendo por minha cara.

Acerto um chute no peitoral de Heloise que cai sobre o chão, ela roda seu machado sobre meu corpo, seu machado passar raspando sobre minha barriga, ela tira a faca de sua calça e consegue acertar outra facada em minha coxa, caiu sobre ela segurando seus braços, com a faca em minha mão a única coisa que penso é em sobreviver e em um movimento rápido acerto uma facada em seu olho direito.

Sangue voa sobre minha cara e sinto uma enorme dor nas minhas costelas, então vejo que o machado de Heloise conseguira acertar. Ela está gritando no chão e então me agarro nas árvores e tento voltar para o abismo.

Heloise mesmo gritando de dor segura seu machado e vem atrás de mim. Tento correr o mais rápido possível, mas começo ficar mais tonto, estou perdendo muito sangue. Caiu poucos metros da cerca e então começo me arrastar até o abismo, Heloise está logo atrás de mim, tentando estacar o sangue de seu olho, consigo ultrapassar a cerca. Olho para trás e vejo Heloise vindo com toda fúria, não consigo mais controlar meu corpo estou morrendo, então a última coisa que vejo é Heloise correndo para mim com seu machado, quando ela ultrapassa a cerca ela lança seu machado, mas desmaio antes de saber o que aconteceu.

Se estou morto? Não posso dizer, mas estou em um local bonito, com um grande campo florido, uma única árvore enorme, a vegetação está toda verde, um belo local para se passar um dia de verão. Então vejo uma jovem correndo, é Maysilee, ela está feliz pulando pelo campo e olha para mim e vem correndo em minha direção. Maysilee me abraça e fala

— Você conseguiu Haymitch.

— Consegui o que? - pergunto.

Uma voz como se fosse do céu começa gritar

— Acorde Haymitch, você conseguiu.

Então o lindo campo some e dá o ar a uma sala azulada, Brock e Pount estão ao meu lado.

— Haymitch, você ganhou – diz Brock.

Tento me levantar da mesa onde estou, mas sinto uma enorme dos nas costelas e Pount faz eu ficar imóvel na mesa metálica.

— Você sofreu muitos danos, vai ter que ficar um tempo deitado.

— O que aconteceu lá?

— Você não devia ter feito aquilo rapaz – diz Brock.

— O que? - grito.

— Heloise tentou tacar o machado em você, você desmaiou e sem querer desviou, o machado voltou do campo de força e cravou no crânio dela.

Fico um tempo pensando, do jeito que Brock falou não parece bom, mas eu estou vivo, tudo pode ficar bem.

— Tudo vai ficar bem né? - pergunto.

— Haymitch, o que você fez pode não ser perdoável, não para Capital – diz Pount.

Penso na possibilidade do meu ato cair sobre não só a mim, mas também em Brock e Pount, estou colocando muito em risco.

— E agora? - pergunto.

— Estamos voltando pro Distrito 12, sua família está te esperando – responde Pount.

Depois de saber que minha família está bem durmo de novo.

— Haymitch acorde, chegamos – diz Pount me balançando.

Tento me levantar, mas acabo caindo no chão e preciso da ajuda de Pount para me levantar, minha costela está doendo muito, mal consigo movimentar minha coxa. Estou com uma roupa de pacientes de hospital e então Pount me leva até meu quarto no vagão onde coloco uma roupa que ela pegou para mim. O trem para e uma leve sensação de segurança percorre meu corpo, corro mesmo sentindo todas as dores para a porta onde Pount e Brock estão com alguns Pacificadores para me levar.

Já no Distrito 12, várias câmeras marcam minha chegada, não consigo sorrir, estou procurando minha família no meu da multidão até que vejo Alice correndo, alguns Pacificadores tentam parar ela, mas Pount libera e Alice me da um abraço bem forte, dou uma gemida com a dor.

— Eu achei... Eu achei que você não ia voltar – sussurra Alice em meu ouvido chorando.

— Eu estou bem – respondo.

Beijo Alice e tento acenar para Miguel e minha mãe que estão perto dos Pacificadores, mas desmaiou de novo.

Acordo em um local que não conheço, Alice está dormindo sobre mim, estou em uma casa grande, o quarto é enorme, a cama é confortável, estou na Aldeia dos Vitoriosos. Me mexo na cama tentando não acordar Alice que já vira sorrindo

— Que bom que você está bem!

— O que está acontecendo comigo?

— Você sofreu muitos machucados, alguns médicos ficaram desesperados, os habitantes da Capital estão com medo de perder seu vitorioso.

— E você? Está com medo de me perder?

— Haymitch...

— Alice!

— O que você fez, é complicado. Estão falando que a Capital pode de punir de qualquer maneira que quiserem. Mas eu não vou te perder, não de novo!

Alice me beija e me ajuda a levantar da cama, meu irmão e minha mãe estão na enorme sala, onde tem uma televisão para verem as notícias de Panem e o que a Capital querer transmitir. Abraço meu irmão com força

— Ei pequeno, está tudo bem tá?

— Ele balança a cabeça e continua me abraçando. Minha mãe começa a chorar

— Que bom que você está bem, fiquei tão preocupada com você.

— Eu estou bem mãe.

— Tem alguém que veio te ver Haymitch.

— Quem?

Na cozinha vejo um homem, cabelos quase brancos, um pouco fora do peso, Presidente Snow.

— Presidente Snow.

— Você está aí Sr. Abernathy – diz ele. — Me siga.

Tento acompanhar ele com muita dor, mas balanço a cabeça para Alice que eu consigo ir.

— Sua ação pode ter várias reações.

— Que ação Senhor?

— Na arena, seu grande truque com o campo de força.

— E... Eu não pensei – digo gaguejando.

— Então na próxima vez pense, se tiver próxima vez – diz Presidente Snow tomando um pouco do seu vinho. — Muitas pessoas na Capital dizem que isso foi uma ação para me provocar, de rebeldia, eles estão certos Sr. Abernathy?

— N... Não! - digo nervoso. — Senhor, eu apenas quis sobreviver.

— As coisas não são tão simples – diz Presidente Snow encostando em meu ombro. — Sr. Abernathy a Turnê dos Vitoriosos começa hoje, acho melhor você correr.

Presidente Snow sai da sala e em alguns segundos Pount chega falando de vários horários e minha equipe de preparação começa me tirar da Vila. Vejo Alice correndo para porta.

— Eu vou voltar – digo.

— Eu te amo Haymitch!

— Eu também te amo Alice!

Os Pacificadores me tiram rapidamente da Vila, não sei se Alice conseguira ouvir. Primeiro o Distrito 12, até o Distrito 1, uma viagem que não parece ter fim, minha equipe de preparação conversa sobre tudo, enquanto isso Pount me dá alguns papéis para ler aos familiares dos tributos que morreram, 47 tributos. Não sei se vou conseguir.

Antes de anoitecer a praça no Distrito 12 está lotada então me liberam para poder falar, leio os papéis que Pount me dera, tendo medo de olhar para família de Maysilee, o que eu iria falar? Que eu fracassei? Que eu não consegui salvá-la? Termino o discurso com algumas lágrimas e quando termino a última palavra alguns Pacificadores já me puxam de volta, me carregam rapidamente para o vagão, tento me libertar, mas não consigo, eles me prendem em um quarto e a viagem começa.

Aquilo tudo que o Presidente Snow fizera fora uma ameaça, minha família agora deve estar desesperada ao pensar que podem me perder de novo. Pount entra no meu quarto

— Eu sinto muito Haymitch, mas foram ordens.

— Eu entendo.

— Depois de você ter ficado quase uma semana desmaiado eles estavam com pressa.

— Uma semana?

Fico surpreso.

— Sim, todos acharam que você não iria conseguir sobreviver, mas aqui você está – diz Pount sorrindo.

— Obrigado por tudo!

— De nada Haymitch, boa viagem.

Chegamos no Distrito 11 e a história se repete, o medo de olhar para mais um tributo que eu provavelmente assassinei e em todos Distritos isso acontece. Em meio as viagens consigo assistir algumas coisas na televisão do meu quarto e consegui ver a última cena da arena, eu tive convulsões enquanto Heloise tentava estacar o sangue do seu olho, enquanto isso o machado ela estava voltando e quando voltou sua última reação foi de desespero, o machado entrou em seu crânio, sangue voara nas câmeras e o sinal foi desligado a partir deste momento.

No Distrito 1 vejo a família de Heloise, eles não parecem estar tristes, mas felizes, não entendo como, a ideia de perder um filho deve ser traumatizante, menos para os Distritos dos carreiristas que acham que foi algo bom, uma visão ignorante da realidade.

Para finalizar a Turnê chegamos a Capital, minha equipe de preparação dobra tudo, mais maquiagem, mais roupas coloridas, mas recuso as roupas e fico com umas simples. Já na hora do desfile as lembranças me pegam desprevenido, é como se eu pudesse me ver e todos os outros tributos na hora do Desfile. Porém, desta vez estou em um tipo de palanque, em destaque, Presidente Snow está a alguns minutos falando sobre como os Jogos Vorazes são importante para Panem, então o discurso acaba e o Presidente Snow pega uma coroa de ouro e coloca sobre minha cabeça, me levanto e um Avox levanta meu braço direito, a população da Capital que lota todos os locais gritam meu nome, aplaudem, jogam flores, lenços coloridos e então Presidente Snow vira para mim e sussurra em meu ouvido:

— Toda ação gera uma reação na qual as pessoas não estão preparadas para encará-las.


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Notas finais do capítulo

Achou algum erro? Me mande pelos comentários.
O que achou do capítulo? Me conte pelos comentários.

Infelizmente esse é o penúltimo capítulo e o último irá sair essa sexta-feira.

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