Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 21
O grande final


Notas iniciais do capítulo

Maysilee e Haymitch até o fim?



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— Você contou na noite passada? - pergunto.

— Contei o que?

— O número de tributos mortos, estou curioso.

— Oito ou nove no caso da gente quebrar a aliança - Maysilee diz em um tom irônico e sarcástico.

Fico imaginando quantos precisaremos matar para conseguir nosso objetivo, fazer a diversão da Capital.

— Precisamos ir, não temos tempo para descansar. Pegue as tigelas com a água de chuva que irei juntar os suprimentos nas mochilas.

— Tudo bem Haymitch, mas até quando vamos continuar?

— Até o final da arena, já disse.

— E se não tiver final? E se a gente tiver andando em círculos?

— Nós não estamos tá? - respondo com raiva.

Maysilee limpa as mãos com a gordura da ave na calça e se levanta esbarrando em meu ombro, não sei o que fiz de errado, estamos lutando, tentando sobreviver, ela disse que queria vir comigo e por quê está duvidando apenas agora de minha tática? Sem respostas as minhas perguntas percebo que estou olhando para o vazio e perdendo tempo, coloco o resto da ave em pequenas tigelas que temos, Maysilee conseguiu encher uma garrafa de água com a pouca chuva que teve na madrugada, porém já é o suficiente.

— Preciso ir ver uma armadilha que deixei na floresta - digo.

— Tudo bem, eu faço isso.

Maysilee pega a faca em meu bolso e vai em direção a floresta, apago as pequenas chamas da fogueira que ainda queimavam e sento no chão para esperar Maysilee. Hoje o dia está mais abafado que de costume, o sol está forte e tomo alguns goles da água, economizando para Maysilee também satisfazer sua cede. Alguns minutos passam e Maysilee ainda não chegara, começo a ficar preocupado e largo as mochilas no chão e entro na floresta.

— Maysilee? - grito. — Se foi algo que eu disse me desculpe Maysilee, mas nós temos que continuar!

Nada, nenhuma resposta, fico como um bobo esperando algo me responder, porém a floresta continua calma, os pássaros continuam cantando e Maysilee sumira. No entanto, tudo se cala quando ouço um canhão, dois, três.

— Maysilee? - grito com mais força.

Estou desesperado, correndo e gritando por seu nome, agarro a faca em minha mão esperando pelo o pior que possa ver.

— Apareça Maysilee!

Ouço mais uma canhão, quatro mortos, meu coração bate rápido, mais forte que o som do canhão, as lágrimas já começam escorrer por meus olhos e Maysilee aparece correndo gritando por meu nome na floresta.

— Haymitch!

Abraço Maysilee aliviado por ela está bem.

— E... Eu achei que você tinha morrido. - diz ela.

— Você está bem? - pergunto.

— Sim.

Vejo em sua mão um pequeno lagarto que a armadilha deve ter pegado.

— Vamos, deixa a armadilha lá, não iremos precisar - digo abraçando ela com tanta força que posso sentir seu coração pulando no mesmo ritmo que o meu.

Pegamos nossas mochilas, estou suado e cansado pelo momento de desespero, estou querendo descansar, mas não posso, nós não podemos, eu e Maysilee ainda precisamos cumprir nossa tática.

— Menos quatro - diz Maysilee sorrindo para mim.

— Menos quatro - repito devolvendo um sorriso para ela.

Mesmo cansados eu e Maysilee continuamos andando em linha reta pela floresta, a ideia de estarmos andando em círculos fez com que a cada 100 passos eu marcasse no tronco de uma árvore as iniciais do meu nome H e A, Haymitch Abernathy esteve aqui.

O sol sobre nossas cabeças faz com que eu fique tonto, se alguém me empurrar irei cair no chão, a floresta não está mais protegendo nossa cabeça, os troncos ficaram menores e as árvores ficam cada vez menores nessa parte da arena.

— Preci... Preciso descansar - digo pra Maysilee engolindo em seco as palavras de que eu possa estar desidratado.

Maysilee vem até mim e coloca sua mão em minha testa.

— Você está quente, precisa tomar remédio.

— Não, estes suprimentos são os seus!

— Nós somos uma equipe, beba! - ordena ela.

Maysilee coloca uma cápsula em minha boca que se dissolve ao entrar em contato com minha língua, o sabor é amargo, Maysilee me coloca em uma árvore e me faz beber um pouco de água.

— Você também precisa beber - digo.

— Mas você não pode ficar desidratado, eu não posso ir sem você, beba.

Me recuso beber o resto da água, me sento fraco e dependente de alguém para viver, estou sentindo que este é meu fim, Maysilee não pode ficar parada, não comigo, não cuidando de um doente, ela precisa continuar.

— Você precisa ir, antes que alguém encontre nós dois.

— Você é teimoso demais, você ainda não se tocou? Devemos ser os tributos com mais suprimentos, suprimentos da Capital Haymitch, você vai ficar bem até o final do dia, apenas descanse.

Fico olhando para Maysilee até meus olhos se fecharem. Em meu pesadelo, vi Heloise decapitando Maysilee e cortando minha garganta calmamente neste ponto onde estou, nesta árvore, com meu sangue ela escrevera

— Eu ganhei.

Heloise gritava sem parar

— Eu ganhei.

Acordei com o som de mais um canhão, já era noite, Maysilee estava acordada comendo um pedaço do lagarto, ela olha para mim e sorri

— Você está melhor.

— Precisamos ir, agora.

— O que foi Haymitch? Agora está a noite, não pode...

Antes dela terminar me levantei assustado, com medo da morte, com medo de Heloise, tentei me levantar em uma ação falha e cai sobre a árvore.

— Você precisa comer, está fraco.

As lágrimas começam a roçar minhas bochechas

— Por favor Maysilee, vamos, eu não quero te perder, eu não quero perder os Jogos.

Maysilee não pergunta nada e me ajuda a levantar, como alguns biscoitos.

— Você está melhor, mas seu corpo precisa descansar.

— Maysilee, por favor.

Maysilee olha em meus olhos e não reluta em fica no local, olho para trás me certificando que não há nada escrito com sangue naquela árvore e me sinto aliviado.

— Um dos efeitos do remédio deve ser alucinação - digo.

— O importante é que você está bem, vamos.

Cinco mortos em menos de vinte e quatro horas, os Idealizadores estão querendo acabar com os Jogos.

Maysilee termina de beber a garrafa com água e fico preocupado, as chuvas aconteciam geralmente na madrugada e nesta madrugada estamos tentando fugir, o próximo dia será longo.

Continuamos andando pela floresta escura, nada se move, não há barulhos, está um silêncio suspeito. Sinto algumas gotas de água caindo sobre meu cabelo e vejo que irá chover.

— Precisamos desta água, pegue as garrafas - ordeno Maysilee.

Maysilee tira duas garrafas de sua mochila e me da um, miramos as garrafas para o ar e tentamos beber um pouco de água abrindo a boca no meio daquela chuva.

— Não vamos conseguir deste jeito - grita Maysilee com o som da chuva abafando sua voz.

Seguro na mão da Maysilee e guio nós dois até uma árvore maior em nossa frente, não podemos ficar debaixo de chuva ou iremos perder mais vitalidade e para piorar estamos encharcados e com as garrafas quase sem água.

— As folhas - grita Maysilee escalando a árvore.

Maysilee inclina uma folha grande com um estoque de água na sua superfície, ela começa a rir. Conseguimos encher um pouco as garrafas, as folhas das árvores pela região não são grandes ao contrário do começo da floresta onde as árvores eram gigantes e o sol não conseguia atravessar as enormes folhas e galhos que se formavam em nossa cabeça.

A madrugada parece já estar acabando, o dia começa a clarear e pergunto para Maysilee quanto tempo fiquei adormecido.

— Entre dez e doze horas.

Fico assustado e preocupado com o tempo que eu fiz a gente perder, provavelmente mais tributos devem ter chegado a campina ou á floresta, os dois únicos lugares mais seguros da arena. Uma parte da arena explodiu, floresta com bestantes, campina com vários tributos, os Idealizadores pensaram em tudo, nós manipularam até em nossas escolhas.

Maysilee e eu paramos para comer o resto dos biscoitos com carne de lagarto e beber um pouco da água, estamos saudáveis, fortes e confiantes, continuamos a andar em linha reta, e minhas iniciais marcavam isso.

— São só mais três, nós podemos - digo olhando para Maysilee que apenas responde mexendo sua cabeça positivamente.

Um dos três tributos que ainda estão vivendo além de mim e Maysilee é Heloise, a garota que me surpreendeu desde o começo dos Jogos, imagino que ela deve ter milhares de patrocinadores neste momento, além de bonita é mortífera e forte.

— Haymitch, temos um problema - diz Maysilee apontando para uma cerca enorme fazendo uma divisão na arena.

A floresta termina e em apenas alguns metros uma cerca sem fim para os lados esconde algo. A cerca é alta, poderíamos facilmente subir em uma das árvores e tentar pular, porém a queda seria trágica. Maysilee no momento está jogada no chão, revirando a sua mochila.

Jogo minha faca na cerca, nada acontece. Pego minha faca e tento pensar em fazer algo.

— Me dê sua mochila Haymitch, está nela - diz Maysilee.

Retiro minha mochila e jogo para Maysilee sem dar muita atenção, este é o final da arena, não vamos conseguir atravessar isso.

— Aqui Haymitch, um lança-chamas!

Maysilee entrega a arma em minhas mãos e fico paralisado com aquela arma.

— Por... Por que você não me falou disso? - pergunto.

— Encontrei na mochila do Maik, fiquei com medo, achei que era uma armadilha, algo para sacanear um dos tributos, fazer ele explodir ao tentar usá-la, mas talvez ela possa ter uma função.

Olho para a arma toda prateada, será que Maik conseguira com um patrocínio? Está arma deve ser muito cara, nenhum Idealizador iria colocar está arma do Banho de Sangue, seria injusta e totalmente sem emoção para os ignorantes da Capital verem tributos morrendo queimados.

— Vamos testar essa belezinha - digo clicando em um botão em cima da arma que lança uma enorme cortina de chamas sobre a cerca que parece que irá derreter sobre nós.

Maysilee está distante da arma, com medo, apreensiva, porém parece estar dando certo, Maysilee está sorrindo e comemorando, a cerca começa a se dissolver pelo chão e conseguimos fazer um buraco nela.

Largo a arma no chão, pego minha mochila e chamo Maysilee, estamos correndo para ver o que há no outro lado da cerca e apenas encontramos um lugar sem árvores, um local pequeno e plano com gramas no chão e algumas pedras que só acaba num penhasco. Vou até a borda do penhasco e vejo pedras pontudas, chegamos aqui em vão, não há nada além disso.

— Isso é tudo, Haymitch. Vamos voltar - diz Maysilee.

— Não, vou ficar aqui.

— Tudo bem. Só restam cinco de nós. Acho que vou me despedir de você agora. — Não quero que sejamos os próximos.

— Tudo bem - concordo.

Maysilee se afasta e vai embora, fico parado, paralisado por tudo que aconteceu naquele momento, caminho ao longo da borda do penhasco tentando descobrir algo, tem que ter alguma coisa. Chuto uma pequena pedra que caí no abismo sem fim, sento no chão querendo matar todos, querendo me matar. Estou cansado e tudo que fiz até aqui foi em vão, não consegui nada.

No entanto, uma pequena esperança surge em meus olhos quando a pedrinha volta voando para meu lado. Olho para a pedra, sem entender o que acontecera, e então começo a entender aquilo, pego uma pedra do tamanho do meu punho e jogo no penhasco e espero, depois de alguns segundo a pedra volta voando e consigo pegar ela com minha mão, estou rindo.

Contudo, ouço gritos, não são só gritos, é a Maysilee gritando. Começo a correr atrás dela, procurando seus gritos, passo a cerca correndo e vejo Maysilee no chão, um bando de pássaros cor-de-rosa com bicos longos e finos despedaçando o pescoço de Maysilee. Corro até Maysilee e seguro sua mão, Maysilee está coberta de sangue e seu olhar começa a se perder do meu.

— Não Maysilee, eu descobri. Você precisa lutar, você precisa ficar.

Lágrimas atravessam meu rosto, Maysilee balança negativamente e seu olho começa a se fechar.

— Não, por favor, não me abandone Maysilee!

Os olhos de Maysilee se fecham, eu a perdi. Me levanto, sem saber o que fazer, desorientado. Ouço o canhão e volto correndo para o penhasco, estou no chão chorando, desesperado, eu não consegui salvar Maysilee, eu cheguei atrasado, se eu tivesse feito ela esperar, se eu não tivesse deixado ela ir, se eu não tivesse rompido a Aliança. Agora tudo é passado.


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Notas finais do capítulo

Achou algum erro? Me mande pelos comentários.
O que achou do capítulo? Me conte pelos comentários.

A fanfic está chegando no fim, posso adiantar que tem apenas mais 2 capítulos que já estão escritos, espero que vocês gostem e deixem um feedback maior nesta reta final.

Obrigado a todos que acompanham minha Fanfic e não esqueçam de deixar seu Feedback comentando, recomendando e favoritando a fanfic. Não se esqueça também de compartilhar no Facebook e no Twitter. Tem Twitter? Me siga: @BatataReal.

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