Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 15
Capítulo 15 - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Galera, obrigada por lerem meu hot e me apoiarem. Sério. E por terem acompanhado a fic até aqui; já estamos em 2/3 da história e vocês aí, pacientemente HUAEHUAEHUA Obrigaaaada!
E obrigada pela recomendação gatíssma, Larissa!



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Desnecessário dizer que dormimos pouco naquela noite. Abro os olhos e procuro a máquina que Clove provou ser noite passada. Ela não está na Cornucópia, definitivamente. Corro os olhos pelo espaço e só então paro para pensar.

Câmeras.

Pequenas, discretas, ocultas em cada metro quadrado daquela arena. Não sei o que os Idealizadores acharam, mas agora que parei para pensar, isso já deve ter acontecido antes. Desejo que os outros Tributos tenham estado interessantes ontem, porque o que fizemos certamente não foi, não sei bem, apropriado.

Não resisto ao impulso de rir. E de rir muito. A noite com certeza está no topo da minha lista mental de melhores noites. Espreguiço-me, levanto do chão da Cornucópia e olho em volta enquanto visto as calças e a camisa. Quando saio, Clove está vestindo minha jaqueta, que desce até metade de sua coxa. Observo o cabelo molhado e percebo que suas roupas estão estendidas sobre uma pedra, secando ao lado do lago. Deduzo que ela está acordada há mais tempo, uma vez que ela checa as roupas e percebe que estão secas.

Ou talvez estivessem apenas suadas, sorrio.

Antes que me aproxime dela, alguma coisa que reluz chama minha atenção, vindo da direita. Ando um pouco e só então percebo que se trata de um pequeno pára-quedas prateado, no qual está preso um embrulho que cabe no centro da palma de minha mão.

Pego o pequeno objeto e examino. Está coberto de orvalho, o que significa que esteve ali a madrugada inteira. Sorrio. É o meu primeiro presente de um patrocinador.

Tomo a liberdade de chamá-lo de “presente” porque nós Carreiristas não costumamos receber comida, água ou outros artigos de sobrevivência. Geralmente são mimos ou incentivos de nossos patrocinadores, ou em alguns casos, remédios para tratar ferimentos mais graves – remédios não existentes entre os vários da Cornucópia.

O embrulho é extremamente pequeno, então não pode ser uma roupa especial. Uma vez um garoto ganhou uma armadura de um tecido tão flexível que me fez gastar meses tentando recriar o material. Impossível. Veio dos melhores laboratórios da Capital.

Desenrolo o embrulho com um cuidado excessivo e quando o abro, tenho cuidado para não deixá-lo cair. Meu corpo treme tanto com as risadas que tenho quase certeza de que pareço um retardado.

Preservativos. Eles me mandaram preservativos.

Quando retorno para onde posso ver o lago, Clove já está vestida com a calça, mas ainda usa minha jaqueta. Vejo a blusa em sua mão.

– Esperava poder tirar a jaqueta eu mesmo – digo quando me aproximo. Ela se vira e ri, erguendo uma sobrancelha.

– O que você estava fazendo atrás do chifre?

Lembro subitamente do pequeno pacote em meu bolso.

– Um brilho me atraiu e fui ver o que era – tento desconversar.

– E o que era?

– Nada demais.

Ela estreita os olhos.

– O que tinha lá, Cato?

– Ah! Pra que você quer tanto saber?

– Você também recebeu um presente de patrocinador, não foi?

Como ela poderia saber?

– Por quê? Você recebeu alguma coisa também? – Procuro um embrulho em suas mãos, mas vejo apenas a camiseta de malha embolada.

Ela dá de ombros.

– Talvez. Não sei se pra mim ou pra você, a propósito.

Então ela recebeu o mesmo que eu? Estou pronto para retirar o embrulho do bolso quando ela começa a desabotoar a jaqueta. E conforme vai desabotoando, percebo que está usando um corselet preto que molda perfeitamente os seios e a cintura. Há uma renda dourada que circula o decote e decora o resto da peça, e quando ela vira de lado vejo uma fita preta firmando sua cintura.

– Acho que o presente é nosso – digo, esquecendo-me até do conteúdo em meu bolso.

– Certo. – Ela desliza a camiseta verde por cima do corselet. – Vamos comer e depois caçar?

E então, depois de voltar ao acampamento e ter uma refeição tranqüila, nos armamos e nos embrenhamos na floresta.

As coisas estão absurdamente tranqüilas, o que me deixa irritado.

– Tem que ter alguém – digo em voz baixa.

– Quem quer que tenha sobrevivido, com certeza não sobreviveu por ficar zanzando pela floresta quando há Carreiristas por perto – ela diz, seca.

Concordo e continuo andando.

– Quem sobrou? Que você se lembre?

– Eu, você, uma ruiva do Cinco, eu acho, o grandão do Onze e os dois do Doze.

– A garota do Doze – corrijo.

– O garoto não morreu, Cato. Pelo menos não ainda.

E a idéia de repente me perturba até que relembro a espada cravada em sua coxa esquerda. Não, ele não representa uma ameaça.

Seguimos em um semicírculo até voltarmos para o lago e para o acampamento, sem sucesso. Passa do meio dia quando passamos em frente a um tipo de vale. A vegetação ali é de baixa, mas em compensação imagino se ela não seria um esconderijo perfeito. Consigo identificar alguns grãos – que escondem, mas não são difíceis de atravessar.

Penso em cobras, areia movediça e outras coisas do gênero quando observo a vegetação que vai até a altura de meus ombros. O campo parece se estender muito além do que consigo enxergar. Nunca havia lhe dado atenção até agora.

– É território do Onze – Clove diz, observando minhas sobrancelhas se arquearem. – Não o vi desde o início do Jogo, mas sei que ele está aí. Provavelmente há uma fonte de água, ou então o teríamos pegado no nosso lago ou naquele riacho.

Analiso sua fala. As informações são bem posicionadas e conferem. Ainda assim, continuo observando a vegetação. Se alguém atirasse uma lança por entre ela, eu provavelmente não veria.

– Quer tentar encontrá-lo? – ela pergunta, e me sinto um pouco mais desprotegido em relação à arena. Temos uma garota que sabe usar arco e flecha, um garoto do meu tamanho, uma garota ruiva que eu nunca nem sequer vi e um garoto – que insisto não ter condições para nos ferir – que é bom com uma faca. O que quer que façamos agora terá de ser feito com o dobro do cuidado anterior.

– Talvez amanhã – respondo quando o céu começa a mudar de avermelhado para um lilás claro, anunciando o início da noite.

Ela assente e descemos mais uns quilômetros até nosso acampamento usual. Quando faço qualquer referência ao corselet que sei que ela está usando por baixo da camiseta, ela simplesmente torce o nariz e sei que insistir pode me causar uma discussão.

Garotas.

Não importa se no Distrito 2 ou numa arena à beira da morte. Quando torcem o nariz para algum pedido do gênero, entendo que é melhor parar para manter a integridade dos meus ouvidos.

Descansamos um pouco e saímos para caçar à noite, com óculos de visão noturna. Os óculos são ótimos, mas tudo na floresta parece ganhar novas proporções durante a noite. As árvores parecem se contorcer entre animais possivelmente perigosos. Sendo assim, decidimos voltar uma ou duas horas depois que escurece.



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Notas finais do capítulo

Patrocinadores legais esses, não? HAUEHAUEHAU
Beijosss!