Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

O tempo da escola de Sarah está um pouco confuso, me desculpem por isso. Eu precisava que fosse assim para que a fic desse certo.



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Ethan escolheu Carlie, sei disso porque eles estavam andando abraçados pelos corredores e foram juntos ao baile, no qual eu nem me prestei a comparecer. Holly e Kate me garantiram que todos aqueles abraços não queriam dizer nada, ninguém tinha os visto aos beijos, mas eu não acreditei nelas. Passadas as semanas de provas, o mês se arrastou lentamente. Teríamos uma semana para curtir o fim do semestre com nossas famílias dali a alguns dias, mas eu não estava tão empolgada. Decorações se amontoavam nos cantos e o comitê de decorações fez com que flores gigantes feitas de madeiras “flutuassem” sobre nossas cabeças enquanto andávamos nos corredores. Aliviadas por termos ido bem o suficiente nas provas para que nada nos prendesse ao comitê de decoração ou às lideres de torcida, saíamos toda a tarde e íamos tomar café próximo à praia. Gravamos mais alguns vídeos e logo eu passei a dar entrevistas por vídeo conferência.

                A situação em minha casa só piorava conforme a barriga de minha irmã crescia e ela me ligou algumas vezes depois disso, mas eu me recusei a atender. Meu avô ligou para meu pai e eles ficaram falando sobre uns assuntos aleatórios dos quais eu não entendia porcaria nenhuma, mas acabei descobrindo que Jacob vai forçar Seth a assumir a paternidade. A seventeen fez uma entrevista com minha irmã na qual eles comentavam o que eu disse naquela entrevista para o blog, minha irmã apenas resumiu tudo dizendo que eu estava magoada e que ela havia me decepcionado muito, mas que não se arrependia. Lembro que joguei a revista no fogo depois de lê-la e devorei um pote inteiro de sorvete. Mas aos poucos as coisas foram se acalmando em Forks e eu passei a me considerar uma cidadã. Chamar Jacob de tio agora me parecia normal e eu acabei ficando muito próxima da Srta. Cullen.

                Renesmee era uma pessoa muito legal e, apesar de ainda estar abalada com a morte de Charlie e de nos ferrar em todas as provas que fazia, eu me sentia bem ao seu lado e, de alguma forma, sabia que o mesmo acontecia com ela.

-Pensei em pegar um livro com você depois da aula.- Disse à minha professora.- Você disse que a melhor coisa que eu poderia fazer quando estava triste e entediada era ler, então eu resolvi testar sua teoria.

                Renesmee sorriu para mim, minha aula já havia acabado há algum tempo e eu já devia estar a caminho de casa.

-Minha mãe e meu pai estão em casa hoje.- Disse simplesmente, eu ia dizer alguma coisa sobre eu entender o fato de ela não me querer por perto quando ela continuou.- Acho que seria bom para nós ter a companhia de uma neta de Billy Black à mesa. Eu posso te emprestar alguns livros depois disso.- Eu sorri para ela.- Sei que seu avô não está em casa e temos alerta de tempestade, não acho que seria uma boa você ficar sozinha em casa.

                Eu assenti, muito grata por seu convite.

-Bom, sendo assim...-eu digo, e depois solto uma gargalhada.- Vamos.

                O caminho até a casa de Renesmee é silencioso e tranquilo, nenhuma de nós fala nada. Eu aprecio a vista e ela se concentra na estrada. As árvores passam por nós como um borrão e depois de alguns minutos ela estaciona em frente a uma mansão. Eu paro e fico encarando de boca aberta. Já entrei em várias mansões, mas nenhuma delas me pareceu tão aconchegante quanto aquela. A casa deve ter, pelo menos, uns quinze quartos e é enorme e bem clara. Vidros cercam quase toda a parte frontal e dá para ver uma mulher descendo as escadas. Iria perguntar se eles não se sentem expostos, mas a verdade é que não há ninguém morando em quilômetros e, se não se estiver prestando muita atenção, não se vê a pequena estrada que leva até lá. Eu abro a porta do carro e mordo o lábio quando a mulher que estava nas escadas há pouco tempo abre a porta e começa a caminhar em nossa direção. Ela é bem nova e mais parece a irmã de Renesmee, mas todos na cidade sabem que ela é filha única. Então suponho que é sua mãe.

-Nessie, vejo que tem companhia- Ela diz depois de abraçar a filha.- Eu sou Isabella, mas todos me chamam de Bella.- fala, quando se vira para mim.

                Eu sorrio para a mulher à minha frente, ela e Renesmee são bem parecidas, mas os cabelos de Bella são castanhos.

-Sou Sarah Black, neta de Billy.-digo e seu sorriso vacila, ela olha de relance para a filha.

-Filha de Rebecca, tenho certeza que você lembra dela.- Minha professora diz, o sorriso de Bella volta completamente.

-Sim, eu me lembro de Becca.-responde, começando a nos guiar para dentro. Me pegunto qual seria o motivo de seu sorriso ter vacilado.

                O interior da casa é altamente luxuoso, mas não tenho muito tempo para ficar admirando. Bella me guia até a sala de jantar, onde um homem tão jovem quanto Bella já está sentado à mesa. Ele se levanta quando nos vê e estende sua mão para mim.

-Sou Edward- Ele diz-, pai de Renesmee. Você deve ser a neta de Billy.- Eu assinto com a cabeça e ele sorri um pouco.- Seu avô me falou sobre você durante sua última consulta, ele gosta muito de você.

                Eu coro um pouco, mas me sinto lisonjeada.

-Que bom, porque eu também gosto muito dele-Respondo.

                Bella gesticula para que eu me sente e me serve um pouco de cada comida, todos parecem felizes com a companhia. Minha professora enrola os cabelos e os joga por trás dos ombros, deixando seu pescoço fino bem exposto. Há um colar em seu pescoço, um colar igual ao que ganhei de meu pai há muitos anos e continuo usando desde então. Ela percebe meu olhar e sorri, colocando-o para dentro da blusa.

-Lembrança de um antigo namorado.- Fala, em seguida enfiando massa em sua boca.

                Eu começo a comer calmamente e percebo que há muito tempo tenho estado longe de um ambiente familiar, conforme vou mastigando a comida, percebo que este lugar não me é estranho. Como se eu já tivesse estado aqui antes. Quero iniciar uma conversa, mas não sei o que dizer. As palavras simplesmente resolveram sumir de meu cérebro e então eu me forço a calar a boca, não quero dizer besteira.

-Então- Edward começa-, você gosta de chuva?- Bella, que está sentada ao seu lado, sorri como se lembrasse de algo.

                Eu engulo a comida e olho para ele, um sorriso fraco brinca em seus lábios.

-Na verdade não- Digo, o que arranca risadas de todos, inclusive de mim.

-Então o que faz em uma cidade como Forks?-Seu tom é educado, mas a curiosidade fica evidente.

                Eu mordo a parte interna da bochecha e começo a brincar com a comida que ainda está em meu prato, distraída.

-Bem, eu me meti em encrenca- respondo.- Deixei meu pai furioso e ele me mandou para cá, disse que eu preciso ficar um tempo com meu avô. Minha mãe não queria que eu viesse, mas meu pai tem o pulso firme e eu o desafiei. Acho que foi melhor assim, a situação na minha casa era complicada.

                Renesmee me observa, há compreensão em seu olhar.

-Meu avô ficou feliz em me receber, então acho que não estou incomodando tanto.- Tento sorrir, mas sai como uma careta.- De qualquer forma, me acostumei com a chuva.

                Edward assente e voltamos a comer, ele conversam aleatoriamente, mas sem me excluir. Edward e Bella conversam sobre os negócios da família, ao que me parece, é ela quem administra tudo. Renesmee entra na conversa apenas vez que outra e me conta sobre os cosméticos que eles produzem, falando sobre como era estranho para ela quando era adolescente. Isso me faz rir. Ela também me conta que ela não mora na mansão, há um chalé mais para dentro da floresta onde é realmente sua casa, mas ela faz companhia para os pais porque tudo ficou meio vazio quando o resto da família se mudou.

-O plano era fazer uma casa onde toda a família morasse junta, mas as coisas não deram certo.- Disse, enquanto estávamos caminhando até a sua casa, logo depois do almoço.- Meus tios e meus avós se mudaram para longe, eles gostam muito de viajar e tem dinheiro suficiente para gastar em qualquer coisa. Meus pais deram um bom dinheiro à todos pelas ações que cada um tinha da empresa, então agora vivemos bem.

                O chalé em que ela mora é perfeito e bem mais aconchegante que a casa, também sinto como se estivesse em casa. Ela entra e acende a luz, me deixando quase cega com a claridade. Eu observo o ambiente ao meu redor, há um toque de sofisticação e antiguidade em tudo e eu fico admirada. O lugar me lembra meu antigo quarto. Um sofá de três lugares enorme fica bem no meio da sala e há um abajur alto à sua direita. Poltronas de leitura estão posicionadas em ambos os lados e há uma estante de mogno repleta de livros ao fundo. O tapete é bege e macio e combina perfeitamente com o piso de madeira. Uma televisão de tela plana está fixada em uma parede de pedra, à frente do sofá, e ela é enorme.

                A cozinha e a sala são juntas e apenas alguns degraus delimitam os limites de cada uma. Dois degraus mais alta que a sala, a cozinha se ergue em toda a sua glória. Está tudo tão brilhante e impecável que eu me sinto como em um filme, mas sei que não estou. Há uma porta do lado direito da sala, logo depois da estante, e um longo corredor segue à esquerda.

-É perfeito.- Sussurro para mim mesma, o que faz minha professora rir.

-Sim, é um lugar legal- Diz.- Venha.- E então começa a caminhar até o corredor.

                O corredor era escuro e cheio de retratos na parede, apesar do breu, pude ver uma foto onde meu pai aparece, ele está abraçando Renesmee. Paro de andar imediatamente. Eles não estão se abraçando como se fossem amigos ou apenas conhecidos, eu conheço o jeito que ele envolve a cintura dela e sorri. Eles estão abraçados como...como namorados. Meus olhos se arregalam e eu fito minha professora, que parou a menos de um metro à minha frente. Ela ainda encara a fotografia e toca o colar que está usando no pescoço.

-Como eu disse, antigo namorado.- murmura, ela ainda parece um pouco magoada. Sem perceber, puxo meu colar para fora da camiseta e o deixo a mostra.

                Queria ficar ali e obriga-la a me explicar tudo sobre seu namoro, mas ela continua andando. Agora sei porque o sorriso de Bella vacilou quando ouviu meu sobrenome, Jacob partiu o coração de sua filha. E Renesmee ainda o amava, pelo menos era o que aparentava. Por isso ela não se casou. Por isso não teve filhos.

                Sigo-a até seu quarto, ela está sentada na cama e olhando para frente, onde há uma estante de livros.

-Escolha qualquer um, mas tome cuidado, eles são meus favoritos.- Eu concordo com a cabeça e caminho até alcançar a outra extremidade do quarto.

                Passo meus livros cuidadosamente sobre as laterais dos livros e sorrio, momentaneamente me esquecendo dos problemas. Toco em todos com a ponta dos dedos, como se estivesse me apresentando e, depois de um segundo de hesitação, retiro um livro da estante. Peter Pan. É um exemplar branco e de capa dura, há um desenho de Sininho na lateral. Eu dou um sorriso. Uma vez, quando ainda era bem pequena, sonhei que alguém lia um livro assim para mim. Era uma mulher de voz suave e seus cabelos eram compridos, mas estava escuro demais para que eu pudesse ver a cor. Meu pai estava atrás dela e lhe segurava os ombros, sorrindo. Elizabeth estava deitada ao meu lado e eu segurava sua mão pequena, nossos dedos estavam entrelaçados. A mulher à nossa frente estava grávida. Grávida de Sarabella.

                Tenho que limpar uma lágrima que escorre de meu olho, o sonho ainda está muito claro em minha mente, como a lembrança de algo que fiz há poucos dias e que ainda não começou a se apagar. Pego mais um livro qualquer, sem realmente prestar atenção no título, e me viro para Renesmee. Ela está segurando um porta-retratos e o olha com tanto carinho e dor que meu coração se aperta. Sento-me cautelosamente ao seu lado e o espio. Nele, duas garotinhas pequenas estão sentadas e abraçadas e ela está sentada ao lado delas, com a barriga enorme. Tento controlar minha cara de espanto, não sabia que minha professora tinha filhos.

-Não sabia que você tinha filhos-Digo, antes que consiga me controlar. Ela sorri tristemente e eu tenho vontade de socar meu próprio queixo por entristecê-la.

-Eu não tenho- sussurra, limpando as lágrimas- Bem, não comigo. Mas isso é pessoal.

                Eu assinto, tentando mostrar que compreendo. No entanto, aquelas meninas parecem cruelmente familiares para mim, assim como tudo aqui. Lá fora, a chuva começa cair em torrentes. Chuvas assim costumam durar horas e agora sei que ficarei na casa de minha professora por mais um bom tempo.

-Posso...-eu começo, sem ter certeza se devo perguntar o que quero ou não. Ela ergue os olhos na minha direção-Posso perguntar o nome delas? Elas são lindas- Estou constrangida e sem jeito, mas minha professora não percebe.

                Ela então suspira e sorri fraco para mim.

-A mais velha se chama Sarah, como você, e o nome da mais nova é Maryella- Arregalo os olhos e ela me encara sem entender.- Sim, o nome é um pouco estranho- Então sorri.- Mas você não precisa ficar tão apavorada.

                Eu discordo com a cabeça, mantendo meus olhos abaixados.

-Preciso, sim, Srta. Cullen- E então ergo meu olhar.- Porque Maryella é o nome da minha irmã.


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Notas finais do capítulo

Então Leah nunca foi a mãe de Sarah, huh?
soaisoaisoaisoia'



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