Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 15
Capítulo 15- Casa vazia




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Duas horas mais tarde, Ethan me largou na porta de casa, onde trocamos beijos quentes e carícias. É, tá. Muito interessante. De qualquer forma, eu não dormi depois daquilo. Não só porque ficava lembrando dos beijos dele e de seus braços a minha volta, nada disso. Eu sabia que teria apenas mais quatro horas antes de Nancy bater em minha porta, avisando que era hora de partir. Não que eu quisesse passar quase vinte e quatro horas dentro de um avião, mas ainda não tinha tudo pronto. Levei algumas fotos de minha amigas e a que eu tirei com Ethan hoje, não estávamos nos beijando na foto, mas isso era irrelevante. Ele nem era meu namorado de verdade.

                Tentei fazer pouco barulho para não acordar meu avô, eu não queria que ele soubesse a hora exata em que estaria partindo porque odiava despedidas. Aparentemente, Nancy não se importa muito com isso. Ela chegou fazendo o maior barulho, batendo palmas e buzinando. Eu queria dar um soco nela por ter que aguentar o olhar triste que meu avô me mandou quando viu que a hora de ir tinha chegado. O lado bom é que despedidas sempre acabam rápido, e de certa forma eu me senti mais confortável quando já estava dentro do avião. Não havia ninguém para me ver ali, só Nancy e os funcionários, mas eu praticamente não os via. Nancy provavelmente teria ficado tagarelando por umas quatro horas, mas ela estava cansada demais e foi dormir. Eu assisti a dois filmes antes de cair no sono, e só acordei doze horas mais tarde.

-Onde a gente está, Nancy?- Perguntei, quando a vi correndo em direção ao banheiro.

                Ela parou abruptamente, como se tivesse sido pega no flagra de uma coisa muito vergonhosa.

-Ah, Lucy, você acordou!- ela mordeu o lábio, algo que só fazia quando estava nervosa.- Tivemos que fazer uma parada algumas horas atrás, acabamos de decolar novamente. Só vamos chegar em Los Angeles amanhã.

                Eu me atirei de volta no assento e fitei o teto, quando olhei de volta na direção de Nancy, ela não estava mais lá. Tinha alcançado o banheiro e sorria como se eu tivesse lhe dado um doce. Nancy não era velha, tinha mais ou menos a idade de meu pai, então ela não precisava que eu ficasse vigiando ela. Não sei se vocês sabem, mas não se tem nada de muito interessante para fazer dentro do avião. Claro que era um avião quase tão bom quanto o do presidente, mas isso não muda muita coisa. Quando eu já estava quase morrendo de tédio, acabei pegando no sono. Dessa vez, só acordei quando pousamos definitivamente.

                Pegamos um carro e nos dirigimos ao centro, o motorista que o dirigia estava vestido como nos filmes e quando ele passou da entrada que levava ao nosso apartamento, eu imaginei se não estava em uma pegadinha da Ellen. Meu pai costumava reclamar do trânsito e das direções complicadas que as ruas seguiam, e logo que nos mudamos para cá fazíamos uma brincadeira contando as ruas que faltavam até nossa casa.

-Nancy, acho que estamos no caminho errado- sussurrei para ela, com medo de ofender o motorista. Eu nunca o vi antes, então provavelmente era um novato. Ela sorriu afetadamente para mim.

-Ah, não, querida- respondeu, mexendo em seu Iphone.- Seu pai comprou uma mansão afastada da cidade. Espere só para ver, é enorme. Eu mesma cuidei da decoração do seu quarto, tem tantas coisa que você precisa...

                Mas aí eu já havia parado de prestar atenção. Meu pai se mudou. A única coisa que me faria feliz seria ver o lugar que cresci, e isso foi tirado de mim. Me senti miserável até o fim da viagem e mal reparei na mansão em que entramos. Sim, ela era enorme e tinha uma cor bege e marrom, totalmente sem graça. Sim, havia uma sala para recepcionar visitas, dois escritórios, salas privativas com aparelhos altamente tecnológicos...Uma mistura perfeita de sofisticação, avareza e mobília clássica. Provavelmente Leah planejou todos os cômodos. Apenas com um olhar de relance, eu já sabia que a casa era grande demais para nós.

                Empregados passavam por mim a todo instante, cumprimentando-me com um aceno de cabeça. Nancy foi explicando o que havia em cada andar. Falou sobre uma sala de dança no segundo andar e o enorme salão no primeiro. Comentou sobre um cômodo especial para mim no terraço e me guiou pelos corredores como se já estivesse acostumada a caminhar por eles.

-Eu ajudei a construir- explicou, o que queria dizer que ela provavelmente se juntou com Leah e as duas conspiraram para gastar o dinheiro de meu pai. Sim, ela deve ter adorado.

                Minha mente viajou para Renesmee e me perguntei se ela seria como Leah, tão dependente do dinheiro como dependia do ar para respirar. Eu esperava que não. Nancy chegou ao corredor do terceiro andar, onde milhares de portas escuras, uma decoração clássica e a péssima iluminação espalhavam calafrios pelo meu corpo. Era o corredor do meu quarto. Imediatamente desejei ter um quarto no primeiro andar, onde tudo era bem iluminado e amplo.

-Alguém está em casa?-perguntei, quando ela me apontou onde era meu quarto e disse que logo trariam as malas para cá.

                Nancy sorriu para mim como se eu fosse uma idiota.

-Todos estão em casa, apesar de o Sr. Clearwater ser o único acordado. São três da manhã- Respondeu.- Quer que eu o chame para avisar que você chegou? Talvez ele lhe faça companhia.

                Eu estremeci, cenas de todas as noites que passei chorando passando atrás de meus olhos.

-Não, mas obrigada, Nancy.

                Ela fez um aceno de desdém.

-Bem, o quarto dele é ao lado do seu, de qualquer maneira.

                E se foi.

                Entrei em meu quarto e tranquei a porta atrás de mim, eu não precisava das malas que tinha trazido, decidi. O quarto á minha frente era azul bebê, minha cor favorita. Apesar de eu e Leah não sermos próximas, convivemos por tempo suficiente para sabermos algumas coisas uma sobre a outra. A decoração, assim como o resto da casa, era clássica, com a exceção dos meus móveis serem todos brancos enquanto os do restante da casa eram de cores variadas. O chão era feito com carpete bege, dando ao quarto um ar de leveza e sofisticação. Pelo canto do olho pude perceber uma sala reservada onde haviam uma Tv enorme e poltronas que pareciam ser muito confortáveis, mas formais demais para meu gosto. O closet ficava na outra extremidade do quarto e seguia o mesmo padrão de tudo. Eu suspirei e me joguei na cama, o colchão balançando abaixo de mim. Colchão d’água King Size.

                Quando fiquei completamente em silêncio pude ouvir bem baixinho uma melodia conhecida, Seth estava ouvindo uma das minhas músicas favoritas. Encostei meu ouvido na parede e a letra logo fez sentido para mim. Ele ouvia Tonight i wanna cry. Eu queria dizer que não senti completamente nada, mas não seria verdade. Eu me sentia triste por Seth e pelo que poderia ter sido, mas eu ainda estava sobre o efeito do feitiço de Ethan, o que me fez querer sorrir mesmo quando algumas lágrimas se espalharam pelo meu rosto. Ouvi fracas batidas na porta e corri para abri-las, mas os entregadores já disparavam pelo corredor. Sussurrando um obrigada, puxei as malas para dentro do quarto e as deitei no chão, despejando todo seu conteúdo ao meu redor.

                Peguei as fotos que havia tirado com minhas amigas e espalhei pelas paredes, colocando com a cola que achei em uma das gavetas. Colei fotos nossas no closet, na sala reservada e no dossel de minha cama, o que me faria lembrar de ligar para elas todo dia. Havia fotos minhas com minha família espalhadas pelo quarto em diversos porta-retratos, não mexi nessas, mas analisei uma em que estávamos eu, Elizabeth e Seth com mais atenção do que eu normalmente faria. Minha irmã havia me traído, o pensamento me atingiu como um soco, mas tentei manter minha dignidade e espantei esses pensamentos. Encontrei cabides vazios no meu closet e os utilizei para pendurar as roupas que havia trazido de Forks. Encontrei o casaco de Ethan no fundo de uma das malas, ele havia me emprestado em nosso último encontro e eu não tinha percebido que havia o trazido comigo.

                Quando tudo estava pronto, eu corri até uma das enormes janelas e puxei as cortinas, revelando o nascer do sol. Cansada de ficar sozinha, decidi descer e ver se encontrava alguém conhecido. O dia estava finalmente começando. Eu estava de volta.


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