Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

É o último por hoje.



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Renesmee não me tratou de forma diferente quando cheguei na escola, ela simplesmente falou comigo como se eu fosse qualquer um de seus alunos. Sempre me considerei uma atriz acima da média, se Renesmee fosse mesmo minha mãe, eu saberia que o talento não havia sido herdado de Jacob. Ela fingia muito bem. Tirando o incomodo de ter as primeiras horas da manhã na mesma sala que ela, o dia foi normal. Ou o mais normal possível. Eu e Ethan trocamos olhares cumplices nos corredores, mas não nos aproximamos. Acho que nenhum de nós queria forçar a barra. Tá, foi difícil não fazer isso porque Carlie ficava se roçando nele o tempo todo. Mas era legal ver que ele nem percebia, só tinha olhos para mim.

-Então, eu achei um garoto na internet- Holly disse, o que me fez olhar para ela com suspeita.- Não me olhe assim, garota, eu não sou burra- então seus olhos brilharam.- Mas acho que estou apaixonada.

                Eu e Kate reviramos os olhos ao mesmo tempo, o que fez Holly ficar carrancuda.

-Não vou ficar dando palestra porque não sou sua mãe, Holly- Kate disse-, mas você sabe que não deve acreditar em tudo o que vê na internet. O cara pode ser um estuprador.

                Eu estremeci e todos os pelos de meu corpo se arrepiaram.

-Relaxa, K., se eu marcar um encontro com ele, vai ser em um lugar público- Holly respondeu.

                Eu continuei mexendo na comida que restava em meu prato, entediada. A hora do almoço tinha chegado e já estava indo, resvalando entre meus dedos, e eu não estava com vontade de voltar para a sala. Não, minha próxima aula não era com Renesmee, mas, como meu avô fez questão de me lembrar no meu quarto período, o teste de DNA era hoje à tarde. Seria Edward quem faria a coleta. Ótimo. Eu tinha que continuar me lembrando disso de novo e de novo e...e aí Ethan apareceu, carregando uma daquelas bandejas cinza horrorosas que em éramos obrigados a carregar nosso almoço. Ele piscou quando passou por mim e eu sorri, mordendo o lábio em seguida. Não, eu não sou safada. Foi força do hábito.

-Espera aí- Kate exclamou, interrompendo aquele papo sobre o cara da internet-, o que está rolando entre você e o Ethan Uley?

                Holly assentiu.

-E, mais importante ainda, por que não nos contou?

                Eu abri e fechei a boca algumas vezes antes de conseguir encontrar as palavras, eu queria contar tudo à elas, mas estava com medo de que me repreendessem por algum motivo. Era bem típico delas fazer algo assim. Mas decidi contar, elas são minhas melhores amigas, afinal.

-Bem, eu ia contar- disse.- Ia mesmo. E, de qualquer forma, aconteceu ontem. E foi só um beijo, e Holly estava tão feliz com esse cara que ela conheceu na internet e ainda tem aquela história com a Renesmee...- É claro que eu estava procurando por desculpas, eu era a melhor em fazer isso. Acho desculpas para qualquer coisa e geralmente convenço as pessoas, mas hoje minha amigas não foram levadas por minha conversa.

- um beijo?!- Exclamaram em conjunto, chamando a atenção de várias pessoas ao nosso redor, inclusive Ethan, que sorriu torto. Eu abaixei minha cabeça, envergonhada, mas sem deixar de sorrir.

                Eu ergui a cabeça, mordi o lábio inferior e meneei com a cabeça.

-Dois, na verdade- respondi, apreensiva, esperando ser estapeada a qualquer momento.

                Mas o tapa não veio, e também não fui repreendida. Minhas amigas estavam simplesmente sem fala, eu as tinha surpreendido mais uma vez. Eu poderia dizer que não gostei da sensação, mas seria mentira. Eu sempre gostei de surpreender. Tenho certeza de que elas diriam alguma coisa, mas meu celular começou a tocar e eu fiz um gesto para que se calassem por um tempo. Elas ficaram paradas e caladas, apenas me observando com um expressão mortal. Eu fiz uma careta quando vi quem era. Papai chamando.

                Bufei, revirei os olhos e só então atendi o telefone.

-O que você quer, pai?- perguntei, suspirando. Estava cansada de desafiá-lo, cansada do reality show “Quem é sua mãe de verdade?” e também estava cansada por causa do fim do semestre. As poucas provas que teríamos agora valeriam para o próximo semestre, o que só me deixava mais nervosa ainda. O bom seria aquela semana que teríamos para relaxar.- Olha, daqui a pouco eu tenho que entrar na sala, espero que saiba disso.

                Meu pai riu e eu senti algo se partindo dentro de mim. Eu realmente sentia falta dele. Dele, de Sarabella e até...até de Elizabeth, apesar de tudo. Mas minha mágoa falava mais alto. Eu simplesmente nunca havia esperado que ela fizesse algo como fez. Levantei do banco em que estava sentada e comecei a andar de um lado para o outro, ainda perto da mesa. Uma cena bem estranha, devo admitir, mas eu estava em uma ponta afastada e escura do refeitório. Era o local para os alunos mais antigos da escola, quando mais perto de se formar, mas afastadas eram nossas mesas. Talvez eles quisessem passar a impressão de que éramos...legais, ou importantes, mas não acho que tenha o efeito desejado. De qualquer forma, lá estava eu falando ao telefone com meu pai. Dá para acreditar que eu não o via há quase um ano inteiro?

-Ah, seu avô me contou que vocês tem uma semana no final do semestre para ficar com a família- ele disse, parecendo animado e inseguro.

                Eu assenti, esquecendo que ele não poderia me ver.

-Sim- murmurei, quando percebi a minha estupidez.

-Eu estava pensando...-ele fez uma pausa.- Bem, eu decidi, na verdade, que você vai passar essa semana com sua família. Sei que você vai me dizer que tem provas e que tem mais o que fazer, mas não estou te dando escolha. Você volta para cá no verão, para eu poder te controlar de perto. Sei dos vídeos que está fazendo e recebi uma proposta de uma gravadora para você, a qual vamos aceitar.

-O QUÊ?!- exclamei, irritada. As pessoas ao meu redor me observavam intrigadas e eu estava completamente ciente do olhar preocupado que Ethan me dirigia, eu desejei como nunca tê-lo ao meu lado naquele momento.- Você não pode fazer isso, pai. Não pode. Eu tenho a escola, minhas amigas e, e tem o vovô. E Renesm...-deixei a frase no ar, sabendo que tinha ido longe demais. Meu pai não podia saber que eu sabia sobre se relacionamento com Renesmee, simplesmente não podia. Se ele soubesse, com certeza adiantaria minha viagem.

-Quem?- perguntou, parecendo apreensivo.

-Minha professora- respondi rapidamente. Rápido demais.- Escuta, pai, não vou gastar essa semana com vocês. Sei que você tem seus problemas aí com a Elizabeth e tudo mais, mas não me interessa. Você me despachou para cá e nem mesmo ligou no natal, então não me peça para voltar aí e fingir que faço parte de sua família, por que eu não vou.

                Meu pai rosnou ao telefone, eu sabia que ele estava a ponto de jogar o aparelho na parede.

-Só que eu não estou te dando escolha, mocinha- retrucou irado.- Você começou a fazer aqueles vídeos e escrever músicas, eu marquei entrevistas para você e tem um contrato para ser assinado. Além do mais, sua família precisa de seu apoio. Elizabeth precisa de seu apoio. O jatinho estará aí no sábado, esteja pronta às sete horas e não se atrase. Nancy irá te buscar e espero que não cause problemas à ela.

-Mas você não pode...-meu pai cortou minha fala na metade, finalizando a ligação. Tive que ter muita força de controle para impedir a mim mesma de tocar o celular no chão.

                Eu queria sentar ali mesmo e chorar, mas não podia fazer isso. Mordi o lábio até sentir o sangue na boca e então observei Ethan, ele me lançou uma olhadela preocupada por cima do ombro e formou as palavras “está bem?” com os lábios. Mordi os lábios novamente e neguei com a cabeça. Suspirei, passei as mãos no cabelo e joguei minha mochila no ombro.

-Vejo vocês mais tarde- resmunguei para minhas amigas.

-Mas o próximo período é matemática!- Kate protestou.

                Mas ela sabia que isso não me importava. Pela minha expressão, ela sabia que essa matéria era agora a última coisa que me preocupava. Minha amiga também sabia que a minha carreira não envolvia números e que eu teria os melhores particulares a qualquer momento que precisasse. Avancei para o pátio da escola e o ar frio me envolveu, me fazendo estremecer. Não me importei, o tempo em Forksrefletia meu humor nos últimos meses. Ninguém me seguiu, o que era bom. Eu estaria lá no próximo período, só precisava de um tempo sozinha. Meu conseguiu realmente me surpreender desta vez, e não de um jeito bom, mas eu não tinha escolha. Se Renesmee tivesse feito o exame antes talvez...talvez houvesse uma chance de eu não ir nessa viagem, mas, com as coisas do jeito que estavam, essa possibilidade não era existente.

-Ei- alguém gritou alguns metros atrás de mim, eu limpei a única lágrima que havia escorrido de meus olhos e me virei, dando de cara com um Ethan preocupado. Era estranho, eu queria xingá-lo e esmurra-lo por não me deixar sozinha- pelo menos era o que eu teria feito com qualquer outra pessoa-, mas, ao invés disso, eu me sentia grata por tê-lo ali. A sensação era como...como acordar em um dia chuvoso e descobrir que não precisava se levantar da cama.-, você não me parece bem.

                Eu sorri sem humor.

-Talvez seja porque não estou- retruquei, tentando soar o menos grossa e rouca possível. Ethan não merecia aturar meu mau-humor.

                Ele se aproximou cautelosamente e pôs sua mãos em meu braço esquerdo, dava para perceber que ele não estava confortável. Bem, eu também não estava, mas a vontade de ficar sozinha tinha passado.

-Era sua mãe?-perguntou.

                Sorri e neguei com a cabeça, caminhando até o banco mais próximo. Ethan não precisou que eu lhe dissesse que ele deveria fazer, o garoto simplesmente me seguiu e sentou-se ao meu lado, observando-me com aqueles hipnotizantes orbes escuros.

-Pior- respondi.- Meu pai. Ele vai me obrigar a gastar minha semana de folga viajando para visita-lo.

                Ethan resmungou alguma coisa que não consegui entender, mas ele não parecia de todo abalado.

-Isso é ruim?- ele parecia confuso.- Quer dizer, eu queria que você pudesse ficar e tudo mais, mas ele é seu pai. Faz muito tempo que você não o vê...Não sente saudade?

                Eu pus uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-É complicado- respondi.- Minha família está tendo problemas ultimamente, muitos problemas. Ir para lá só vai complicar mais as coisas- não queria olhá-lo porque sabia que meus olhos estavam marejados. Sei que disse que não deixaria os problemas criados por meus pais me afetassem e que não ligaria para a traição de minha irmã, mas falar era bem mais fácil que fazer. Estar perto dela tornaria tudo pior. Nós sempre fomos unidas, minha irmã costumava ser minha melhor amiga, éramos eu, ela e Sarabella contra o mundo. Contra Seth. O batalhão do sorvete que curava corações partidos.

                Como seria agora? Eu e Sarabella? Não teria mais graça, era Elizabeth quem nos fazia rir o tempo todo com suas brincadeiras idiotas e infantis. Será que Sarabella tinha noção do que estava acontecendo?

                Surpreendendo-me completamente, Ethan riu.

-Todos tem dramas familiares, Sarah- comentou, não parecendo achar que isso era uma coisa muito interessante.- Quer dizer, é claro que todos que descendem de La Push tem uma cota realmente elevada- sua observação me fez rir e boa parte da tristeza foi embora. Virei-me para ele e observeio jeito fofo que ele curvava a boca enquanto tentava fazer graça e falar ao mesmo tempo, o sol brilhava em sua pele e o fazia parecer feito de cobre. Eu queria agarrá-lo pela nuca e beijá-lo ali mesmo, mas a imagem à minha frente era tão perfeita que eu tive medo que ela se dissolvesse quando eu me movesse.- O quê?

                Era a primeira vez que o via parecer tão tímido, acho que pegar uma garota o observando não era a coisa mais comum do mundo. Claro, Carlie o observava o tempo todo, mas ela era mais rápida do que eu e ele nunca percebia. Mas eu herdei a lerdeza de meu pai. Sorri e a dor se foi por completo, então eu lembrei como se respirava.

-Acho que temos que ir para a sala- disse, cortando o clima. Com sorte, chegaríamos no momento exato em que as aulas começavam. Ethan sorriu para mim e se levantou, estendendo o braço educadamente para me ajudar. Eu aceitei e nós caminhamos lado a lado, nossos ombros se tocando desajeitadamente a cada passo. Eu não estava envergonhada, mas a tensão entre nós era tão visível quanto as nuvens no céu. Pensei em pegar sua mão, mas não queria parecer chata e grudenta.

                Os corredores estavam praticamente vazios e as poucas pessoas que se aglomeravam nas portas da sala do nosso professor de história- provavelmente pensando em fugir da sala antes que a matéria insuportável começasse- nos olharam estranho quando passamos. Ethan me conduziu até a porta da sala de minha professora de matemática, ficamos uns segundos em silêncio, um esperando que o outro dissesse algo primeiro. Eu estava quase abrindo a boca quando Ethan disse:

-Bem, eu já vou indo- murmurou, parecendo um pouco decepcionado.

                Não sei de onde saiu a coragem repentina- afinal ainda haviam pessoas na porta da sala ao lado, pessoas que iriam ver, comentar e espalhar boatos-, talvez eu não estivesse pensando racionalmente, como na noite anterior, mas mesmo assim eu o puxei para mim e o beijei. Tá legal, não foi um beijo arrebatador de tirar o fôlego e de deixar a boca completamente inchada pelas próximas três horas. Mas fez minha cabeça girar e meu coração querer escapar do peito, assim como os anteriores. Quando nos afastamos eu sorri para ele e mordi o lábio. Como eu já disse, força do hábito.

-Você...hum...tinha esquecido uma coisa.


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