Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 12
Capítulo 12- Ethan Uley




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Uma garçonete chegou e nós fizemos os pedidos. Um pedaço de torta para Ethan e um chocolate, um pastel e um refrigerante para Matt e um cappuccino e torta de chocolate para mim. Meu primo e seu melhor amigo logo iniciaram uma conversa, mas eu fiquei de fora, observando o tão conhecido local. As paredes eram pintadas com um escuro tom de violeta e azulejos escuroscobriam a parte mais baixa, dando ar de um ambiente sério. Mas com a fraca iluminação, tudo parecia aconchegante e me fazia sentir como se estivesse em casa. Segura.

-Sabia que o Ethan tem todos os Cd’s do James Taylor?- Matt perguntou-me, despertando-me de meus devaneios. Pisquei algumas vezes para fazer a frase ser processada por meu cérebro.

-Isso não é interessante, Matt- Ethan protestou, claramente constrangido. Eu sorri para eles e a garçonete chegou com nossos pedidos.

-Bem- eu disse, depois de tomar um gole de meu cappuccino-, isso é uma pena. Porque eu também tenho todos os CD’s dele.

                Ethan quase cuspiu todo o seu chocolate e eu gargalhei.

-Espera, você está falando sério?

                Eu assenti.

-Meu pai era um super fã dele e então eu cresci ouvindo suas músicas, eu guardei os CDs como recordação, escuto de vez em quando.- Ethan parecia surpreso, e eu me senti muito satisfeita por isso.

-Eu nunca conheci uma garota que tivesse tantos CDs dele quanto eu, isso é demais.- ele jogou sua cabeça para trás e riu, igualzinho a uma criança.

                Meu primo avistou uma garota loira e acenou para ela, que apenas o olhou e sorriu, constrangida. Meu primo sorriu de forma sapeca para mim e deu um cutucão em Ethan, que sorriu cumplice. Não me contive e revirei os olhos. Garotos às vezes são tão sutis.

-Ei, Ethan, será que você pode cuidar da minha priminha por um instante?- Pediu, já se levantando da cadeira.- Tem um assunto aqui que eu preciso resolver.

                Ethan apenas assentiu, ainda com um rastro de sorriso no rosto, e meu primo foi. Pegou as mãos da garota e os dois sumiram por entre as mesas. Suspirei pesadamente, prometendo a mim mesma que mataria meu primo por isso. Quer dizer, eu quero ficar sozinha com Ethan, é claro que quero, mas não desse jeito.

-Bem, parece que somos só nós então.

                Eu assenti e nós ficamos em um silêncio desconfortável por um bom tempo, apenas observando o movimento da cafeteria e bebericando nossas bebidas. Ethan parecia tentar muito achar um assunto, mas estava encontrando muita dificuldade.

-Então, você tem faltado muito na escola-comentou, logo que acabou sua bebida.- Quer dizer, as provas já estão chegando e você não parece preocupada com isso.

                Eu sorri, era impressão minha ou ele estava preocupado comigo? Deveria ser só impressão. Quer dizer, eu sou a prima do melhor amigo dele e...tá, péssimo argumento.

-Problemas familiares- respondi.- Além do mais, Kate e Holly são bem inteligentes e passam todo o dia lá em casa tentando me ensinar a matéria, então eu não perco muita coisa. Mas obrigada por perguntar, a maioria das pessoas não se importa.

                Ele ergueu seu copo vazio e meneou demoradamente com a cabeça, como se dissesse: “Às ordens, madame” e eu não me contive, gargalhei. O som da minha risada deve ser muito estranho, porque fez Ethan rir e todos se virarem para nós, provavelmente se perguntando se éramos loucos ou apenas retardados. Eu olhei em volta, envergonhada, não era do tipo que gostava de muita atenção.

-Então, continua comendo Doritos no café da manhã?- Ele perguntou, o que quase me fez engasgar.

-Como é que você lembra?-exclamei, surpresa. Nós havíamos conversado muito pouco e só por alguns dias, e já fazia tanto tempo...- Não, infelizmente. Vovô me proibiu, ele disse que faz mal à saúde, sabe como é. Então agora são só frutas para mim.

                Ele jogou a cabeça para trás e riu.

-Deviam prender seu avô por maus tratos-disse.

                Eu sorri envergonhada.

-Nem me fale.

                Ethan não era o tipo de cara que olhava estranho para alguém- acredite, observei ele por meses-, mas ele olhou estranho para mim. Provavelmente percebeu que eu estava tímida. Tá, eu sou extrovertida com Kate e Holly e deprimente na maior parte do tempo, mas não tenho muitos amigos. Minha vida é meio...solitária, não tanto quanto costumava ser na minha antiga vida, mas ainda assim... Mas se ele percebeu alguma coisa, não disse nada.

-Espero que meu primo não te dê muito trabalho- eu disse, surpreendendo até a mim mesma por ter tentado iniciar uma conversa.- Matt pode ser realmente irritante quando quer.

                Ethan me observou com os olhos brilhando, como se eu tivesse tocado em um ponto em comum sobre o que pudéssemos falar sem nos sentirmos desconfortáveis.

-Ah, não. Ele é um cara legal, apesar de ficar falando de Carlie o tempo todo- eu sorri.

-Não seria o contrário?- Sabe aquela história de jogar verde e colher maduro? Pois é, mudança drástica de estratégia.- Vocês estão sempre abraçados pelos corredores da escola e tudo mais...

                Ele fez uma careta surpresa.

-Carlie?-Riu.- Não mesmo. Ela é praticamente uma irmã para mim e sabe disso, é Matt quem gosta dela e eu jamais trairia um amigo meu- Uma dor aguda passou por meu peito e vez minha visão se nublar, minha irmã sempre me dizia isso e olha onde estamos agora. Mas algo dentro de mim me dizia que Ethan não era assim e que eu poderia confiar nele, por isso afastei as lágrimas e o encarei.- Para falar a verdade, sou eu quem irrita ele.

-Você?- Exclamei rindo, o que o fez sorrir torto. Se não estivesse tão surpresa, provavelmente teria uma parada cardíaca. Ele era realmente lindo.- Por quê? O que poderia tornar Ethan Uley mais irritante do que meu primo insuportável?

                Ele abaixou o olhar e depois ergueu a cabeça, subitamente sério.

-O fato de eu só falar sobre a prima maravilhosa dele e querer a oportunidade de convidar ela para sair.- Confesso que tive que segurar minha respiração. Será...será que ele estava falando de mim? Resolvi me fazer de tonta.

-Bem, sinto dizer que a gente não tem uma boa relação com a Lucy- respondi, deixando transparecer um pouquinho de mágoa, só um pouquinho. Ele tinha que achar que eu realmente acreditava que ele estava falando de minha prima, eu não tinha certeza se era mesmo sobre mim que ele estava falando. Imagina se não fosse.

-Eu não quero conhecer aquela patricinha- ele exclamou, parecendo surpreso e um pouco irritado. Eu me afastei um pouco mais, me encolhendo na cadeira. Quando percebeu que havia me assustado, sua expressão se suavizou.- Ah, me desculpe, Sarah. Eu não queria...

                Eu me sentia triste por ele não querer conhecer aquela patricinha, porque ela era eu. E, mesmo quando eu era Lucy, nunca fui patricinha porra nenhuma. Não dei oportunidade para que ele se explicasse, peguei minha bolsa e joguei dez dólares sobre a mesa e me levantei. Não queria ver Ethan por um bom tempo, vir aqui foi uma má ideia. Passei pela porta da cafeteria e só então senti alguém segurando meu braço.

-Ethan, solta- Ordenei, a voz fria. Eu era boa nisso. Ser fria, quero dizer.

-Não vou te soltar até você me deixar explicar- retrucou, me puxando contra ele. Eu bati contra seu peito e fui forçada a encarar seus olhos, o que fez com que eu praticamente esquecesse por que estava tão furiosa.

-Eu não queria explodir com você daquele jeito é que...Eu odeio quando vejo alguém falando mal de você e simplesmente ouvir você achar que a prima maravilhosa de Matt é Lucy Black...foi demais, Sarah. Você é maravilhosa também, só que fica se escondendo não sei porquê. Aliás, é de você que eu fico falando- ele disse e eu soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo. Foi ali, presa entre os braços de Ethan, que percebi que havia esquecido todos os problemas que tinha. Eu havia os esquecido desde que entrei naquela cafeteria e o vi.- É com você que eu quero um encontro, então, por favor, diz que vai sair comigo. De verdade dessa vez, sem armações de Matt.

                Eu abri e fechei a boca diversas vezes, sem saber ao certo o que dizer. Ele me fitava com expectativa, mas, conforme eu mexia a boca parecendo um peixe, ela foi deixando seus olhos e seu aperto em volta de mim se tornou mais fraco. Ele já estava se afastando quando o puxei de volta e grudei sua boca na minha. Fui pega tão de surpresa quando ele, eu não era do tipo que fazia esse tipo de coisa, mas eu já estava cansada de esperar. Nossas bocas se encaixavam tão perfeitamente que eu senti vontade de me chutar por não ter feito isso antes. Nosso beijo começou meio atrapalhado, mas logo encontramos nosso ritmo e, nossa, foi bom. Foi ótimo. Foi maravilhoso. Foi o melhor beijo que eu já dei em frente a uma cafeteria. E, com certeza, só foi o melhor porque era Ethan.

                Eu passei minhas mãos por seus cabelos negros e ele pôs uma em minha cintura e a outra em meus cabelos. Eu queria ficar cada vez mais perto dele e nunca mais me afastar, ele me fazia esquecer de tudo e era o que eu mais amava nele. Espera, amava? Eu o amava? Minha mente estava ficando embaralhada por causa da falta de ar e da proximidade em que estávamos, o fato de estarmos nos beijando não melhorou em nada minha sanidade mental. Foi então que nos afastamos, ambos respirando pesadamente. Eu não sabia quanto tempo havia passado, mas meus pulmões estavam quase explodindo e eu sentia que meu coração pularia para fora do peito a qualquer momento.

-Posso interpretar isso como um sim?- ele perguntou, ainda arfando. Assenti com a cabeça, não confiando em minha voz.

                Nós caminhamos até meu carro de mãos dadas, ele fez alguns comentários sobre o fato de eu ter que olhar o filme que estava passando hoje na tevê, o rei leão. Eu disse que já havia assistido muitas vezes e ele me respondeu que assistia todo natal, era uma tradição de família. Eu ri, achando que essa era uma tradição de família muito bizarra, mas nada falei. Estava feliz por tê-lo ao meu lado. Ele abriu a porta do carro para mim e se apoiou na janela depois que eu já estava devidamente colocada em meu assento de motorista.

-Como Matt vai embora?-perguntei, querendo me dar um tapa por ter esquecido de meu primo.

-Ele provavelmente já foi embora, mas, caso ainda esteja lá dentro, eu o levo para casa- E depois sorriu, fazendo meu coração parar por um milésimo de segundo.- Te vejo na escola amanhã?

                Eu assenti, não me importando mais se teria que ver Renesmee ou não. Isso não me afetava mais. Quer dizer, se realmente for minha mãe, e daí? Se Jacob realmente mentiu, e daí? Se Elizabeth transou com Seth e agora está grávida? Depois que eu der um soco na cara dela e fazer ela vomitar aquele bebê, vou pensar: E daí? Tá, isso foi cruel. Mas eu ainda estava chateada. Apesar de tudo isso ser uma sombra sobre minha alegria e nunca estar muito longe, eu havia beijado Ethan hoje e não deixaria nada estragar aquela sensação de estar pronta para voar.

-Estarei lá- respondi, ligando o carro. Ethan não se afastou.

-Saímos na sexta?- ele perguntou, para ter certeza. Eu assenti, sorrindo.

-Claro- disse animada, e ele se afastou da janela.

                Já estava pronta para avançar com o carro quando Ethan apareceu novamente ao meu lado e disse:

-Ei, Sarah, você esqueceu de uma coisa.

                Tudo bem, eu sei que já disse o quanto é bom beijar o Ethan. Eu sei, eu sei. É bom mesmo, melhor que chocolate. Então não vou descrever tudo novamente ou vocês vão achar que eu estou melosa, acreditem, não estou. Não estou mesmo. Voltando ao que interessa- ou não, já que nosso beijo já havia acabado mesmo-, eu fiquei sorrindo como um idiota depois que ele se afastou.

-Até amanhã- despedi-me.

                Sei que estou fazendo papel de boba apaixonada, mas eu realmente precisava disso. Eu passei bastante tempo sofrendo por Seth, mas agora isso era apenas uma lembrança ruim em minha cabeça. O que doía agora não era Elizabeth ter me traído com Seth, o cara por quem eu era completamente apaixonada, e sim por ela ter me traído. Se ele aparecesse em minha frente agora, tudo bem. Eu estava com Ethan, eu me sentia livre. Okay, não totalmente livre, ainda tinha aquelas coisas com Renesmee e Jacob, mas, como eu disse, eu não deixaria isso me colocar para baixo. Hoje não.

                Quando cheguei em casa, percebi que meu avô ainda não tinha voltado. Aproveitei a oportunidade para transformar o cara que não saía mais de meu pensamento na melhor coisa que atualmente consigo fazer, transformei Ethan em música.


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