Acordei presa em uma cela. Meu corpo doía, mas mesmo assim levantei-me devagar. Toquei minha nuca. Havia um pequeno machucado, como se eu tivesse levado uma bala ali. Quero dizer, eu levei.

A porta se abriu e o mesmo médico que eu encontrara no hospital, duas semanas antes, entrou.

- Bem, acho que nos encontramos novamente. – ele disse.

Não consegui falar nada. Não estava apavorada, mas apenas com um pouco de medo.Mas onde eu estava? E por que? Bem, esta última resposta eu sabia.

Continuei calada até que ele falasse alguma coisa:

- Abigail...

- Abby! – corrigi-o rapidamente.

- Tanto faz. Você já deve sabe por que está aqui.

- Olha, só porque vocês acham que eu também sou uma 7, isso não quer dizer nada. Eu nunca fiz nada de realmente ruim...

- Por favor, sabemos de tudo. Ou você acha que apenas os seus amigos frequentavam a floresta? – ele perguntou.

Devo ter ficado pálida. Ele não podia saber daquilo. Ninguém podia. Era uma coisa que ficava apenas na floresta. Bem, pelo menos ficava...

Minha respiração começou a acelerar. Isso não podia estar acontecendo, não podia. E se contasse aos meus pais? E se contasse a todos? E se contasse a Daniel e Mia? Não.

- Por favor, não conte a ninguém. – pedi. – Por favor.

Ele olhou-me como se eu fosse louca. Pelo menos deve ser isso que ele acha que eu sou. Eu também acharia se estivesse no lugar dele.

- Fique tranquila, não contaremos – ele falou calmamente.

- Obrigada – respirei aliviada, mas logo depois a tensão voltou – E, por que não? – Abby, o que você ta falando, quer que ele conte? Idiota.

- Por que, mocinha, se contarmos teremos que explicar o que aconteceu a mais de 100 anos atrás, e teremos que assumir um erro e você faz parte dele, garotinha.

Espere. Então eu sou... Um erro? Ele quer dizer que a minha vida toda foi um erro?

- Não. Você está mentindo – falei. – Está mentindo!

- Acredite no que quiser garota. – ele falou e abriu a porta. Olhando pela janelinha de grades, virou a cabeça e disse – Mais tarde faremos testes... assassina. – depois disso foi embora.

Então eles realmente sabem. Ele não estava mentindo. Sabe como eu sei disso? Ele me chamou pelo meu apelido...