Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 31
Capítulo Trinta e Um


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, alteramos o finalzinho do capítulo 30, pra ficar bem claro o que aconteceu a Moisés e a família dele, pois tinha ficado um pouco confuso. Boa leitura (;



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Temos certa dificuldade em conduzir o gado de volta até a fazenda do nosso avô, eles se debatem muito na carroceria do carro, e chegam a machucarem uns aos outros. É triste, mas é o melhor pra eles, não podíamos larga-los lá para morrerem de fome.

Chegamos na fazenda e os mortos já vem em nossa direção, Jenna que está no mirante, abre o portão com o controle e entramos. Inevitavelmente alguns mortos entram atrás de nós, mas são facilmente eliminados por meu pai, que desce do carro atirando nos aventureiros.

Conduzimos os animais ao pasto cercado em que estão os outros da mesma espécie. Eles parecem hesitar um pouco, mas descem da caçamba, e começam a explorar o novo local.

Deixamos meu avô organizando os animais e vamos para dentro da casa. Meu pai conta a mamãe os acontecimentos do dia e eu vou para cozinha procurar algo para comer.

***

Já rodei pela fazenda inteira, brinquei com os cachorros, mas o tédio insiste em tomar conta de mim. Vejo ao longe que a porta do Audi A3 está aberta e me dirigo até lá. Quando estou me aproximando, tenho a leve de impressão de ouvir música. Mas devo estar ficando louco. Mas ao chegar mais perto, vejo que não era minha imaginação. Adrian está dentro do carro, fuçando em um rádio que toca uma canção do Legião Urbana.

– Cara, hoje é meu dia de sorte. - Fala Adrian, animado. - Achei alguns cd's jogados embaixo do banco do carro, e achei esse do Legião, que tem uma das minhas músicas prediletas.

– Ah é, qual?

Ele começa a cantar.

– É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... - Me junto a ele na canção. - Porque se você parar pra pensar, na verdade não há...

– Para Rich, está estragando a música, você canta mal demais!

Rimos, e me junto a ele, observando os cd's que ele encontrou. Tem diversos ritmos de música.

– Olha, tem até cd de forró. Que tal darmos uma festa hoje a noite? Podemos até chamar os mortos, quem sabe eles não gostam de uma musiquinha.

– Adrian, Adrian, sempre ironizando as coisas.

– Richard, Richard, não está pensando em me dar outro tiro, está?

Fuzilo ele com o olhar. Ainda me sinto mal por ter feito aquilo e ele age como se não fosse nada.

– É brincadeira cara. Você leva tudo que eu falo a sério demais!

Somos interrompidos por Ben, que encosta a mão no meu ombro e dirige a palavra a Adrian.

– Charles quer falar com você.

– Claro, já estou indo!

Adrian sai do carro, e vai andando de volta a casa, acompanho ele.

– A propósito. - Fala Ben, acenando para nós. - Boa sorte!

– Por que boa sorte? - Pergunta Adrian, cerrando os olhos.

– Você vai precisar, o senhor Charles parece estar muito nervoso.

Vamos seguindo, com passos moderados até a casa. Adrian parece ter feito pouco caso do que Ben disse, mas eu posso até imaginar o porquê de meu pai estar bravo.

– Ah, aí está você! Sente-se, precisamos conversar. - Fala meu pai, conduzindo Adrian até o sofá da sala. Enquanto eu fico de pé na porta assistindo a tudo de camarote.

– No que eu posso ajudar o senhor?

– Vou ir direto ao assunto para poupar tempo. Que história é essa de você estar de caso com a minha filha?

– Caso? Que caso?

– Não se faça de inocente. Quer dizer que é assim agora, eu viro as costas e você vai lá dormir junto com ela?

– Charles, eu...

– Nem tente se desculpar, acho que no mínimo você deveria ter conversado comigo, pra ver o que eu achava disso ao invés de fazer as coisas escondidas.

– Eu não quis...

– Vou ser bem claro. Te acho um rapaz bem esperto e tudo mais. Mas não quero você de namorinho com a minha filha, entendeu? Ela é jovem demais e a última coisa que eu quero é que alguém nessa casa apareça grávida!

– Mas pai... - Me intrometo na conversa. - A Jenna não é mais criança, acho que ela sabe o que faz...

– Ela não é maior de idade. Então ainda está sujeita as minhas ordens!

– NÃO! - Jenna entra na sala, chorando. - Para pai, não sou sua garotinha mais! Porque você não faz essas implicâncias com o Richard? - Ela aponta para mim. - Todos aqui sabem muito bem o que ele devia aprontar com aquela tal de Misty quando ninguém estava olhando, e o senhor nunca falou nada, isso não é justo!

– Jenna, entenda que... - Meu pai tenta acalma-la, mas é inutil.

– Entender o quê? O senhor não quer que eu entenda nada, só quer que eu aceite tuas vontades egoístas, e eu não vou fazer isso!

– Vontades egoístas? Estou tentando proteger você, sua ingrata!

– Me proteger? Só pode estar de brincadeira. Então, querer que eu morra sozinha é me proteger?

– Chega dessa gritaria toda! - Minha mãe chega e fita cada um de nós. - Ninguém aqui é mais criança, todos sabem o que fazem, deixe a Jenna fazer o que ela acha melhor pra ela. - Ela se aproxima mais do meu pai. - Esses dois se gostam, deixe-os. Tentar impedir vai ser bem pior.

– Olha Charles, eu realmente fui errado, deveria ter perdido sua permissão antes de começar a ter qualquer coisa com a sua filha, me desculpe. Mas se o senhor autorizar, eu adoraria namorar a Jenna.

– Não quero saber de namoros por aqui! - Ao falar isso, meu pai se retira e vai para o segundo andar da casa.

– Não se preocupe e não precisa chorar querida. - Mamãe tenta consolar Jenna. - Foi a mesma coisa quando você levou aquele namorado na nossa casa, lembra? Com o tempo ele vai aceitar. Não se preocupe.

Com o tempo. Repito as palavras da minha mãe em minha mente, sim é tudo questão de tempo. E temos tempo de sobra nesse lugar.





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