Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 25
Capítulo Vinte e Cinco




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– Vai ser complicado entrarmos aí sem causar um grande alvoroço... - Digo, passando a mão pelo rosto, demonstrando preocupação.

Ele para o carro e Adrian para logo atrás.

– Então, é o seguinte. - Ben começa a desenrolar seu plano. - Podemos seguir um pouco mais na estrada e tentar acessar a cidade pelo lado leste; me lembro de ter um desvio ali, para os carros que saíam da cidade, mas em tempos como esse quem se importa se pegarmos um atalho em uma contramão não é?

– Mas se a frente da cidade está cheia dessas coisas, o que te faz pensar que o "meio" dela vai estar vazio? - Indaga Misty.

– Vazio acho que não, mas talvez esteja numa condição melhor. - É nítido que o próprio Ben está duvidando do seu plano, mas não temos outra escolha.

– Só vamos saber se vai dar certo, se tentarmos. Agora vamos logo! - Adrian volta a ligar a moto. - Antes que os zumbis queiram vir nos dar as boas vindas.

Continuamos por alguns minutos, e chegamos ao desvio que Ben havia dito. Ele leva direto a uma das ruas centrais que corta a cidade. Ele diminui a velocidade e adentramos. Ele estava certo, as vias aqui estão mais desobstruídas, mas ainda há alguns mortos vivos vagando sem rumo por ali. O barulho do motor os atraiu, e começam a caminhar na direção do carro.

– Hey Adrian! - Ben coloca a cabeça para fora da janela enquanto acena para o Adrian e Misty. - Tem um hospital umas duas ruas à frente, vamos até lá procurar por geradores. E cuidado pra essas criaturas não derrubarem vocês da moto, não queremos que ninguém aqui seja mordido. Adrian assente e disparam pela rua, fazendo uma curva a esquerda, precisamos desviar de alguns carros, mas quase todos eles estão estacionados na calçada. Parece que as pessoas tiveram tempo de parar o carro num lugar adequado antes de fugirem daqui ou de se transformarem.

Olho pelo retrovisor, Adrian está logo atrás de nós, juntos com alguns zumbis que estão nos seguindo. Alcançamos o hospital, a porta da entrada é de vidro e um lado está todo quebrado, provavelmente destruído por pessoas desesperadas atrás de ajuda.

Paramos o carro e descemos rapidamente, Misty e Adrian vem logo atrás de nós.

– Temos que ser rápidos aqui! Todos estão com as armas em punho caso precisemos né? - Ben que dá as ordens, e nós assentimos. - Não disparem as armas de fogo a não ser que seja realmente necessário. E vamos ficar todos juntos!

– Mas vai ser mais demorado pra achar o que queremos se procurar todos no mesmo lugar. - Opina Misty. - Acho melhor nos separarmos.

– De jeito nenhum, não sabemos como estão as coisas aí dentro, se tivermos que sair às pressas e estivermos separados, poderemos acabar deixando alguém pra trás.

Concordamos com Ben e entramos rapidamente, mas com cuidado através do vidro quebrado. Está tudo escuro, parcialmente iluminado pela luz do dia que entra pelas janelas. Está tudo um caos, cadeiras reviradas e papéis espalhados pelo chão. Mas nenhum sinal de mortos-vivos.

– Os gerados devem estar no subsolo e eu ainda acho. - Continua Misty. - Que devíamos nos separar, ou pelo menos ficar alguém aqui na entrada para dar cobertura. E caso aconteça alguma coisa, essa parece ser a única saída acessível desse lugar. Seria bom ficar alguém aqui pra não deixar que possíveis zumbis tomem conta dela.

– Tá tudo bem, você fica aqui então. - Ben aponta para Misty. - Já que a ideia foi sua, sabe se virar sozinha, não sabe?

Percebo que Ben está querendo intimidar Misty, por achar que ela vai ficar com medo e desistir da ideia do grupo se separar. Ele está infinitamente errado.

– Beleza! O trabalho pesado tem que ficar pra vocês homens, gerador deve ser pesado para se carregar, eu fico aqui e dou segurança para vocês. - Ela pisca um dos olhos enquanto fala.

Ben vai abrir a boca para replicar, mas Adrian o impede e cochicha algo para ele que soa como um "Deixa ela aí, que se dane" e começamos a seguir em frente. Misty está com uma arma e pega uma das cadeiras que estão jogadas pela recepção para acertar um eventual zumbi que resolva explorar o hospital. Viro-me e sigo no corredor, na direção que leva a uma escadaria, que conduz ao subsolo do hospital.

Ao descermos, percebemos que ali não existe só a sala com os gerados, tem outras duas salas, uma de equipamentos e remédios e a outra uma sala de UTI, que está trancada. Posso ouvir barulhos vindos de dentro dessa sala. Devem ser de pessoas que estavam internadas e sem tratamento adequado acabaram morrendo e voltando a "vida" como zumbis.

– E quanto às painéis solares que conversamos Adrian? - Pergunto.

– Olha Rich, até que sua ideia era boa, mas a cidade está muito infestada, não podemos ficar aqui mais tempo que o necessário. Acho que nem vai dar pra eu pegar meus pesos, estou chateado demais com isso, mas temos que nos conformar cara. - Ele dá um tapinha no meu ombro, que me deixa muito nervoso, talvez por ele levar tudo numa boa, como se tudo fosse uma piada. Mas tento me acalmar, pra não me desconcentrar no que estou fazendo.

Entramos por uma porta, na qual está escrito "ACESSO RESTRITO", e para sorriso de todos nós, ali estão os geradores. Consigo distinguir dois geradores, há outros equipamentos que eu não faço ideia de pra que servem.

Ben pega um deles com certa dificuldade, e Adrian pega o outro, com mais facilidade.

– E eu? Vou ficar só olhando. - Estou indignado, eu quero ajudar, não posso ter vindo até aqui atoa.

– Você nos dá cobertura. - Diz Ben. -Vamos logo, os zumbis na outra sala estão ficando mais agressivos, devem ter sentido nosso cheiro.

Voltamos a subir a escada, estou tão contente, o hospital estava relativamente livre de zumbis, os que têm aqui estão aprisionados naquele quarto de UTI. Parece que tudo vai acabar bem, vamos colocar os geradores no carro e dar o fora daqui. E quando terminamos de subir a escada e chegamos à sala de recepção, meu pensamento muda.

– Cadê a Misty? - Olho para todos os lados, e não há vejo em lugar nenhum.

– Eu sabia que não devíamos nos separar! Eu sabia! Onde aquela garota pode ter se metido? - Ben está muito bravo.

– Não há marcas de sangue no chão e nem zumbis aqui, então ela não pode ter sido atacada. - Adrian olha para mim. - Vai ver ela foi dar uma volta, pra ver se achava algum zumbi interessante pra ser o novo namorado dela.

– Cala essa maldita boca Adrian! - Agora é inevitável, perdi totalmente o resto de paciência que me restava com esse cara. - Olha a nossa situação, olha como está à droga desse lugar, e você fica fazendo piada? Ela sumiu, sabe-se lá o que aconteceu, e você aí fazendo graça. Vai pro inferno cara!

Ele olha pra minha cara, por um momento penso que ele vai avançar em mim e me bater, mas sua expressão de raiva desaparece e ele dá uma gargalhada enorme e tão alta que deve ser capaz de atrair zumbis a quilômetros daqui.

– Relaxa, vamos encontrar ela, não precisa ficar bravinho não. Ela não pode ter ido longe.

– E quando a encontrarmos. - Diz Ben. - Ela terá que nos dar uma ótima explicação.


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