Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 21
Capítulo Vinte e Um




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O dia termina tranquilo. Quando começa a escurecer procuramos algum abrigo para melhor nos alojarmos. Toda a procura é em vão, não encontramos nada, somente mais estrada à nossa frente e floresta ao nosso redor. Apesar de ser um dia comum de verão está ficando cada vez mais frio; esquecemos de um grande detalhe: cobertor. Vejo que Adrian e meu pai estão muito cansados. Fizemos apenas duas paradas durante o nosso dia; uma onde encontrou o A3 e outra no meio da tarde para um lanchinho rápido.

Ele fecha o teto, e reclina o banco para relaxar. Após sair do carro vejo Misty indo para o banco da frente deitando ao lado dele. Sinto ciúmes, mas não posso exigir nada dela. Vou até a carroceria da S10 para pegar algumas coisas para comer e beber e vejo meu pai e minha mãe ajeitando os bancos dianteiros para dormirem.

– Jenna. – Mesmo estando com os vidros do carro fechados posso ouvir a voz de minha mãe. – Você poderia fazer companhia para seu irmão lá fora?

Pego duas laranjas, um pacote de amendoim e uma latinha de refrigerante cítrico. Também pego uma arma, está bem escuro, forço a visão pra ver se consigo ler o nome dela. Olho no cabo dela tem um circulo com três flechas, e embaixo está escrito: P. Beretta. Verifico a munição, a travo e coloco na cintura.

O vento está ficando cada vez mais forte, vejo as nuvens se movimentando rapidamente. Estou vestindo uma camiseta de manga comprida branca, mas ela não faz efeito nenhum em retardar o frio que estou começando a sentir. Ouço o barulho da porta do carro, Jenna chega ao meu lado e me passa uma blusa dela.

– Sei que você não vai gostar, por que é de mulher, mas pode ficar tranqüilo que não vou contar pra ninguém. – Vejo um grande sorriso em seu rosto, que há tempos não via.

– Posso saber o motivo de tamanha felicidade? – Pergunto. Coloco a blusa, que fica muito apertada e abro o pacote de amendoim. – Afinal, seu namorado está deitado ao lado da Misty.

– Ah, então é esse o motivo de você estar de cara amarrada! – Ela solta uma gargalhada. – Primeiro, ele não é meu namorado. E segundo, ele odeia ela.

– Não tente me enganar Jenna. Eu vi o que aconteceu entre vocês na cabana.

– Fala baixo, se o pai escutar alguma coisa ele é capaz de matar o Adrian. E outra, você não viu nada! Entendeu?

– Sim. – Vejo uma fúria em seu olhar, decido mudar de assunto. – Como assim, ele odeia ela?

– Não vá falar nada pra ninguém. – Ela cochicha. – Ele odeia garotas atiradas, ela é muito fácil.

Sinto uma pontada de raiva, mas me controlo.

– Ela não é nada disso! – Afirmo. Sinto um enorme alívio em saber que ele não está interessado nela. – Não acha melhor ir conferir, se eu fosse você ficava de olho.

– Não. Vá conferir você que está tão interessado. Está com medo de perder ela pro lindo do Adrian?

– Maninha, por que está tão feliz?

– Você não sabe? – Questiona incrédula. – Não acredito. Você não está com saudades de nosso avô?

– Claro que sim. Mas estou tentando não criar tanta expectativa. Por que se ele tiver virado um zumbi, ou a fazenda estiver tomada. Vai ser uma dor muito grande para todos nós.

– Deixa de ser pessimista Rich. Se os zumbis não encontraram uma cabana perto da cidade, imagina a fazenda que fica há pelos menos quinhentos quilômetros da civilização.

– Você tem razão, mas mesmo assim prefiro não pensar. – Na verdade, prefiro não pensar nesse assunto por causa do sonho que tive outro dia. Pensei que nunca poderia acontecer, mas depois de meu pai ter falado de irmos pra lá, o sonho vem sempre em minha mente. Se for outra premonição, a fazenda será nosso tumulo.


* * *



Algumas horas se passam. Jenna adormece em meu ombro. Não vou conseguir dormir, são muitos pensamentos ao mesmo tempo me atormentando. Ouço alguns ruídos vindos das árvores, deve ser algum animal silvestre. Mas alguns momentos depois meu coração dispara ao ver o que é: um homem alto, sem o braço direito, ele arrasta os pés com muita dificuldade, na verdade não é mais um homem. Deito Jenna calmamente, desço lentamente da caçamba, tiro a arma do cinto e miro na cabeça do morto-vivo. Não posso acorda-los, e também vai que tenham mais deles. Tenho que ser o mais silencioso possível.


Guardo a arma na cintura, olho para a carroceria e vejo algumas facas, vou em direção de uma delas e vejo algo muito melhor; a foice do Adrian. Pego ela e me afasto do carro, ao perceber minha movimentação o cabeça-oca ganha um destino, é isso mesmo que quero. Ele tenta ser rápido, mas não consegue, ele tenta me agarrar, mas sou muito mais ágil que ele. Ele estende o braço que sobra em minha direção, então corto um pedaço dele, que começa a escorrer um liquido preto. Ele chega mais perto esticando sua boca, pulo e chuto seu corpo que cai no chão como um saco de batatas. Ele tenta levantar, mas não consegue, seus movimentos são primários. É engraçado, mesmo sabendo que vai morrer ele continua sua caçada. O que será que se passa em sua cabeça, afinal de contas, se ele se movimenta e consegue mastigar e tem um objetivo na "vida" é porque seu cérebro funciona. Meus pensamentos são interrompidos por um vulto rápido que passa ao meu lado e crava uma faca na cabeça do morto.

– Já brincou bastante de Adrian, vamos voltar para o carro. – Penso em responder Jenna, mas ela já está voltando para dentro do carro.


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Notas finais do capítulo

Prometo mais ação no próximo.



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