A Seleção escrita por imyourvenus


Capítulo 8
E faria sorrindo, por que o sorriso dele me fazia sorrir.




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Marlene McKinnon

Droga, droga, droga, mil vezes droga.

Lily não podia ter visto aquilo. Não mesmo.

– Que droga Black, viu o que você fez?!

– Você quer dizer o que nós fizemos, não é? – Ele respondeu irritantemente e sorriu com o canto da boca como se dissesse “você gostou que eu sei”.

E na verdade eu tinha gostado mesmo. E me odiava por isso.

E odiava o Black também. E odiava Lily por estar passando naquela maldita hora.

Droga, droga, droga, mil vezes droga.

Se Dorcas estivesse ali e pudesse ler meus pensamentos, eu com certeza teria levado um beliscão daqueles bem dados.

Mas fazer o que se ‘Droga’ resumia completamente a minha vida naquele momento?!

– Black, não podemos continuar com isso, ok? – Falei com um fio de voz, eu não queria acabar com o tínhamos. Se é que tínhamos alguma coisa.

Ele me fazia tão bem.

– Por que não, Lene? Você tem medo? – Ele perguntou com tom zombeteiro.

E me fazia tão mal ao mesmo tempo.

– Pra sua informação, eu não tenho medo de nada. – Respondi, agora com um tom mais firme.

– Então o que é, hein? Não gosta mais de mim? – Ele ainda usava o mesmo tom de zombaria.

E por algum motivo aquilo me irritou.

– Quando foi que eu disse que gostava de você? – Perguntei friamente.

Nessa vida eu só odeio duas coisas, a primeira é obviamente o Black, e a segunda é que zombem de mim.

– O que você que dizer com isso?

– Exatamente o que você entendeu. – Completei e saí de lá com passos duros, deixando Black e tudo que tínhamos pra trás.

Lily Evans

Terminei de enxugar as lágrimas que já estavam quase secas no meu rosto e sorri.

Simplesmente sorri, da forma mais pura e sincera que alguém poderia sorrir.

Aquele lugar... Era perfeito demais, lindo demais e incrível demais para alguém sequer pensar em ficar triste ali. Seria quase desrespeito.

– James, onde estamos? – Perguntei a ele, que até o momento só estava me olhando.

Eu não sei por que, mas tive a impressão que ele não levava todas as garotas que estavam tristes ali.

E com esse pensamento me senti especial, não sei bem o porquê de me sentir assim, mas foi uma coisa boa, eu não me sentia assim há muito, muito tempo!

Ah meu Merlin, estou ficando sentimental de novo, daqui a pouco as lágrimas voltam e James vai me odiar pra sempre.

Vira homem, mulher!

Forco, Força, Fé.

E qualquer outro clichê babaca que vocês conseguirem imaginar.

– É o presente de casamento do meu pai para a minha mãe. É lindo, não é? – Ele perguntou enquanto dava aquele sorriso... Aquele sorriso que só ele sabia dar.

– É incrível. – Sussurrei.

Nós estávamos em um campo – um campo mesmo, não um jardim – repleto de margaridas, margaridas grandes e bem cuidadas que atraiam diversas borboletas, e o sol dava um contraste a elas que parecia que eu tinha morrido e estava no paraíso. E James era uma espécie de anjo do paraíso e... Pera Lily, não viaja.

Às vezes eu tenho um surto de criatividade, minha mãe sempre dizia que a fertilidade da minha mente era invejável. Eu estava começando a acreditar nisso.

– Eu sempre venho aqui quando estou triste. Eu não sei bem por que, mas só de olhar pra esse campo eu me sinto vivo, é estranho não? – Agora ele me encarava.

– Estranho seria se você não se sentisse assim. – Respondi enquanto tomava uma das margaridas nas mãos, mas sem arrancar é claro. – As margaridas são as flores preferidas da rainha?

– São sim... Posso te fazer uma pergunta?

– Na verdade você já fez, mas como eu sou boazinha vou deixar você fazer outra. – Falei e ri baixinho.

– Quanta generosidade, então, se esse campo fosse pra você, o que mudaria nele?

– Como assim?

– Se um dia você se casar e o seu marido fizer um campo desses pra você, com você gostaria que fosse?

– Bom, acho que eu vou ter que me contentar com a lembrança desse aqui, com certeza meu marido não vai ter espaço e muito menos dinheiro pra fazer uma coisa tão perfeita assim. Ou então não vai querer fazer, seu pai deve amar muito a sua mãe... – Falei enquanto entrava em uma das muitas fileiras das margaridas.

Fiquei andando por meio as flores e James se sentou em um banco próximo a onde eu estava.

Depois de um tempo fui me juntar a ele, meu sorriso só faltava pular do rosto.

– Lily, você ainda não respondeu a minha pergunta.

– Hum, vejamos... Eu mudaria as flores, as margaridas são lindas, mas eu gosto mesmo é dos lírios. E mudaria o tamanho também, poderia ser bem menor desde que o meu marido plantasse as flores com as próprias mãos. E eu gostaria que tivesse uma única árvore com um balanço feito à mão nela.

– Um balanço feito à mão? – Ele me encarou.

– Sim, e que desse pra duas pessoas. Pra que nas noites estreladas eu e meu marido pudéssemos nos sentar e ficar ali admirando a beleza do pequeno mundo ao nosso redor. – Eu falei sorrindo e me virei para olhar pra ele, ele estava me encarado de uma forma estranha... Como se nunca tivesse me visto na vida, ou como se tivesse encontrado algo que buscava há muito tempo.

Ok. Definitivamente estranho.

Quando eu já estava começando a ficar sem graça, me levantei e fiquei enfrente a ele, peguei suas mãos e o puxei para cima, corri com ele até o meio das flores e começamos a brincar de roda. Aquelas rodas que são tão rápidas que você tem que confiar muito que a pessoa não vai te soltar a qualquer momento para você cair. E ele não me soltou.

Eu sei que é meio infantil... Mas se fosse pra ouvir de novo as risadas que James dava eu faria aquilo todos os dias, pro resto da minha vida.

E faria sorrindo, por que o sorriso dele me fazia sorrir.

Dorcas Meadowes.

Eu odeio quando fazem isso. Odeio quando cada uma vai pro seu lado e simplesmente se esquecem de que eu existo.

Lily e Marlene já tinham saído há algum tempo e eu estava totalmente sem o que fazer... Já tinha arrumado todo o quarto, terminado um vestido – que, diga-se de passagem, ficou um sonho – lido algumas revistas de maquiagem e mesmo assim nada delas voltarem.

Esperei mais um pouco e como elas nem deram sinal de vida, resolvi andar um pouco pelo castelo.

E como eu me arrependo de ter tomado essa decisão.

Ou apenas me arrependo de não estar um pouco mais apresentável.

Ou me arrependo dos dois, eu estava tão confusa.

Por que era exatamente assim que Remus Lupin me deixava, confusa.

Eu estava sentada em um dos corredores com um livro de contos quando ele me surpreendeu.

– Dorcas? Quero dizer, Meadowes? – Ele chamou com aquela voz fofa dele.

Nem preciso falar que meu coração deu um mortal pra trás e dançou até o chão quando desviei os olhos do livro e foquei em seu rosto. E que rosto...

– Me chama de Dorcas, Lupin. – Falei fazendo sinal para que ele se sentasse ao meu lado.

– Então me chama de Remus, sei lá, é meio estranho não acha? – Ele perguntou enquanto olhava o livro que eu tinha em minhas mãos.

– O que?

– Nós nos conhecemos há tanto tempo e nos tratamos com tanta formalidade. E hum... O que você está lendo? – Ele ainda estava com os olhos no livro.

– É verdade, mas também não é como se a gente conversasse muito. Pelo menos não mais. – Falei encarando o chão, eu gostava tanto dele... – É um livro de contos que a Lily me emprestou. Eu estou amando. – Estendi o livro pra ele.

– A gente pode mudar isso, se você quiser é claro... Não sabia que você gostava de ler. – Ele disse pegando o livro e olhando a contracapa.

– E o que você sugere?

– Sugiro que eu e você nos encontremos aqui de novo, amanhã no mesmo horário. O que acha? – Ela falou enquanto me estendia o livro novamente.

– Acho ótimo, até amanhã então. - me despedi, visto que ele já estava levantando para ir embora.

– Até amanhã. Vou te trazer uma surpresa.

– O que é?

– Surpresa. – Ele sorriu e virou para outro corredor.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei ali sorrindo para mim mesma, mas sei que deve ter sido bastante tempo por que quando dei por mim já estava anoitecendo.

Voltei pro quarto meio que andando meio que saltando, eu estava nas nuvens... Mas assim que entrei no quarto o barulho do choro de alguém me trouxe de volta a terra.

Tinha alguém chorando. E esse alguém era a Lene.

E isso era mau, a Lene nunca chorava.


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