Sinto o peso da mochila em minhas costas, os livros em minha mãos, em minhas roupas ainda havia o cheiro de cigarro de um homem tão nojento quanto o meu pai adotivo.

 Em meu braço, ainda está a marca vermelha de sua mão, que tocava minha pele com violência. Em meu coração, ainda havia o nojo. Nojo por ter, e ainda estar agüentando essa situação. Todo dia é a  mesma coisa.

  Eu chego em casa, faço a comida, estudo, e quando estou indo dormir, ele entra no meu quarto e faz eu chama-ló de papai enquanto ele me toca com suas mãos imundas. Eu tento fugir, mas nada adianta, já faz um mês desde que isso começou. Perdi meus pais em um horrível acidente de carro. Eles eram a minha família.  Sendo assim fiquei aos cuidados do estado. E esse casal me adotou. Anabel e Fernando Leon. Ela é medica, tem plantões durante a noite, nem imagina o que acontece.

Acordo de meus pensamentos quando esbarro com uma pessoa. Sinto uma dor aguda em
minhas costelas e escuto meus livros caírem ao chão.  

 -Olha por onde anda idiota! - falou um dos garotos do time de futebol do meu colégio. Olho para o chão e vejo meu livros, me abaixo para pega-los. Mas as pessoas que passam cada vez os chutam mais. 

 Abaixo minha cabeça e começo a junta-los, e de repente sinto a mão de alguem tocar a minha e então me ajudar a pegar. Olho rapidamente para cima querendo ver o rosto de tal pessoa.  

 Terminamos de juntar os livro e eu digo:

-Obrigada, Joseph.

-De nada, Sarah.- ele responde. Eu me viro para continuar andando, mas paro assim que escuto a voz dele dizer:

-Até quando você vai fugir de mim? 

-Não temos nada pra conversar- respondo friamente.

-Eu te conheço desde que eu tinha 7 anos, uma amizade assim não acaba tão rapido.

-Talvez acabe. Tenho que ir.