Morgana não sabia dizer quando adormece, mas seus sonhos estavam longe de serem puros ou no mínimo sensatos, havia começado normal em um dia desses em que Merlin resolveu toma-la, ela se lembrava perfeitamente de até onde ela havia ido e ainda não podia acreditar no que o servo havia feito, os gemidos e os gritos de prazer ainda ecoavam pelas paredes, Morgana se moveu na cama, as pernas abertas e os dedos agarrando o lençol ao seu lado, naquela noite haviam sido os macios cabelos do bruxo, ela não havia pedido aquilo, mas de todo jeito havia sido o melhor momento de sua vida, os lábios de Merlin estavam onde ela mais queria no momento e as mãos apertavam com força, Morgana nunca havia chegado a nada semelhante, ela sabia que não era premonição, era uma lembrança, mas depois se modificou, era Merlin a beira de um rio, não sabia mais dizer se era passado ou futuro, mas estava ali, claro, Merlin sepultava alguém em um barco em chamas indo para longe, e seu rosto estava vermelho e inchado por causa das lágrimas.

Em outro tempo teria sido sua diversão saber que Merlin estava sofrendo, mas agora a doía ver aquilo, a triste constante em seu olhar, então mais uma vez mudou agora sabia que não era passado, estava em um lugar luxuoso, olhando pela janela trabalhada de Camelot, sim, era Camelot, Vestia um vestido elegante de tecido nobre, mas não usava muitos enfeites, apenas seu colar e nada mais, e sua barriga estava pesando, atrás de si havia uma elegante cama de dossel na qual podia descansar as costas do esforço de carregar a barriga exageradamente grande, mas não, preferia olhar uma serva andar ao lado de Merlin, era uma mulher bonita, com cabelos cor de caramelo e olhos castanhos, sabia que ele estava chegando e logo a porta se abriu e ele entrou, não estava sorrindo e a encarava com suspeitas.

– Ela era sua noiva ou simplesmente sua amante?

Ela acordou com aquela pergunta, não conseguia entender ao certo o que havia acontecido, quem era a mulher? Qual era sua relação com Merlin? E mais importante, o que ela fazia em Camelot?

Morgana podia sentir o suor escorrendo por sua testa aquilo havia mexido consigo, automaticamente tocou o braço onde sua pulseira de cura costumava ficar, mas já não a tinha a um bom tempo.

Morgana se levantou e caminhou pelo seu quarto, já frio pela queima total do combustível que o mantinha aquecido, a cabeça continuava preso em seu sonho, o que significava? Calçou as botas e desceu para as masmorras, esperando que Merlin pudesse responder.

Quando chegou lá o rapaz dormia um sono profundo, não parecia tão perturbado quando estava adormecido, do contrario parecia mais relaxado que nunca, enquanto acordado Merlin sempre mantinha um semblante suspeito, pelo menos sempre que estava com ela, Morgana passou os dedos por seu rosto, aproveitando aquele momento, agora poderia toca-lo sem medo de quebrar o feitiço, mas já não importava, ele a odiava, os lábios roçaram levemente os do bruxo.

Merlin sorriu, estava confuso demais por esses dias, era complicado saber quem era aquela Morgana, porque havia falado de amor e de culpa, ela mesma não se sentia culpada de nada que fizera, mas nos sonhos era outra coisa, Morgana era sempre doce e se deixava tocar, é verdade que Morgana ainda não o havia torturado, nem nada parecido, mas também não o havia tratado bem.

Em um de seus sonhos Morgana havia se entregado mais, ele podia sentir o leve puxão de suas mãos em seu cabelo e as coxas apertando sua cabeça, e mais tarde ela o levantou, o beijou nos lábios, um roçar leve e delicado que fez com que seu corpo inteiro se arrepiasse, as mãos de Morgana desciam para suas calças e lhe tocavam sem pudor, “Te amo Merlin”, ela sussurrara, havia mais do que simples luxuria quando ela resolveu lhe dar prazer, o levando ao ápice, ela se deitou ao lado dele, um sorriso brilhando em ambos, ela se aninhou em seu peito e então foi a vez dele sussurrar.

– Te amo Morgana – ele a olhou de cima, o corpo alvo escondido entre os cobertores no frio daquele deserto.

Ele sentiu os dedos suaves contra sua pele fria, desenhando cada detalhe de seu rosto e então roçou seus lábios o ato lhe fez sorrir e a abraçar e deitou sobre ela, ele fechou os olhos e voltou a abri-los, Morgana ainda estava sob ele, mas não no quarto dela e sim em sua cela, sobre seu colchão de palha fedorenta e não parecia feliz com aquilo.

Morgana realmente ficara surpresa quando Merlin a puxara para baixo dele, mas era simplesmente mais do que ela poderia aguentar, ela se permitiu aquele pequeno momento de felicidade, mas tudo acabou antes mesmo que algo acontecesse, Merlin abriu os olhos, ela não pensou duas vezes antes de fechar a cara e joga-lo longe, voando até suas correntes em um canto da cela.

– Morgana – ele engasgou rapidamente e aquilo a fez ter uma sensação diferente de prazer, e ela não podia negar o quanto gostava de estar no poder.

–Cale-se – ela falou simplesmente – Sabe que lhe deixei solto apenas para não perder sua cooperação voluntária e como me retribui, me agarra como a uma prostituta.

– Eu... – ele, novamente tentou se explicar, mas ela o calou com um impulso de dor que fez com que todo seu corpo reagisse.

– Não quero mais uma palavra sua – então ela sorriu – Eu tive uma ideia, - Merlin não conseguia pensar o que ela lhe faria quando ela começou a entoar um feitiço, seus olhos passaram de verdes para dourados e então...nada, nenhuma dor, nenhuma marca, nada – Espero que isso lhe ensine. – ele tentou falar, mas nenhum som foi emitido e o sorriso de Morgana se enlargueceu – Sua voz estará de volta quando for treinar Aithusa e apenas para esse fim, depois ela voltará a meu poder – Merlin simplesmente a acompanhou com o olhar – Ou se preferir me contar quem é Emrys, talvez eu possa devolve-la antes, a escolha esta em suas mãos.