Merlin deixou-se cair no monte de palha que lhe servia de cama, apesar de não saber ao certo o que estava acontecendo tinha uma vaga ideia, com toda certeza Morgana havia feito algo a ele, algo que o fazia agir conforme o que ela queria.

Em um impulso nervoso sua mão já corria a nuca em busca de algo, mas não seria possível, o Fomorroh não o deixaria pensar como ele mesmo, isso era diferente fosse o que fosse era uma tortura, fazer com que ele a quisesse mais e mais a cada dia, quando na verdade sua mente dizia para ele fugir, mata-la na primeira oportunidade, por que ela não hesitaria, ela não pensaria nos bons momentos, ela já estava atacando e ele não conseguia revidar, não tinha forças suficientes.

Emrys não tinha mais poder contra a bruxa, nada que pudesse quebrar seu feitiço, tudo o que precisava era de um feitiço forte o suficiente para acabar com o feitiço, qualquer coisa digna do feiticeiro Emrys.

Tudo estava se mostrando mais complicado do que devia, Merlin não tinha poder e força suficientes para quebrar o feitiço, mas Aithusa o ajudaria se ele ordenasse, mas então ele ficaria mal, Morgana não iria permitir que seu feitiço fosse quebrado e revidaria de forma mais dura, de forma que ele não queria imaginar.

Mas o pior mesmo é que ela descobriria, era inteligente demais, um raciocínio rápido demais, logo notaria quem realmente era Merlin e ela não permitiria que ele vivesse mais um dia se quer, ela iria persegui-lo e mesmo que não conseguisse. Camelot não seria mais um lugar seguro, ela poderia se atirar na fogueira, se não houvesse outra forma, mas levaria ele junto.

Ela apareceria lá, contaria a Arthur tudo sobre Merlin, não faria tanto mal, se ela não contasse que ele é Emrys, Merlin via de perto a raiva que Arthur sentia do bruxo, ele ainda achava que Emrys era o culpado pela morte do pai, ele não sabia sobre o amuleto de Morgana, nem ao menos suspeitava.

Outra coisa que Morgana tinha ao seu favor, Arthur ainda queria que a irmã voltasse e se isso custasse a cabeça de Merlin, bem? Então ele não tinha tanta certeza quem seria o cadáver da vez, mas se ela contasse que ele a envenenou, a coisa mudava radicalmente.

Não! Ele precisava escapar, não importava o que aconteceria depois, não ligava a mínima se morreria ou não, mas essa confusão de sentimentos o estava enlouquecendo, era agora ou nunca.

Ele se sentou na palha e fechou os olhos, qual seria a palavra chave? Sua mente se encheu das cenas da semana, os lábios de Morgana fechados com o dele e a falta de ar gostosa e incomoda que os fazia se soltar, a alegria ao ver seu sorriso, a forma como ele a segurava, com força para que ela nunca mais se fosse.

“- My lady – chamou ele em um dia, pouco depois de procurar Aithusa pelos arredores – Não consigo encontrar Ai... – ele foi cortado pelo pshiu dela – thusa.

O dragão jovem tinha a cabeça encostada entre suas pernas e parecia dormir, a cena lhe trouxe uma sensação de paz e ao mesmo tempo espasmos de desejo, Morgana era uma mulher linda e não pode deixar de notar como o vestido havia se apegado a suas coxas quando a cabeça do dragão repuxava o pano grosseiro.

– Pretendo deixa-la dormir, se não houver problema Senhor – ela falou lhe trazendo arrepios pela espinha e fazendo seu próprio corpo reagir.

Atrapalha sim My lady, em sua mente foi o que lhe ocorreu dizer, assimilando um tom mais sarcástico ao titulo My Lady, mas não foi que lhe escapou – Claro que não My lady, afinal é a única quem decide por aqui – sem evitar o tom de cachorrinho que lhe saiu.

Ela sorriu – Sabe Merlin agora vejo por que Arthur gosta de mantê-lo, é um servo bem útil. -Morgana parecia um ser em paz aquela manhã, seu sorriso chegava aos olhos, algo que já não via a algum tempo – Sabe Merlin, eu a amo, algo que eu pensei que nunca mais pudesse sentir, ela é o que me mantem sã neste lugar.

Merlin sentou-se ao seu lado, agora mente e coração falavam a mesma coisa, por pior que ela houvesse se tornado, nada mudava a dor que ele sentia ao vê-la daquele modo – Agora eu estou aqui, você não está mais sozinha.

Um brilho de tristeza passou por seus olhos, um pequeno momento de duvida e Merlin já havia tomado seus lábios novamente, um beijo doce que como da primeira vez foi se tornando faminto, necessário. Ele a empurrou contra o colchão improvisado e correu a mão pelo vestido até suas botas, que simplesmente se soltaram e caíram, Morgana precisava de ar, então ele correu a boca pelo pescoço da bruxa a fazendo ofegar, as mãos dançavam por dentro da saia trazendo a mesma mais para cima.

– Merlin! – chamou quase sem folego – Pare! – mas o bruxo continuava sem se importar, mesmo que parte de si quisesse parar – MERLIN! – ele não notou quando os olhos verdes se tornaram dourados, mas em um instante seu corpo voo meia sala até um móvel do outro lado.”

Depois dessa lembrança que o fizera endurecer, outras se seguiram dessa vez a forma como haviam trabalhado juntos tantas vezes para ajudar Camelot, a forma como ela sempre colocava os amigos em primeiro lugar, mesmo que isso significasse traição.

Novamente seu coração respondera, era isso, ele a havia traído e ela passara a ver Morgause como sua única amiga, ela apenas estava fazendo o que ele mais admirava nela, colocando aqueles que ela amava em primeiro plano, ele era quem havia falhado.

Tentou se concentrar novamente nas coisas ruins de Morgana e em tudo que havia feito, ela era sua inimiga no fim das contas. O feitiço passou por seus lábios como se fosse uma velha canção que conhecesse de cor e salteado.

A força o havia feito cair em um sono profundo ou era o que achava.

~~X~~

Ele estava com frio, dormindo sobre a relva ainda úmida do orvalho, seu corpo tremia enrolado apenas em seu casaco, tinha certeza que seu rosto estava inchado das lágrimas que derramara por Freya na noite passada, quando sentiu algo o segurar, embalando-o.

Merlin podia ouvir sua voz doce o chamando – Freya.