Cold escrita por KodS


Capítulo 12
(Cap. 11)


Notas iniciais do capítulo

Gente há uma duvida muito grande dentro de mim neste momento.
Mover o próximo capitulo vai ser em Camelot ou no castelo de gelo, mas prometo que vai sair, talvez demore, mas sai.



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A neve começou tímida e cálida, mas nem por isso menos cruel, o úmido chão de pedra estava tão frio que chegava a atingir a pele do jovem dragonlord, talvez aquilo fosse mais de seus malditos testes, talvez ela pensasse que o gelo em que havia se transformado o deixasse acordado pela noite inteira e estivesse cansado quando viesse para “interroga-lo” como fazia todos os dias desde que ele havia quebrado seu feitiço.

Por pior que parecesse ter de dormir no chão frio, pior ainda era dormir tão dolorido como estava, sabia que ela voltaria e lhe traria mais dor, como se a dor do peso de seus braços que a pouco estavam presos junto com a dor dos feitiços que ela utilizava quando ele não respondia o que ela espera, ou a respondia com piadas e pior eram os cortes e os vergões que tinha espalhados pela pele, algumas vezes Morgana usava de chicotes para lhe bater quando não respondia, e mesmo as vezes trocava os feitiços pelas armas de um carcereiro, sabia que ao era apenas por Emrys que fazia isso, algo a deixava mais irritada, algo a incomodava quando via Merlin.

~~X~~

Morgana acordou com o bafo quente de Aithusa secando suas cobertas pela manhã, isso era bastante comum. Na época de nevascas a neve invadia seu quarto e umedecia qualquer material que estivesse por perto e Aithusa havia pegado a mania de secá-la quando acordasse, para não correr riscos de ver sua dona doente.

Morgana afastou as cobertas e calçou as botas gastas de couro que encontrara anos antes, estava velhas e carcomidas, mas não fazia diferença, não havia como conseguir uma nova, seus pés bateram devagar e silenciosamente contra o chão de pedra cinzenta, quando parou na porta, Aithusa a olhava com seus grandes olhos de safira brilhando em um pedido silencioso.

Morgana retornou para a cama e sentou-se com o enorme focinho de sua amiga entre suas pernas, acariciando as escamas, já estavam mais brilhantes e ela estava com mais vida que nunca, já ensaiava uma ou outra palavra mais elaborada, e formava pequenas frases com silabas soltas das palavras. Uma vez, não muito tempo há trás, Morgana se lembrava de estar comendo, a mesa vazia e silenciosa, por vezes a fazia sentir falta da companhia que havia em Camelot, ou melhor, de sua casa com Gorlois e Vivienne, mesmo que esse não fosse seu verdadeiro pai, ela o amava como o tal.

Estava perdido em suas lembranças quando a dragão branca deitou sua cabeça sobre a mesa e falou em tom inteligível pela primeira vez.

- De pa? Le no vê come? – tá, talvez não fosse tão inteligível assim, mas ela estava pergunto se Merlin não viria comer, era claro que ela já havia se acostumada com o fato de Merlin fazer as refeições junto com Morgana e mesmo depois de tanto tempo, o jovem dragão finalmente exteriorizara o que pensava, mas Morgana não tinha como explicar, não sem deixar Aithusa chateada.

- Não, minha pequena – ela respondeu delicadamente – Ele está um tanto ocupado.

Agora mal conseguia se lembrar o que o havia feito naquele dia, parecia que era sempre a mesma coisa, uma rotina ridícula de torturas e dores, aquele que fora um de seus consolos a menos de um mês agora, estava espaçado, com a pele sangrando em cortes disformes e enormes vergões, agonizando em uma cela sob aquele maldito lugar de gelo e ferro.

Enquanto Aithusa vagava solenemente pelo s corredores daquele lugar, sumindo por horas e voltando para junto de si apenas para adormecer ao seu lado.

- O que houve agora minha querida? – perguntou ao animal instalado no seu lugar de sempre – O que quer?

- Pa, pás fri! – ela falou do seu jeitinho esquisito de criancinha que começa a ensaiar a suas primeiras palavras – Bertor pra me pa.

- Você quer que eu entregue cobertores a ele Aithusa? – o animal a olhou com aqueles enormes olhos e podia ver Merlin neles, sua mão voltou a correr pelas escamas de cor tão clara como a neve que caia lá fora. – Vou visita-lo mais tarde e levo o que lhe mandou, certo?

O animal levantou a cabeça, agora com um brilho diferente em seus olhos, uma língua fina saiu da boca do dragão lambeu-lhe a mão, Morgana se lembrava que o animal costumava morde-la, mas conforme fora crescendo deixara aqueles hábitos e passara a se comportar como um cãozinho.

Morgana estava andando até o aposento do homem, as mantas eram um conforto bem-vindo para o frio que entrava pelas janelas que seguiam as paredes em caracol da escada que levava as masmorras, ali parecia sempre tocar uma triste canção, como uma trilha sonora para seu pequeno desconforto, mesmo sabendo que isso acontecia quando o vento frio e veloz de inverno passava raspando pelas janelas estreitas e pelas pequenas fissuras entre as pedras que montavam o castelo.

A porta de madeira sempre se abria com um rangido que fazia seus pelos se arrepiarem na parte de trás de sua nuca, como um gato assustado, mas agora o maldito vento tinha uma boa influencia sobre isso.

Merlin a vira entrar com o manto negro sobre sua cabeça, mas não havia faca em sua cintura nem chicote em suas mãos, pelo contrário, ela trazia uma boa quantidade de mantas em seus braços, ele se ergueu com dificuldade, os pés pareciam enormes pedras de gelo e o corpo, além de dolorido, estava frio o tremia sem seu consentimento, sua roupa estava úmida, o que aumentava seu desconforto e os dedos estavam gelados e não se dobravam, por mais que tentasse.

- Vejo que conseguiu dormir? – um sorriso malicioso dançou naqueles lábios pálidos.

- Fiz o melhor que pude minha senhora – respondeu com falsa corte – Acabei por descobrir que o chão frio torna as dores um pouco mais fáceis de suportar.

- Então parece que fiz bem em trazer isso para você – as mantas caíram como um saco de farinha em seu colo, cheiravam a mofo, mas eram confortáveis e quentinhas - Aithusa pensou que ficaria feliz por recebê-las, mas parece que ele não imaginou estaria tão machucado a ponto do frio lhe fazer bem.

Aithusa, não a via desde o último treino, imaginava se Morgana ainda estava a trancando nas minas a baixo do castelo, sabia que o animal não gostava de ficar preso, mas também sabia que era o melhor.

- Como ela está? – Perguntou Merlin tirando Morgana de seus devaneios.

- Melhor que eu ou você, posso afirmar.


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