A Garota Do Cachecol Vermelho escrita por Ana Luiza Lima


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Se alguém resolver ler isso e depois quiser comentar beleza....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/300027/chapter/2

Eu tinha finalmente terminado o relatório, que coisa chata. Eu adoro a minha profissão de contabilista, mas, relatório não era comigo, eles eram cansativos, muito cansativos! Eu só trabalhava no período da manhã, isso era uma boa, primeiro porque eu tinha a tarde livre, e segundo porque eu levava muito trabalho para casa, e se tivesse que fazer tudo a noite com certeza não daria tempo.

Lá estava eu de novo, grudado no meu notebook, fazendo contas e mais contas, para colocar em mais um relatório, e tentando não dormir sentado! Fui à cozinha pegar alguma coisa para comer porque era frio, e eu tinha muito mais fome quando estava frio. Minha geladeira mais parecendo o polo sul, só gelo mais nada. Acho lá no fundo escondido atrás de uma caixa de leite, que não cheirava muito bem, queijo, que felizmente estava em boas condições. Normalmente eu almoço fora, porque o escritório que eu trabalho me doa tickets alimentação, é mais barato e mais prático também.

Montei um sanduiche bem pobrezinho de queijo e pão. Com certeza eu precisava urgente ir ao supermercado. A única coisa que tinha em abundância na minha cozinha era miojo, lasanha pronta e sujeira. Eu era muito viciado em doces, sempre estava comendo um, por isso não tinha nenhum deles na cozinha, nunca sobrava um para contar a história.

Comendo bem lentamente, me apoio na pia, e olho o relógio. São 3:50... Eu tinha que fazer alguma coisa. Fiquei mastigando enquanto tentava me lembrar. A garota do café. Precisava encontrar ela, como fui me esquecer? Aquele relatório estupido ocupou toda a minha mente, mas eu sabia que precisava ir correndo encontra-la.

Isso era estranho, meu coração acelerou quando eu lembrei dela, nem sabia se ela estaria lá para me encontrar, pode ser que ela só passou por lá por acaso, mas eu tinha que ver, tinha que ter certeza, e no fundo eu acreditava realmente que ela estivesse lá, nem que fosse só pra ir ao banheiro eu queria ver ela de novo.

Vesti-me correndo, com uma camisa xadrez e uma calça jeans, enquanto xingava sem parar o relatório e consequentemente o meu chefe, que me deu o relatório para eu fazer, um dia ainda faço ele engolir todos os relatórios que ele me fez fazer, e na frente de todo mundo.

Corria pela rua, as pessoas me olhavam, eu não ligava claro que eu não tinha horário, mas para mim aquilo era um compromisso, um compromisso que eu não podia perder, e que eu não podia me atrasar de jeito nenhum. Olhei o letreiro do café. Tinha chegado, parecia que tudo era uma eternidade.

Entrei, não havia quase ninguém, só um grupo de jovens conversando, um casal de velhinhos de mãos dadas, conversando e sorrindo, e um cara mau encarado, que eu preferi não ficar olhando por muito tempo. Mas nada dela. Resolvi sentar e esperar para ver se ela chegava, talvez ela não tivesse horário, eu que estava louco.

Enquanto esperava, pedi um café caprichado, e fiquei observando as pessoas ao meu redor. O grupo de jovens conversava animadamente, contando histórias e rindo sem parar, praticamente animando o lugar e tirando todo o stress, me lembro de quando eu era mais jovem com meus 16 anos, já faz dez anos, nossa como passou, e rápido. Eu não era o mais popular da turma, era do grupo dos nerds, era legal, no fim nós sempre fazíamos mais bagunça que os populares, estressávamos os professores, mas eles nunca nos tiravam da sala.

Virei um pouco o rosto e vejo o casal de velhinhos. Achava interessante, como duas pessoas conseguiam ficar tanto tempo juntas, sem querer se separar. Deve ser alguma ligação, sei lá, isso é muito estranho para mim, mas acho que gostaria de ter alguém com quem conviver quando eu fosse velho, não gostaria de ficar um velho babão e chato, se eu chegar a velhice é claro, oque eu não tenho tanta certeza, mas vivo com a esperança.

Vi pessoas indo e vindo, entrando e saindo da cafeteria, e nada da garota com o cachecol vermelho. Cada vez que a porta se abria meu coração pulava, parecia que ia escapar do peito, eu era muito ansioso também, talvez esse fosse meu maior defeito depois de ser tão exagerado, e talvez meu maior defeito fosse exagerar nos meus defeitos.

Fiquei enrolando com aquele café, tomava um gole, ou apenas tocava com ele na boca. As garçonetes já estavam me olhando estranho, acho que não gostavam de quem ficava enrolando nas mesas, mais eu tinha um motivo maior. E passou o tempo.

Depois de 3 horas esperando e nada dela, resolvi desistir. Paguei a conta, e fui embora de cabeça baixa. Esperava tanto encontra-la, eu tinha tanta certeza que ela estaria lá. No caminho fui lembrando do seu cheiro, do seu rosto, do seu cabelo, de tudo dela.

Cheguei em casa cansado, nem tinha tanto sono, mas não estava afim de fazer mais nada. Deitei na cama, e me cobri. Eu estava exagerando novamente, mais eu não ia desistir, no outro dia eu estaria lá no mesmo horário, sentado no mesmo lugar.

E eu dormi pensando nela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!