Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 33
Queda.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas *-*

Então, eu respondi algumas perguntinhas no blog que uma amiga está iniciando e é sobre CD, então quem quiser saber mais sobre o que está por vir, é só seguir o link: http://universoparalelodaleitura.blogspot.com.br/2013/06/entrevista-com-jubs-sobre-conspiracao.html

Boa leitura ♥



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Choque era a palavra que me definia no momento. Eu estava simplesmente surpresa, nunca havia passado pela minha cabeça nada do tipo e agora Evan estava me dizendo que o garoto com quem eu cresci era um anjo caído? Isso só podia ser brincadeira!

Fechei os olhos e respirei fundo, antes de me atrever a repetir sua pergunta, como uma criança que esta aprendendo a falar, abri e fechei minha boca várias vezes antes de ter certeza que deveria fazê-lo.

- Um Anjo Caído?

Evan assentiu, completamente tranquilo. Aquilo era uma surpresa para mim, não para ele.

- Então é por isso que Daniel dizia que vocês tinham uma longa história?

- Nos servimos juntos. - Respondeu. - Foi há bastante tempo e depois da queda, não tivemos mais a mesma amizade.

- E porque não? - Rebati, apertando minhas mãos, uma da outra, tentando esquentá-las em vão. 

- Daniel acha que eu sou culpado por sua queda. - Falou bebericando minha coca e encarando meus olhos. - Não me olhe com essa cara!

- Não estou olhando com cara nenhuma. - Murmurei dando de ombros. - Só estou tentando entender.

Evan suspirou, largando uma das batatas no prato e depois limpando sua mão na calça jeans. Seus ombros pareciam um tanto quanto rígido e eu optei por aceitar aquilo como uma inquietação.

- Olhe só, Daniel me culpa por sua queda. - Repetiu. - Porque fui eu quem arranquei suas assas.

- Você o quê? - Ok, talvez eu tenha dito alto demais e por isso os olhares da lanchonete se voltaram todos para mim. Mas qual é! Qualquer um não controlaria sua voz quando estava recebendo aquele tipo de informação!

- A culpa não foi minha, ok? - Evan respondeu me olhando com um ar de desaprovação. Sua voz era baixa e se eu não prestasse total atenção em suas palavras, não as ouviria. - Daniel cometeu erros e foi punido por isso. Fim da história.

- E você o puniu? - Ignorei a última parte, dando a impressão que o assunto não estava encerrado para mim, como estava para ele. - Por quê?

Mais um suspiro se soltou de sua garganta e Evan revirou os olhos, se mexendo inquieto antes de responder, dessa vez mais detalhadamente.

- Daniel cometeu erros, erros graves e foi castigado por isso. Ele estava apaixonado por uma humana, ou pelo menos dizia estar. De qualquer forma, aparentemente eu era o único que sabia de sua cobiça, então quando a guarnição descobriu, castigou nós dois. O castigo de Daniel foi ser lançado para Terra e o meu, foi ter que arrancar as assas de meu melhor amigo.

Eu não sabia o que dizer. Não tinha o que dizer. Eu via a culpa e a dor nos olhos de Evan, sabia o quanto ele sentia culpado em ter feito aquilo, mas também o conhecia o suficiente para saber que ele sempre cumpria as regras, mesmo quando não concordava com elas.

- Sinto muito. - Balbuciei. - Por vocês dois.

- Não sinta. - Respondeu rapidamente se recompondo. - Foi há muito tempo e muitos de nós não sabem perdoar. Mas talvez no fundo, eu não mereça seu perdão.

- Você estava sendo leal, Evan. - Sussurrei de volta, novamente esticando minhas mãos pra alcançar as suas. - Lealdade é uma coisa tão difícil de encontrar nos dias de hoje.

- Estava sendo leal ao Céu e não ao meu melhor amigo. Fui punido por isso.

- Como assim?

- Eu fui o próximo, pode parecer uma piada, mas meu crime foi parecido com o do Daniel.

- E qual foi seu crime? - Perguntei encarando seus olhos negros que se mantinham fixos nos meus desde o começo daquela conversa, como se mais nada importasse, como se mais nada existisse á nosso redor.

- Me apaixonei por você. - Sussurrou, erguendo uma de suas mãos para tocar meu rosto. - Uma humana, que eu desejava mais que tudo. Os Arcanjos descobriram e arrancaram minhas assas. - Evan pausou, baixando sua mão e desviando seus olhos dos meus. - Quando cheguei a Terra e fui a sua procura, você já estava...

- Morta? - Perguntei, minha voz mantida apenas por um fio, falha demais, baixa demais, eu não sabia como mas ele tinha escutado com clareza. Sua cabeça se mexeu lentamente, para cima e para baixo, em concordância. - Você demorou para voltar? Eu tinha morrido de velhice?

- Não. - Respondeu, negando com a cabeça, sua expressão se contorceu levemente e em seguida voltou ao normal. - Eu não demorei para chegar, estive em queda por um ou dois dias, mas quando cheguei no vilarejo que você morava e procurei por você, uma vizinha disse que você tinha sido assassinada na noite anterior.

Não respondi de imediato, estava tentando absorver tudo o que ele tinha dito. Eu procurava por informações, há quase cinco semanas e meia e agora de uma hora para outra, elas estavam sendo despejadas em cima de mim. Mas eu ainda não sabia como digeri-las, era coisa demais e cedo ou tarde, eu sabia que se tornariam ainda maiores se eu não lidasse com elas logo.

Assenti ainda meio fora de mim, com um gesto automático com a cabeça que com certeza mostrava toda minha aflição.

- Quando foi isso?

- Há um bom tempo, não tenho certeza da época. - Disse calmamente. - Eu não sabia que você voltaria dali há um século, Mel. Me tranquei em uma casa e vi os dias passarem e as pessoas, que se tornaram minhas amigas, morrerem. Eu não tinha esperança, me amaldiçoava todos os dias por ter lhe deixado sozinha, nunca vou me perdoar.

- Mas então eu voltei, não é? - Perguntei infantilmente, engolindo em seco, sentindo minha garganta reclamar. - E aconteceu de novo?

- Sempre acontecia. Primeiro aquela vez, e depois outra e outra, mas então eu pude entender o ciclo. Sabia que você voltaria dali um tempo e não te deixaria partir novamente. - Respondeu. - E aqui estamos nós, e você está viva e irá permanecer assim.

- Você não pode ter certeza.

- Mas tenho. Te vi morrer quatro vezes, Melanie e nunca estive tão próximo de descobrir a verdade como estou agora. - Murmurou. - Conheço os passos do seu assassino, sei que ele é um imortal como eu, só preciso saber aonde ele está, como ele joga.

- Você acha que poderia ser alguém querendo se vingar de algo que eu fiz? - Perguntei. - Não me lembro se arrumei confusão com algum Anjo em minhas vidas anteriores.

Era incrível como eu conseguia falar que já tinha vivido antes, era como se aquilo não fosse novidade alguma e pelo menos isso, era fácil de aceitar.

- Não. - Negou. - Não acho que alguém tenha alguma rixa com você. Além de Charlote, é claro. Mas ela já perdeu suas assas por tentar lhe arrastar para o Inferno.

- Então, tiramos Charlote da lista? - Perguntei secamente. Não gostava dela antes e agora menos ainda, porque agora sabia que aquela tarde, há algumas semanas, não tinha sido a primeira vez que ela tentara acabar comigo. 

- Acho que sim. - Concordou. - Isso nos leva a crer, que quem quer que esteja atrás de você, não tem assas. Se fosse um Anjo, os Arcanjos já teriam se livrado dele. Somos completamente proibidos de acorrentar qualquer pessoa ou ser que seja no Inferno, se o fizermos perdemos nossas assas. 

- Então, algum Anjo Caído está atrás de mim? - Evan assentiu. - Por quê?

- Essa é uma pergunta que eu tento responder há quase quatro séculos. - Completou. - Não faço ideia. Pode nem ser um Anjo Caído, várias criaturas tentam prender humanos que renascem no Inferno, temos uma lista imensa para checar.

- Vai ser uma longa e tediosa aula de filosofia. - Revirei os olhos, tentando diminuir a tensão do momento.

Mas no fundo meu estômago revirava e eu me perguntava quando finalmente teria paz para ficar com Evan, sem que ninguém fizesse de tudo para nos separar.


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Notas finais do capítulo

E então, alguma dúvida? hahah' As coisas vão ficar mais claras daqui para frente, visto que essa primeira parte está quase no fim D:
Mas enfim, comentem e me digam o que acharam u_u
Beijos ♥