Martha e o Doutor se viraram para conhecer o rei. Sabiam que era ele pelo nome e pelo tom da voz ao falar com Merlin. Os dois fizeram reverências.

– Rei Arthur. É um enorme prazer conhecê-lo. Eu sou o Doutor e essa é Martha. E é um grande, grande prazer conhecê-lo.

– É um prazer conhecê-lo, ah... Doutor?

– Sim. Sim.

– Ah, tudo bem. Merlin, isso não é hora pra chá, será que eu vou ter que vir aqui sempre pra te lembrar que você é o servo do rei?

– Não, Senhor. Eu já estou indo.

– Ótimo. Minha armadura precisa ser polida e meu quarto está imundo.

– O de sempre.

– Não reclame. Duvido que você vá achar alguém tão bonzinho quanto eu com empregados vagabundos quanto você. Gaius, Doutor, Martha e... não demora.

Arthur deu as costas e foi embora.

– Então quer dizer que o grande feiticeiro, destinado a trazer Álbion é o servo do rei... – O Doutor começou a rir.

E então, todos os quatro estavam rindo.

A tardezinha ia chegando e com ela, um vulto encapuzado chegava em Camelot. O vulto levantou um dos braços e os portões foram fechados.

Ainda com um dos braços levantados, o vulto murmurrava algo que somente um feitceiro poderia entender. Estava conjurando magia.

No chão, via-se claramente que um desenho era feito ao redor do feudo. Mas não havia material para desenhar. Era a magia fluindo.

E então a terra tremeu. O vento jogou o capuz do vulto para trás e Morgana estava lá, sorrindo.

– Aithusa.

Todo o feudo tremeu.

O Doutor que estava conversando com Gaius e Martha sobre Morgana e magia saiu em disparada para ver o que estava acontecendo. Ele, Martha e Gaius estavam na rua da cidadela procurando o causador.

– Porque as nuvens estão descendo? – Perguntou Martha ao olhar para o céu

Gaius não conseguiu se manter em pé e caiu. Martha o ajudou.

– Não são as nuvens que estão descendo. Nós é que estamos subindo! – Falou o Doutor.

Um dragão branco com Morgana nas costas passou voando por cima da cidadela cuspindo fogo no que estivesse na frente.

– Aquela é Morgana.

– Aquilo foi um dragão? – Perguntou Martha

O Doutor saiu correndo. Martha ficou e ajudou Gaius.

Corredor após corredor, o Doutor corria. Tinha que chegar a um lugar alto, talvez uma das torres do castelo.

O Doutor se viu em um enorme pátio e concluiu que estava no caminho certo. Entrou em uma porta enorme e subiu escadas e mais escadas. Passou correndo entre os guardas que tentaram pará-lo, mas ele era mais rápido. Passou como se eles não estivessem ali.

Chegou no alto de uma torre, e ao julgar pelo estado do lugar, percebeu que era uma masmorra. Não tinha problema, tudo o que ele precisava era ver Morgana em cima de Aithusa e fazer com que ela olhasse pra ele.

Essa foi a parte mais fácil. O Doutor se postou em uma das janelas da masmorra e seu enorme casaco no vento fez o trabalho todo, sem que o Doutor mandasse. Morgana logo já estava prestando atenção nele.

A parte mais difícil foi mirar a chave de fenda sônica em Aithusa enquanto eram disparadas bolas de fogo e alguns raios em sua direção.

Seja qual fosse o plano do Doutor, isso teria de esperar. De um lado, os guardas que deveriam estar ajudando a proteger Camelot estavam atrás do Doutor e do outro lado tinha apenas Aithusa vindo em sua direção cuspindo fogo.

O Doutor se virou depressa gritando “abaixem-se” para os soldados, mas os mesmos não tiveram tanta sorte assim. O fogo queimou boa parte da masmorra e um pouco do casaco do Doutor.

– Ah não. É um dos meus melhores casacos. – Falou batendo em uma pequena chama

O Doutor olhou pela janela e no pátio viu Merlin correndo.

– Merlin!

O feiticeiro olhou para cima procurando ver quem o chamava e viu o Doutor balançando os braços. Merlin levou um minuto ou dois para chegar até as masmorras e ficou pasmo ao ver os guardas queimados.

– O que aconteceu? E onde está Martha?

– Martha está bem. Está com Gaius. Eu preciso que você faça alguma coisa. Precisamos atordoá-la e depois dar um jeito de reverter esse feitiço. Você consegue?

– Talvez. Mas temos um problema. Ela não pode saber sobre mim.

– Qual é? Ela não é inimiga de Camelot? Talvez não tenha problema se ela souber sobre você.

– É bem mais complicado do que isso. Você não é um Senhor do Tempo? Volta no tempo e me avisa pra gente fazer alguma coisa!

– É bem mais complicado do que isso.

O Doutor olhou pela janela procurando Morgana. Aithusa estava no pátio cuspindo fogo em alguns cavaleiros. Entre eles estava Arthur.

– Ela está distraída e não tem mais ninguém aqui, é agora ou nunca!

Merlin chegou na janela e apontou a mão aberta para Morgana.

Uma ventania começou ali no pátio. Arthur e os cavaleiros estavam perdendo o equilíbrio assim como Aithusa e Morgana. Um pequeno tornado se formou ali. Morgana não conseguiu se segurar e fora jogada contra uns barris que estavam em um canto do pátio. Arthur e os cavaleiros jogados para o outro lado.

– Está ótimo. Agora você tem que sair daí, vão procurar por um feiticeiro. Qualquer coisa eu digo que sou um. Manter o seu segredo é bem mais importante.

– Doutor, é melhor a gente descer. Se nos pegam aqui vão achar estranho.

– Gostei de você. – o doutor falou sorrindo

Arthur estava na sala do trono com Guinevere, rainha de Camelot e alguns súditos. A maioria eram cavaleiros, dois eram médicos (Gaius e Martha) e dois eram amigos (Merlin e Doutor).

Arthur estranhou a presença dos dois ali.

– Ah, não desmerecendo a situação, mas o que os dois fazem aqui? – Arthur estava se referindo ao Doutor e à Martha, obviamente.

– Por favor, eu preciso que vocês me escutem, eu posso ajudá-los...

Arthur levantou a mão esquerda pedindo silêncio.

– Eu perguntei o que vocês dois estão fazendo aqui.

– Arthur, ele pode nos ajudar. – Começou Merlin

– Como? – Arthur perguntou mais à Merlin – Por acaso ele já lutou contra monstros assim antes? Feiticeiros?

– Senhor – O Doutor pediu a palavra – Além de ser um ótimo estrategista eu tenho experiências em lutar contra criaturas um tanto diferentes. Além disso, minha companheira é médica, ou quase isso, ela pode ajudar o senhor Gaius a curar os feridos da batalha. E eu tenho uma coisa que vocês não tem – Uma pausa - Informação. Eu conheço o inimigo mais do que vocês, ou mais do que vocês imaginam – O Doutor falou tão rápido que Merlin e, até mesmo Martha tiveram que fazer um certo esforço para entenderem.

– Arthur – falou guinevere – Acho que nesses momentos qualquer ajuda é bem vinda, mas a palavra final é sua.

– Tudo bem. Você está conosco então.

– Yes!