Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 9
Capítulo 08 — Entre calças jeans e vestidos.


Notas iniciais do capítulo

Poisssss é, gente, eu falei que ia postar ontem, mas acabei não podendo... psé masss eu vim postar hoje - o que é uma coisa muito boa, não é? Bom..... eu vou passar uma semana na praia e o meu pai vai levar o notebook só que passa longe da cabeça dele me deixar usar, então... Sem posts até a segunda-feira, dia 7 de janeiro. Nem é tanto tempo, é? Então... comentem bem muito e eu vou (tentar) responder tudo pelo celular. E gente... eu não mordo, ok? Srsly, eu sou muito meiga kkkkkkkkkkkk ♥ obrigada a todas as meninas que vem comentando! Mesmo! Feliz ano novo pra vocês, tudo de bom!



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Eu estava quase adormecendo quando eu senti o notebook deslizando para o lado e ele teria ido direto para o chão se Riley não o tivesse pegado antes, pelo cabo do carregador. Acordei da minha inércia rapidamente, passando uma mão no rosto e sorrido de leve para ele e seu olhar que claramente era de desaprovação. Ele já tinha me dito para ir dormir, mas eu insistia em terminar essa maldita revisão de recibos porque amanhã era o dia da semana em que mais tinha coisa pra fazer.

Riley digitava mais rápido que eu por estar com uma lata de Coca-Cola ao seu lado, no pequeno criado-mudo e eu sabia muito bem que ele terminaria tudo que queria hoje. Coca-Cola o deixava sem sono. Eu já tinha tentado isso, óbvio, só que Coca-Cola, apesar de ter o sabor melhor que água, era a mesma coisa quando o dever era me manter acordada. Eu já estava acostumada. Não tinha nada que afastasse meu sono.

Em dias normais — em meses normais, para ser mais específica — eu teria deixado isso para fazer no horário de almoço. Só que eu lembrava que dia era amanhã — ao contrário de Riley. Eu lembrava que fazia 5 anos que estávamos juntos. 10 de agosto. A displicência de Riley por datas especiais e que se deve comemorar já me era conhecida, nos primeiros meses eu me sentia magoada por isso. Mas agora é normal.

É só… o jeito dele de ser. Riley não era bom com datas — eu me forcei a memorizar isso enquanto estávamos namorando na faculdade. Todo ano ele se surpreendia com o que eu tinha feito — e eu era sem criatividade — e dizia “Me desculpa, Bella” com os olhos e tom de voz mais culpado que tudo no mundo. Era sempre assim.

O fato era que eu não sabia o que eu iria fazer amanhã e minha criatividade era tão pouca que ainda não tinha pensado em nada. E infelizmente, dia 10 de agosto caíra numa sexta-feira dia de Riley ir para casa de sua mãe.

— Você tem mesmo que ir amanhã? — O indaguei, a voz agoniada.

Ele assentiu.

— Você sabe como ela é…

— Sei até demais. — Eu resmunguei e ele riu, tocando um pouco acima de meu joelho com os dedos em um leve carinho. — Não tem nenhum problema se eu não for, tem? — Perguntei, hesitante. Eu odiava tanto a mãe de Riley que eu não podia respirar! Por que ela tinha de ser tão inconveniente quando queria e quando não queria também?

— Não, Bella. — Ele disse, paciente. — Eu disse que não íamos mais brigar por causa da minha mãe, eu quebrei minha promessa, mas… ainda está valendo, ok? — Ele subiu os dedos para meu rosto e acariciou-o levemente, fazendo meus olhos tremularem. De novo. Inclinei meu rosto até que meu rosto estava encosto em seu ombro, em uma desculpa para espiar o que ele estava fazendo no notebook. — Vá dormir, Bella. — Sussurrou quando eu bocejei.

Eu neguei e rapidamente levantei meu rosto de seu ombro, tentando ficar acordada por no mínimo vinte minutos. Eu tinha quase certeza que eu conseguiria terminar de digitar cinquenta nomes em menos de vinte minutos. Incluindo endereços, telefone, e-mail, nome da maldita empresa e todo o resto que me parecia entediante demais para fazer sem dormir. Eu já deveria ter me acostumado só que… coisa como essa era difícil de encaixar na rotina.

— Ferre-se — Murmurei quando eu lutei para fixar meus olhos no A do teclado. Ele me parecia pequeno demais, borrado demais, impossível demais. — Vou pedir pra Chelsea digitar isso para mim amanhã.

— Por que você não faz isso no almoço? — Ele perguntou sem tirar os olhos do notebook, os dedos ainda sem movendo ritmicamente sobre o teclado.

— Eu vou sair com a Alice. — Menti e me surpreendi com a facilidade como aquilo saíra. Agradeci aos céus que ele estivesse concentrado demais no seu trabalho para virar seu olhar pra mim e me indagar se aquilo era realmente verdade. — Só por algumas horas.

— Só com Alice?

— Claro.

Riley tinha criado, depois do acontecimento de Edward, uma pequena obsessão para saber para onde eu estava indo e com quem estava indo. Eu não via nenhum problema nisso, eu não tinha nada a esconder. Exceto em ocasiões especiais como essa. Ao contrário do que ele fazia antes, Riley se esquivou de todas as tentativas de esbarramos com Edward em algum lugar.

Todas as vezes que o vimos — duas no total — Riley meio que enrijeceu a mão na minha, ou apertou a minha cintura com mais força. Eu sentia como se a qualquer minuto as suas mãos fossem sair de mim e ir direto para o rosto de Edward, e ainda bem — não por causa de Edward — que ele não fez isso. Eu odiava confusões por causa de mim.

Com a desculpa que eu iria beliscar alguma coisa pela cozinha, saí do quarto com o meu celular no bolso e no caminho para o banheiro, disquei apressada o número de Alice. Tudo bem que era meia-noite, mas ela me disse que eu poderia quando eu quisesse, e bem… todo mundo tem seus momentos inconvenientes — esse era o meu.

Eu bati minha cabeça acidentalmente contra a porta fechada do banheiro do apartamento de Riley e suspirei, revirando meus olhos. Odiando de repente a porta que sempre fechava automaticamente. Sentei-me em cima da tampa do vaso sanitário e suspirei, começando a perder as esperanças sobre Alice atender ao telefone.

— O que é que você quer? É meia-noite, Sra. Sem Relógio.

— Ai Alice, me desculpa — Sussurrei. — Eu preciso da sua ajuda.

— Seu noivo broxou? — Ela perguntou mal-humorada e eu corei. — O que fazer para animá-lo de novo? Será que isso ainda acontece essa noite?

Eu gargalhei ao mesmo tempo em que sentia minhas bochechas ruborizarem inevitavelmente.

— Não, ok? Esse problema não é nos acometido. Obrigada pela preocupação — Eu revirei meus olhos para parede e suspirei. — Eu só queria saber se… você não queria ir para o shopping amanhã na hora do almoço?

Ela suspirou.

— Precisava ser de madrugada?

— Você sabe como é, o pedido é mais especial quando é feito de madrugada. — Eu ri e ela soltou uma gargalhada arrastada também, suspirando. — Desculpe-me pelas horas. Isso não vai acontecer novamente, prometo!

— Tudo — Ela bocejou longamente — bem, Bella. De uma hora está bom pra você? E me diga também qual o andar e esses detalhes extras que eu não sei nada.

Depois de informar tudo para Alice, escovei meus dentes por longos cinco minutos e prendi meu cabelo em um coque bem no alto da cabeça para não incomodar quando eu me deitasse. Riley já tinha terminado seu trabalho estava deitado em seu lado da cama, lendo um livro e com os olhos acesos. Ele não estava com um pingo de sono — eu percebia isso pelo modo como seus olhos não estavam tremulando.

— Não sei por que você não usou o banheiro que tem nesse quarto. — Ele observou com as sobrancelhas franzidas quando eu me acomodei ao seu lado. Seu hálito cheirava a creme dental e ao redor de seus olhos estava levemente vermelho como se ele estivesse esfregado um pano em seu rosto.

— Minha escova estava no outro. — Sussurrei e beijei sua bochecha antes de me deitar ao seu lado.

O observei, com os olhos pesados, deixar o livro em cima do criado mudo e tirar os óculos que ele somente usava para leitura. Ele apagou o abajur e se deitou, puxando minha cintura para perto dele como se estivesse o maior frio da época. Não que eu estivesse preocupada, ele substituía o urso que eu costumava agarrar antes de dormir.

Seus lábios pousaram dentro de meus cabelos e ele suspirou.

— Tão cheirosa. — Sussurrou e eu sorri, pondo minha mão dentro de sua camisa, aquecendo-a automaticamente. — Bella?

— Oi? — Meus olhos piscaram e entre uma piscada e outra, eles permaneceram fechados por mais tempo do que deveriam

— Foram seis ótimos anos ao seu lado. — Ele disse.

Eu sorri, afastando-me de seu peito para olhar-lhe com os olhos surpresos e animados. Ele sorriu também, esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu estava impressionada demais para fazer minha mente funcionar normalmente. E também o sono estava retardando meu cérebro. Por causa disso, apenas coloquei meus lábios nos seus por alguns longos segundos.

— Eu estava pensando, sabe… se talvez nós não pudéssemos sair para comemorar isso de noite. — Quando eu me deitei novamente, Riley tirou uma mecha de meu cabelo que caiu sobre meus olhos. — Vou mais cedo à casa da minha mãe… saio mais cedo da Wilder…

Eu assenti, sorrindo e me sentindo repentinamente mais animada e eufórica. Eu não precisaria me desdobrar para pensar no que eu faria esse ano, eu não precisava arrumar as coisas as pressas porque tinha pouquíssimo tempo. Riley lembrava e eu nunca pensei que fosse tão bom esse pequeno fato, sabe, nunca cheguei a pensar de verdade como seria se um dia — por um milagre dos céus — ele lembrasse que dia era 10 de maio.

Eu estava feliz. Mais do que feliz.

O abracei com força e beijei seu peito por cima da camisa. Riley beijou meus cabelos e suspirou, provavelmente sentindo o sono se arrastar por seus olhos. Eu dormi antes dele, disso eu tinha certeza. Apesar de eu estar consideravelmente mais animada, o sono ainda estava presente em cada celular de meu ser. Minha mãe uma vez me disse — em um dos seus raros dias de bom humor — que quando eu era menor vivia na cama, dormindo.

Ela me disse que eu não dava nenhum problema. Quando era pequena.

Lembrar-me de minha mãe me fez sentir minha garganta se fechando e o ar se tornando espesso demais para eu respirar pela boca. Da última vez que eu tinha ligado, Charlie disse que ela não estava se sentindo muito bem, mas eu sabia bem o que tinha acontecido. Ela não queria falar comigo, ela ainda estava ressentida. E eu não tive tempo para assimilar aquilo direito porque os dias seguintes tinham sido corridos demais, mas agora eu meio que me lembrei disso automaticamente.

Não era eu querendo me torturar. Eu já tinha superado essa fase, eu só… Eu fui capaz de perdoar meus pais por tudo que eles me fizeram — e tudo que eles não fizeram —, mas minha mãe sempre foi de guardar rancor. Eu esperei que depois de tanto tempo… longe de mim, ela sentisse só um pouco de culpa, saudades talvez. Será que ela se desesperou quando percebeu que eu tivera saído e não voltara depois de alguns dias? Era difícil dizer…

— Então… eu devo estar pronta de que horas? — Perguntei a Riley assim que deu meu horário de almoço.

Riley olhou para o carro de Alice que estava atrás de mim e eu pude ver que ele estava procurando Edward no mesmo. Eu quase chegava a odiá-lo por achar que eu sairia com Edward escondido, mas hoje eu estava de bom humor e abstraia esses detalhes sem importância com facilidade. Ele suspirou, desistindo. Afinal, com quão facilidade uma pessoa se esconderia num porsche todo aberto?

— Antes das sete, ok?

Eu assenti e ele pegou meu rosto nas mãos, beijando-me por alguns segundos.

Eu não queria me afastar, ele não queria se afastar, mas tivemos que fazer pela buzina apressada de Alice. Suspirei e pus-me nas pontas dos pés para beijar os lábios deles por uma última vez. Já estava me arrependendo de chamar Alice para ir ao shopping quando tudo que eu queria fazer era ficar com Riley o dia inteiro. Onde eu estava com a cabeça?

— Sete horas! — Ele me lembrou. — Não vai demorar tanto até lá, Bells. Só são… seis horas. Você vai sobreviver sem mim até lá.

A buzina de Alice abafou o meu riso.

— Não tenho muita certeza sobre isso. — Murmurei dramaticamente.

— Amanhã é nosso dia de folga, Bella. — Ele me lembrou, sua mão em minha cintura abaixando-se até que parou um pouco antes de chegar ao bolso de minha calça jeans. O olhei de modo repressor, esperando que ele notasse que não estávamos na minha sala, e sim do lado de fora da Wilder. — Você sabe bem o que eu quero dizer com isso…

Ele riu em meu ouvido, com malícia e eu me afastei.

— Seu pervertido. — O repreendi. — Vê se não se atrasa, tudo bem? Eu não quero que você fique muito perto de Victória. — A última parte saiu quase com o mínimo de voz. Eu não queria que ele escutasse que eu tinha ciúmes daquela… meretriz. Não que fosse orgulho, não era. Eu não sabia explicar o que era.

— Tudo bem. — Ele assentiu, sério. — Eu não quero ficar perto dela mesmo — Deu de ombros e pegou meu rosto com uma mão, beijando minha testa.

Alice buzinou duas vezes e eu suspirei, coçando meu coro cabeludo com nervosismo. Eu definitivamente odiava quando me apressavam, de qualquer modo que fosse.

— A chave reserva está dentro de sua bolsa. Não se esqueça.

Eu assenti, de repente amando como Riley era prestativo e sempre pensava nas coisas antes que eu tivesse oportunidade de fazê-lo. Na verdade, nem em mil anos eu me lembraria de que tinha que fazer uma chave porque eu tinha perdido a minha outra. Não hoje quando Alice estava me atanazando desde cedo para perguntar se eu ia mesmo.

— Meu Deus, Isabella! Eu pensei que vocês fossem se comer ali mesmo. Argh! — Ela arrancou com o carro alguns milésimos de segundos depois de eu fechar a porta em segurança. Olhei-a de cara feia e cruzei meus braços. — Ah, Bellinha, não fica com raiva de mim, vai… É só que eu estou com fome e você me deixou esperando mil anos.

Eu assenti.

— Eu também estou com fome. Morrendo.

Quando chegamos ao shopping Alice deteve sua vontade de sair comprando tudo e fomos direto para a praça de alimentação. Alice amava comida chinesa e foi isso que ela comeu, já eu detestava aquele negócio… então eu comi um sanduiche de atum com suco de uva. Tudo que eu queria era não engordar porque eu não estava com tempo algum de ir para academia caso eu não estivesse satisfeita com o meu peso.

Eu não era vaidosa como Alice — eu ainda me indagava se existia alguém que superasse aquilo —, mas uma coisa que eu odiava em mim era barriga com gordura demais — por isso meu pavor a ficar grávida. Mas eu sabia que não poderia adiar isso por muito tempo já que Riley queria ser pai antes dos 25 porque não queria que seu filho e/ou filha lhe chamasse de vovô.

Eu já tinha dito e repetido que aquilo não tinha nexo algum. Mas Riley era teimoso demais.

— Você nem me disse que me procurou uma semana atrás e eu não estava… — Alice franziu o cenho, me olhando.

— Pedi para Edward te dizer. Não queria me lembrar, na verdade, o que tinha acontecido…

— Ele me disse. Hoje. — Ela disse, desgostosa e eu ri com o seu tom. — O que houve? Por que não está indo para o seu apartamento?

— Estou esperando alguém ir trocar as fechaduras. — Suspirei e engoli em seco. — Não sei o que aconteceu de verdade… parece que tinha alguém lá dentro. Foi horrível.

— Então você foi me procurar…

— E você não estava. Eu estava assustada demais para voltar pro meu apartamento e então Edward me convidou para entrar. Você sabe que eu nunca entraria lá se não fosse uma situação realmente extrema… e depois do que ele fez…

— Onde estava Riley?

— Tínhamos brigado alguns minutos antes e ele ficou com tanta raiva que foi para o apartamento dele… — Olhei pra baixo e suspirei.

— Por causa do Edward?

— Também. — Bufei. — Temos motivos de sobra para brigar quando a mãe dele está metida na história, aquela… — Controlei minha vontade de xingá-la pelo resto do dia e prensei meus lábios, puxando meus cabelos para meu ombro.

— Sabe o que eu acho, Bella? — Ela olhou para o lado e como seu tronco estava se balançando, tinha certeza que ela estava sacudindo uma perna, impaciente. — Que você ainda gosta do Edward, sabe… e ele ainda…

— Santo Deus! Alice, se eu ainda sentisse o mínimo que fosse por Edward eu não estaria prestes a me casar com o Riley, está me escutando? Eu. Não. Sou. Capaz. De. Amar. O. Edward. — Disse de maneira lenta e áspera para que ela entendesse bem o que eu estava falando porque, pelo que eu estava vendo agora, ela não tinha assimilado bem nos outros dias. — Nunca serei. E se ele está te pedindo pra falar isso, diga a ele que nem por um milagre eu ficaria com ele de novo. Não quero, Alice, brigar com você por causa do seu irmão, está bom?

Levantei-me exasperada e cruzei meus braços.

— Vamos para aquela tal loja que você queria.

— Ah merda, o que eu fiz? — Ela indagou e suspirou, levantando-se e pegando a sua grande bolsa vermelha com detalhes em prata. — Bella, me desculpa, eu só… pensei alto demais.

— Você deveria parar de fazer isso. — Eu disse, áspera.

Alice assentiu e prensou os lábios, olhando para o chão.

— Eu só penso que seria… legal se você, sabe, fosse minha cunhada e… essas coisas. — Quando eu a olhei ela desviou o olhar para o chão, suspirando. — Talvez só vá ficar na vontade mesmo…

— Alice, não é querendo ser grossa ou… mas, você tem que ver que o que eu tinha com Edward… acabou quando ele fez aquela merda toda. Não sei se em uma realidade paralela em que ele não tivesse feito o que fez… eu estivesse com ele. Mas é assim que o destino quer, sabe? Eu com Riley e Edward com qualquer outra pessoa sem ser eu. Você entende isso? Eu estou feliz com o Riley, eu nunca poderia encontrar ninguém melhor que ele e… ah Alice, se não fosse por ele… eu… — Tossi para escapar de minha garganta apertada. — Não sei o que aconteceria comigo. Ele é meu melhor amigo, meu amante e tudo que eu quiser.

Ela continuou olhando para baixo. Mesmo quando eu coloquei um braço em seus ombros.

— Às vezes eu me sinto tão idiota por pensar só em mim… — A voz dela foi baixa, tímida como eu nunca presenciei Alice.

Eu sorri.

— Está tudo bem, ok? Eu sei que o Edward pode ser bem persuasivo quando ele quer, mas por favor, não tente me convencer que ele é o melhor e blábláblá. Eu amo o Riley e Edward não me afeta nenhum pouco. — Eu sorri para mim mesma, orgulhosa que eu tenha conseguido externar tantos sentimentos. Porque aquela era a verdade a qual todos sabiam, menos Edward.

Ela também me abraçou pela cintura, seu tamanho fazendo que ela batesse um pouco acima de meu ombro — e isso porque ela estava de salto alto. Depois de um tempo, quando eu precisei descer as escadas rolantes, soltei-me de Alice e continuamos conversando sobre qualquer besteira que não fosse sentimentos e Edward Cullen.

Fiquei grata a ela que ela não fosse muito insistente. Às vezes eu me irritava bastante quando alguém insistia em uma coisa cuja eu já tinha dito anteriormente uma resposta negativa.

— Então, Bellita… o que você quer comprar?

— Ah, sei lá… alguma coisa que seja legal para um jantar, talvez? — Eu tinha chamado Alice porque sabia que ela seria, claro, uma ótima companhia e que me ajudaria mais do que eu faria se tivesse vindo sozinha comprar alguma roupa nova.

Ela sorriu e assentiu. Alice ficava quase tão pensativa quanto eu quando estava na livraria, ela olhava pras roupas com um olhar inquisitivo, como se estivesse ver um mínimo defeito. Eu deveria saber que a loja que entramos era sua favorita porque não passou cinco minutos e meu braço estava cheio de roupas as quais eu deveria provar.

Um detalhe crucial: eu odiava com todo meu coração provar roupas. Se não desse, depois eu trocava. Qualquer outra coisa. Odiava perder tempo e era exatamente o que se fazia quando estava provando roupas e também, minha paciência era mínima para colocar e retirar uma roupa. Milhares de vezes. Alice dizia que eu não era nada feminina. E eu já sabia disso.

Eu achei uma calça jeans perfeita, mas Alice disse que não se usava calça jeans em um jantar romântico. Eu discordava disso, eu já fora para muitos jantares com Riley de calça jeans e essa ação não pareceu ser absurda para ele. Ele gostava quando eu usava calça jeans, eu podia perceber isso pelos seus olhos e… antes dele, eu também adorava calças. Eu tinha uma coleção em meu closet.

Às vezes eu usava shorts, mas isso era só quando eu estava dentro de casa. Meu pavor por vestir shorts fora de casa era inexplicável, talvez eu achasse minhas pernas muito longas e sentisse vergonha de mostrá-las para todo mundo. Riley gostava de minhas pernas. Eu sabia disso porque ele adorava passar as mãos nelas e…

— Bella! — Alice me chamou.

Eu a olhei, atordoada.

— O quê? — Eu perguntei, lenta.

— Olha esse vestido — Ela respirou profundamente antes de falar. — Você gosta dele? Eu achei a sua cara e…

— É, tanto faz. — Dei de ombros.

Com minhas cinco novas calças jeans fui para dentro do provador somente para provar o vestido que, em situações normais, não atrairia minha atenção. Se ficasse ruim, eu entregaria felizmente para Alice e lhe diria que estava desistindo daquela merda porque eu fui feita para calça jeans e elas foram feitas para mim. Fim de papo.

Com um suspiro, tirei a calça jeans que eu estava vestindo e vesti o vestido preto que chegava um pouco — que para Riley seria muito — acima de meu joelho. Ele era de renda preta sobre um pano bege e… o fato de ter um cinto na cintura e não ser completamente solto, fez com que eu me apaixonasse perdidamente por ele. Não que eu gostasse dele muito mais do que as calças que eu tinha trazido, mas… eu o usaria somente para agradar Alice. Porque eu sempre pensava em outras pessoas antes de mim — eu não sabia se aquilo era um defeito ou uma qualidade.

— Você está uma gata! — Ela exclamou, pondo as mãos na boca e os olhos verdes arregalados. — Nossa, Bella, eu… céus! Vê se não fica grávida essa noite.

— Sua indiscrição ainda me surpreende. — Murmurei e corei.

Alice me olhou, dessa vez seus olhos assumindo uma seriedade. Ela juntou as sobrancelhas e se apoiou, casualmente, em uma parede falsa que tinha no provador.

— Me diga, Bella, vocês nunca transaram? Porque, cara, depois de 6 anos sem sexo — Ela mexeu a cabeça de um lado para o outro, negando. — Ele tem que ser beatificado depois di…

— Meu Deus! Claro que sim. Só que estamos em um lugar público, você fala muito alto essas coisas. Não é a primeira vez. — Ela começou a rir da minha cara quando eu terminei e eu cruzei meus braços, não enxergando nenhuma graça naquilo.

Ela pôs uma mão em meu ombro e riu.

— Você tem setenta anos, Bella. Sua mente é idosa! Olhe, eu li um livro que… — Ela riu maliciosamente e se inclinou para sussurrar em meu ouvido — Em um instante você vai sair dessa antiguidade que é sua mente.

— Minha mente é moderna o bastante, ok? Estou satisfeita com ela e não preciso ler nenhum dos seus vários livros eróticos. Com quem você pratica, hum, Alice? É com aquele colega que você foi dormir na casa… — Eu ri quando ela se afastou de mim, os olhos arregalados. — Ele é bom? Ou é gay como a maioria dos “homens” que fizeram curso de moda com você? Ele é gay e você o está ajudando a superar isso?

Ela riu como se não acreditasse no que eu estava falando.

— Você pegou pesado. — Ela sussurrou. — E NÃO! — Praticamente gritou — Ele não fazia curso algum comigo, ele fazia administração, ok?

— Não fazia curso de moda, mas sim de Administração. Hum — Cocei meu queixo, pensativa. — Não é gay, você dormiu com ele! Você disse para Edward que ele fazia o mesmo curso que você para ele achar, indiretamente, que ele era gay! — Dessa vez foi minha vez de arregalar os olhos, pondo uma mão em minha boca. Incrédula e faceira.

Alice riu.

— O Jasper não é nem um pouco gay… — Ela divagou. — E aquele cabelo dele…

— Sem detalhes, Alice, por favor. Na verdade, eu não quero saber de sua vida sexual. — Peguei minha bolsa que estava em um banco de couro pequeno e redondo. Alice resmungou para mim. Juntei em meu braço as cinco calças e na outra mão o vestido que Alice tinha gentilmente colocado no cabide. — Você vai levar isso tudo? — Ergui uma sobrancelha ao ver uma vendedora entregando uma bolsa transparente cheia de roupa.

— Olha quem fala, Srta. Calça Jeans.

Revirei meus olhos e ignorei sua apatia por calças jeans.

— Faz calor em Sydney, sabia, Bella? Recomenda-se o uso de shorts e saias ou até mesmo vestidos leves… qualquer coisa menos calça jeans.

— Ferrem-se as recomendações. — Disse a ela, colocando as minhas novas calças perfeitas jeans no balcão juntamente com o vestido.

Fui forçada, claro, a comprar novos colares e brincos que me custaram os olhos da cara. Eu disse a ela que quando eu fosse me casar, provavelmente os compraria, mas não para um jantar simples e normal. Ela me forçou — era aquela a minha desculpa quando chegasse o extrato do cartão. Riley me olharia de cara feia porque era ele que ajustava nosso orçamento de modo que sempre sobrasse muito dinheiro no final do mês e esse dinheiro ia direto para a conta no banco que tínhamos. Era para o casamento.

Alice me empurrou para dentro de um salão de beleza e disse que queria algo que destacasse meus olhos verdes. Eu a disse que eu estava satisfeita com a cor escura de meu cabelo, mas eu já previa que ela não iria me escutar. Não escutou. Acabei com algumas mechas avermelhadas em meu cabelo e uma nova franja. A única coisa que ela me escutou foi sobre, de jeito algum, retirar o comprimento de meu cabelo.

Fiquei surpresa com o meu resultado. Eu estava tão… diferente e ao mesmo tempo tão igual a quando eu ainda era de Forks que eu quase bati em Alice por isso. Em Forks eu tinha mechas de uma cor de rosa claro no cabelo e agora eu tinha quase vermelha. Não tinha certeza se eu tinha gostado ou não. Não tinha certeza se ela tinha feito de propósito ou não.

— Você… é impossível. — Suspirei por fim.

— Eu amei! — Ela disse. — Seu cabelo é escuro e essas mechas deram uma…

— É — A interrompi. — Estou parecendo com aquela garota de Forks que eu era alguns anos atrás.

Ela assentiu e sorriu.

— Está linda! Como eu disse e repito mais uma vez, vê se não fica grávida essa noite, hein Bellita. — Ela me empurrou de leve com o ombro e enquanto tentava recobrar meu equilíbrio, olhei-a de cara feia.

Eu fui voando tomar banho porque eu percebi que já eram seis horas e Alice me prendera no shopping por 5 horas inteiras! Riley iria me trucidar se chegasse aqui e percebesse que eu estava atrasada. Ele não gostava de atrasos — e eu odiava que ele odiasse atrasos porque eu era a Senhora Atraso. Vivia atrasada — ele deveria se acostumar com isso no passar do tempo, mas foi ao contrário.

Escovei meus dentes correndo, prendendo meu cabelo ao entrar no boxe para que ele não molhasse e quando eu terminasse, estivesse com as pontas cacheadas.

Abri o closet de Riley e fui para a primeira parte que era onde ficavam as minhas roupas intimas e, ao lado, meus sapatos. Vesti-me apressada e saí com salto que Alice dissera que o vestido ficaria bem, nas mãos. Eu definitivamente poderia fazer um protesto contra os saltos mortíferos que Alice adorava, mas às vezes eles serviam-me de algo, então…

Riley tinha comprado uma penteadeira pra mim e colocara em seu quarto porque, segundo ele, queria que eu me sentisse confortável. E óbvio, queria, malicioso, que eu voltasse lá mais vezes — isso tinha sido logo assim que tínhamos nos formado, assim que ele comprara um apartamento e morávamos meio separados. Depois que meu apartamento foi arrombado, eu não suportava a ideia de dormir sozinha, então meio que juntamos os trapinhos e nos dividimos entre os apartamentos.

Eu ia vender meu apartamento e juntar o dinheiro para o casamento e outras coisas. Não tinha nexo termos dois apartamentos se só usávamos um de cada vez.

— Nossa, uau. — Riley entrou no quarto quando eu estava me vendo no espelho. Ele parou na porta, a mão ainda segurando a porta escancarada. — Não vamos mais para o restaurante, Bella, vamos direto para a cama.

Eu ri ao mesmo tempo em que revirava meus olhos.

— Você é tão bobo! — Exclamei, virando-me para ele.

Riley franziu o cenho.

— Não, Bella. É por que… cara, olha você. Esse vestido está curto demais e eu não sei se eu estou gostando ou desgostando.

Eu ri e quando eu estava perto dele, ele me puxou em sua direção e enterrou o nariz em meu cabelo sem abaixar o rosto para isso. Graças ao salto gigantesco. O abracei também, prendendo meus braços em sua cintura e com o nariz em seu peito. Ele estava tão cheiroso que era como se ele tivesse tomado banho de perfume. Só que não era exagerado.

Com um suspiro pesado — como se não quisesse mais sair —, Riley se afastou de mim e foi trocar de roupa depois de tomar banho. Revi-me no espelho, tentando encontrar a mínima imperfeição na minha roupa ou até mesmo em mim. Na roupa não tinha nenhuma, já em mim… tentei não pensar nisso enquanto guardava as coisas que tinha bagunçado no quarto de Riley.

Foi quando eu esbarrei em uma gaveta do closet e encontrei uma caixa. Eram todas as fotos que Riley tinha guardado, desde o seu nascimento até os dias de hoje. Eu estava em algumas e seu pai estava quase em todas. Sua mãe era a que menos aparecia. Talvez o mau-humor dela não somente me atingisse, mas sim quando se tratasse de fotos também.

Riley nunca tinha me falado muito sobre seu pai. Ele tinha ressentimento dele por ter deixado sua mãe — era quase tudo que eu sabia —, mas nas fotos ele sempre pareceu muito apegado com ele. Até mesmo mais do que é hoje com sua mãe. Nas fotos que estava a Senhor e Sra. Biers, Riley se agarrava a perna de Sr. Biers como se aquilo o segurasse na terra. Ele foi um garotinho muito fofo que preferia o pai a mãe. Não sei qual foi a da felicidade doentia que me atingiu.

— Bella! — Riley me chamou, do banheiro. — Pega minha toalha que eu esqueci, por favor?

Revirei meus olhos e bufei. Riley tinha algum problema em pegar as toalhas limpas antes de entrar no banheiro, era algum déficit de sua mente.

O restaurante não estava cheio, milagrosamente. Riley puxou minha cadeira como um cavalheiro e eu, com um sorriso irônico nos lábios, me deixei acomodar nela, sentindo o leve empurrão para frente que ele deu. Ele se sentou a minha frente, a vela fazendo seu rosto ficar corado de uma forma que a palidez de Riley não permitia.

— Eu não pensei que… quando você falou jantar romântico… seria mesmo… um jantar romântico, sabe? — Ele sorriu com a minha confissão e eu inclinei meu rosto para o lado, deslizando minha mão até a sua. — Mas você não age como se estivesse em um jantar romântico! Você tem que pegar minha mão e levar até os lábios! Tem que ser romântico.

— Não diga! — Ele disse com os olhos arregalados, sarcástico.

Ele iria levar minha mão aos lábios se eu não tivesse a puxado rapidamente, o olhando de cara feia. A vela estava entre nós!

— Você é um desastre sendo romântico, Riley. Meu Deus. Se minha mão direita ficasse deformada, o anel provavelmente iria derreter com o fogo! Eu ficaria traumatizada e o culpado seria somente você.

Ele pegou minha mão novamente e a puxou para o lado, beijando-a com cuidado, como se fosse feita de papel e a força exagerada a partisse no meu. Riley sorriu torto na minha direção, uma expressão de “Ganhei!” nascendo em seu rosto. Ele não soltou minha mão quando, em silêncio, remexeu em algo em seu bolso e colocou na mesa.

Seu rosto estava sério quando ele empurrou duas passagens aéreas para mim. Antes que eu pudesse ler o que tinha escrito, sua voz já tinha sobreposto o silêncio que estava.

— Consegui umas semanas de folga para mim e para você, Bella. — Ele disse, abrindo um sorriso estonteante. — E sim, eu sei o quanto isso foi milagroso e essas coisas… mas eu acho que o Sr. Wilder estava de bom-humor hoje.

Peguei as passagens em minha mão livre e comecei a ler os dados, franzindo meu cenho ao ler “Estados Unidos da América”.

— Quero que venha comigo para Forks. — Ele sorriu docemente, acariciando minha mão.



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Notas finais do capítulo

Forks.... psé, aproveitem enquanto existem bons dias em Alex (um apelido mais simples pra Alexithymia) ♥ e pfvr, tem pessoa nesse mundo mais perfeita que o Riley? Se a resposta for Edward, eu digo somente para esperar e esperar mais ainda. hahahah i can't mds. Espero que tenham gostado, gente! ♥ Até dia 7! Espero ver muitos comentários por aqui, ok? ♥