Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 8
Capítulo 07 ― Dependência.


Notas iniciais do capítulo

Psé... esse capítulo é bem grande, but... tem maiores kkkkkkk espero que gostem, gente! Provavelmente vou postar na sexta (?) mas isso só se vocês forem bonzinhos e comentarem, sim? Por favor. E eu quero deixar um aviso pra quem não gosta (simpatiza) do Riley... Vocês vão ter de aturar ele por mais alguns capítulos psé, e essa fanfic é Beward ok? Totalmente Beward. Comentem assim que terminarem o capítulo, ok? Beijos! Feliz ano novo! Tudo de bom pra vocês ♥



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A água do chuveiro estava quente ao extremo porque eu queria acabar com todas as bactérias de Edward que ainda estivessem em mim. A verdade era que eu não queria que Riley percebesse nada, algum cheiro, qualquer coisa. Eu estava com nojo e sem ter nenhuma ideia de como eu contaria a ele sobre a breve loucura de Edward.

Uma coisa que eu tinha aprendido com Riley ao passar do tempo: era melhor contar do que esconder. Um dia, eu sabia, ele descobriria e seria pior do que deveria ser. Respirei fundo e desliguei o chuveiro, enrolando-me em um roupão escuro que tinha pendurado perto do box. Por algum motivo eu olhei o quarto, receosa, antes de sair pela porta do banheiro.

Eu estava com medo. Eu sempre ficava com medo quando Riley não estava em casa comigo e a perturbação de Edward alguns minutos mais cedo fez meus neurônios estarem perto a explodirem.

— Você já terminou as coisas? — Perguntei a Riley assim que ele atendeu o celular.

Eu não estava nem um pouco a fim de esperar na empresa ele fazer alguma merda de relatório. Edward acabara com toda minha paciência reserva.

— Sim, acabei de terminar. — Ele disse. — Você já está vindo?

— Estou terminando de me arrumar. Em alguns minutos estou chegando. — Suspirei. — Esteja pronto, sim?

Depois de dar um jeito em meu cabelo, coloquei tudo que eu precisava dentro de minha bolsa e sai do quarto, indo para a cozinha. Olhei para os lados e suspirei, ordenando a minha mente que ela parasse de ser paranoica porque só tinha eu em meu apartamento, mais ninguém. Estava tudo bem.

Sabe aquele momento em que você vê um determinado local por acaso e percebe que tem alguma coisa errada? Pois é, eu estava nele. Não ousei me aproximar da estante, apenas percebi com desespero um porta-retratos que estava virado para baixo, como se alguém o estivesse colocado naquela posição. Respirei fundo e deixei o copo de água dentro da pia, cautelosa como se a qualquer momento um mínimo barulho entregaria minha posição.

Andei rapidamente pela porta e a fechei sem fazer barulho. Quando eu me virei para ir ao elevador dei de cara com Alice, meu coração deu um pulo de medo e meu estômago meio que se revoltou dentro de mim. Respirei fundo, trêmula, sentando-me na escada apenas para me acalmar um pouco mais.

— Bella? Você está bem? — Ela perguntou, preocupada.

Eu assenti, a cabeça tombada em minhas mãos.

— Você pode me acompanhar até lá embaixo? No estacionamento? — A verdade era que eu tinha medo do ambiente mal iluminado. Agora eu tinha.

— Claro. O que houve?

— Estou ficando paranoica. — Sussurrei-lhe. A verdade era que eu tinha certeza que aquele porta-retratos não estava daquele jeito da última vez que eu o vi. — Não é nada demais, só é estresse acumulado.

Ela assentiu, prensando os lábios quando eu virei meu rosto para lhe olhar.

— O Edward disse que… — Ela começou, hesitante.

— Se o Edward quer falar comigo, diga a ele que não mande recados por você — Soei mais áspera do que eu deveria com Alice. Eu tinha de admitir que ela talvez não tivesse nada a ver com as burradas do irmão. — Diga a ele que, muito menos, venha falar comigo. Para o bem dele. Não que eu esteja preocupada com qualquer coisa que venha dele.

— Mas, Bella, eu sei o que ele vem sentindo esses dias. Você não sai da cabeça dele. — Ela sussurrou com o tom de voz baixo provavelmente para não me irritar.

Todo e qualquer assunto que se referisse a Edward me irritaria, porém aquela era Alice. Eu nunca seria capaz de ser imbecil com ela por querer, tinha algo a ver com a pequena estatura e o sentimento de fragilidade que ela transmitia às pessoas.

— Alice, por favor, eu estou morrendo de raiva do Edward agora. Ele piorou a situação. — Bufei e olhei para os meus pés. — Se eu quisesse beijá-lo, eu o teria feito. Mas eu não queria nem quero. Eu estou noiva! — Exclamei balançando meu rosto várias vezes. — Ele deveria saber disso.

— Você sabe como o Edward é precipitado, Bella…

— Não… eu nunca conheci o Edward.

— Como não? Vocês eram melhores amigos no colegial!

— Alice — Choraminguei e olhei para o relógio. Eu estava bem mais atrasada do que eu pretendia. — Depois que o Edward disse que era tudo fingimento eu não soube no que acreditar. Você não vê isso? Nada que ele disser vai diminuir isso. Por favor, por favor mesmo, não tenta me fazer gostar mais do Edward porque realmente não vai acontecer. Eu sou de guardar rancor, você sabe.

***

— Aconteceu algo enquanto eu não estava? — Riley franziu o cenho pra mim enquanto retirava o casaco de seu paletó.

Eu odiava como ele parecia perceber quando algo estava errado tão facilmente. Era impossível mentir para ele mesmo se eu quisesse fazer isso — e era o que eu mais queria no momento. Eu queria dizer a ele que estava tudo bem e que eu não tinha esbarrado em Edward, queria dizê-lo que ele não tinha me beijado a força.

— Um monte de merda. — Suspirei e saí do banco do motorista, arrastando-me até estar no de passageiro.

— Tipo…?

— Um porta-retratos que tinha na estante estava pra baixo quando eu saí.

Riley juntou as sobrancelhas em uma expressão confusa, olhando-me não como se acreditasse que eu tinha enlouquecido de vez, mas sim como se estivesse pasmo.

— Qual era a foto?

— Não tive coragem de me aproximar. — Eu disse baixinho, encolhida no banco do passageiro. — Riley, eu… tenho certeza que aquele porta-retratos não estava abaixado da última vez que eu vi. Juro pra você que eu não estou ficando louca, sei lá o quê.

— Eu sei, Bella… — Ele acariciou meu joelho esquerdo com as pontas dos dedos e suspirou. — Vou trocar as fechaduras de lá, tudo bem? Isso não vai acontecer de novo, prometo.

Eu assenti e ele se inclinou levemente para beijar meus lábios. Ele me beijou com tanta doçura que eu me senti culpada por Edward ter me beijado um pouco mais cedo, era como se eu tivesse beijado o Edward e gostado. Suspirei nos lábios de Riley e me afastei com relutância, notando que já eram oito horas e a mãe dele soltaria mais um de vários resmungos que ela sabia decorado. E eu queria voltar cedo. Minha mente estava pesando demais para eu conseguir me conter.

— Tem certeza que é só isso do porta-retratos? — Ele perguntou.

— Acho melhor conversarmos sobre isso em casa. — Sussurrei.

O bom de Riley era que ele não insistia quando eu dizia que queria conversar em casa. Isso evitava perguntas quando estávamos na casa de sua mãe ou quando estávamos no carro. Riley nunca foi de ficar muito nervoso, mas quando ele ficava era melhor suas mãos estarem longe de um volante ou alguma coisa que quebrasse — meu pobre vaso chinês que o diga.

A casa da mãe de Riley ficava um pouco perto da empresa, então em apenas vinte minutos e um silêncio confortável chegamos lá. Claro que o silêncio confortável foi preenchido com o gosto musical de Riley voltado para o Metal, só que dessa vez eu já tinha me acostumado — talvez eu até tenha começado a aprender a gostar.

Eu vi Sra. Biers sorrir largamente para Riley assim que abriu a porta, no entanto como eu tinha tropeçado na entrada e minha blusa tinha ficado presa no portão, quando eu me coloquei do lado de seu filho seu sorriso reduziu a uma careta que ela não fez questão de esconder. Só pedi aos céus que Riley tenha percebido essa hostilização da parte dela, só para ele não falar que era eu quem a odiava.

Na verdade, eu era agradecida a ela por tê-lo colocado no mundo. Fora a única coisa boa que ela fez pra mim.

— Mãe. — Riley sussurrou quando ela não falou nada para mim e me deixou com a mão estendida em sua direção.

— Oi, Isabella. — Ela disse apertando minha mão com as pontas dos dedos, quase que com nojo.

Reprimi a raiva que acendeu dentro de mim e olhei pra baixo quando ela se afastou da porta para que pudéssemos entrar. A decoração estava do mesmo jeito que estivera da última vez, porém tinha uma mulher ruiva sentada no sofá com roupas decotadas demais para o frio que estava fazendo em Sydney. Junto com a raiva, reprimi também a vontade de puxar Riley de volta para o carro.

Eu sabia quem era aquela. Victoria. Eu já a tinha visto nas vezes que eu vinha para cá e ela estava sempre jogando indiretas diretas demais para o meu noivo. A sua mãe sempre a convidava e eu sabia bem com qual intenção que ela fazia isso. Todos sabiam.

Como eu estava extremamente desconfortável, não falei nada a não ser que fosse algo direcionado a mim. Riley tentava me inserir na conversa, mas era impossível porque sua mãe me jogava para fora da mesma com poucas palavras. Eu queria sair correndo daquele lugar, talvez isso facilitasse a vida de ambas as pessoas que estavam naquela sala. Qual é? Eu estava me tornando insegura novamente? Eu odiava aquele sentimento de impotência.

Observei os porta-retratos da casa e vi o pai de Riley que agora morava na Alemanha. Aposto que ele não conseguiu aguentar a sua esposa, não sei como Riley ainda a aguenta — e é claro que eu nunca perguntarei isso a ele. Considerar isso era quase implorar por uma briga das feias — e eu tinha certeza que agora eu não queria brigar com Riley. Nunca quereria.

Meu orgulho era demais para depois de uma briga feia, correr atrás como se estivesse tudo completamente normal e Riley era bom demais para depois de uma briga me deixar sozinha no apartamento. O problema era que ele não dormiria na nossa cama e se dormisse seria virado para o outro lado.

Observei o contorno da madeira escura e brilhante que era o chão e suspirei discretamente, desviando meus olhos para minha sapatilha preta. Decorei todas as falhas e imperfeições dela antes de desviar meus olhos para os de Riley que agora estavam cravados no chão também. Ele logo olhou para sua mãe quando, mais uma vez e sempre autoritária, ela chamou de um modo gentil até demais sua atenção para si.

Eu queria esganar Victoria por estar olhando tão maliciosamente para o meu noivo. Eu queria bater com a minha aliança na cara dela até ela estar com pequenos furos que sangram e distorcem seu rosto feio e malicioso. Forcei-me a ser amena com os meus pensamentos para no final de tudo não colocá-los em prática e consegui. Eu sempre conseguia afinal.

— Você vai se casar? — A mãe de Riley perguntou, surpresa.

Ele assentiu, franzindo a testa.

— Mãe, eu já tinha falado para a senhora. — Ele disse, paciente. — Vou me casar com a Bella em Janeiro do ano que vem. — Ele tateou meu joelho até achar minha mão que estava pousada sobre o início de minha coxa.

— Com a Isabella? — Ela perguntou. Escondido no fundo de sua voz, o nojo estava lá. Eu tinha aprendido a identificar esse pequeno grande detalhe.

— Obviamente. — Riley pressionou levemente a minha mão.

Sra. Biers assentiu e suspirou pesadamente.

— É, não tem jeito mesmo.

Não sei o porquê, mas aquilo me chateou bastante. Quero dizer, eu sabia o porquê, só não sabia o porquê aquele pequeno insulto foi tão… Eu não entendi bem a reação que minha mente teve, era como se eu tivesse ficado chocada. Tudo bem, tudo bem, eu já deveria estar acostumada só que não é tão fácil se acostumar quando sua sogra te odeia e não está disposta a mudar isso.

Eu já tinha sido odiada demais por uma vida toda.

Baixei meu rosto e tentei conter meus olhos que marejaram. Estresse, TPM, Edward e Sra. Biers era demais para a minha capacidade extra de pressão. Para não chorar na frente de todas as três pessoas que estavam na sala, pigarreei do modo mais discreto que eu consegui e tentei fazer minha voz soar clara e suave.

— Com licença. — Sussurrei.

— Isabella, o outro banheiro está com um problema. Você poderia usar o dos fundos? — A mãe de Riley perguntou. Ela estava mentindo, sempre inventava alguma coisa para eu usar o banheiro dos fundos. Era como se aquilo fosse humilhante e ela estivesse me impondo isso.

— Claro.

Eu ainda estava à vista de todas as três pessoas quando a lágrima caiu de meu olho esquerdo só que eles só conseguiam ver minhas costas. Ergui minha mão e limpei a minha bochecha, esperando que Riley não estivesse prestando atenção em mim.

***

Eu não tive nenhum ânimo para abrir minha boca para falar algo para Riley durante a viagem de carro. O silêncio agora era desconfortável, sem nenhuma banda de Metal tocando ou qualquer outra coisa que o tornasse confortável. Eu me sentia tão… Era como se Sue Biers tivesse esfaqueado e dançado em cima dos frangalhos que era o meu orgulho.

Piorou depois que eu voltei do banheiro. Riley não fez nada senão apertar minha mão e mesmo assim eu sabia que era pra me impedir de avançar no pescoço de sua mãe, não para me confortar ou qualquer outra coisa. Eu sabia, eu o conhecia. E do mesmo jeito eu ainda continuava magoada com toda essa merda. Não era por nada, afinal, que todas as noites nós costumávamos brigar.

Por favor, eu só quero dormir — implorei para minha mente.

— Estou cansado disso tudo. — Ele disse assim que fechou a porta do nosso apartamento com a chave.

— De sua mãe? Se for… bom, somos dois. — Suspirei pesadamente, jogando minha bolsa no sofá.

Sentei-me ao lado de minha bolsa e enfiei as duas mãos dentro de meus cabelos, encostando ao mesmo tempo minha testa nelas. Eu estava tão cansada de Sue Biers estar sempre esfaqueando e pisando em cima dos trapos que era o meu orgulho e eu não sei se eu aguentaria uma sogra como aquela se eu estivesse com alguém sem ser Riley. O meu caso era grave: por ele eu aguentaria tudo.

Ele ficou parado ao lado do balcão da cozinha, a mente parecendo vagar para soluções que não existiam para esse tipo de problema em especial.

— Você está sempre do lado dela. — Eu o disse. Mas não no tom acusatório e sim quase ressentido que era como eu me encontrava no momento. — Eu faço de tudo para evitar toda essa merda, Riley. Juro que eu faço, é só que… Ela não faz. — Minha voz foi perdendo o volume no final da frase e quando eu percebi meus olhos marejados, trouxe minhas pernas para meu peito e me abracei a elas.

— Você está complicando as coisas, Bella.

— Complicando as coisas? Mais do que já estão? Eu sinto como se a qualquer momento eu pudesse explodir de tanto estresse da por causa da Wilder e de Edward e de sua mãe…

— Pensei que você já tivesse superado Edward…

— Ele me beijou hoje. — Sussurrei com a esperança que ele não tivesse escutado nada disso. Pela sua expressão pasma, pude perceber que ele tinha realmente escutado e não estava nada feliz com isso. Claro que ele não estava feliz, eu não estava.

— Vou matar aquele desgraçado…

— Não você não vai. — Eu disse tranquilamente.

— Você o está defendendo? — Sua voz aumentou duas oitavas e eu me encolhi no sofá, retraída pela sua explosão de raiva.

— Não! Só não quero que você crie confusões por uma coisa que é sem importância para mim. — Apertei meus braços ao redor de minhas pernas e prensei meus lábios porque minha garganta estava doendo como se eu estivesse prendendo as lágrimas.

Escutei a porta da geladeira batendo com força e levantei meu rosto, observando Riley andar de um lado para outro, inquieto e raivoso.

— Eu preciso pensar. — Ele murmurou por fim. — E está praticamente impossível fazer isso aqui dentro.

Minha atenção voltou-se para o retrato que ainda estava de cabeça para baixo e eu arfei, em pânico. Ficar sozinha em um apartamento com três enormes quartos não era bem o que eu chamava de confortável, principalmente agora que eu estava cem vezes mais paranoica do que eu era antigamente.

— Vou para o meu apartamento. — Riley disse.

— Por favor, Riley, fica aqui…

Ele balançou o rosto de um lado para o outro, negando.

Não consigo.

Ele pegou uma mochila dentro do primeiro quarto e pegou seu notebook que estava ao lado do meu, colocando-o rapidamente dentro dela. Minha garganta se apertou dolorosamente e eu não queria soluçar perto dele, então passei por ele sem dizer nada, indo direto pro segundo quarto já que o quarto onde dormíamos estava infectado com o cheiro dele.

Eu estava debaixo das cobertas, chorando baixinho quando ele entrou no quarto, ficando perto da porta e sem se aproximar. Era como se ele estivesse com nojo de mim. Se ele tivesse dado um murro em mim, seria menos doloroso do que o que ele estava fazendo agora.

— Você vai ficar bem? — Cínico!

— Sim — Menti. — Eu sempre fico, não é?

Ele foi embora sem dizer mais nada, e eu me esforcei para escutar a porta da frente batendo para em seguida deixar os soluços quase inaudíveis saírem de minha garganta. Fazia tempo que eu não chorava de soluçar e eu preferia ter ficado a minha vida toda sem o fazer, no entanto isso era claramente impossível.

Tentei reprimir o medo dentro de mim quando eu notei que o quarto estava em uma densa escuridão e que estava chovendo pra caramba e trouxe o lençol para cima de minha cabeça. Era infantil pensar que somente com aquilo ninguém me atingiria ou me assustaria, mas quando o terror apertava dentro de qualquer pessoa, toda e qualquer coisa que lhe passasse segurança servia. E eu não era uma exceção. Nunca seria. Quando se tratasse de medos eu sempre seria covarde.

Estremeci quando alguma coisa dentro do closet que tinha dentro quarto caiu no chão. O som seria normal se o closet não estivesse vazio. Lenta e cautelosamente eu levantei-me da cama e andei para fora do quarto com o mínimo barulho possível. Eu não era corajosa o bastante para abrir o closet e descobrir o que tinha caído, claro que não era, eu era audaz o suficiente para fugir sem pensar duas vezes.

Talvez com Riley dentro de casa eu fosse mais. Ele não estava, então tudo que eu poderia fazer era fugir sem olhar para trás. Meu desespero aumentou quando percebi que — dessa vez não era loucura de minha mente — todos os porta-retratos estava voltados para baixo e no chão, em cima do tapete, tinha uma foto rasgada ao meio.

Minha e de Riley.

Peguei meu celular e o coloquei dentro do casaco que eu pegara do sofá, colocando-o dentro do bolso de dentro. Se eu tivesse um carro, eu estaria correndo para o apartamento de Riley nesse exato momento, mas eu não tinha e não me arriscaria nas ruas sombrias e perigosas de Sydney a essa hora da noite. Essa era provavelmente a primeira vez que eu odiava Riley em toda a minha vida.

Alice. Minha única esperança era Alice.

Minhas bochechas coraram por ser tão tarde e eu estar na porta de outras pessoas porque eu sabia que se fosse comigo, eu provavelmente estaria xingando de tudo. Fiquei orando internamente para que fosse Alice a abrir a porta, no entanto minhas preces não foram ouvidas e quem abriu a porta com uma cara amassada de sono fora Edward.

Sua expressão era quase raivosa quando ele abriu a porta e então quando seus olhos se abaixaram para mim, se suavizaram. Eu queria que ele parasse com aquilo, de gostar de mim. Era… quase agonizante. Desviei meus olhos dele e os baixei para o chão.

— Alice está…

— Esteve chorando? — Ele perguntou.

— Não — Funguei e passei a mão por meu rosto seco, mas quente. — Alice está? — Perguntei.

— Não, ela foi para casa de um amigo hoje. — Ele franziu o cenho.

Merda. Merda. Merda.

Eu assenti e funguei, olhando para baixo.

— Diga a ela, por favor, que eu estive aqui? Desculpe-me por acordar você. — Minha voz não passou de um sussurro envergonhado.

— Bella, espera. — Ele pegou meu pulso quando eu me afastei para voltar para o inferno que meu apartamento estava. — Você precisa de algo? Você parece assustada… Quer entrar?

Quando eu desviei meu olhar para o meu pulso, ele o soltou e passou a mão em seu cabelo, nervoso ao extremo. Olhei para a porta de meu apartamento e com muita relutância, assenti. Edward reprimiu em seus lábios um sorriso e me deu espaço para passar, ainda segurando a porta como se fosse cavalheiro. Eu aprendi com o tempo que Edward Cullen não era cavalheiro ou qualquer outra coisa que pessoas bobas achassem.

Mas naquele momento, ele foi — por mais que eu não gostasse de admitir.

— É… — Ele coçou a nuca, quase perto de seus cabelos bronze. — Quer alguma coisa pra tomar? Você está tremendo… talvez um chocolate quente? — Cruzei meus braços para não tremer e neguei com o rosto.

— Não quero incomodar. — Sussurrei. Ele sorriu como se eu estivesse falando algo absurdo demais para sua mente.

— Bella — Edward foi cauteloso ao murmurar meu nome —, você não está incomodando. Você quer algo para tomar?

Eu neguei com o rosto.

— Quer me contar o que aconteceu?

— Não… eu não quero nem lembrar. — Franzi meu cenho ao notar o quanto aquilo tinha soado ridículo e suspirei, enfiando minhas mãos dentro da jaqueta que eu vestia.

— Quer que eu arrume um quarto pra você ou…?

— Não, eu vou ficar bem no sofá. Só não quero ficar dentro de meu apartamento sozinha. — Balancei meus ombros e tirei meus olhos do chão, olhando para Edward que estava encostado no balcão da cozinha, quase a dois metros de distância de mim.

Ele abriu a boca para perguntar algo e a fechou, fitando suas sandálias.

— Eu quero pedir desculpas por hoje mais cedo — Ele começou, hesitante. Eu estava tão assustada que eu deixei que ele continuasse a falar, em vez de ir logo o interrompendo como eu faria. — Foi inconsequente beijar você…

— É, acho que sim.

—… mas eu sei tudo que eu disse.

— Podemos não conversar sobre isso? — O indaguei, penteando meu cabelo para trás por estar nervosa demais para manter minhas mãos paradas.

Ele assentiu.

Edward me trouxe um lençol branco para que eu pudesse me cobrir enquanto eu estivesse “dormindo” no sofá. Edward disse que para mim que ficaria assistindo na sala, mas todas as vezes que eu abri os olhos durante a noite, ele estava lá. Observando-me. Não sei se eu me senti desconfortável ou protegida na medida do possível, eu preferia não pensar sobre isso.

O fato era que Edward passara a noite toda na sala, vigiando meu sono. E no momento eu estava desesperada de medo e dependente demais para mandá-lo ir para o seu quarto só para eu me senti mais confortável. Afinal, eu estava na casa dele. Não era como se eu pudesse falar qualquer coisa em qualquer hora.

Eram cinco horas da manhã quando o meu despertador do celular tocou e eu o desliguei. Minha cabeça estava explodindo e hoje eu não teria condições nenhuma para ir para a empresa. Tudo bem, estava tudo no controle. Amanhã eu faria o que eu não fiz hoje. Amanhã eu estaria melhor, mais disposta e, se Riley não estivesse de bem comigo, eu… encontraria um jeito.

De sete horas eu me levantei do sofá e dobrei o lençol de Edward, deixando-o em cima do sofá.

— Ei, para onde você vai? — Ele indagou, sua voz vinda da cozinha. Minhas bochechas coraram por eu ter sido pega tentando escapar e eu limpei minha garganta antes de falar.

— Tenho que ir trabalhar. — Menti e minha voz rouca me ajudou a realizar isso.

— Quer que eu te leve? — Por que ele tinha tão boa vontade? Eu sentia vontade de estapeá-lo só por causa dessa merda. — Eu vou sair mesmo, de qualquer jeito.

— Não — Eu disse tomando cuidado para não soar grosseira e desesperada para sair de lá demais —, não precisa. — Sorri somente para me mostrar agradecida por tudo que ele fez por mim. Mesmo que eu não merecesse. — Obrigada, Edward. De verdade.

— Não foi nada. — Ele respondeu ao meu sorriso um pouco mais animado do que eu preferia.

Eu passei o resto do dia dentro de meu quarto que eu dividia com Riley, o rosto enterrando no travesseiro dele porque seu cheiro era mais abundante lá. Não que eu precisasse desesperadamente sentir o cheiro dele, eu ainda estava com raiva, era só… mil vezes mais agradável me sentir protegida trancada dentro de um quarto e com o cheiro dele do que na casa de Edward.

Não que eu não estivesse grata, eu estava. Tinha certeza que eu provavelmente enlouqueceria se tivesse passado a noite toda sozinha dentro de meu apartamento, mas toda vez que eu olhava pra o rosto de Edward eu me lembrava dele dizendo, anos mais cedo, que eu era o problema, e nunca iria me querer e todas as outras atrocidades. Era involuntário. Se eu pudesse, eu pararia tudo isso.

Eu me levantei para tomar banho de seis horas da noite — quando eu perdi a esperança que Riley viesse para o meu apartamento ou me ligasse — qualquer outro sinal de vida. Eu sabia que ele não tinha me ligado porque eu tinha passado o dia inteiro com o celular colado a mim, até para almoçar uma gororoba que eu tinha feito eu o deixei no bolso.

Tranquei-me dentro do quarto quando eu fui tomar banho e enchi a banheira enquanto, mais uma vez e em uma esperança ridícula de tão persistente que era, via se não tinha nenhuma chamada ou mensagem. Eu nunca, em todos esses anos, tinha passado tanto tempo sem falar com ele. Era como estar no escuro e eu não gostava nada disso.

Baixei meus olhos para as espumas de dentro da banheira e prendi meu cabelo antes de deixar meu corpo se afundar na água gelada. Encostei minha nuca na barra da banheira e suspirei, fechando meus olhos e tentando me acalmar porque, eu sabia, tinha certeza, que não tinha ninguém dentro do quarto, pelo menos. Eu tinha criado coragem para revirar cada maldito canto.

Meus dedos estavam começando a ficar enrugados quando eu escutei a porta de meu quarto bater e meu sangue gelar. Não tinha sido arrombada; o clique tinha sido suave demais para isso. Meu sangue gelou e meu coração bateu em meus ouvidos quando vi a sombra de alguém do lado de fora da porta do banheiro. Respirei pesadamente e procurei alguma coisa que pudesse ferir alguém com facilidade.

Afinal, quão fácil era ter algo perfurante dentro de um banheiro? Eu mesma respondia essa: Não era fácil.

— Bella, pelo amor de Deus, você sabe que eu não tenho a chave do banheiro também, não é?

— Não está fechada. — Sussurrei, suspirando.

Eu estava aliviada que a sombra atrás da porta fosse Riley e não outra pessoa estranha, mas controversamente estava tensa com sua presença aqui. Não era como se estivesse tudo bem, não era como se ele não tivesse me deixado sozinha quando eu mais precisava, não era como se esse fosse um dos meus melhores dias.

— Será que eu posso me juntar a você? — Ele perguntou.

Peguei a toalha que estava pendurada em um dos cabides de alumínio ao lado da banheira e com um olhar raivoso, eu me cobri com ela, indo direto para o box do banheiro.

— Sexo, sexo, sexo. — Murmurei. — E não, você não pode se juntar a mim.

— Bella, eu quero conversar. — Ele disse, paciente.

— Na banheira? — Ergui minhas sobrancelhas, incrédula. — Eu sei bem o que você quer.

— Tudo bem, eu espero você estar vestida para conversarmos já que você está desconfiando de mim. — A voz dele era tão ressentida que eu não consegui continuar a ser dura com ele.

Suspirei pesadamente e abri o box com uma mão enquanto com a outra segurava a toalha com força ao redor de meu corpo. Não que eu estivesse com medo de Riley, eu não estava, nunca estaria, era apenas… vergonha, talvez? Eu já estava dentro da banheira quando ele terminou de se despir e uma parte de mim ficava com raiva de mim mesma por não estar conseguindo o encarar nos olhos.

Qual era o problema? Isabella Swan, como sempre.

— Bella… — Ele me chamou hesitante, tocando a minha mão e depois quando eu não a puxei para mim, entrelaçando seus dedos com os meus. — Me desculpa por ontem… eu não sei o que deu em mim. — Ele suspirou e deslizou seus dedos até minha cintura, fazendo-me sentar em cima de sua barriga.

— Eu também não sei o que deu em você. — Suspirei. Como era mais fácil não olhar para seus olhos, encostei meu rosto em seu ombro e com minhas unhas curtas, acariciei sua nuca. Eu sempre cederia quando o assunto fosse Riley Biers, ele me tinha muito mais facilmente do que eu gostaria.

Ele beijou meu ombro molhado e deslizou os dedos por meu cabelo, soltando-o do coque que estava preso.

— Eu sou um idiota, você sabe.

Eu não sabia até ontem. — Sussurrei. — Eu pedi para você não ir, mas do mesmo jeito… você foi. Eu… — Balancei meu rosto e fechei meus olhos para reprimir o pânico que me rondou ontem e estava querendo o fazer hoje também. — Eu não sei o que há, Riley. Tinha alguém ontem aqui, alguém estranho. Você consegue entender isso?

Ele me abraçou e beijou a minha bochecha.

— Me desculpe, me desculpe, me desculpe. — Ele beijou três vezes a minha testa e suspirou, seu nariz tocando o meu. Estávamos tão próximos que era quase impossível não respirarmos o mesmo ar. — Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a você.

Eu assenti e subi meus dedos para seu cabelo que agora estava meio molhado.

— Não aconteceu. — Murmurei.

Riley acariciou seu nariz com o meu novamente e evitou meus lábios quando eu inclinei meu rosto para o dele. Eu queria me afastar e perguntar qual era o problema porque eu estava quase me sentindo deprimida com a sua rejeição. Seria nojo por Edward ter tentado me beijar ontem? Minha teoria foi desfeita quando Riley roçou levemente seus lábios nos meus, uma mão prendendo minha nuca como se eu pudesse me afastar a qualquer momento.

Seu nariz tocou o meu novamente quando ele girou seu rosto para o lado oposto, separando nossos lábios minimamente.

Seus lábios são meus. — Ele sussurrou. — Você é toda minha.

E então voltou a me beijar.

E não paramos por um bom tempo.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ♥ comentem, sim? Vou postar o capítulo na sexta somente se vocês comentarem, ok? ♥ Beijos.