Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 30
Capítulo 29 — Frágil.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! ♥ Eu sei que ainda não respondi os reviews, mas eu estou morrendo de dor de cabeça agora e... eu vou responder depois, ok? Ainda tem o epílogo + o extra, então esse não é a minha última postagem, sim? Quero dedicar esse capítulo à Briane (Anne Lov) que praticamente me ameaçou mais cedo e também à todas as lindas que comentaram e fizeram Alex ser o que é. Sério, gente, sem vocês eu não estaria terminando. Obrigada por tudo. Mesmo! ♥ beijos! E ah, não se esqueçam de comentar e recomendar, sim?



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Porcelain — Red Hot Chili Peppers.

Acariciei os cabelos da adormecida Bella e debati mentalmente se eu a deixaria sozinha essa noite toda ou ficaria com ela. Mesmo que não dormindo. Logo rejeitei a ideia de deixá-la sozinha, que tipo de pessoa eu seria se fosse mesmo para o meu apartamento? Ela era tão instável que era quase um erro enorme deixá-la por mínimo que fosse o tempo. Não pensei no meu trabalho no dia seguinte, joguei tudo para o alto quando carreguei Bella para o seu quarto e depois de depositá-la na cama, sentei-me na poltrona do outro lado.

Mesmo sendo madrugada, eu não sentia sono nenhum. Estava em alerta, preocupado com qualquer coisa que a envolvesse. Talvez ela precisasse de mim algum tempo depois, talvez se sentisse enjoada e se levantasse da cama para ir ao banheiro e acabasse caindo… tudo bem que eu admitia que talvez eu estivesse um pouco paranoico demais, mas o quê eu deveria fazer ou pensar? Era meu primeiro filho.

Ela se remexeu umas mil vezes e em todas elas, ergui meus olhos em expectativa, esperando que ela começasse a se acordar ou qualquer coisa desse tipo. Nada aconteceu, Bella apenas se virou para o outro lado e continuou a dormir. Houve apenas uma vez que ela se acordou e foi definitiva. Eu estava quase cochilando na poltrona quando escutei sua respiração pesada e acelerada. Claro que despertei na hora, deparando-me com ela sentada na cama, os cabelos na frente do rosto que estava sendo coberto também pelas mãos.

Preocupado, aproximei-me e Bella apenas balançou a cabeça.

— Fique longe de mim. — Ela sussurrou. — Saia do meu apartamento.

— Mas Bella… — Eu até tentei me aproximar e tocá-la, talvez tentar fazê-la olhar para mim e perceber que eu não a faria nenhum mal.

Saia! — Gritou. — Agora.

Definitivamente sem escolhas, saí sem fazer nenhuma objeção. Ela não me deixaria falar nem se eu tentasse — e eu tentei —, e segui o conselho de Alice. Não a forcei a me aceitar porque talvez fosse pior para o lento processo que era me perdoar e acreditar em mim novamente. Eu não sabia o porquê de ser tão difícil seguir essas merdas que Alice me falava, era sempre tão trabalhoso fazer o que Bella queria.

Será que ela não percebia que se eu quisesse machucá-la, já o teria feito? Estava tão óbvio!

Frustrado e cansado, entrei em meu apartamento e fechei a porta com força, quase transpirando raiva. Não de Bella, claro. Eu nunca sentiria raiva de minha garota. Era raiva de mim mesmo por ser tão idiota a ponto de arruinar uma das melhores coisas que eu tive em todas as minhas vidas. Eu deveria ter pensado em fugir antes ou matar John se isso fosse melhor. Qualquer coisa para que Bella não estivesse com medo de mim.

Eu até tentei descansar por umas duas horas até ter que ir para o trabalho, mas realmente não rolou. Parecia que eu me forçava a pensar sobre Bella, perguntar-me como ela estaria e o que estaria sentindo. O que eu poderia fazer para ajudá-las, porém como eu poderia se ela não me deixava sequer dirigir-lhe a palavra? Era uma tarefa impossível.

Minha cabeça estava doendo quando me levantei da cama para ir me arrumar para o trabalho. Forçado por Alice que se levantara cedo somente para me atazanar, tomei um remédio para dor e fui me vestir. Eu tinha ainda uma forte esperança que Bella decidisse sair e eu acabar esbarrando com ela, pelo menos vê-la e conferir como ela estava. Não tive sorte, e apesar de ter ficado tentado a bater em sua porta e saciar minhas dúvidas, Alice logo previu o que eu faria e apenas negou com o resto.

— É melhor não. — Foi tudo que ela me disse.

Suspirando pesadamente e tentando aprender a ser paciente, rumei para o elevador em passos raivosos. De mim mesmo.

O dia se passou dolorosamente lento e eu tive que correr contra o tempo para terminar de fazer todo o trabalho antes de escurecer. Ainda me perguntava que tipo de pessoa havia ficado no meu lugar enquanto estive fora já que tinha notas fiscais de duas semanas atrás para que eu conferisse. E nem era tão difícil assim olhar para um pedaço de papel e ver o que diabos havia sido comprado. Não para mim.

— Edward! — O diretor entrou em minha sala, com seu típico sorriso bem-humorado e o terno escuro. — Como vai você? — Ele logo parou de falar, sentando-se na cadeira que tinha de frente para minha na mesa. — Acho que essa não é uma pergunta muito apropriada.

— Sim. — Concordei.

— Foi horrível tudo que você passou, cara. — Ele murmurou. — Você e Isabella… me diga, como ela está?

— Ainda um pouco abalada com tudo que aconteceu por lá. — Falei vagamente.

— Ela deve estar precisando de você. — Refletiu ele. — Então, eu estava pensando se você não queria ficar em casa por umas duas semanas. Até a sua perna melhorar e Isabella ficar um pouco menos amedrontada. O que acha? Apenas venha para a reunião para decidir quem vai ser o vice-diretor que vai acontecer na quarta-feira da próxima semana e estará tudo bem. Eu mesmo vou ficar no seu lugar durante esse tempo. Não vai ser problema algum.

— Tem certeza? — O perguntei erguendo as sobrancelhas enquanto mantinha meu olhar no papel em que eu rabiscava algumas informações sobre as notas fiscais.

— Claro! Você deveria ter ficado em casa hoje. Todo mundo sabe o tanto que você e sua namorada sofreram nesses últimos dias.

— Tudo bem então. — Dei de ombros e empurrei para ele o papel em que eu anotava as coisas e as notas fiscais. — Terminei tudo que tinha para hoje. — Murmurei, levantando-me e pegando o casaco do paletó no braço da cadeira de couro que eu estava sentado.

— Ei, Edward. — Ele me chamou. — O que há com você? Há algum problema?

— Não. — Garanti, franzindo meu cenho e passando a mão em meu cabelo involuntariamente. — É… apenas estou preocupando com Bella. Ela anda um pouco estranha nesses últimos dias e eu não sei o que fazer.

— Dê tempo para ela se recuperar. — Murmurou. — Foi um trauma e tanto.

Mais tempo do que eu já estou dando? — Indaguei exasperadamente a mim mesmo. Todo mundo me dizia para dá-la tempo como se fosse a coisa mais fácil do mundo quando não era! Eu não sabia o que Bella estava fazendo naquele tempo que estava a dando, eu sequer sabia como ela estava porque ela não me falava ou me deixava ficar e cuidar dela como eu queria. Ninguém nunca me fez sentir tão frustrado quanto ela fazia sem perceber.

Isso era uma droga. Uma total bosta.

— É, foi. — Concordei.

Eu me despedi dele sem fazer muito esforço para ser legal, tudo que eu queria era chegar logo em casa e bater na porta de Isabella Swan. Não era tão difícil me ter por perto apenas por minutos, era? Tudo bem que talvez eu não estivesse enxergando seu ponto de vista, mas… mas… eu me esforçava para vê-lo, pelo menos. Ela que não se esforçava para ver que eu me preocupava em saber como estava ela e o nosso filho, ela não enxergava nada que eu queria que enxergasse.

Ela só enxergava o que bem entendia. E aquilo me irritava tanto!

Eu entrei no meu apartamento decidido a falar com ela assim que tomasse banho e vestisse alguma roupa leve. Estava quase saindo do banho quando a minha campainha tocou nervosamente várias vezes e eu fui atender de toalha porque não suportava aquela coisa gritando dentro do apartamento.

Um misto de surpresa e felicidade fez nascer um sorriso em meu rosto quando percebi que quem tocava a campainha era a minha garota. Ela estava linda com os cabelos soltos e puxados para seu ombro direito, o rosto sem nenhum sinal de choro ou expressão amedrontada ao me olhar.

— Eu odeio ficar aqui, Edward. — Bella resmungou assim que eu abri a porta para ela. — Por que demorou tanto a abrir a porta?

— Eu estava tomando banho. — A disse, deixando que ela entrasse.

Bella analisou o apartamento rapidamente e depois se virou para mim, erguendo as sobrancelhas. Ela me olhou e desviou os olhos. Observei com deleite suas bochechas corando por algum motivo que ainda me era desconhecido. Não me dei conta do quanto sentia falta de observá-la vermelha até aquela hora e eu teria, sim, me aproximado e acabado com o espaço gigantesco que tinha entre nós para abraçá-la. Então a voz estridente de Alice me dizendo para esperar Bella fazer as coisas me parou.

— Acho que você deveria colocar uma roupa, está me deixando incoerente. — Ela disse cruzando os braços enquanto olhava incessantemente para o outro lado, fitando a janela que estava aberta.

Eu não queria rir. Juro. Foi apenas que a resignação dela em não olhar a minha quase nudez quando já a tinha visto me pareceu quase cômica assim como seus braços cruzados demonstrando todo o seu desconforto. Recebi um olhar cortante quando ela escutou a minha risada, mas eu pude ver o canto de seus lábios se levantando para formar um sorriso mínimo quando ela se virou de novo.

— Eu sou tão irresistível assim, Bella? — Zombei, aproximando-me vagarosamente dela.

— Não. — Ela disse.

Uma notável mentira já que ela parou a minha aproximação com uma mão em meu peitoral enquanto seus olhos subiam para os meus, incertos. Colocando-se, para a minha total surpresa, nas pontas dos pés ela ergueu a mão até estar tocando a minha nuca, trazendo-a para baixo a fim de encostar seus lábios nos meus. Claro que eu não hesitei em ajudá-la, abaixando o meu rosto e pegando sua cintura com as minhas mãos.

Ela não deixou passar de um roçar de lábios. O melhor de toda a minha vida. Pude escutá-la sorrindo e bufando enquanto se afastava. No entanto, ainda podia perceber que seu rosto estava próximo o bastante para que nossos narizes se tocassem e embora eu tivesse vontade de beijá-la mais uma vez — daquela vez um beijo mais impetuoso —, não o fiz, apenas soltei minhas mãos de sua cintura e deixei que ela se afastasse de novo.

— Vá se vestir. — Murmurou.

POV BELLA.

Não adiantou de nada eu ter mandado Edward ir se vestir se ele deixava o peitoral a vista, perto o bastante para que eu o tocasse. Será que ele não entendia que eu só conseguia ficar coerente quando ele estava completamente vestido? Eu mesma respondi a pergunta apenas segundos depois quando notei seu sorriso sarcástico quando meu olhar esquadrinhou o seu corpo, permanecendo tempo demais em seus ombros largos.

Ele era lindo e eu nunca me cansaria de perceber isso.

Percebendo meu desarmamento, ele se sentou perto de mim no sofá, pegando a minha mão e começando a mexer em meus dedos. Edward estava tão perto de mim que eu podia sentir sua perna tocar a minha e eu queria achar algum desconforto naquilo, naquela proximidade, mas nada. Não veio nada sobre o desconforto, veio apenas sobre o quanto eu amava que ele ficasse perto de mim.

O medo que eu sentia antes se esvaiu lentamente até sumir completamente. Era só uma questão de tempo ou de calma. Claro que não foi de uma hora para a outra, eu fiquei uma hora olhando para a parede enquanto debatia em minha mente os prós e os contras de ficar mais uma vez com Edward. Sim, eu havia encontrado contras, mas eu decidi não ligar para eles, não ser sensata uma vez na vida.

— Edward… — Eu o chamei, tocando em seu braço com as pontas dos dedos. Quando ele se virou para mim com um sorriso, não pude me impedir de sorrir levemente para ele também. — Quero pedir desculpas por hoje mais cedo. Eu… eu…

— Não precisa se explicar. — Ele disse, puxando-me para mais perto. — Eu entendo.

— Obrigada. — Agradeci.

Eu queria virar meu rosto para ele e o beijar mais uma vez, queria tocar em seu cabelo e em seu rosto, queria demonstrar que eu o amava — e que, mesmo que eu tentasse, não conseguia deixar de fazê-lo. Porém apenas deixei meu rosto descansar em seu ombro enquanto assistia com ele qualquer seriado que estivesse passando na tevê e sentia seus carinhos em meu braço.

Ficamos por um tempão assistindo tevê e se me perguntassem, um segundo depois, do que se tratava aquela série, eu não saberia responder.

Edward não queria deixar que eu fosse para o meu apartamento sem ele, até me pediu para que eu dormisse lá, junto dele e a ideia me seria tentadora algumas semanas atrás. Eu, afinal, não era tão rápida quanto queria, por isso tudo que eu fiz foi suspirar, baixar meu rosto e morder meus lábios enquanto pensava em como lhe falar que recusaria seu pedido. O pior de tudo, para a minha decisão, era o rosto sorridente e esperançoso dele.

O problema era que eu queria, queria dormir com ele como antes, queria que ele me abraçasse durante o sono, mas aí… era tão estranho pensar nisso. Como o medo que você sente antes de pular de uma grande altura, um pouco de pânico e dúvida se quer mesmo se arriscar desse jeito. Era complicado demais para que eu pudesse o explicar com tanta naturalidade.

Então, sorri para ele e ergui uma mão para deixá-la em seu cabelo macio. Acariciei seu couro cabeludo com hesitação, descendo meus dedos para a sua nuca e depois subindo para o seu rosto que se inclinou adoravelmente em minha direção.

— Hoje, não. — O respondi.

— Se essa foi sua tentativa de tornar seu fora mais suave, você realmente não conseguiu. — Ele abriu os olhos e sorriu, fitando-me com astúcia. — Quem sabe um beijo, hum?

— Seu oportunista! — Exclamei, incrédula.

— Só um beijo, Bella. — Edward murmurou, aproximando-se. — Sinto falta da forma que você me beijava antes, de como as coisas eram antes. Sinto falta de você.

Baixei meus olhos.

— Talvez as coisas nunca voltem a ser como era antes. — Murmurei.

— Eu sei — Ele avançou mais uma vez para mais perto de mim, tomando minhas mãos com as suas. — Quero que seja melhor, sem ter nada para esconder.

Eu definitivamente não sabia o que falar, então tudo que eu fiz foi desviar meu olhar quase marejado do seu e pensar em alguma coisa para falar o mais rápido possível. Uma resposta que fosse curta, sabe? Que não demonstrasse a fragilidade que eu sentia toda vez que ele falava comigo daquela forma. Ele me confundia, piorava a minha situação com aquela doçura perceptivelmente espontânea. Edward me fazia ter vontade de me jogar de cara nisso e não pensar em nada.

Ele ergueu o meu queixo suavemente, fazendo-me olhar para ele.

— Eu posso? — Ele perguntou. — Posso te beijar?

Edward sabia que eu não conseguiria simplesmente dizer “não” ou até mesmo balançar minha cabeça em negação, ele sabia a fraqueza que me infligia quando se tratava dele tão perto de mim assim. Mesmo sabendo disso tudo, ele esperou que eu criasse alguma reação que confirmasse ou negasse o meu desejo. Ele esperou pacientemente, trocando olhares entre meus lábios e os meus olhos, sorrindo de vez em quando.

Eu suspirei, soltando um sorriso que se mesclou com o ar quando eu bufei de frustração.

— Queria dizer que não, você não pode. — Murmurei. — Droga, Edward, o que é que você faz comigo?

Ele sorriu alegremente.

— A mesma coisa que você faz comigo. — Ele colocou a mão em minha nuca e acariciou-a. — É no mínimo justo.

— Justo? — Eu ri. — Não sabia que você estava virando piadista. Essa foi ótima.

Seu sorriso ressurgiu, mas daquela vez ele era convencido e torto. Um dos sorrisos mais bonitos que ele dava. Ele curvava o rosto para o lado e abria um meio sorriso, um daqueles que me fazia perceber o quão mais bonito ele ficava quando estava expondo os dentes retos e esbranquiçados. O rosto de Edward fora feito para que ele vivesse sorrindo.

— Você já marcou uma consulta no médico? — Ele perguntou. — Para saber sobre o nosso bebê?

— Sim.

— Quando é? Você vai me deixar ir com você?

— Na verdade… — hesitei. Ele ficou claramente tenso, esperando que eu lhe dissesse um não sem pensar duas vezes. Era ao contrário, completamente. — eu preciso que vá comigo. Não quero ir sozinha, é tão… vergonhoso. É como se eu não soubesse quem é o pai do meu bebê ou ele não quisesse assumir.

Outro sorriso. Daquela vez, mais largo.

— Claro que eu vou, Bella. Você nem precisava pedir.

Eu sorri e senti sua mão deslizando até estar pousada em minha barriga que já apresentava claros, mas discretos sinais da gravidez. Edward acariciou meu ventre, olhando-me quando notou que eu havia estremecido levemente. Então sorri, convencido mais uma vez e depositou um beijo em minha testa.

— Devo pedir uma pizza ou fazer alguma coisa saudável para comermos? — Ele perguntou, levantando-se e rumando para a cozinha de seu apartamento.

Eu o segui sem hesitar .

— Saudável. Eu não quero ficar um boi depois de ter o bebê.

— Você fala coisas absurdas, Bella. — Edward riu. — É impossível que você fique um boi, no mínimo você vai ficar redondilha por alguns meses, mas logo vai voltar ao seu peso normal.

— Disse o expert no assunto. — Zombei.

Edward ergueu as sobrancelhas e se virou para mim, apoiando-se no balcão da cozinha. Ele tinha a expressão inocentemente incrédula como se duvidasse que eu tivesse mesmo falado aquilo. Eu sorri, o encarei por alguns segundos e me pus a pegar algumas coisas no armário para fazer uma salada. Ele continuava me olhando, queimando-me com seu olhar afoito sobre mim.

— O que é? — Empertiguei-me, finalmente devolvendo seu olhar.

— Você sabia que cora quando está com raiva? — Ele perguntou sorrindo ao tocar uma mecha de meu cabelo que havia caído do rabo-de-cavalo que eu tinha feito alguns minutos atrás por calor.

— Sim, sabia. — Respondi tediosamente.

Edward sorriu com minha petulância e se aproximou vagarosamente de mim, parecendo quase se arrastar. Não que eu estivesse muito ansiosa para que ele o fizesse já que minha bochecha formigou e voltou a esquentar quando senti sua mão pousando em minha bochecha, deslizando para a minha nuca, onde ela sempre deveria estar.

Então ele aproximou bastante seu rosto do meu e sussurrou:

— Deixe-me beijar você, Bella. — Ele pediu.

Nem mesmo se eu não quisesse que ele me beijasse, teria negado. Todo ser humano do sexo feminino teria sido incapaz de negar uma coisa daquelas à ele. Não naquela voz que ele usou, não com aquela expressão em seu rosto, não com seus lábios pairando próximos aos meus. Era impraticável, completamente.

Quando ele voltou seu rosto para me olhar, notei sua expressão hesitante e me dei conta de que ele realmente estava esperando minha confirmação. Nunca pensei que ele seria tão paciente quanto ele foi naquela hora, segurando minha nuca e com os lábios quase nos meus. Aquela era a primeira vez que ele demonstrava tal paciência ou talvez fosse a primeira vez que tenha sido tão notável.

Eu, porém, não tive a mesma virtude que ele e me esforcei para ficar nas pontas dos pés, esticando meu pescoço para que meus lábios alcançassem os deles. Eu odiava ser tão baixinha e ter que me empenhar tanto para ficar quase na mesma altura que ele. Queria ser mais alta e mais bonita também.

Todos os meus pensamentos de baixa autoestima sumiram de minha mente quando, com ansiedade, Edward abaixou seu rosto e possibilitou que eu parasse de me esticar em sua direção. Ele me beijou avidamente e depois, por algum motivo que eu não tive a capacidade de deduzir, se parou por alguns milésimos de segundos, amolecendo suas mãos em minha cintura.

Ele voltou a me beijar, mais lentamente, e me colocou em cima do balcão. Como fazia antes, quando estava tudo bem conosco, entrelacei minha perna em sua cintura e o puxei para mim com minhas mãos entrelaçadas em seu cabelo.

Arrancando-me vários suspiros de satisfação ele me beijava de modo lento e apaixonado, deslizando as mãos por minha cintura, depois para dentro de meus cabelos, para o meu rosto, meu pescoço. E depois as mãos em meu pescoço foram substituídas por lábios que depositava beijos suaves.

Eu estava arfante, respirando com dificuldade quando ele parou para rir. E eu poderia não ser especialista em risos, mas tinha certeza de que aquele que ele soltou demonstrava extrema felicidade e zombaria — como sempre, mais uma vez, incansavelmente, Edward estava zombando de mim por minha fraqueza quando se tratava dele.

Em vez de ficar com raiva, sorri harmoniosamente para ele quando, sorrindo tortamente, ele ergueu o rosto para o meu.

— Bella — Ele acariciou meu rosto corado e aproximou seus lábios de minha testa, não fazendo contato visual comigo. — Eu amo você.

Eu não o falei nada, apenas o abracei e descansei meu rosto em seu ombro.

Depois de um tempo, ele ergueu meu rosto mais uma vez e me beijou levemente, somente roçando-os nos meus. Senti como se aquele fosse um dos melhores beijos que ele já tivesse me dado de tão cúmplice e carinhoso que foi. Foi a partir daquele momento que, uma a uma, minhas defesas caíram porque eu finalmente vi que não havia motivo para elas se manterem armadas, eu queria Edward, queria ficar com ele.

Deixei que ele ficasse comigo pelo resto do dia… e de todos os outros que se passaram. Quando ele saia, era para ir ao supermercado ou pagar alguma conta. Depois de duas semanas, ele voltou a trabalhar e fomos juntos ver como o nosso bebê estava. A médica sorriu para nós e falou que ele estava ótimo, um dos bebês mais fortes que ela já havia visto em toda a sua vida profissional.

Foi uma das melhores sensações escutar Edward sussurrando que isso se devia por minha força. E depois sentir seu beijo em minha bochecha.

Nós estávamos indo devagar, voltando lentamente à rotina que tínhamos antes. Ele ainda passava bastante tempo comigo, mas maneirava em suas declarações de sentimentos por mim. Ele percebia o meu desconforto quando eu tentava retribuir e tudo que eu conseguia fazer era gaguejar como uma idiota. Isso era patético, eu me sentia uma babaca quando ele sorria compreensivelmente e me abraçava de lado.

Ele dizia que eu não precisava falá-lo nada. Mas eu queria. Queria que ele soubesse que eu o amava.

Ao passar dos dias, uma coisa que nunca havia morrido em nós retornou: o desejo.

Foi numa dessas noites que, acariciando minhas costas, Edward deslizou um pouco na cama para que estivesse com o rosto de frente para o meu, seus olhos me encarando de modo sorridente e astutos ao mesmo tempo. Esperei, sonolenta, que ele começasse a falar o que ele queria.

Eu não costumava ter tanto sono, mas, por favor, eram duas horas da manhã e a gravidez me deixava mais cansada do que o normal. Eu tinha argumentos aceitáveis.

— Eu não quero te apressar — Ele disse enquanto levantava sua mão para o meu rosto. — Mas eu quero te perguntar se você já confia em mim o bastante, sabe... Eu… eu…

— Você é adorável gaguejando. — O disse, rindo enquanto me erguia e me apoiava no cotovelo esquerdo para conseguir olhá-lo direito.

Ele também se ajeitou, pigarreando.

Dedilhei seu rosto macio por ele ter feito a barba mais cedo e ele capturou minha mão com a sua, fixando-a por alguns segundos em sua face e depois levando-a para seus lábios, beijando meus dedos e depois a palma. Eu me encolhi, tentei puxar minha mão e ri com cócegas. Aquilo pareceu incentivar mil vezes mais o Edward já que ele continuou a fazer aquilo, sorrindo com minhas reações.

— Quero saber o que você iria falar antes. — Murmurei, puxando com força a minha mão e conseguindo finalmente fazer com que ele a soltasse.

Edward se sentou na cama e eu o imitei, segurando o lençol para cobrir a minha nudez. Ele parecia nervoso, passando os dedos por seu cabelo já suficientemente bagunçado e olhando para os lados.

— Você confia em mim? — Ele perguntou.

— Talvez. — Gracejei inclinando meu rosto para o lado e me fingindo de indecisa.

Eu acabei rindo, o que me entregou.

— Eu estava me perguntando se não poderíamos viver juntos de verdade… sabe, perante a lei e essas coisas.

Por cima de toda a minha surpresa, consegui sorrir de lado e inclinar o rosto, tombando-o pelo meu ombro.

— Está me pedindo pra casar com você?

— Sim. — Ele sorriu tortamente, aliviado. — Você quer que eu me ajoelhe ou…?

— Não, não quero. — Murmurei, fazendo meu sorriso sumir lentamente. — Na verdade… nós temos um problema. Eu tenho.

— O quê? Qual é o problema? — Edward perguntou, ansioso.

— Bom… — minha expressão divertida voltou enquanto eu me jogava em seus braços. — nós não vamos conseguir esconder a minha barriga de grávida.

Antes que ele pudesse esboçar alguma reação, segurei seu rosto e colei meus lábios nos seus. Foi um beijo rápido, sorridente.

— Isso é um sim?

— Talvez.

Quando ele me abraçou e me beijou mais uma vez, eu percebi que era realmente aquilo que eu queria. Morar com Edward, construir uma família de verdade com ele e ficar com ele pelo resto de meus dias. E não, eu não estava sendo impulsiva quando pensava daquele jeito, era a minha realidade. Eu simplesmente não conseguia me imaginar sem Edward no futuro. Diante de tudo que passamos, não havia condições.

Depois de colocar o anel fino e com algumas pedras brilhantes em sua extensão, Edward beijou a minha mão de novo e voltou a se deitar. Aninhei-me confortavelmente ao seu lado, sentindo suas carícias em minha barriga.

— Faremos esse bebê muito feliz, Bella. — Ele sussurrou. — Eu prometo a você. Eu farei você muito feliz.

— Sim. — Eu sorri.

O futuro me pareceu um pouco mais perfeito a partir daquele momento.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, gente ♥ eu ainda acredito em final feliz, embora meu plano para Alex não fosse assim haushaushuh eu sou boazinha demais. Sempre. Espero que tenham gostado e tem mais. Beijos e comentem! ♥