Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 29
Capítulo 28 — Entre egoísmo e medo.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! ♥ como vai vocês? Então... eu to super corrida no computador... não posso ficar aqui por muito tempo. De qualquer jeito, só falta um capítulo D: mas eu tenho outra fanfic que está no começo e está sendo constantemente atualizada. Se quiserem, pode dar uma passada por lá: http://fanfiction.com.br/historia/326767/Enjoy_the_Silence/

ps: Obrigada pelos 200 comentários ♥ a todos que comentaram. Esse capítulo é dedicado à todos vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/296081/chapter/29

A minha mente interpretou de um modo muito horrível a frase anterior que Alice me falara, não sabia se ficava feliz ou triste, por isso ao mesmo tempo em que soltei uma risadinha cheia de escárnio, senti lágrimas se formando nas bordas de meus olhos.

Alice compreendeu a minha reação, não soltando minhas mãos nem mesmo quando eu tentei desvencilhar-me de seu toque. Ela esperou que eu controlasse as risadas sucessivas que saiam de meus lábios até me soltar, permitindo que eu limpasse brevemente as lágrimas que molharam minha bochecha. Alice inclinou o rosto para o lado e me olhou piedosamente, como se estivesse com pena de mim.

Sendo que eu não precisava da pena de ninguém e odiava que sentisse por mim. Relevei a fúria que cresceu dentro de mim e baixei meu rosto para minhas mãos que pousavam sobre o meu colo.

— Se essa for uma brincadeira de mau-gosto, Alice, eu sugiro que você saia correndo daqui. — Murmurei, sem levantar meu rosto para o dela.

— O quê? — Ela indagou, horrorizada. — Você acha que eu faria isso com você? Comigo?

— Eu… eu não sei, estou considerando tudo antes de deixar minha mente se… acostumar com a ideia. — Meu tom era claramente de fúria, embora não fosse direcionada para Alice que tinha os olhos marejados e o rosto corado.

— Não, Bella — Alice me sorriu e estendeu sua mão até a minha. Daquela vez, recolhi minha mão como se estivesse assustada. Ela fingiu não perceber minha rejeição, porém não fez nenhum progresso. — Ele está bem e está louco para te ver.

Eu balancei meu rosto, atordoada.

— Louco para me ver? — Minha voz falhou e logo eu estava voltando a chorar. Sem rir. — Onde ele está?

— No hospital. Podemos ir lá assim que acabarmos de almoçar, o que acha?

— Eu não… — Apoiei meus dois cotovelos na mesa e cobri meu rosto com as mãos, tampando a corrente incessável de lágrimas que deslizou rapidamente por meu rosto. — Eu não quero vê-lo, Alice.

— Acalme-se, isso faz mal para o bebê.

— Eu quero ir para casa. — Choraminguei.

Cancelando nosso pedido, Alice me levou para casa em seu porsche e sempre que podia estava lançando olhares preocupados enquanto acariciava a mecha de cabelo que caia por meu ombro. Ela sempre me murmurava palavras calmas e sussurradas, como se estivesse com medo de me deixar mais assustada do que eu já estava durante a curta viagem que tivemos até o meu apartamento.

Desabei-me mais ainda a chorar quando desviei meus olhos para o apartamento trancado de Edward. Até a porta me fazia lembrar ele e de todas as coisas que eu passei com ele e com Alice dentro daquele lugar. Todos os risos, brincadeiras… parecia tudo tão vívido quando minha mente fez questão de reviver as memórias. Era para me causar dor, eu sabia, tinha certeza que parte de mim ansiava e queria a dor. Eu era, nunca foi segredo para ninguém, masoquista.

Talvez do pior tipo possível.

Alice me disse, sendo intercalada por meus soluços quase desesperados, que houve algum erro no hospital em que Edward foi internado. Confundiram-no com um rapaz com a mesma aparência dele que tinha morrido com um tiro na altura do peito e na perna. Quando ela o foi reconhecer, percebeu com espanto que o corpo não era de seu irmão e brigara com a diretora por tê-la feita passar por tal vexame.

Eu a apoiava, embora nunca a tivesse dito nada sobre aquele assunto. Naquela hora eu estava sensível demais para procurar apoiar alguém, por isso tudo que eu fiz foi intensificar meu choro contra seu ombro. Eu, de fato, não saberia o que seria de mim se Alice não estivesse me mandando ficar calma. Talvez, por nervosismo, eu acabasse perdendo o meu bebê. E daquela vez seria somente a minha culpa.

Então, depois quando eu estava mais calma e tudo que saia de mim eram fungados tímidos, ela teve que se despedir com a promessa que amanhã pela manhã estaria de volta. Ela tinha que ficar com Edward. Mesmo que não fosse meu 100% meu desejo, pedi para que ela dissesse a Edward que caso ele recebesse alta, não viesse me procurar. Eu não queria vê-lo. Eu queria vê-lo… mas tinha medo.

Alice apenas assentiu e não tentou me persuadir a aceitá-lo de volta ou enumerar as várias razões pela qual ele fez o que fez comigo. Ela sabia que não funcionaria e que eu provavelmente só ficaria muito mais estressada — o que estava fora de cogitação no momento. Com uma carícia breve em meu ombro, ela se foi. Então me lembrei de que eu também não queria que Edward soubesse sobre a gravidez, porém quando eu tentei me levantar e correr atrás dela, eu não consegui.

Eu estava cansada demais para falar ou fazer alguma coisa. Estava contando com a sorte.

Fui me deitar depois de tomar um banho e lavar todos os resquícios de lágrimas de meu rosto, pescoço e colo. Ainda estava com o rosto vermelho e inchado quando me olhei no espelho, mas não liguei. Tinham coisas mais importantes do que aparência. Ou pelo menos foi isso que eu me disse ao me forçar comer alguma coisa já que meu bebê precisava disso. Eu tinha consciência que a minha falta de fome era decorrente de minha tristeza e de nenhum jeito eu deixaria isso interferir alguma coisa com ele.

Dormi acariciando minha barriga parcialmente lisa e divagando sobre possíveis nomes. Foi exatamente naquela hora que eu me dei conta do quanto eu sentia falta de Edward, como seria bom vê-lo e pensar juntamente com ele que nome nós daríamos ao nosso bebê. Nosso filho. Céus, eu precisava vê-lo, precisava tocá-lo para saber se o que Alice me falara era verdade porque era simplesmente maravilhoso e aterrorizador para que eu pudesse apenas acreditar.

Foi isso que me fez ir ao hospital que ele estava no dia seguinte assim que me acordei. Meu plano genial era que se ele estivesse acordado, eu sairia da sala tão rápido quanto eu entrei. Se não, eu ousaria até me aproximar e tocá-lo como era o meu desejo.

Para a minha sorte, ele estava dormindo e uma enfermeira que o estava observando falou que era para que ele não sentisse tanta dor. Porém em breve ele se acordaria, ela me disse com um sorriso cortês. Até chegou a me perguntar o que eu era dele. A resposta óbvia que veio em minha mente foi “namorada”, mas me reprimi. Disse-lhe que eu era uma amiga antiga que tinha vindo lhe visitar brevemente.

Ele estava tão lindo! Dormia como eu me lembrava: com um sorriso tremulando nos lábios e a expressão calma. Edward parecia quase alegre e isso me fez estender a mão e lhe acariciar o rosto com as pontas dos dedos, deslizando-os por seu maxilar demarcado e pescoço. Eu não podia enganar a ninguém dizendo que o medo que eu sentia dele era maior que o irremediável amor que eu nutria. Porque não era. Eu o amava e isso era maior do que tudo.

Fiquei alguns minutos, parada o observando em pé ao lado de sua cama até que uma Alice atordoada entrou no quarto e parou assim que me viu. Franzindo seu cenho. Eu não culpava sua surpresa, foi imprevisível até para mim quando eu peguei um táxi e pedi que dirigisse até aqui. Definitivamente não estava em meus planos.

— Bella… — Ela sussurrou, sorrindo.

— Oi, Alice. — Lhe sorri e voltei meu rosto para o Edward adormecido. — Como está a perna dele?

— A médica me falou que estava bem e que a bala havia saído assim que o tiro foi dado, facilitou as coisas. — Ela suspirou e tocou o tornozelo descoberto de Edward. — Não vai ficar com nenhuma sequela e que em menos de uma semana ele vai poder sair do hospital.

— Você o falou sobre a minha… gravidez? — Indaguei, cautelosa.

— Eu não deveria? Você não me falou nada sobre esconder isso temporariamente, então eu presumi que eu poderia. Ele ficou tão feliz, Bella, você deveria ter visto a expressão dele quando eu o contei…

— Ele iria saber de qualquer jeito. — Confortei-me suspirando.

— Por que você não fica até que ele acorde? Eu sei que ele adoraria falar e ver você, por favor…

— Tenho que ir à Wilder. — Menti, mordendo meu lábio ao deslizar minha mão levemente pelo cabelo macio dele.

— Você vai voltar?

— Não.

— Bella… — Alice rogou.

— Eu… eu… — Gaguejei e senti as bordas de meus olhos ficarem molhadas mais uma vez, sinal de lágrimas. — Já foi um esforço imenso vir aqui hoje e eu não sei… toda vez que eu olho pra ele, eu me lembro de meus pais sendo mortos na minha frente. Eu nunca consigo dormir direito porque eu me lembro disso, você sabia? — Balancei meu rosto de um lado para o outro e funguei ao reprimir um soluço. — Eu também me lembro ao olhar pra ele que eu faria a mesma coisa se alguém que eu amasse estivesse correndo o risco que você correu. Mas é difícil esquecer, Alice. Foram meus pais e Riley…

— Eu sei. — Ela sussurrou.

— Então, por favor, entenda o meu lado. Perdoar Edward não é tão simples quanto parece. Há sempre pequenas coisas implícitas.

Limpei meu rosto e inclinei-me para frente, beijando a testa de Edward levemente enquanto acariciava o seu rosto com as pontas dos dedos.

— Fique bem. — O segredei.

Eu passei exata uma semana sem falar com ninguém. Nem por telefone ou pessoalmente. Sempre que a minha campainha tocava, eu ignorava e me enfurnava novamente dentro do meu abrigo. Meu quarto. Não era por mal que eu fazia aquilo, claro que não, eu estava apenas poupando-os da enxurrada de sentimentos que me invadia cada vez mais. Saudade, anseio, culpa e tantos outros sentimentos angustiantes que tomou conta de mim de tal maneira que foi impossível pensar em resistir ou lutar contra a dominação.

O problema era que eu não aguentava pensar em sair de dentro de casa, a ideia por si só era repugnante. Se não fosse por meu bebê eu teria ficado sem comer, mas ele sempre dava um jeito de me fazer lembrar sua presença lançando-me fortes enjoos e dores de cabeças que duravam até eu me alimentar.

Meu pai sempre falou que o luto durava o quanto a pessoa quisesse e eu não queria que durasse por nenhum dia a mais, porém era como se eu não pudesse escapar dos braços abertos e apertados. Então, sem mais delongas, parei de lutar. Conformei-me com tudo aquilo e disse a mim mesma que quando eu estivesse pronta daria um jeito de me arrancar do processo.

O que eu não sabia era que eu não podia simplesmente me arrancar, era um processo mais complexo do que eu havia pensado. Tinham, na verdade, que me tirar gentilmente.

Mesmo que eu não tivesse cogitado essa ideia no dia, Edward foi quem me tirou gentilmente da letargia que eu me encontrava. Ele invadiu o meu apartamento com a chave reserva que ele tinha e me encontrou abraçando meus joelhos no terceiro quarto. Sua expressão de alívio foi notável, embora logo tenha sido interrompida por meu breve surto de pânico ao vê-lo na porta do meu quarto. O que eu deveria pensar? Estava escuro!

Eu comecei a tremer e a soluçar — um dos estágios que eu já tinha passado dois dias atrás; agora, eu só olhava para o nada e deixava meus pensamentos divagarem a respeito de meus pais e Riley — enquanto ordenava para que meu corpo reagisse aos comandos que minha mente dava. Eu queria sair correndo dali, me trancar no banheiro e esperar que ele fosse embora, mas nada. Eu não tive nenhuma reação.

Percebendo o meu pânico, Edward acendeu a luz se parou no segundo passo cambaleante que ele deu e me olhou cautelosamente.

— Bella, eu não vou machucar você. — Ele manteve o seu tom de voz baixo e passivo. O seu tom de voz normal.

— Quero que vá embora! Deixe-me em paz! — Minha voz, eu pude perceber muito distraidamente, não se passava de um grasnido falho.

— Eu e Alice estávamos preocupados com você. Você sumiu.

— Vá embora, Edward. — Murmurei mais uma vez, passando as duas mãos bruscamente pelo rosto.

— Eu não vou. Você sabe que eu não seria capaz de te machucar. — Ele deu dois passos em minha direção e então se parou quando percebeu que o pânico que eu sentia não era por pirraça.

Suspirando de frustração ele se sentou na poltrona que ficava no canto oposto do quarto e ficou me observando enquanto eu me remexia desconfortavelmente na cama. Esgotada de tanto falar e com sede, levantei-me e agradeci a mim mesma por estar com uma roupa que fosse consideravelmente composta. Acendi a luz ao passar pela porta e saí acendendo todas as outras que levavam até a cozinha.

Eu não me sentia confortável com Edward dentro do meu apartamento. E tudo isso ferrava com a minha mente porque eu me sentia, ao mesmo tempo, protegida com ele por perto. Era como se a imponência dele transpirasse para mim e me deixasse desconfortável ao mesmo tempo em que segura.

— Eu preciso saber de uma coisa que só você pode me confirmar, Bella. — Ele disse, cambaleando por sua perna machucada até estar de frente para mim. Perto demais.

Eu dei um passo involuntário para trás. Ele conseguiu pegar minhas mãos com as suas do mesmo jeito, aquecendo-as. Todo o desconforto se esvaiu…

— Você está mesmo esperando um bebê? — Perguntou. — De mim? — Edward sorriu torta e alegremente.

Eu assenti, baixando meus olhos marejados.

— De quem mais poderia ser? — Resmunguei.

— Você não tem de me perdoar. — Ele disse lentamente enquanto envolvia seus braços ao redor de minha cintura e me abraçava, enterrando o nariz dentro de meus cabelos. — Não enquanto não se sentir pronta. Apenas me deixe ficar perto de você. Eu prometo, Bella, eu não vou te decepcionar.

Não retribuí ao abraço, porém não o afastei, o cheiro dele fazia toda a resistência que eu planejava sentir ir para o espaço sem muitas delongas. Ele ainda tinha o mesmo cheiro do qual eu sempre me lembrava, embora estivesse misturado com cheiro de soro e alguns remédios. De qualquer jeito, Edward ainda continuava incrivelmente cheiroso. E eu não sei porque, ao constatar aquilo, meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu sentia falta dele, percebi quando eu senti sua respiração quente batendo em meu pescoço enquanto ainda estava me abraçando. Eu sentia falta de cada pequena detalhe que o compunha e, percebendo agora, eu era uma idiota que era caída por ele da maneira mais intensa. Não conseguiria ficar sem ele. Nem mesmo se eu tentasse. Eu nunca teria nenhum avanço.

— Me solte. — Sussurrei.

— Bella…

— Eu quero ficar sozinha. Pode entender isso, por favor? — Em vez de erguer meu rosto para ele e falar olhando em seus olhos para que ele visse a veracidade em minhas palavras, olhei de lado enquanto recuava vários passos para trás mais uma vez. — Você me faz ficar confusa e eu… preciso pensar.

Pelo canto do olho, o vi erguendo a mão e a passando por seu cabelo nervosamente.

— Ainda é de tarde… eu posso voltar de noite?

Eu suspirei e o olhei por alguns segundos. Ele não estava me dando escolhas, então assenti tediosamente.

Ele foi embora sem se demorar muito, mandando-me que eu me cuidasse até que ele chegasse de noite. Sem falar nada, eu apenas ergui meus olhos para ele como em resposta. Falar era difícil quando ele estava por perto, ele me deixava nervosa e eu não queria soltar tudo que eu prendia dentro de mim na cara dele. Eu ainda tinha o senso de saber que as coisas eram diferentes do que minha mente estava me forçando a acreditar.

Edward sentia muito, eu insistia em me lembrar, ele não iria fazer mais nada…

Enfiando uma mão dentro de meus cabelos e os puxando para trás, caminhei até o quarto onde eu peguei uma roupa qualquer. Eu iria sair, precisava. Até pensei em chamar Alice, mas eu não sabia se ela ficaria muito confortável num cemitério junto comigo.

E também, qual era o problema? Eu não demoraria, queria apenas… torturar-me um pouco mais.

POV EDWARD.

Alice ergueu os olhos para mim quando eu abri a porta do meu apartamento e fechando-a de qualquer jeito, desabei no sofá em que ela estava sentada. Ela soltou um longo suspiro e se aproximou de mim, tocando de início o meu ombro até passar todo o braço pelo meu pescoço em um abraço tão desajeitado quanto ela.

— Como ela está? — Sua pergunta se deu por meio de um sussurro.

— Ela está com medo de mim. — Murmurei, ainda incrédulo.

— Desculpe-me o que eu vou dizer a você, Edward, mas sinceramente, o que você esperava que ela sentisse quando te visse? A Bella é… ela não é desse jeito e você melhor do que ninguém deveria saber.

— Eu tinha esperanças que ela entendesse…

— Ela entende. Mas ela perdeu os pais e Riley de uma vez só, você deve saber que é difícil olhar para você como ela olhava antes. — Como que para amenizar suas palavras, ela esfregou o meu braço.

— Os pais e Riley. — Resmunguei. — E Riley.

— Céus, Edward, você está sentindo ciúmes de uma pessoa morta? Isso é incoerente, sabia?

— Não com Bella. Ela pode nunca voltar para mim.

— Sim. — Ela concordou. — Você perdeu a confiança que ela tinha em você, vai ser difícil reconstruir tão rápido quanto você quer.

— Você é tão…

— Realista. — Ela completou por mim. — Edward — Rogou com paciência. —, eu estou te falando isso para o seu bem. Não quero que fique frustrado se Bella não responder aos seus atos imediatamente ou até mesmo se ela nunca responder. Você sabe que tem essa possibilidade, não seja tão egoísta.

— Eu não sou egoísta.

— Então pense em como ela se sente tendo que ver você zanzando pelo apartamento dela como se nada tivesse acontecido.

Tentei assimilar as palavras de Alice da melhor forma que eu conseguia, mas não funcionou muito bem. Talvez tenha funcionado e não quisesse aceitar a ideia. O fato era que, dadas as devidas circunstâncias, se eu fosse Bella, eu não olharia na cara de quem me fez tal mal. Eu não olharia na minha cara se fosse ela. Porém, eu ainda estava contando com a possibilidade de ela ser melhor que eu.

Eu sabia que ela era. Sem comparações.

Vê-la se encolhendo para longe de mim me fazia sentir o ser mais miserável de toda a terra, como um serial Killer ou algo desse tipo. Saber que Bella tinha medo de mim era como… levar uma facada toda vez que ela demonstrava isso se afastando dos meus toques quando na verdade tudo que eu queria era fazê-la se acalmar e dá-la algum apoio. Ela parecia não enxergar isso com a mente nublada de pânico.

Tentei ser otimista ao parar de frente a sua porta assim que a noite caiu, tentei enxergar uma luz no fim do túnel mesmo que estivesse escuro como breu. Piorou quando ela demorou uns dez minutos para atender a porta, no entanto logo me vi sorrindo quando ela a abriu, mostrando a figura lindamente ainda esguia dela. Eu imaginava quão mais bonita ela ficaria com a barriga de grávida que carregava um bebê meu.

Ela estava com os cabelos soltos que caiam encaracolados pelos ombros e apesar de suas olheiras evidentes, o seu rosto não tinha nenhum sinal que estivera chorando. Nenhum inchaço ou vermelhidão. Tinha, sim, o corar natural nas bochechas. Bella estava deslumbrante, mais do que já era, e talvez fosse a gravidez que fazia aquilo com ela.

A tal da luz no fim do túnel veio quando, observando o meu rosto após alguns segundos, ela soltou um sorriso amargo e me deixou entrar. Não importava o tipo de sorriso que ela me direcionou, o importante para mim foi o fato de ser um sorriso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, por favor. Espero que tenham gostado. Beijos ♥