Vida De Monstro - Livro Três - A Guerra escrita por Mateus Kamui


Capítulo 18
XVIII - Will


Notas iniciais do capítulo

Bem queridos leitores eu gostaria de ter uma boa desculpa para o absurdamente grande atraso na postagem deste capitulo que se segue, mas simplesmente não conseguia tempo por mais que a ideia já estivesse toda na minha cabeça. Peço desculpa por qualquer erro, acabei de terminar e nem revisei, estou postando logo porque nem eu mais aguento ficar sem atualizar essa história.
Mas no fundo o importante é que ele está aqui e aviso logo que ele é o grande marco para a reta final do Livro Três, a partir do próximo capitulo começa o clímax do livro e junto dele alguns fatos começaram a ganhar respostas banhadas em dor e muito sangue.



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Estava caminhando pela estrada de pedras a algumas poucas horas, havia recebido a mais de sete horas a noticia que um grupo de caçadores se encontrou com um deus que havia acabado de ressurgir, o deus em questão era Lugh, um deus celta do sol e da guerra que exterminou todos os caçadores com um só movimento de sua lança mística intitulada Brainac que atirava chamas. Entre as perdas estava simplesmente um dos três grandes líderes, Amy não me disse qual deles, ela parecia abalada demais para isso, mas sabia que não havia sido seu pai.

Graças à notícia tive que sair em busca do deus e acabei parando a tradução do testamento de Adão, o que havia ali para mim era irrelevante, eu já sabia como matar deuses e eu já tinha problemas demais só sabendo aquele método, algo me dizia que aprender um novo não melhoraria em nada a minha situação.

Ao meu lado Ben e Jimmy andavam em total silêncio, o surfista parecia extremamente feliz com o avanço de seu relacionamento com a outra maga e carregava no pulso um pingente que lembrava o olho azul de um gato, já Jimmy aparentava ser o mesmo enquanto resolvia o objeto chamado cubo-mágico, um objeto bastante estúpido e simples que eu ainda não entendia porque a maioria dos humanos simplesmente não o resolvia:

-Quando vamos parar para descansar? – perguntou Jimmy finalmente resolvendo o cubo e guardando-o na mochila, aquele já era o sexto a ser resolvido e um pouco mais de meia hora, se ele fosse tão forte quanto esperto seria alguém assustador

-Já está cansado mago? Mal caminhamos

-Eu não sou um lutador como você – disse o nerd soltando um longo suspiro e vi que seu cansaço não era um fingimento, não podia perder tempo com parados inúteis só por ele estar cansado tão rápido, estávamos atrás de um deus bastante perigoso e forte e não de algum estúpido animal

-Por que veio conosco se sabia que não agüentaria nem a caminhada?

-Eu não pedi para vir – disse o rapaz fazendo uma cara feia digna de uma pequena criança

Realmente não me importava se ele fosse parar ou desistir, mas eu não pararia agora, ainda era cedo demais para isso. Olhei para Ben e ele não parecia estar se importando com o resto do mundo no momento, ainda não entendia porque Morgana me forçou a trazer magos comigo, seria muito mais útil trazer o rei Oberon, ele não foi muito útil na luta contra Caim, mas isso não o tornava fraco e facilmente morto como um humano.

Já devia ter superado meu preconceito para com a raça humana namorando uma dos seus, mas isso não era algo tão simples e minha estadia no inferno não ajudou muito a aceitar os fracos ao meu lado, ter passado pelo que eu passei para aprender as técnicas de fogo negro moldaram mais ainda o meu caráter, mas não a minha paciência.

Foi só por volta do meio-dia que finalmente resolvi parar, e não por cansaço, mas porque Ben também começou a reclamar de cansaço e fome então resolvemos parar. Ainda estávamos longe do nosso destino, mas pelo menos sabia que não era tão longe assim, já podia ver o começo de uma floresta, ali estava Lugh e pelo que pude perceber ele não estava se movendo de lá desde que chegou ali a mais de cinco horas. Suspeitava que o deus provavelmente estivesse tentando acelerar o renascimento dos outros deuses de seu panteão como Odin tentou fazer e eu não poderia permitir isso.

Os magos comiam pedaços de carne seca enquanto eu apenas observava o céu cheio de nuvens brancas dos mais diversos formatos desfilando por aquele gigantesco painel azul, aquele mundo era tão belo que realmente merecia sobreviver a essa guerra maldita....

Mas isso não significa que os humanos têm que sobreviver também....

As palavras Dele ainda ressoavam na minha cabeça depois de tudo que passei no inferno e desde a luta com Caim aquelas frases só se tornavam mais e mais fortes. Abri e fechei as mãos algumas vezes para ter certeza que aquele ainda era o meu avatar, aquele corpo me limitava, mas era algo necessário principalmente agora com meus novos poderes.

O vento ficou mais forte por alguns instantes e lembrei do segundo círculo do inferno, o local de punição dos luxuriosos, onde os mortos eram punidos por fortes ventanias. Obviamente aquela leve brisa não se comparava aos ventos do segundo círculo, mas ainda assim era uma lembrança de minha terra natal, uma terra que eu poderia nunca mais ver.

Junto ao vento começaram a surgir sons, os sons de espadas se chocando, os sons de demônios gritando de dor enquanto seus corpos eram transpassados das mais diversas formas pelas mais diversas armas, os sons que o magma fervente fazia enquanto ficava borbulhando e derretendo os corpos daqueles ali jogados......

-Ei Will já podemos continuar – disse a voz de Ben me tirando do meu estado quase hipnótico

Encarei os humanos por alguns segundos e então recomeçamos nossa caminhada. Quando finalmente entramos na floresta tive a total certeza de que Lugh estava ali, sua aura divina parecia emanar de todas as formas de vida que existiam dentro da floresta.

Enquanto caminhávamos sentia que as árvores me olhavam, como se me temessem e não me desejassem ali, uma provável influencia do poder de Lugh e dos outros deuses que estavam tentando ressurgir. A cada passo que dávamos o poder do deus ficava maior, mas não era o único poder que agora sentia. Olhei para os lados e senti que havia alguma outra presença entre nós e podia ver um vulto prateado passando pelas árvores:

-Finalmente o matador de deuses chegou – disse uma voz aguda e que por um momento pensei ser feminina, mas a figura na minha frente não era uma mulher, mas sim um homem de corpo andrógeno e longos cabelos que pareciam labaredas enormes

-Você deve ser Lugh – falei me colocando a frente de meu trio e os magos começaram a se preparar

-E você deve ser William Maquiavel – disse o deus me encarando de cima a baixo – Esses do seu lado devem ser magos presumo pela estranha energia que estão formando atrás de você? Acredita mesmo que dois pirralhos podem impedir o ressurgir de meus irmãos e irmãs?

-Não tenho dúvidas, e enquanto isso vou acabar com você, acredito que não deva ser tão forte quanto Caim, Odin e Zeus não é mesmo? Você não é membro da elite de Babalathe

-Não, não sou, Odin, Rá, Zeus e Izanagi, eles são os membros da elite de Babalathe e compõe a sua guarda pessoal mesmo que Zeus sempre tenha odiado o Deus dos Deuses e desejasse a sua morte, mas isso não significa que irá me vencer tão facilmente

-Sei disso, sei disso, já tive a prova que certos deuses mesmo não sendo da elite são bem chatos de matar, Plutão que o diga

Corri na direção de Lugh, mas antes de conseguir chegar a uma distância satisfatória um raio de fogo veio na minha direção. Não me esquivei do ataque, simplesmente o repeli com um soco, mas quando as chamas sumiram Lugh também não estava mais a minha frente:

-Em cima Will! – gritou Jimmy, mas já era tarde demais

Recebi na cabeça uma enorme bola de fogo que me esmagou contra o chão e fez tudo ao meu redor queimar. Tentei olhar através da fumaça e aparentemente Ben e Jimmy estavam vivos, mas eu não sabia se inteiros. Lentamente dos céus desceu Lugh portando uma lança feita de luz e com a ponta flamejante, aquela só podia ser Brainac.

Levantei do chão e comecei a liberar minha verdadeira forma, não liberei ela completamente, mas o suficiente para sentir as energias do inferno ao meu redor e então comecei a regredir para a forma humana. Antes de conseguir formar as chamas negras senti algo perfurando meu rim direito, uma barra flamejante. Enquanto os ataques de Lugh fossem baseados em fogo eles me machucariam, mas nunca de maneira mortal então podia lutar com tudo sem me preocupar com ferimentos.

Arranquei a barra de fogo e parti para cima do deus com meus braços cobertos de chamas rubras que pareciam querer destruir as chamas do deus. Minhas chamas se chocaram contra a onda flamejante de Brainac e antes que pudesse procurar pelo deus o desgraçado estava na minha frente me acertando mais um ataque flamejante que me jogou para trás e queimou tudo no seu caminho.

Não tinha tempo para proteger ou sequer ajudar os magos então era cada um por si ali, mesmo que apenas eu estivesse visivelmente lutando. Cada lança de fogo que voava na minha direção era uma explosão que destruía tudo ao redor, em poucos minutos uma área circular de mais de duzentos metros quadrados estava toda queimada de uma maneira que eu tinha certeza que nunca mais nasceria nenhuma planta ali pelos próximos três mil anos ou mais.

Enviei um dragão feito de fogo na direção do deus que simplesmente cortou um dragão com um movimento de sua lança e assim que ele terminou seu movimento sua guarda estava aberta e recebeu com um forte ataque no peito uma pequena adaga feita de chamas negras que não devia ser maior que a minha mão, mas acertara em cheio e era isso que importava.

O corpo de Lugh começou a se inflamar com as chamas negras, em poucos segundos todo o corpo dele estava coberto pela escuridão flamejante. Aquilo havia sido fácil demais, nunca havia imaginado que acabaria tão rápido e tão de repente, aquilo havia sido fácil demais...

Senti algo perfurando o meu fígado e antes mesmo de me virar explodo para longe. Meu corpo gira pelo ar enquanto ardo em chamas laranjas. Quando finalmente paro no chão só tenho tempo de me virar e sentir minha garganta ser pegue pela mão esquerda de Lugh enquanto a ponta de sua lança flamejante toca meu coração:

-Velho truque do clone de fogo – disse o deus orgulhoso com um sorriso

-Sabia que você não podia ser tão estupidamente fraco – o sorriso de Lugh sumiu e ele apertou minha garganta com ainda mais força e senti sua lança lentamente penetrando meu peito fazendo todo o interior do meu tórax se inflamar, se ele pensava que fosse me queimar de dentro para fora e que eu ia deixar então ele estava muito enganado

A lança Brainac era feita de luz, inquebrável teoricamente, mas sua ponta era feita de fogo então eu poderia destruí-la com meus poderes. Concentrei meus poderes e preparei para gerar as chamas negras, mas não em minhas mãos, mas sim na lança. Em poucos segundos as chamas de Brainac se tornaram negras e todas as chamas que me queimavam por dentro saíram de uma vez pelo meu ferimento como a água que sai de um hidrante que acaba de estourar.

As chamas negras descontroladas devoraram todo o braço direito de Lugh, mas antes de poderem acertá-lo o maldito cortou o próprio braço fora com um golpe flamejante de seu braço esquerdo. Estávamos um de frente para o outro e o deus não escondia sua surpresa com meu ataque, mas também não parecia que ia desistir. Simplesmente ergue seu braço esquerdo e então uma nova lança de luz com ponta flamejante se formou:

-Minha Brainac não pode ser destruída demônio – falou o deus arrogantemente

Preparei minhas chamas negras enquanto meu ferimento se fechava por completo, encarei a lança divina e comecei a criar uma lança feita de chamas negras. Lugh começou a flutuar a vários metros do chão e começou a flexionar o braço como se fosse realizar algum arremesso, aquele seria o movimento final dessa luta.

Comecei a preparar meu arremesso também e assim que uma forte brisa bateu em nós as lanças cortaram a espaço. As chamas explodiram banhando tudo ao nosso redor e aproveitando tal fato arremessei mais uma lança.

Quando as chamas em fim se dissiparam vi o corpo de Lugh coberto de chamas negras que o dilaceravam por completo. A lança havia se cravado bem na sua garganta então a cabeça foi uma das primeiras partes atingidas e misturadas ao atordoamento que ele deve ter sofrido durante o choque de nossas lanças flamejantes fizeram o deus ser derrotado:

-Você pensa que acabou não é – ainda dava para escutar a voz divina em meio as chamas – Mas tudo apenas começou, não vim aqui ressuscitar meus colegas, sabia que seria demorado demais trazer todos de volta então tentei trazer apenas um deles, o pior dentre eles

O chão começou a tremer e quando percebi Jimmy vinha correndo na minha direção, ele estava suando muito e parecia que ia ter um ataque do coração. Iria pedir para ele parar e me explicar o que estava acontecendo, mas antes mesmo de pensar na frase desejada eu entendi o motivo de tamanha pressa, uma manada de cavalos negros vinha galopando furiosamente na nossa direção, eles pareciam molhados como se tivessem acabado de sair de dentro d’água e montado em um deles estava Ben.

Os animais pareciam querer devorar tudo na nossa frente e como se aquilo já não bastasse senti o chão tremer novamente e percebi que não era causado pelos cavalos negros, mas sim vinha do próprio chão, um terremoto talvez, mas algo dentro de mim dizia que era bem pior do que um terremoto.

Peguei Jimmy pela cintura e corri o mais rápido que conseguia sem acabar matando o rapaz. Em poucos segundos havia saído de dentro da floresta e ganho uma boa distância dela e assim que parecia de correr e coloquei Jimmy no chão, ele começou a vomitar e acompanhado da queda de sua comida misturada aos seus líquidos estomacais veio o erguer do chão.

A floresta começou a se erguer do chão como se fosse a própria terra estivesse viva e quando percebi na minha frente estava surgindo um gigante. A criatura devia ter mais de vinte metros de altura, um físico musculoso e ao mesmo tempo com uma enorme barriga, a pele do gigante era cinzenta, ele não possuía nenhuma cabelo e só tina um único e enorme olho que ficava no centro da sua testa. Como se não bastasse um gigante ter acabado de surgir os cavalos estavam começando a nos cercar:

-O que um ciclope faz aqui? – disse Jimmy limpando a boca com o braço

-Esse não é um ciclope, é muito pior – então era isso que o maldito de Lugh veio fazer, ele sabia que não seria de grande ajuda para seu mestre então veio desperta alguém útil mesmo que fosse seu inimigo, isso só mostrava a devoção do maldito para com seu senhor – Esse é Balor, o deus-gigante da morte, senhor da escuridão, e esses cavalos devem ser Kelpies, cavalos monstros da mitologia celta

O gigante soltou um terrível urro que percebi ter sido apenas um bocejo, o problema era que qualquer som emitido por aquele corpo enorme parecia mais milhares de trovões unidos:

-Quem ousa me acordar? – o deus solta mais um bocejo enquanto fala e olha na nossa direção, a criatura se curva e seu enorme olho me encara – Quem é você pequenino?

-William Maquiavel, gigante imundo – cuspe no olho da criatura e ele pareceu nada sentir

-Maquiavel? Acho que já escutei esse nome antes – o gigante coçou o queixo e então soltou um urro de surpresa – Sim é claro que escutei, era o sobrenome daquele outro maldito, Nero!

Antes mesmo que o soco que o gigante desferiu toca-se o chão os Kelpies já avançavam novamente na nossa direção. Tentei agarrar Ben que parecia grudado as criaturas, mas o poder do soco do deus me impediu de fazer qualquer coisa.

Meu corpo se chocou contra algo que devia ser uma pedra, encarei o gigante e então me virei na direção dos cavalos-monstros. Agora Jimmy também parecia preso aquelas criaturas, aquilo fazia parte dos poderes daqueles seres que diziam serem monstros que gostam de afogar suas vitimas para depois devorá-las e algo me dizia que seria isso que aconteceria com aqueles dois se eu não fizesse algo rápido.

Tentei correr na direção deles, mas novamente o gigante veio com um soco na minha direção e a única coisa que fui capaz de fazer foi não ser esmagado. Comecei a preparar minhas chamas negras novamente, mas não era algo tão simples de se fazer e ainda tinha que tentar salvar aqueles dois magos de serem afogados e devorados.

Por um momento pensei em convocar o Pesadelo.... Nem pense nisso, ele mesmo mataria os dois magos se tiver a chance, só você pode domá-lo e usá-lo e mais ninguém.

Novamente a voz dele me vinha como um aviso, tremi lembrando do quão difícil foi domar aquela coisa e o quão inútil ela me tem sido, mas foi necessário, tudo que fiz foi necessário para aprender a usar as chamas independe do que tive que fazer.

Senti o soco do gigante se aproximando, mas dessa vez eu já estava pronto e acertei a mão do deus com um soco inflamável meu fazendo aquela enorme mão pegar fogo:

-Você é realmente parecido com aquele maldito do Nero – disse o gigante, mas então com um simples olhar para sua própria mão todo o membro direito caiu no chão como se tivesse sido amputado – Você até sabe usar as chamas, mas isso não é o suficiente, Halt também sabia usar as chamas, mas isso não o impediu de falhar na sua missão

Halt, o ser que traiu meu avô, o ser que me ensinou como matar deuses, o ser que me contou a verdade sobre todo o acontecimento das guerras etéreas e que me contou a histórias sobre as cicatrizes de meu pai, Halt... o ser que eu matei:

-Eu não sou Halt e é bom que se lembre disso gigante – antes que as chamas que queimavam o braço do deus apagassem eu as controlei e as fiz me rodear fundindo-as as chamas que já estava gerando – Lugh foi um bom aperitivo e você vai ser um bom prato final

Minhas chamas começaram a tomar a forma de um dragão negro e comecei a respirar de maneira controlada. O gigante nada fez, simplesmente começou a me encarar e quando notei um círculo negro tinha se forçado sobre os meus pés. Só tive tempo para pular para fora quando centenas de lanças negras se ergueram do chão e chegaram a muitos metros de altura.

Aquele maldito poder dele já estava se tornando irritante e se eu tinha entendido bem como funcionava talvez até o pudesse usar contra seu dono. Mais uma vez o enorme olho de Balor veio na minha direção, mas dessa vez o circulo negro se formou atrás de mim e dessa vez não saíram lanças, mas sim cabeças das mais diversas feras feitas de sombras tentando me devorar. O olho do desgraçado parecia ser capaz de invocar a própria escuridão na parte em que desejasse apenas a encarando e não gostei nada daquilo.

Esquivei de cada uma daquelas criaturas e lancei diversas bolas de fogo negro na direção do deus-gigante que urrou de raiva ao ser acertado pelos ataques. Queria voltar avançar, mas antes que pudesse fazer algo escuto uma poderosa explosão e quando percebo algo quente começa a cair do céu, mas aquilo não era chuva.

Vejo Ben a poucos metros de distância caído no chão ofegante e todo molhado, não muito longe também estava Jimmy e ele estava desacordado, no fundo não me importava como o mago havia feito, o que importava era que ele tinha se separado dos kelpies, acho que não foi uma sabia atitude deles tentarem afogar um mago mestre no uso de água.

Mais um soco do gigante veio na minha direção, mas dessa vez ele me acertou em cheio e sinto meu corpo afundar no chão. Meus órgãos internos tinham estourado, mas minha regeneração já tentava repor o perdido e tentei levantar, mas meus ossos ainda estavam quebrados e tive que acabar vendo o deus me observar de cima e ainda por cima rindo:

-Isso é o que acontece com aqueles que desafiam os deuses – Balor riu e da sua boca saia mais saliva do que palavras

Por um momento quis rir, mas me controlei, o desgraçado estava cheio de pequenas bolas de fogo negra ao redor do seu corpo, mas simplesmente as ignorava porque elas não se alastravam ao redor do corpo dele, um ato estúpido e que seria o seu maior erro:

-Há há há – comecei a rir e o gigante me encarou com raiva preparando mais um soco – Se é isso que acontece aos que desafiam os deuses então isso devia acontecer mais vezes

Antes mesmo que o deus percebesse algo todas as bolas de fogo negro explodiram ao redor do seu corpo o transformando numa enorme pira flamejante mortal. O gigante entrou em total desespero e tentou desferir algum soco, mas era inútil já que seu braço tinha sido a parte em que mais concentrei meu poder fazendo com que ele já tivesse desaparecido aquela altura.

Não demorou nada para que o corpo de Balor já estivesse quase por completo devorado pelas chamas, mas antes que ele morresse, restando apenas um pedaço a sua face monstruosa o deus olhou para o céu e naquele momento vi um sorriso surgir:

-Entendo – disse a criatura sorrindo – Lugh era um tolo mesmo, ele não precisava ter me acordado para acabar com você Maquiavel

-Onde quer chegar deus? – levantei finalmente com meu corpo regenerado, pelo menos o suficiente para que eu levantasse

-Já é tarde demais rapaz, a lua de sangue ocorrera depois de amanhã e quando ela surgir será o fim para todos vocês

-O que é essa lua de sangue deus-gigante?

-Você verá humano – Balor riu com prazer – Você e todos irão ver, ver o reerguer do ser mais poderoso que já pisou na criação, vocês presenciaram o retorno de Babalathe, e como todo grande retorno ele deve ser recebido com um banquete, um banquete de sangue e dor, o maior banquete já feito até agora

Antes que pudesse perguntar mais alguma coisa ou sequer desfazer minhas chamas todo o corpo do deus já havia sido destruído. Talvez o deus não tivesse morrido naquele momento se não tivesse olhado para o céu, mas o que quer que ele tenha visto o fez ficar tão confiante que deixou-se morrer como se sua vida não significasse nada e aquilo não era um bom sinal.

Ao longe escutei o rugido de um dragão e vi quando Rubys surgia no céu, mas não precisei sequer ver seu rosto ou ouvir sua voz para sentir os tremores de sua aura draconica, ele estava desesperado. O dragão pousou brutalmente no chão como se cada segundo fosse de máxima importância:

-O que aconteceu? – perguntei pegando Ben e Jimmy do chão e os aproximando de Rubys, mas o dragão não parecia capaz de falar nada, mas então senti sua voz ressoando na minha mente

-Jeger, dis, morfi!

Automaticamente meu cérebro traduziu aquelas palavras em draconiano e entendi o recado. Jeger... Caçador. Dis... Sangue. Morfi... Guerra.

Senti um frio dominar o meu corpo, caçadores, sangue e guerra, faltava algo para conectar aquelas palavras, mas a mente jovem e desesperada do dragão não parecia formular a frase corretamente então apelou para mais duas palavras e aquelas palavras para mim foram o suficiente para erguer vôo:

-Amy... Deati

Deati, aquela era a palavra para perigo e quando ela estava sendo seguida por caçadores, sangue, guerra e o nome da minha não podia significar algo bom.


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Notas finais do capítulo

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