Acordei na cama do quarto de hospedes, e Edward não estava em lugar nenhum. Me lembrava de ter adormecido em seus braços ontem à noite. Eu podia ouvir passos, uma TV ligada no canal de esportes e alguém fritando alguma coisa no andar de baixo. Ouvi então Carlisle se despedir de alguém e sair, para ir ao hospital. Me espreguicei, e logo levantei, tomando um banho rapidamente. Percebi que Alice tinha colocado todas as minhas roupas novas no guarda-roupa do quarto. Suspirei.

Me vesti e prendi o cabelo. Desci as escadas, indo à cozinha, vendo Edward novamente cozinhando para mim.

– Você tem que parar de fazer isso – eu disse, entrando no aposento.

– O quê? – ele não parecia surpreso com a minha presença, é claro. Continuou com os olhos na frigideira enquanto respondia.

– Cozinhar para mim. Está me deixando mal acostumada.

– Você é a hospede aqui, Bella.

– Isso não significa que você tem que me mimar – retruquei, já me sentando.

– Não – ele desligou o fogo e me serviu os ovos recém-preparados – Mas eu quero te mimar.

Eu ri.

Comi em silêncio e assim que eu terminei percebi que o humor de Edward estava meio apagado. Ele parecia preocupado com alguma coisa.

– O que houve, Edward?

– Nada – ele respondeu rapidamente, olhando para o nada.

Suspirei.

– Desembuche.

– Não é nada mesmo, Bella.

– Não adianta mentir para mim. Sei que está escondendo alguma coisa. Você mesmo disse que eu precisava confiar em você se quiséssemos começar alguma coisa. Isso também não se aplica a mim? – questionei.

Ele expirou. E então disse:

– Alice teve uma visão.

Ele parou por alguns segundos e eu esperei.

– Os Volturi estão procurando por você.

– Por quê? – perguntei. Eu não era e nunca fui obrigada a viver naquele clã. Aro mesmo disse que eu era livre. Por que eles estavam me procurando?

– Parece... – Ele parou.

–O quê, Edward?

– Parece que Aro decidiu sua espécie só poderia viver somente sob observação. Ao contrário deveria ser exterminada.

Franzi o cenho. Eu não tinha entendido muito bem.

– Sua espécie deve viver com o clã Volturi, ou deverá ser exterminada – ele explicou melhor, por fim.

– O quê? – perguntei, em choque. – eles não podem fazer isso!

– Não. Não podem. Mas ninguém nunca questiona a decisão dos Volturi, Bella.

– Eu sei.

Coloquei a cabeça entre as mãos. Até que percebi que Edward não parecia nenhum pouco triste por eu estar partindo.

Bom, é claro que eu iria partir. Amanhã.

Suspirei.

Eu voltaria a ser infeliz na Itália só para não ter que enfrentar a morte?

– Você não parece afetado – murmurei.

– Por que eu estaria? – ele disse. Isso não deveria me magoar. Não deveria.

Engoli as lágrimas que estavam vindo.

– Não sei – sussurrei.

Senti duas lágrimas caírem na minha bochecha, mas as limpei um rompante. Junto com a tristeza dessa rejeição repentina, veio a raiva e eu comecei a colocar as palavras para fora, quase que inconscientemente.

– Então...Você mentiu o tempo todo? Sobre o que sentia sobre mim? Por que me fez pensar que eu era importante?

– Não! Você é importante, Bella.

– E por que você está agindo como se eu não fosse nada? – exclamei.

– O quê?

– Quer saber? Não importa. Eu nunca deveria ter ficado aqui – falei enquanto saía da cozinha, mas ele me acompanhou e segurou meu braço, me fazendo parar.

– Espere, Bella. Você não entendeu nada.

– Entendi tudo muito bem – tentei me soltar de seu aperto, sem sucesso.

– Não entendeu, não – ele riu. – eu não estou triste por vê-la indo embora por que eu vou com você, sua boba.

– O quê?

Ele riu novamente, balançando a cabeça.

– Carlisle já viveu com os Volturi. Ele me explicou como é a vida lá. Vai demorar um pouco para eu me adaptar, mas tenho certeza deque Aro não irá se opor à ideia de me ter em seu clã – ele franziu o cenho.

– Não, Edward! – comecei. – você não pode deixar sua família!

– Não é para sempre, Bella. Nós dois podemos visitá-los – ainda assim ele parecia triste.

– Não. Não vou fazer você escolher entre sua família e eu.

– Eu já escolhi.

Suspirei.

– Não posso deixar que você faça isso. Não vou ser uma destruidora de lares.

Ele gargalhou alto. Quando viu minha expressão séria parou e limpou a garganta. Ele então se aproximou, seu rosto à pouco centímetros do meu. Sua expressão de repente intensa.

– Não posso deixá-la.

– P-pode sim – gaguejei, afetada.

– Não posso e não vou.

Ele segurou meu rosto entre suas mãos frias, e puxou-me para o seu. Seus lábios encontraram os meus, e eu não pude lutar. O beijo foi intenso, nossas línguas se encontravam, quente no frio. Por um momento me esqueci de minha raiva, mas então ele se afastou alguns centímetros, seu hálito doce em meu rosto. Puxei meu corpo para longe.

– Não. Não adianta, Edward. Não vou mudar minha opinião sobre isso.

– Você não entende, Bella. É claro que Esme e Carlisle ficarão tristes, mas não é como se eu tivesse indo para morte. Emmett está até feliz por eu não estar aqui para ler seus pensamentos. Os outros estão bem com a minha decisão. Não se preocupe.

– Não consigo.

Ele suspirou.

– Você não quer que eu vá? – fiquei surpresa com sua linha de pensamento.

– Não é isso... Eu só não quero tirá-lo de sua família.

– Não se preocupe – ele repetiu. – vou vê-los frequentemente.

Olhei em seus olhos. Ele parecia estar bem em vir comigo. Ele estava decidido.

– Tudo bem – murmurei.

Ele riu e me beijou novamente.