Halfway Gone escrita por Bruna Pattinson
Notas iniciais do capítulo
Atualizando após decadas de novo, desculpem pessoal!
Agora estou de férias e prometo que toda semana vou postar capítulos novos aqui.
Para mim, as horas de sono que tive pareceram minutos. Levantei-me, suficientemente descansada de todos os acontecimentos que me deixaram exausta no dia anterior. Tomei banho e vesti a roupa que Alice havia deixado na poltrona ao lado da cama. Certo, essa seria a última vez que eu usaria roupas da Alice. Eu já havia abusado demais de sua hospitalidade.
Desci as escadas em direção à cozinha, num ritmo lento até para um humano. Antes mesmo de descer para o andar de baixo eu já havia sentindo o cheiro de ovos, bacon e torradas. Entrei no cômodo e vi Edward, inclinado sobre o fogão, assando ovos da maneira mais encantadora que se pudesse imaginar. Ele percebeu minha presença e sorriu.
– Vocês, vampiros vegetarianos, são muito estranhos – murmurei, enquanto me aproximava ainda mais. Ele desligou o fogo, colocando os ovos num prato já depositado na mesa anteriormente. O bacon e as torradas já estavam prontos.
Sua expressão era divertida, mas ainda sim ele parecia intrigado.
– Ah, é?
– Cozinhar? Isso é sério? – falei enquanto me sentava.
–Bom, você é a culpada disso tudo. Não que eu não esteja gostando. É... Diferente. Não fazemos isso com muita frequência.
Peguei um pedaço do bacon e comi, com uma expressão de indiferença. Estava ótimo.
– Você cozinha muito bem, para um vampiro. Mas sua nota é nove... A lasanha da Alice é imbatível – ele riu.
– Com o tempo conseguirei a nota máxima – ele piscou para mim.
Tempo. A última coisa que eu queria pensar naquele momento.
– Humm – murmurei, finalmente.
Ele não percebeu minha relutância, ou fingiu que não.
– Bom, sei que durante a tarde não conseguirei tirá-la de Alice, então... O que acha que jantar comigo durante a noite?
Fiquei alguns segundos parada, estática, esperando ele dizer que era só uma piada. A cara dele era completamente confusa, o que tornou o momento ainda mais cômico. Ri tão alto que engasguei com a comida. Um milésimo de segundo depois, ele estava atrás de mim, batendo suavemente nas minhas costas.
– Bella!
Continuei rindo por vários segundos e ele fechou a cara e se afastou. Me recompus, e olhei para seu rosto. Ele não estava se divertindo nenhum pouco. Tomei um pouco do suco de laranja que estava em cima da mesa.
– Qual foi o motivo de tanta graça? – ele perguntou, ainda sem rir.
– Você me chamando para jantar. Pensei que você fosse vegetariano – falei, ainda sorrindo.
– E eu sou, mas-
– E por que você quer me jantar? – o interrompi. Ele riu alto.
– Você vai jantar, Bella. Não eu.
– Não vai ser tão divertido me assistir comer pela segunda vez, posso garantir – tentei escapar.
– Acho que começamos errado. Por mais que tenha parecido certo para mim.
Era exatamente como eu me sentia. Todos os nossos atos até agora foram guiados principalmente pela a forte atração física que sentíamos um pelo outro. Eu precisava conhecê-lo realmente.
– Tudo bem, mas preciso esclarecer uma coisa, primeiro – suspirei, me levantando. Me aproximei até que seu rosto estava centímetros do meu. Abaixei meu escudo, revelando meu cheiro real e ele estremeceu. Me aproximei ainda mais, até que nossos corpos estavam se tocando, mas nem ele nem eu movemos as mãos.
– Como é meu cheiro... Para você? – sussurrei.
– É... Doce.
– Humm... Você quer meu sangue? – sussurrei novamente, indo direto ao ponto. Demorou um tempo para que ele respondesse.
– Seu cheiro é diferente de tudo que eu já senti. Não é tão forte como de humanos. Não sinto a necessidade de te matar.
– Você não respondeu a minha pergunta, exatamente – me afastei um pouco, agora olhando em seus olhos.
– Eu não preciso. Não vou lhe machucar.
Ergui uma sobrancelha, ainda esperando.
– Ah, Bella... Não se ofenda... Eu quero seu sangue, sim – ele suspirou e se afastou, encostando-se no balcão perto do fogão. Eu sorri.
– Isso é bom, pensei que eu cheirasse mal para vocês – ri e ele balançou a cabeça.
– Isso não importa. Não vou machucá-la – ele repetiu, mais alto.
– Não duvido disso.
Mas mesmo assim mascarei meu cheiro novamente.
– Se não duvida, por que está escondendo seu cheiro outra vez? – ele disse, num tom de acusação.
– Não quero que você fique distraído.
– Não ficarei.
– Ficaria sim. De qualquer jeito, esqueça isso – falei me sentando novamente.
– Não, Bella. Se queremos... Er... Começar alguma coisa, você precisa confiar em mim.
– Eu confio em você.
– Então deixe-me acostumar com seu verdadeiro cheiro.
– Edward, entenda. O problema não é com você. Não me sinto confortável baixando a guarda desse jeito – expliquei. Vivi por tantos anos mascarando meu cheiro que já me acostumei.
Ele suspirou e desviou o olhar. Momentos depois, ele voltou a olhar pra mim, quase sorrindo.
– Com o tempo farei você se sentir confortável com isso. Com o tempo você irá perceber que não precisa ter medo.
Esse papo de tempo novamente. Não.
Somente assenti, e por vários segundos não falamos nada. Pela porta da cozinha, dava para ver uma sala na qual eu ainda não tinha entrado. Inclinei a cabeça, curiosa, vendo um piano de calda preto brilhante, totalmente perfeito.
–De quem é? – perguntei. Ele sorriu e apontou para si mesmo com um olhar soberbo.
– Posso tocar? – disse e me levantei. Ele parecia surpreso.
– Você toca?
Assenti. Ele não disse nada, e me acompanhou até o piano, sentando-se. Começou a tocar uma melodia que eu não conhecia. Por vários minutos somente observei seus dedos longos e pálidos se movimentarem pelas teclas, hipnotizada. A música acabou e eu fiquei vários segundos em silêncio.
– Você compôs? – murmurei, ainda encantada.
– Sim. Décadas atrás. Você gostou? – ele me olhou, seu olhar especulativo.
– Sim. É perfeita.
Ele sorriu, surpreso.
– Bem, obrigada. Foi a última melodia boa que compus. Acho que com o tempo perdi a capacidade de compor músicas descentes.
Eu ri.
– Talvez você só precise de uma nova inspiração – sugeri e ele não falou nada. Só me olhou por vários segundos.
– Talvez você esteja certa – ele finalmente respondeu. Depois balançou a mão, chamando-me para sentar a seu lado. – Agora é sua vez.
– Não sou profissional como você, mas...
Comecei tocar uma música que compus numa das centenas de tardes tediosas na Itália. Tinha um piano só para mim, e pelo menos quando eu estava tocando, ninguém me incomodava. Me lembro de pensar nas pessoas inocentes que matei, e lágrimas caiam pela minha face. Era uma música triste, mas era a minha melhor música. A música terminou e eu continuei olhando para baixo.
– Bella, isso foi...
– Eu sei. Nem todos são profissionais como você.
Edward ia dizer algo, mas Emmett entrou na sala, animado.
– Cara, isso foi impressionante – disse ele.
– Obrigada.
– Sem ofensas, Jingle Bells, mas não estou falando da sua música – ele falou se aproximando do piano e Edward lhe deu um olhar mortal. – Estou falando do fato de que Edward Cullen deixou outra pessoa além dele tocar no piano brilhante. Impressionante!
Ri, pensando que era brincadeira. Olhei para Edward e seu olhar era intenso.
Ele não deixava ninguém tocar no piano além dele.
E agora além de mim.
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Opiniões? Críticas? Review!