P.D.V. Rose

Sai da Sala Precisa, aquele clima estava mais que tenso. As coisas estavam piorando cada vez mais, daqui a dois dias a guerra se aproximaria. Silas já havia conseguido o que queria. As guerras haviam se espalhado e as trevas também.

Resolvi ir para o corujal, mas logo mudei de ideia. O grande lago estava em minha frente, só que dessa vez congelado. Os flocos de neve começaram a cair lentamente, de uma maneira única e perfeita.

As coisas haviam mudado drasticamente. Principalmente a minha vida. Alguém aparatou atrás de mim. Nem olhei quem era, estava alheia aos meus pensamentos.

- Está tudo bem, Rose? – Era Scorpius. – Você está quieta.

- Só estou preocupada, muita gente já morreu. – Agora Scorpius estava do meu lado, encarando a neve. – E se a gente lutar tanto e não conseguir?

- Você está com medo, pequena? – Perguntou ele e eu senti algo quando ele chamou-me de “pequena”.

- Sou da Grifinória, Scorpius. A minha casa rege a coragem, estou insegura e não com medo. – A neve caia e apenas continuava a encara-la.

- Hoje mais cedo estava pensando em como tudo começou. – Falou Scorpius sorrindo. – Quem diria que ficaríamos juntos por causa de uma aposta?

- Ninguém. – Sussurrei.

- E agora vamos terminar assim. Amanhã começa a guerra, vão atacar Hogwarts e vamos entrar nisso brigados. – Explicou ele. – Sinto muito, Rose. Por tudo.

- Se arrepende? – Perguntei, percebia que estava começando a ceder.

- De forma nenhuma. – Disse ele firme e sorri. – Amo você, Rose.

- Eu sei. – Disse em um tom brincalhão e ele rui. – Acha que vamos conseguir?

- Tenho certeza. – Falou ele. – Por que você beijou o Trenton, Rose?

A pergunta dele havia me pegado de surpresa, não esperava por isso. Lágrimas se acumularam em meus olhos e eu deixei que as escorressem pela minha face.

- Eu estou com medo de perder os que eu amo, tenho medo disso, Scorpius, não sei o que fazer.

Pulei em seus braços e escondi meu rosto no seu peito, Scorpius me apertou em seus braços e depositou um beijo em meu cabelo. Senti-me segura nos braços dele, sentia falta de estar ali.

- Se não parar de chorar vou trazer Nef aqui. – Meu corpo ficou rígido e encarei Scorpius.

- Não. Ela não. – Falei desesperada e Scorpius sorriu.

- Pensei que fosse da Grifinória e que não tinha medo de nada. – Disse ele me provocando.

- Isso não vem ao caso. – Falei e Scorpius gargalhou.

- O que quer fazer pequena? – Perguntou ele ainda rindo.

Parei e o observei. Scorpius usava o uniforme da Sonserina, tinha um sorriso no rosto e seus olhos azuis cristalinos me encaravam. Por que não dar uma chance a ele? Já havia passado tantos dias, já estava com saudades dele.

- Vamos assistir Nemo? – Perguntei e ele me encarou.

- A Sala Precisa está ocupada. – Falou ele e só ai que me toquei. – Vem, quero te mostrar uma coisa. Feche os olhos.

Scorpius gentilmente segurou a minha mão e me abraçou. Fechei os olhos, sentindo o seu cheiro adocicado. Pude sentir tudo rodar e logo depois abri os olhos. Estávamos em um lugar alto e podíamos ver a cidade toda dali. Estávamos na cidade-de-luz, Paris. A Torre Eiffel estava ao meu lado, toda iluminada.

Sorri ao ver o que Scorpius estava fazendo por mim, ele queria me ver bem e feliz. Scorpius virou-me, fazendo-me ficar de frente a Torre e se ajoelhou. Não, não... Ah não... Isso não.

Segurou minha mão por um momento e depois a soltou, abrindo uma caixinha. Quando ele abriu a caixa um pomo de ouro saiu voando dele, mas ele o segurou antes que fosse embora. As asas do pomo se abriram e pude ver dentro dele luzes saindo e estava escrito um “casa comigo?”. Olhei para o pomo, havia um anel lá dentro.

- Se possível quero te ver com um vestido branco e longo, com esse anel no dedo, dentro de uma igreja. – Falou ele me encarando nervoso. – Casa comigo?

- Scorpius... – Sussurrei surpresa. – Eu... Eu não posso, desculpe. Eu não aceito.

- Você está recusando o meu pedido de casamento? – Perguntou chocado enquanto se levantava. – Weasley!

- A gente nem namora. – Falei em minha defesa e ele revirou os olhos. – Você tem 17 anos e eu estou quase lá, Scorpius. Agora, mais do que nunca, temo que tomar cuidado com as nossas decisões. Não vamos fazer nada precipitado.

- Mas Rose... A gente não se ama? Não acho que seja precipitado.

- Você não acha, mas é. Não aceito ser menos que sua noiva. – Disse sorrindo e pude perceber que havia deixando o perdido.

- Mas não aceitou o pedido de casamento! – Falou ele revoltado.

- Eu posso ser sua noiva em um futuro próximo. – Expliquei e ele sorriu.

- Quantos anos demoram o seu futuro próximo? – Perguntou ele e eu segurei o riso.

- Uns dez anos. – Respondi enquanto observava a torre.

- Garotas. – Resmungou ele, ainda se conformando pelo não. – Vamos.

- Aonde? – Perguntei surpresa.

- Fiquei dias tentando trazer você para perto de mim e agora que consegui não vou deixa-la ir. – Um sorriso bobo surgiu em meu rosto. – Mas para conseguir realizar seu sonho vamos ter que ir a uma loja.

- Loja? Pra quê? – Perguntei surpresa.

- Lá é frio, Rose. Se você for assim vai congelar, e não quero a minha futura noiva em dez anos congelada. – Disse ele e eu ri.

Scorpius me segurou novamente e aparatamos. Paris era muito linda, tudo parecia mágico. Scorpius me guiava pela cidade, mas eu nem prestava atenção. Scorpius segurava a minha mão enquanto andava e ele sorria, nesse momento desejei esquecer que amanhã uma guerra se iniciaria.

Scorpius parou de repente e vi que estávamos em frente a uma loja. Agora deveria ser horário de almoço, por causa do fuso-horário. Entramos na loja e uma moça veio nos atender.

- Bonjour Mr Malfoy. – Ela falava em francês e por isso não entendia nada, entendi apenas quando ela pronunciou o sobrenome de Scorpius. -Que voulez-vous, ma chère?

Ela era nova, uns dezenove anos no máximo. Vestia-se com lindas e caras roupas de Paris. Loiro de olhos azuis, com corpo esbelto, pele alva e um sorriso brilhante... Sorriso que estava direcionado à Scorpius. Mexi desconfortável e rapidamente soltei a mão de Scorpius.

- Bonjour, Susan. Je veux une tenue d'hiver pour ma petite rousse. – Disse Scorpius em francês.

A garota sorriu para Scorpius e assentiu, concordando. Antes de sair ela me olhou com repulsa e se virou, seu cabelo loiro e liso rodou no ar, ela saiu rebolando e sumiu no meio das roupas. Lágrimas acumularam em meus olhos e não permite que elas caíssem.

Scorpius parou em minha frente e eu desviei o olhar, havia sentido ciúmes da mulher que Scorpius conhecia. Suas mãos grossas seguraram minha face e me forçou a olhar para ele, uma expressão de surpresa atingiu seu rosto quando viu que estava quase chorando.

- Rose o que acon... – Perguntou ele não entendo nada, mas eu o interrompi e tirei suas mãos do meu rosto.

- Por que não foi com essa loira? – Perguntei magoada enquanto apontava para onde a garota tinha sumido.

- Pequena você está com... – Interrompi-o novamente, mas dessa vez estava sorrindo.

- Eu sei muito bem que je veux em francês significa querido. – Falei e cruzei os braços.

- E sabe o que eu falei para ela? – Perguntou ele sussurrando em meu ouvido. – Je veux une tenue pour ma petite rousse

- Não falo francês, Scorpius. – A vontade de chorar era enorme, mas não ia me permitir a tal ato.

- Que roupas de inverno para a minha pequena ruiva. – Sussurrou ele enquanto beijava minha testa de forma carinhosa.

- O quê? – Perguntei surpresa. – Eu pensei que...

- Pensou errado, pequena. – Sorriu ele e me soltou. – Vamos, se continuar assim vai congelar em Paris.

Scorpius me explicou que sua avó e sua mãe amavam aquela loja e frequentava apenas ela. Como de costume as vendedoras separavam as melhores roupas e a pessoa vestia. Ao chegarmos aos provadores de roupas à garota estava lá e dentro do provador as roupas. Scorpius se sentou em um sofá que ficava de frente e fechei a cortina ao entrar.

Dentro do provador podia escutar as vozes dos dois, mas tentei fazer de tudo para não sentir ciúmes e nem me importar com os dois. Observei as roupas que estavam dentro do provador e quase morri. Roupas para pessoas de quase 95 anos, de cores horríveis e de modelos fora de época. Abri a cortina que me separava de Scorpius e encarei a cena, a garota passava as mãos no cabelo de Scorpius.

- Quero voltar para Hogwarts. Agora! – Falei sem nem ao menos me importar.

- Rose. – Ele chegou para frente e a garota loira fez uma cara de desgosto. – Você nem ao menos experimentou.

- Não gostei de nada. – Falei e ele riu, sendo seguido pela garota.

- Rose, é só pedir para a Susan trazer outros modelos. – Disse Scorpius como se ele estivesse falando a coisa mais normal do mundo.

- Susan? – Perguntei, a garota olhou para mim e sorriu falsamente. – Ótimo Malfoy, eu escolho sozinha!

Sai de sua visão antes que Scorpius me impedisse e pedisse a Susan para escolher alguma roupa. Depois de muito tempo peguei um conjunto de roupa e entrei no provador. Meu cabelo ruivo caia em cachos perfeitos por minhas costas, destacando a minha pele. Um casaco preto que ia até minhas coxas destacava ainda mais minha pele, uma calça justa também preta modelava minhas curvas. Usava uma espécie de luva vermelha na mão e sapatilhas também vermelha. Em minha cabeça se encontrava uma espécie de boina cinza, era lindo. Havia ficado bom, sai do provador e fui ao caixa.

- O garoto loiro sentado ali vai pagar tudo. – Falei e sorri quando ela me entendeu. – Obrigada.

Sai da loja e comecei a andar por ali. A cidade inteira estava em movimento, às lojas de moda estava cheias e as vitrines eram chamativas. Franceses andavam para lá e para cá.

Um grupo de garotos da minha idade andava do outro lado da rua, presumo que estão voltando da escola. Continuo a andar, observando cada pedacinho de Paris. Em frente a uma loja de perfumes estava um garoto escorado na parede olhando impaciente para dentro da loja.

- Nem pense em falar com ele Rose. – A voz de Scorpius sussurrou em meu ouvido e pude sentir que ele estava nervoso.

- Vous êtes perdu? – O garoto perguntou alguma coisa e Scorpius apenas negou e começou a me puxar.

- Me larga, Scorpius! Eu quero ir para lá! – Falei enquanto tentava me soltar.

- Não, vamos almoçar. – Scorpius continuou a me puxar. – Não devia ter saído daquele jeito da loja.

- Isso não é da sua conta. – Falei e ele finalmente parou de andar.

- Poderia ter se perdido.

- Não foi dessa vez. – Ele me olhou, repreendendo-me. – Podia muito bem ter aparatado em Hogwarts. Solte-me.

- Você ficou com ciúmes da Susan. – Comentou e afirmou Scorpius.

- Isso não significa nada. – Falei e ele revirou os olhos.

- Era com você que eu queria casar, quero.

- Não é nada ainda. – Falei enquanto entravamos em um restaurante.

- É você que eu amo. – Sussurrou ele e eu não falei mais nada. – Achei o motivo.

**

Depois de um tempo já tínhamos terminado de comer e Scorpius foi pagar a conta, nem questione. Não havíamos conversado nada durante o almoço. O restaurante estava cheio, Scorpius do nada pegou minha mão e parou no meio do restaurante, que por sinal era lindo.

- Rencontres avec moi, mon petit? – Perguntou ele e todos do restaurante olharam para mim, Scorpius sussurrou para mim. – Namora comigo, pequena?

Gelei na hora. Os franceses me encaravam com expectativa e eu encarava Scorpius. Coloquei na mão na frente do rosto e escutei a risada de Scorpius, vou matar ele antes de chegar à guerra.

- Scorpius... – Ele me interrompeu.

- Volta para mim? – Perguntou ele sorrindo.

- Eu...Que vergonha. – Sussurrei. – Eu...Eu aceito, Scorp.

Scorpius sorriu e simplesmente roubou um beijo meu, na frente de todos. Os franceses gritavam em animação e eu corri mais ainda.

- Eu vou matar você.

- Vou ama-la ainda mais por isso.

**

Passamos a tarde inteira em Paris, andando e visitando vários pontos turísticos com Scorpius. A gente comeu muitas besteiras, e riamos de várias coisas. A neve caia calmamente por ali, agora estávamos em Lyon, França.

Scorpius me abraçou forte e me aconcheguei em seu peito. Seu cheiro doce era totalmente viciante. Por um momento me esqueci das coisas, apenas por um momento.

- Temos que voltar, é de noite em Paris, deve estar no fim da tarde em Hogwarts. – Avisou Scorpius. – Daqui a três horas a guerra deve começar.

- Quero ver minha família antes disso. – Falei firme.

- Meu pai disse que todos da sua família estão reunidos. – Falou ele. – É hora de ir, pequena.

- Eu sei. – Disse enquanto observava a neve cair lentamente. – Eu amo você, Scorpius.

- Você se tornou tudo para mim. – Sussurrou para mim. – Eu a amo.

Scorpius colocou a mão em minha nuca e eu engoli um nó que foi formado. Logo senti os braços fortes de Scorpius me envolver e seus lábios selarem com os meus em um beijo apaixonado. Scorpius pediu passagem e eu facilmente cedi. Seu beijo era doce, calmo. Suas mãos acariciavam minhas costas, estava com uma imensa vontade de chorar. Nossos lábios se movimentavam em perfeita sincronia.

- Não gosto desse clima de despedida. – Falei e ele sorriu.

- Prometa-me Rose, prometa que vai se proteger, que mesmo que alguém tenha que morrer para você se salvar você vai deixa-la morrer. Prometa-me que vai tomar cuidado. – Scorpius me encarava sério.

- Scorpius...

- Prometa-me que nunca vai me esquecer. – Olhei-o sem entender. – Se eu morrer Rose prometa-me que vai seguir com sua vida.

- Scorpius... – Comecei a falar chocada, mas ele me interrompeu.

- Apenas prometa, amor. – Disse enquanto beijava minha testa.

- Eu prometo.